22 de abril de 2018.
Texto
Áureo
Hebreus 12.6
“Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a
qualquer que recebe por filho”.
Verdade
Aplicada
A disciplina faz parte do processo de
aperfeiçoamento do discípulo de Cristo, enquanto viver na terra.
Objetivos
da Lição
Explicar o que é disciplina à
luz da Bíblia;
Mostrar a autoridade bíblica
para a aplicação de disciplina por parte da Igreja;
Ensinar que a vida do povo de
Deus é uma vida que envolve disciplina.
Glossário
Autodisciplina: Correção e regulação
do modo de vida, de trabalho, ou normas de moral que alguém impõe a si mesmo;
Correlato: Palavra cujo sentido
tem relação com o significado de outra;
Insubordinação: Falta de
subordinação; oposição contra autoridade.
Leituras
complementares
Segunda Js 7.1-26
Terça 1Sm 3.12-13
Quarta Sl 119.67, 71
Quinta Mt 18.15-18
Sexta At 5.1-11
Sábado 2 Tm 4.2
Textos
de Referência.
Hebreus 12.7-8, 10-11
7 Se suportais a correção, Deus vos trata
como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija?
8 Mas, se estais sem disciplina, da qual
todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos.
10 Porque aqueles, na verdade, por um pouco
de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito,
para sermos participantes da sua santidade.
11 E, na verdade, toda correção, ao presente,
não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto
pacífico de justiça nos exercitados por ela.
Hinos
sugeridos.
77, 141, 151
Motivo
de Oração
Ore a Deus pelo seu pastor e por tantos
outros que contribuíram com a sua vida cristã.
Esboço
da Lição
Introdução
1. Disciplina – o que é isto?
2. A Igreja e a disciplina.
3. É preciso lidar com a
disciplina.
Conclusão
Introdução
A disciplina faz parte do processo de
crescimento, amadurecimento e aperfeiçoamento do discípulo de Cristo. Trata-se
de uma ação com propósitos bem definidos (Hb 12.10). É feliz aquele que se
submete à disciplina do Senhor.
1. Disciplina
– o que é isto?
Apesar de ser bíblico, disciplina é um dos
assuntos pouco enfatizados nos dias de hoje. A questão é que, quando o púlpito
da igreja silencia, muitos começam a agir de acordo com seus próprios
pensamentos e como melhor convém a cada um. Então, surgem diversos equívocos,
como: “Só presto contas a Deus”; “Sou assim mesmo”; “Deus conhece minhas
fraquezas” ou “conheço pessoas vivendo em pecado”, entre outros. Assim, nesta
lição refletiremos esse tema a partir da Bíblia, a revelação de Deus para nós e
a autoridade fundamental sobre a qual a Igreja deve moldar sua fé (Is 8.20).
1.1. Disciplina
e a sua necessidade.
Inicialmente, é interessante refletir no
texto de Hebreus 12.5-11. O escritor no capítulo 11 apresenta diversos exemplos
de pessoas que, firmadas na fé, perseveraram, mesmo sendo provadas, sofrendo,
perseguidas, e até perdendo ávida. Assim, também, nós somos chamados para
perseverarmos na jornada cristã, mantendo nosso foco em Jesus Cristo e
removendo qualquer coisa que nos impeça ou atrapalhe na continuidade da
caminhada como discípulos de Cristo. A expressão “deixemos” (Hb 12.1) indica um
aspecto da vida disciplinada do discípulo do Senhor: a autodisciplina.
É uma luta. Não podemos desanimar e
desistir, afinal não chegamos, ainda, ao ponto de combater até a morte, como
muitos no passado e nos dias de hoje (Hb 12.1-4). Nesse contexto o escritor
aborda a questão da disciplina na vida do discípulo do Senhor, mostrando que
ela contribui para que cresçamos espiritualmente e que sejamos participantes da
santidade de Deus. Pois Deus nos ama, nos recebe e trata como filhos. Ele quer
que vivamos e sejamos santos (Hb 12.6-7, 9-10).
1.2. Disciplina
e os diferentes termos.
