segunda-feira, 30 de abril de 2018

Lição 6 VIVENDO AMOROSA E HONESTAMENTE

Lição 6 VIVENDO AMOROSA E HONESTAMENTE
06/05/2018

Texto do dia.
(1 TS 4.9)
"Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros."

Síntese
Não existe adoração num coração dominado pelo ódio, muito menos espiritualidade sadia numa vida envolvida com desonestidade.

Agenda de leitura
SEGUNDA - 1 Jo 4.20 Não existe adoração onde há ódio
TERÇA - Jo 15.12 Jesus, o perfeito padrão de amor
QUARTA - Tt 3.5 Somos salvos pela misericórdia e amor do Pai
QUINTA - Rm 13.8 O amor, uma dívida impagável
SEXTA - Rm 14.8 Não vivemos para nós mesmos
SÁBADO - 1 Pe 5.7 O Senhor cuida de nós

Objetivos

REFLETIR a respeito  da necessidade do amor em nossas vidas;
APRESENTAR o trabalho como uma necessidade para cada cristão;
DEMONSTRAR o padrão bíblico com relação ao nosso comportamento social.

Interação
Caro professor(a), estamos praticamente na metade de nosso trimestre, esse é um excelente momento para a realização de processos avaliativos (autoavaliação, avaliação em grupo, avaliação de critérios específicos). Tal postura conscientiza-nos daquilo que estamos fazendo e está dando certo, e do que precisamos repensar e mudar em nossa prática educativa. Compartilhe com seus alunos, no momento que achar mais conveniente, a necessidade de uma avaliação das atividades realizadas por você e seu grupo de estudantes. Aplique a melhor metodologia para sua turma: pode ser um momento em grupo numa roda de conversa, você pode elaborar um questionário para seus alunos responderem por escrito em sala ou em casa, etc. Esclareça a eles a necessidade da sinceridade nas respostas.

Orientação Pedagógica
Você já ouviu falar de "Mapa Conceitual"? O Mapa Conceitual é uma ferramenta de aprendizagem que se utiliza de uma estratégia imagética para facilitar o aprendizado. Por meio da construção de um mapa (uma rede) conceitual que se utiliza de figuras geométricas para organizar, correlacionar, hierarquizar as ideias apresentadas. O uso dos mapas conceituais pode ser feito de duas maneiras: na primeira, o educador, na medida em que vai apresentando o conteúdo vai construindo o mapa, de tal modo que ao fim da explicação os alunos possuem um resumo completo da aula ministrada. O outro uso pode ser feito por meio de uma ação promovida pelos próprios educandos, que após a discussão da lição, pode servir para que eles criem seus mapas conceituais. Nesta última hipótese, restaria ainda espaço para uma apresentação coletiva dos mapas e uma posterior discussão a partir dos mesmos.

Texto bíblico
1 Tessalonicenses 4.9-12
9  Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros;
10 Porque também já assim o fazeis para com todos os irmãos que estão por toda a Macedônia. Exortamo-vos, porém, a que ainda nisto continueis a progredir cada vez mais,
11 e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado;
12 para que andeis honestamente para com os que estão de fora e não necessiteis de coisa alguma.

COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nunca foi tão urgente a presença de uma comunidade de pessoas que espelhe o caráter de Deus como nos dias atuais. Nacionalmente vivemos em tempos de muita violência.
No campo sócio-político, nunca a corrupção esteve em tamanha evidência; e não são apenas as figuras públicas que se revelam decadentemente desonestas, mas em cada segmento social nos vemos decepcionados por escândalos. Em Tessalônica, guardadas as devidas proporções, não era muito diferente; por isso Paulo preocupa-se em orientar amorosamente aquela comunidade. Aprendamos com o apóstolo e seu cuidado pastoral.