Somente no texto de Hebreus 12.5-11
encontramos dez vezes diversos termos correlatos: correção, repreensão,
disciplina. A palavra grega é “paideuõ”, admitindo vários sentidos: “treinar
crianças”; “ensinando”; “castigando”; “disciplina”; “correção”; “educar para a
vida”. Assim, o entendimento da disciplina, a partir dos diversos sentidos
admitidos na Bíblia, nos ajuda a corrigirmos pensamentos equivocados e ideias
que possam causar resistência a este instrumento utilizado no processo de
aperfeiçoamento dos membros do corpo de Cristo.
Segundo Russel Shedd: “A
disciplina, como os vocábulos cognatos ‘discípulo’ e ‘fazer discípulos’, tem
sua ideia original, como a raiz no grego indica, na prática da antiguidade de
um aluno seguir um mestre ou pensador. Neste círculo de ideias, a disciplina dá
a impressão de formar uma pessoa em conformidade com o caráter e mente do
mestre”.
1.3. Disciplina
e a santidade de Deus.
“Para sermos participantes da sua santidade”
(Hb 12.10). Este texto indica o propósito de Deus ao aplicar a correção em Seus
filhos. Precisamos de correção, repreensão e disciplina, pois fomos chamados
por Deus para sermos santos, contudo ainda estamos propensos às práticas do
“velho homem”. Assim, por intermédio da correção e instrução, o processo
educacional de Deus vai sendo aplicado em nós (2Tm 3.16; Hb 12.11).
É nítido em toda a Bíblia a
insistência divina quanto a santidade (Êx 19.6; Lv 19.2; 1Ts 4.3, 7; Hb 12.14;
1Pe 1.15; 2.9). A palavra “igreja”, do grego “ekklesia”, indica “um chamado
para fora”, ou seja, um povo separado para Deus. A disciplina visa os membros
da Igreja, os filhos de Deus, chamados e separados do mundo para ser o povo de
Deus. Portanto, a aplicação da disciplina é feita aos que já pertencem à
família de Deus (Hb 12.7; 1Co 5.12-13). A Bíblia diz que o ímpio aborrece a
correção (Sl 50.17), pois não deseja interferência em seu modo de viver
descompromissado com a vontade de Deus, mas o que é filho não despreza (Pv
3.11).
2. A Igreja
e a disciplina.
É bíblica a aplicação de disciplina por parte
da Igreja? Muitos associam o uso da disciplina pela Igreja com ausência de amor
e misericórdia. Há os que acreditam que somente Deus ou o próprio membro do
Corpo de Cristo aplica a disciplina a si. Assim, vemos que há necessidade de
instrução bíblica também sobre isso, pois, caso contrário, a história se
repetirá (ou será que já está se repetindo em alguns lugares?): “porém cada um
fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). A reflexão desse tema
passa por entendermos a doutrina bíblica referente à Igreja.
2.1.
Igreja – origem e natureza.
Na Teologia Sistemática a doutrina da Igreja
é chamada de Eclesiologia, referente à palavra grega usada no Novo Testamento.
Contudo, este termo já era usado para se referir a um ajuntamento de pessoas,
como em Atos 19.32. Sendo assim, não basta entender Igreja como um grupo, um
povo ou um ajuntamento, pois Igreja não é clube ou associação para irmos
algumas vezes, aproveitando o tempo livre. Quando Jesus fala: “edificarei a
minha igreja” (Mt 16.18), fica claro que o verdadeiro significado de Igreja não
está no ajuntamento mas em Cristo, que é o fundador e o fundamento (1Co 3.11),
a cabeça (Ef 1.22). A Igreja é de Deus (At 20.28; 1Pe 2.9-10).
Encontramos na Palavra de Deus
diversas figuras que descrevem a Igreja do Senhor no Novo Testamento (corpo,
edifício, noiva, entre outros), bem como as ordenanças (batismo em águas e Ceia
do Senhor), missão e organização, além de outros aspectos. Assim sendo a Igreja
é ao mesmo tempo um organismo e uma organização (este último é o aspecto
visível, são as igrejas locais: Atos 11.22; 13.1; Gálatas 1.22; 1 Coríntios
16.19). É bíblico o fato de Deus escolher, vocacionar e capacitar homens e
mulheres para conduzirem a igreja aqui na terra (Ef 4.11-16; 1Tm 3.1-13; Tt
1.5-11).