I- QUANTO AO AMOR FRATERNAL

1. É o Senhor quem nos ensina a amar. Há em 1 Tessalonicenses, uma elogiosa menção de Paulo à postura amorosa daqueles irmãos. Se havia uma série de prescrições, observações, recomendações que deveriam ser feitas, em torno de várias áreas a respeito do amor fraternal, todavia, os crentes em Tessalônica não necessitavam de orientação alguma (1 Ts 4.9). Amar não é algo que aprendemos por meio de métodos humanos, cursos de cura interior ou livros. O amor para com o próximo desenvolve-se em nós a partir do momento em que mantemos uma relação de adoração com o Pai. É impossível amar a Deus e odiar qualquer pessoa que seja, especialmente um irmão (1 Jo 4.20). Não amamos os outros por seus atos de bondade ou por aquilo que merecem, mas porque usufruímos do amor do Pai, podemos transmiti-lo a todos os que precisam (Lc 6.27-36). É com o SENHOR que aprendemos a amar (Jo 15.12-17).

2. O poder de expansão do amor. Aquilo que as pessoas denominam como amor, mas não consegue ser expandido, compartilhado, transmitido a outros, não é amor. Na verdade não passa de narcisismo, ou como a Bíblia chama, "amor a si mesmo" (2 Tm 3.2); este sentimento é perigosíssimo e capaz de destruir não apenas a espiritualidade do indivíduo narcisista, mas também daqueles que estão em seu convívio (1 Co 12.25-27). A vivência do amor é contagiante; aquele que foi alcançado pela boa semente do Evangelho não consegue esconder sua alegria, nem os frutos dessa transformadora experiência, há vários exemplos bíblicos: a Samaritana (Jo 4.28-30), Levi (Lc 5.27-32) e Paulo (At 9.19-31). Numa sociedade dominada por todos os tipos e níveis de ódio (discurso de ódio, ódio étnico-cultural, ódio religioso), cabe-nos acreditar que somente por meio de uma vivência inspiradora de amor podemos colaborar para a mudança de nossa sociedade (Tt 3.3-5).

3. O amor: uma medida que sempre deve aumentar. A medida do amor nunca deve ser para menos, sempre para mais. O amor é uma dívida impagável que não temos apenas para com Deus, mas também com o próximo (Rm 13.8). Fica bem claro na parábola do credor incompassivo que o benefício do perdão e do amor incondicional que nos alcança nos torna, de igual modo, misericordiosos e perdoadores (Mt 18.23-35). Não devemos ter medo de perder o amor de Deus; na verdade, quem não ama seu irmão, de fato nunca vivenciou o privilégio de ser amado pelo Senhor (1 Jo 2.9-11).

Pense
Viver em amor é uma experiência oriunda da salvação, por meio da qual nos tornamos paulatinamente menos deformados pelo pecado e mais parecidos com Deus.

Ponto Importante
Amar é uma atitude que deve transcender o indivíduo e impulsioná-lo para um relacionamento de comunhão com o Pai e com o outro.

II- VIVENDO POR FÉ, TRABALHANDO COM HONRA

1. Um estilo de vida modesto. Há em nossa sociedade um conjunto de ideais "adoecedores": sucesso financeiro a todo custo, reconhecimento público ainda que por meio de escândalos ou vida promíscua, ambição desmedida pelo poder, etc. Infelizmente as pessoas desejam o padrão de vida das celebridades (festas glamorosas, holofotes, likes, views), isto é, uma existência de exterioridades, futilidades e banalidades. Sobre isso, a partir das características daquele contexto histórico, Paulo exorta os irmãos em Tessalônica a viverem uma vida simples, desapegada de desejos não edificantes, de modo "quieto" (1 Ts 4.11), o que significa focar no que é essencial, sem preocupar-se com as novidades e tendências da sociedade à nossa volta. Nós temos um padrão diferente daquele implementado pelos conceitos mundanos (Fp 2.15). Não vivemos para nós mesmos, mas para Deus (Rm 14.8).

2. Trabalhar nunca deve ser um fardo. Paulo é o mais enfático, entre os escritores sagrados sobre a necessidade de reconhecer o ofício humano como uma atividade, muitas vezes, imprescindível àquele que trabalha na obra de Deus (2 Co 12.13-18; 2 Ts 3.8-12). Trabalhar não deve ser algo pesaroso a ninguém. Deus fez-nos para o cumprimento de responsabilidades (Gn 1.26), ou seja, para através do nosso trabalho glorificar o seu santo nome. Não fomos criados para a preguiça (Pv 13.4; 21.25). Desta forma, é espantoso pensar na quantidade de indivíduos que, sob a desculpa de estar "trabalhando para Deus", não se ocupam de coisa alguma na verdade, senão de explorar financeiramente a fé alheia (At 20.29,30; 1 Tm 6.10). Foi para um ministério de vida íntegra que Deus nos vocacionou. É claro que o próprio Paulo precisou de apoio financeiro em determinado momento de sua trajetória, mas isso foi a exceção do caso, nunca a regra.

3. O jovem, a vocação e a profissão. Não devemos analisar a relação entre vocação e profissão como algo dicotômico, mas como sincrônico. Não existe oposição entre chamada ministerial e desenvolvimento profissional; o Deus que vocaciona missionários é o mesmo que abre a porta da universidade para que a missão seja sempre integral, nunca parcial. O cuidado com a formação de novos obreiros não nos isenta da responsabilidade de ajudar tais pessoas a serem capazes de realizarem-se profissionalmente. Tudo o que há em nossa vida, analisado em conjunto, deve ser para a glória de Deus. Enquanto você não consegue discernir seu ministério, continue estudando e trabalhando; se suas dúvidas são quanto ao que fazer no mercado de trabalho, continue orando e servindo no Reino. E se você já faz as duas coisas, não se preocupe, Deus está contigo, por isso, o trabalho não vai roubar tempo da obra, nem a obra de Deus do trabalho.

III- SOBRE O CRISTÃO E SEUS NEGÓCIOS

1. Honestidade como referencial de testemunho. O cuidado de Paulo para com os irmãos em Tessalônica o leva a exortá-los a terem uma vida honesta entre os que ainda não professavam a fé (1 Ts 4.12). De nada adianta um comportamento religioso exemplar dentro da igreja, se na vida cotidiana a luz de Cristo não brilha em nossos relacionamentos.

2. Colaboradores e não parasitas sociais. O final do versículo 12 termina com uma advertência a respeito da necessidade de viver a partir do fruto do próprio trabalho, nunca em virtude da exploração da caridade de um outro. Em um país como o nosso, de enormes abismos sociais, políticas para efetivação de direitos básicos são necessárias; contudo, ninguém deve tornar-se uma sanguessuga social. Somos chamados para fazer a diferença nessa sociedade.

3. O jovem cristão e a geração "nem-nem". A sociedade brasileira passa por uma profunda crise, a ponto de aparecerem na atualidade, sintomas novos da velha doença que é o pecado estrutural, que se engendra em nossa nação. O novo sintoma da falência da sociedade brasileira tem repercussão entre os jovens, é exagerado o número de pessoas entre 18 e 25 anos que nem trabalham, nem estudam. É nessa ambiência conturbada que o jovem cristão deve lançar suas ansiedades sobre o Senhor (1Pe 5.7) e procurar fazer o seu melhor, nunca acomodando-se, especialmente em situações adversas.