2.2. A
Igreja e o uso da disciplina.
Foi o próprio Jesus Cristo quem primeiro
tratou sobre a igreja lidar com a aplicação da disciplina (Mt 18.15-19). Há
casos de membros da igreja que são disciplinados diretamente por Deus (1Co
11.30-32). Porém, também é bíblica a autoridade da igreja para aplicar
disciplina (Mt 18.15-19; Rm 16.17-18; 1Co 5; Gl 6.1; 2Ts 3.14-15; 1Tm 5.20; Tt
1.10-11). Infelizmente, vivemos num tempo de muito individualismo e
insubordinação. Além disso, em muitas igrejas locais não se exerce mais a
autoridade concedida por Deus para aplicar a disciplina.
Evidentemente, devemos, como
Igreja, agir tendo em mente os princípios bíblicos que norteiam o uso da
disciplina, evitando assim, tanto a negligência como o abuso. Sobre isso, assim
escreveu Russel Shedd: “Não disciplinar os errados significa correr o risco de
cair na posição de confundir a igreja com o mundo e vice-versa. Mas a
disciplina rigorosa incorre num perigo igualmente sério de cisma, dividindo
irmãos e destruindo o ‘santuário de Deus’”.
2.3. Os
cuidados e objetivos na aplicação da disciplina.
Tendo a consciência de que encontramos na
Bíblia instruções para orientar a igreja em questões fundamentais de
disciplina, é importante, também, conhecermos os cuidados e os objetivos na
aplicação da mesma. O Senhor Jesus usou uma expressão muito interessante ao
instruir sobre como lidar com o pecado de um irmão, que retrata bem o objetivo
da disciplina: “ganhaste a teu irmão” (Mt 18.15).
Paulo escrevendo a Timóteo declara
o objetivo do corretivo aplicado a dois homens: “para que aprendam” (1Tm 1.20).
A Igreja, ao tratar uma pessoa surpeendida em alguma ofensa, deve agir: “encaminhai
o tal” (Gl 6.1). Esta palavra no original grego, usada em sentido figurado, tem
o significado de “restaurar, endireitar”. Tratar o faltoso, admoestando-o (2Ts
3.15), ou seja, “advertir ou reprovar gentilmente”. É preciso também,
atentarmos para alguns cuidados quando os membros da igreja estiverem
envolvidos na aplicação da disciplina: 1) Agir com humildade e atenção consigo
mesmo para não sermos tentados (Gl 6.1); 2) Amor, mansidão e capacitação para
ensinar (2Tm 2.24-26); 3) Tendo em mente que se trata não de um inimigo, mas um
irmão (2Ts 3.15).
3. É
preciso lidar com a disciplina.
O povo de Deus, representado no Antigo
Testamento por Israel e no Novo Testamento pela Igreja, por toda a Bíblia é
alvo de atitudes de disciplina por parte de Deus, da própria pessoa e da
comunidade. Assim, aprendemos que a vida do povo de Deus é uma vida que envolve
disciplina, pois “Deus não é Deus de confusão” e se requer que tudo seja feito
com ordem e decência (1Co 14.33, 40).
3.1. A
autodisciplina.
Durante muito tempo a maior ocupação da
medicina foi a identificação e a cura das doenças. Hoje é notória a ênfase na
prevenção principalmente com a adoção de hábitos de vida saudáveis. O mesmo
princípio se aplica ao cuidado com a vida do discípulo de Cristo, que envolve
não apenas o corpo, mas, também, o aspecto espiritual. São diversas as
admoestações da Palavra de Deus quanto ao cuidado conosco mesmo (At 20.28; 1Co
9.24-27; 2Co 13.5; Ef 6.11, 13; 1Tm 4.16; Jd 20.21).
A autodisciplina consiste na
consciência (iluminada e despertada pela Palavra de Deus) e em atitudes. Não
basta identificar os erros, é necessário agir para corrigir e prevenir. É um
verdadeiro exercício espiritual (1Tm 4.7-8). Leitura bíblica e oração diárias,
frequência à Escola Bíblica Dominical e aos cultos de ensino, participação na
Ceia do Senhor, envolvimento nas atividades da igreja local, constante
vigilância, prática do jejum com propósitos específicos, renúncia, são alguns
dos exemplos de ações de autodisciplina, que compõem o processo de prevenção.