SUBSÍDIO 1
"(1 Ts 4.9). Paulo agora faz a mudança dos discursos específicos nos quais considerou a pureza sexual, para a chamada geral ao exercício e ao crescimento no 'amor [ou caridade] fraternal'. [...] O ponto principal da mensagem do apóstolo, é que a comunidade cristã deve ser caracterizada pela lealdade e pelo profundo cuidado que imita o nível do comprometimento de Deus para com eles (Jo 13.34,35). A extensão da discórdia ou da divisão que existiu na igreja em Tessalônica não foi em grande escala. Alguns, mais provavelmente uma pequena minoria, estavam ameaçando a harmonia por  serem preguiçosos (1 Ts 4.11,12; 5.14; 2 Ts 3.10) e intrometidos (2 Tm 3.11). Porém, a igreja como um todo foi caracterizada pelo amor. Paulo conhece a dinâmica dos relacionamentos, e sabe que a menos que se prestasse uma cuidadosa atenção à harmonia, a igreja estaria a um passo de um conflito generalizado. Coerentemente, incentiva os santos a se dedicarem intensamente à instrução em que foram encaminhados, na qual estavam bastante adiantados.
Paulo diz não haver necessidade de escrever aos tessalonicenses sobre a importância do amor fraterno e está confiante de que pode manter a discussão em um nível mínimo" (ARRINGTON, F.L. e STRONSTAD, Roger (Ed). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp. 1390,1391).

SUBSÍDIO 2
"O conteúdo da ética cristã está na vontade de Deus, que deve ser feita com amor, ou seja, 'a fé que opera por caridade [ou amor]' (Gl 5.6). Todo o comportamento de Cristo estava centrado em seu objetivo de servir e de dar sua vida como um resgate (Mt 20.28). Este era seu padrão para os seus seguidores (20.25-27). Paulo o aceitou. Também o fizeram os cristãos tessalonicenses. Eles tinham visto em Paulo o exemplo ('selo') de Cristo que lhes deu significado e entendimento. Eles tomaram esse exemplo para suas próprias vidas, incluindo a aflição (thlipsis, 'pressão, tribulação'). Nesse contexto da ética cristã, em meio ao sofrimento, imitando a vida de Jesus e a conduta de Paulo, aqueles crentes coletivamente e espontaneamente compartilharam um testemunho dinamicamente significativo de Cristo pela Macedônia e pela Acaia. O exemplo cristão, encontrado primeiramente em Jesus e em Paulo resulta no tipo de conduta fiel que efetivamente dá testemunho por meio do corpo combinado da igreja em qualquer outra área, fortalece o testemunho dos cristãos e possibilita que o comportamento dos obreiros (pastores e outros) inspire o rebanho a segui-los. O testemunho cristão bem-sucedido está centrado no exemplo"  (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. pp. 729, 730).

ESTANTE DO PROFESSOR
Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

CONCLUSÃO
Nossa vocação é para uma vida piedosa, fundamentada em amor e buscando os ideais de justiça e paz. O zelo pastoral de Paulo com os tessalonicenses o levou a um conjunto de orientações que são preciosas ainda hoje para nós, igreja contemporânea. Não nos acomodemos com o mal que se desenvolve em nossa sociedade, sejamos dedicados na promoção do bem.

Hora da revisão.

Sendo o amor imprescindível para a vida cristã, como aprendemos a amar?
O amor para com o próximo desenvolve-se em nós a partir do momento em que mantemos uma relação de adoração com o Pai (Mt 22.36-40). É com o SENHOR que aprendemos a amar (Jo 15.12-17).

É possível viver um amor que se restrinja apenas ao próprio indivíduo? Justifique sua resposta.
Não, pois isso é narcisismo ou aquilo que a Bíblia define como "amante de si mesmo" (2 Tm 3.2).

De que modo devemos encarar nossa responsabilidade para o trabalho?
Como um meio de glorificar o nome do Senhor, que tem nos dado dons e talentos, também para trabalhar.

É possível conciliar vida profissional e vocação ministerial? Justifique sua resposta.
Sim, Paulo é um grande exemplo deste tipo de opção de vida. É Deus quem nos dá, tanto o ministério quanto a profissão; tudo vem de Deus.

De que modo um jovem, numa sociedade como a nossa, pode controlar suas ansiedades e medos?
Lançar suas ansiedades sobre o Senhor (1 Pe 5.7) e procurar fazer o seu melhor, nunca acomodando-se, especialmente com situações adversas.


Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens, professor, A Igreja do Arrebatamento – O Padrão dos Tessalonicenses para Estes Últimos Dias, Comentarista Thiago Brazil, 2º trimestre 2018.

Lição 6 Ética Cristã e Suicídio

Lição 6 Ética Cristã e Suicídio
6 de Maio de 2018

TEXTO ÁUREO
(Jo 10.10)
“O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.”

VERDADE PRÁTICA
O início e o término de nossa vida são prerrogativas exclusivas de Deus.

LEITURA DIÁRIA
Segunda – Jz 16.28-30 Sansão não se suicidou, mas morreu em combate
Terça – Mt 27.4-5; At 1.8 Judas Iscariotes, tomado de remorsos, dá fim a própria vida
Quarta – Sl 100.3 Foi Deus quem deu a vida e, portanto, a vida pertence a Ele
Quinta – Ec 3.2 Deus é quem determina o nosso nascer e morrer
Sexta – Jo 15.13 O maior amor é o que entrega a vida em favor do outro
Sábado – Jo 10.15 Cristo entregou a sua vida pela suas “ovelhas”

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Samuel 31.1-6
1 – Os filisteus, pois, pelejaram contra Israel; e os homens de Israel fugiram de diante dos filisteus e caíram atravessados na montanha de Gilboa.
2 – E os filisteus apertaram com Saul e seus filhos e os filisteus mataram a Jônatas, e a Abinadabe, e a Malquisua, filhos de Saul.
3 – E a peleja se agravou contra Saul, e os flecheiros o alcançaram; e muito temeu por causa dos flecheiros.
4 – Então, disse Saul ao seu pajem de armas: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me atravessem, e escarneçam de mim. Porém o seu pajem de armas não quis, porque temia muito; então, Saul tomou a espada e se lançou sobre ela.
5 – Vendo, pois, o seu pajem de armas que Saul já era morto, também ele se lançou sobre a sua espada e morreu com ele.
6 – Assim, faleceu Saul, e seus três filhos, e o seu pajem de armas, e também todos os seus homens morreram juntamente naquele dia.

OBJETIVO GERAL
Apresentar que o suicídio está na contramão da vontade de Deus para o crente.

HINOS SUGERIDOS: 73, 75, 495  da Harpa Cristã

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

Descrever o suicídio nas Escrituras e no mundo;
Elencar os tipos de suicídios;
Apontar os posicionamentos teológico e ético a respeito do suicídio.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Há dados alarmantes a respeito do suicídio. Está mais do que na hora de considerarmos este assunto  de acordo com a seriedade que ele requer.
Não é de hoje que o suicídio tem sido um fato que perpassa a realidade de muitas igrejas locais. São membros, que infelizmente, dão cabo da própria vida. Outros, são pastores experimentados no ministério, que não suportando o sofrimento, põem fim a própria existência.
Esse problema é um drama que tem ligação direta com os transtornos de humor, manifestados na depressão, no transtorno de ansiedade, nas esquizofrenias, dentre outros, como revelou uma pesquisa médica recente.
O mais dramático é que esses transtornos têm tratamento adequado por intermédio de medicamentos e de terapias profissionais. Ore ao Senhor e peça sabedoria do alto para que, se for o caso, oriente as pessoas que porventura vivem o “calabouço” da depressão a procurarem ajuda profissional, paralelo à terapia espiritual. Tal orientação pode salvar vidas. Boa aula!

COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A expressão “suicídio” vem do latim sui (a si mesmo) e caedere (matar, cortar) que significa “matar a si mesmo”, também conhecida como “morte autoinfligida”. Essa prática tem sido um mal silencioso e o índice de pessoas que se suicidam vem crescendo assustadoramente. Nesta lição, estudaremos o suicídio nas Escrituras e no mundo, seus tipos e o posicionamento cristão quanto ao tema.

PONTO CENTRAL
Deus é quem deve ter a última palavra a respeito da vida.

I – O SUICÍDIO NAS ESCRITURAS E NO MUNDO
As Escrituras registram seis casos de suicídio: cinco no Antigo Testamento e um no Novo. Em situação de conflito, homens se desesperam e tiram a própria vida no mundo todo.