3.2. Sendo
disciplinado.
Normalmente, quando não priorizamos a
autodisciplina, acarretando, assim, descuido conosco mesmo, se faz necessário
sermos alvos de disciplina, seja diretamente da parte de Deus ou por intermédio
da igreja. Daí a importância de conhecermos este assunto bíblico, seu
significado e propósitos, para que saibamos lidar com maturidade e, assim,
prosseguirmos até que cheguemos “à medida da estatura completa de Cristo” (Ef
4.13).
Como membros do Corpo de Cristo,
devemos nos submeter às autoridades da igreja do Senhor, enquanto permanecerem
fiéis às Sagradas Escrituras. Conforme encontramos na Palavra, o Senhor usa
pessoas na igreja como instrumentos para que sejamos tratados, visando o nosso
aperfeiçoamento (Ef 4.11-16). Então, devemos buscar no Senhor humildade para
nos submetermos àqueles que têm sido constituídos por Deus. Assim escreveu
Calvino: “Se o açoite de Deus testifica de seu amor para conosco, é uma
vergonha que o reputemos com desprazer ou ódio. Pois aqueles que não toleram
ser castigados por Deus, para sua própria salvação, sim, que rejeitam a prova
de sua bondade paternal, sem dúvidas são extremamente ingratos”.
3.3. A
questão da tolerância.
Na mensagem enviada à igreja em Tiatira, um
grande centro comercial na Ásia Menor, Jesus menciona: obras, amor, serviço,
fé, paciência e crescimento (Ap 2.18-29). Contudo, havia um porém: “toleras
Jezabel”. Uma expressão que indica “aceitar sem reagir”. Havia a tendência de
admitir modos de pensar, agir e sentir que diferem da sã doutrina. Não estavam
exercendo a disciplina. Uma das lições que podemos extrair dessa mensagem é que
amar não significa aceitar tudo. O amor não pode ser usado como escudo para
esconder o mal e permitir o pecado.
Paulo repreende a igreja em Corinto
por não ter agido no caso do homem que abusou “da mulher de seu pai” (1Co
5.1-13). A igreja de Corinto estava tolerando a situação. Será que a liderança
da igreja local considerava a grandeza da graça divina para não agir? Ou
estavam sendo influenciados pelo gnosticismo e achavam que o pecado cometido no
corpo não afeta o espírito? Tais pensamentos revelam um entendimento da
doutrina do pecado e da graça equivocado e distorcido.
Conclusão.
Disciplina faz parte do tratamento de Deus
para com aquele que Ele ama e adotou como Seu filho. Não rejeitemos, pois, nem
a autodisciplina, nem a disciplina de Deus, seja diretamente ou por intermédio
da Igreja. É para o nosso bem e aperfeiçoamento (Pv 12.1).
Questionário.
1. Por intermédio da correção e instrução, o
que vai sendo aplicado em nós?
R: O processo educacional de
Deus (2Tm 3.16; Hb 12.11).
2. De quem é a Igreja?
R: De Deus (At 20.28; 1Pe
2.9-10).
3. Quem primeiro tratou sobre a igreja lidar com
a aplicação da disciplina?
R: Jesus Cristo (Mt 18.15-19).
4. Qual expressão Jesus usou ao instruir
sobre como lidar com o pecado de um irmão, que retrata bem o objetivo da
disciplina?
R: “Ganhaste a teu irmão” (Mt
18.15).
5. O que não pode ser usado como escudo para
esconder o mal e permitir o pecado?
R: O amor (Ap 2.18-29).
Fonte: Revista de Escola
Bíblica Dominical, Betel, Aperfeiçoamento Cristão – Propósito de Deus para o
discípulo de Cristo. Adultos, edição do professor, Comentarista Pastor Marcos
Sant’Anna da Silva 2º trimestre de 2018, ano 28, Nº 107, publicação trimestral,
ISSN 2448-184X.
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