1. No Antigo Testamento. A história de Sansão mostra que a tarefa dele era a de derrotar os filisteus (Jz 13.5). Mas ele revelou o segredo de sua força e foi preso. Decidido a cumprir sua missão, na festa a Dagon, derrubou o templo sobre si e seus inimigos (Jz 16.30). Entretanto, esta ação é vista como sacrifício de guerra e não suicídio. Por isso, Sansão aparece na lista dos heróis da fé (Hb 11.32-34). Outro registro é o caso de Saul e de seu escudeiro. O primeiro rei em Israel rejeitou o Senhor e buscou o ocultismo (1 Sm 28.7). Acuado na peleja contra os filisteus, Saul lançou-se sobre a própria espada e seu auxiliar fez o mesmo (1 Sm 31.4,5). O quarto caso foi o de Aitofel, conselheiro de Absalão, que não suportou ter o seu conselho rejeitado e se enforcou (2 Sm 17.23). O quinto registro é o do rei Zinri, que derrotado e apavorado, tirou a própria vida (1 Rs 16.18,19). Exceto Sansão, tais homens, motivados pelo orgulho, escolheram a morte em lugar de confiarem em Deus. Aliás, podemos dizer que Sansão morreu em combate.

2. No Novo Testamento. O mais emblemático caso é o suicídio de Judas Iscariotes. Ele fizera parte do colegiado apostólico (Lc 6.16). Sua função de tesoureiro requeria integridade (Jo 13.29). No entanto, ele furtava as ofertas que eram lançadas na bolsa (Jo 12.6). Sua ambição por dinheiro foi uma das motivações para entregar Jesus (Mc 14.11). Culpado por trair um inocente, enforcou-se (Mt 27.4,5) e como resultado: “precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram” (At 1.18). Cristo já o tinha alertado, “ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído!” (Mc 14.21), porém, Judas não resistiu ao Diabo nem teve a humildade para buscar o perdão do Senhor. Ele preferiu o suicídio a corrigir o erro. Em nossos dias, a banalização da vida e da fé tem contribuído para comportamentos similares e consequente queda espiritual de pessoas.

3. O suicídio no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) as mortes por suicídio aumentaram 60% nas últimas cinco décadas. Quase um milhão de pessoas tiram a própria vida todos os anos e cerca de outros vinte milhões tentam ou pensam em suicídio. Para cada suicídio, cerca de seis a dez outras pessoas são diretamente afetadas. Na maioria dos países desenvolvidos, o suicídio é a primeira causa de morte não natural. Desde 2015, as autoridades iniciaram o movimento “setembro amarelo”, que é estimulado pela Associação Internacional pela Prevenção do Suicídio (IASP). O movimento consiste em sinalizar locais públicos com faixas ou símbolos amarelos.

SÍNTESE DO TÓPICO I
O suicídio aparece nas Escrituras Sagradas e reflete-se no mundo de hoje.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Pesquise notícias em revistas ou jornais sobre pessoas famosas que suicidaram-se. Leve esses recortes para a sala de aula. Após introduzir o primeiro tópico, apresente as reportagens. Mas antes, elabore algumas perguntas – tais como: O que faz uma pessoa famosa tirar a própria vida? Por que pessoas que aparentemente não têm falta de nada tiram a própria vida? – para serem feitas após a apresentação da reportagem. Dirija essas perguntas à classe e aguarde as respostas. Conclua a atividade mostrando que as circunstâncias do cotidiano da vida muitas vezes mascara o que realmente as pessoas estão vivendo. Encerre lendo o trecho bíblico que diz: “Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou que daria o homem pelo resgate da sua alma?” (Mc 8.36,37).

CONHEÇA MAIS
*Lançando a ansiedade sobre Cristo
“A Bíblia manda lançar todas as ansiedades sobre o Senhor e não na morte (1 Jo 1.7; 1 Pe 5.7). A Palavra de Deus nos incentiva a exercitar a fé, colocando sobre Deus os nossos cuidados, ansiedades e sofrimentos. Diz a Palavra: ‘Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si...’ (Is 53.4a – ênfase minha). Cristo levou nossas dores sobre si. Isso nos dá o conforto e a segurança de que, pela fé, nossas dores foram lançadas sobre Ele.” Para conhecer mais leia “Ética Cristã: Confrontando as Questões Morais do Nosso Tempo", CPAD, p.145.

II – OS TIPOS DE SUICÍDIO
Os tipos de suicídio podem ser classificados em convencional, pessoal e sacrificial. Neste tópico veremos suas principais implicações.

1. Suicídio convencional. Dá-se o nome de “convencional” ao suicídio provocado pela tradição cultural ou coerção do grupo social. Entre os esquimós, por exemplo, é tolerado e esperado o suicídio de incapacitados e idosos. No Japão a prática do hara-kiri expressava o orgulho do suicida em escapar de alguma situação intolerável e era visto como um ato de nobreza. Em maio de 2007, ao ser investigado por corrupção, o Ministro da Agricultura do Japão sentiu-se extremamente envergonhado e cometeu o suicídio por enforcamento. Em 2014, a taxa média de suicídios no Japão era de 70 pessoas por dia. Especialistas costumam citar a antiga tradição de “suicídio em nome da honra” para explicar que razões culturais tornaram os japoneses mais propensos à morte autoinfligida.

2. Suicídio pessoal. Praticado por iniciativa individual, sem a influência de tradição cultural. As motivações para este tipo de suicídio são variadas e muitas vezes não é possível apontar causas aparentes. Contudo, o suicídio é considerado uma fuga radical e permanente dos problemas da vida, tais como dificuldades financeiras, desilusões amorosas, sentimentos de culpa, depressão, neuroses, desequilíbrios mentais e espirituais, e outros. Tais pessoas, desprovidas de fé e de esperança, em um ato de desespero atentam contra a própria vida. Dados oficiais indicam que 32 brasileiros cometem suicídio a cada dia. Esse índice é superior às mortes causadas pela AIDS e pela maior parte dos tipos de câncer.

3. “Suicídio” sacrificial. Também conhecido como “morte em prol dos outros”. Trata-se da tentativa altruísta de alguém salvar a vida alheia em detrimento da sua própria. Neste caso enquadra-se o bombeiro, que ao entrar no fogo, acaba morrendo como resultado de sua ação ou o salva-vidas que se afoga ao entrar na água para salvar o outro. Também o profissional ou voluntário que perde a vida combatendo o crime ou socorrendo as vítimas de acidentes e de emergências. Nessas circunstâncias, a morte de quem arrisca a vida em favor do próximo não é suicídio, mas um ato de amor. Cristo disse que ninguém tem maior amor do que este: “de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15.13). O próprio Senhor entregou a vida dEle por nós por meio de um sacrifício amoroso (Jo 10.15).

SÍNTESE DO TÓPICO II
Os tipos de suicídios podem ser denominados “convencional”, “pessoal” e “sacrificial”.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O suicídio de Abimeleque. A história de Abimeleque, que viveu nos inícios do século XIII a.C., ilustra muito bem a natureza ilusória, egoísta e perversa do suicídio. Filho bastardo de Gideão, insurge-se logo após a morte do pai. Já em Ofra, com a ajuda de uns homens levianos e maus, mata traiçoeiramente seus irmãos (Jz 9.5). O único a escapar foi Jotão que, para denunciar o cruel assassino, profere um lindíssimo apólogo. Em seguida, Abimeleque sai a arrebanhar os israelitas, a fim de fazer-se rei daquelas terras. Não demorou muito e, agora, erguia-se como um dos maiores vilões das crônicas hebreias.
Apesar de alguns sucessos iniciais, seus empreendimentos começam a malograr. Pouco a pouco, vai perdendo o apoio do povo que, alertado pela fábula de Jotão, revolta-se e expõe-lhe a tirania. Assim, vê-se obrigado a travar algumas batalhas desgastantes e renhidas que, dia a dia, vão desprotegendo-o. Ao sitiar a cidade de Tebes, que ficava na região de Manassés, ‘certa mulher lançou uma pedra superior de moinho sobre a cabeça de Abimeleque e lhe quebrou o crânio’ (Jz 9.53). Gravemente ferido, mas ainda orgulhoso e soberbo, ordena ao escudeiro: ‘Desembainha a tua espada e mata-me, para que não se diga de mim: Mulher o matou’. O seu companheiro de guerra não lhe questiona a ordem, nem levanta questão ética alguma. Antes, ‘o moço o atravessou, e ele morreu’ (Jz 9.54). Com sua morte, a nação de Israel é novamente pacificada.
Na conclusão da história, somos obrigados a perguntar: Por que Abimeleque requereu a eutanásia [ou suicídio]? O motivo ele mesmo o declara: ‘Para que não se diga: Mulher o matou’. Ele não procurou fugir à dor, mas escapar à vergonha. Não matara ele tanto homens? Por que morrer, agora, às mãos de uma mulher? Portanto, a morte ser-lhe-ia boa e até suave não por que o livraria da dor, mas por que o libertaria da ignomínia. Parte dos que defendem a eutanásia não temem propriamente os desconfortos e as aflições de uma morte lenta e excruciante; o que mais os assusta é depender dos que, até então, deles dependiam” (ANDRADE, Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.114,15).

III – O POSICIONAMENTO CRISTÃO PARA O SUICÍDIO
A posição teológica e a ética do cristão são desfavoráveis à prática do suicídio por afrontar a soberania divina.

1. O posicionamento teológico. O cristão se posiciona contra o suicídio fundamentado no sexto mandamento do Decálogo: “Não matarás” (Êx 20.13). O princípio que proíbe o homem de assassinar o outro, também o proíbe de “assassinar” a si mesmo. A vida humana é uma dádiva divina e, portanto, pertence a Deus (Sl 100.3). O Criador é quem determina o início e o término da vida, não a criatura (Ec 3.2). É Deus quem estabelece quando e como a vida deve cessar, seja por doença, velhice ou acidente. Por conseguinte, o fim da vida está sob a presciência e soberania divina.

2. O posicionamento ético. A posição da Ética Cristã é contrária ao suicídio pelos seguintes e principais motivos: a) o suicídio implica banalizar a vida e afrontar a soberania divina; b) o suicida viola o mandamento de amar “o próximo como a si mesmo”; c) o suicídio é um ato egoísta de quem pensa em aliviar seu sofrimento sem se importar com os outros; d) suicidar-se denota inversão dos valores da vida e falta de confiança em Deus; e) o suicídio é um gesto de ingratidão que interrompe o ciclo e a missão da vida outorgada por Deus. Mercê dessa posição a igreja precisa ajudar as pessoas a não sucumbirem diante desse mal.

SÍNTESE DO TÓPICO III
O posicionamento do cristão diante do suicídio tem um aspecto teológico e outro ético.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), exponha o aspecto teológico e ético das implicações do suicídio deixando claro que não é a vontade do Pai que tal mal suceda à pessoa e sua família. Como Igreja de Deus, somos convocados a militar pela vida. Levar esperança às pessoas angustiadas é a missão do seguidor de Jesus. Deixe claro que vivemos num mundo onde as pessoas estão cada vez mais vazias: só Cristo pode preencher esse vazio. Proclamemos a salvação de Jesus Cristo.

CONCLUSÃO
O aumento do suicídio é resultado da ideologia que enaltece a criatura em lugar do Criador. Quando o homem evoca autonomia sobre o próprio corpo e a vida, desprezando e afrontando a soberania divina, graves e funestas consequências ocorrem. A vida só tem sentido quando está sob o controle irrestrito de seu Criador (Is 41.13).

PARA REFLETIR
A respeito do tema “Ética Cristã e Suicídio”, responda:

Cite ao menos, dois casos de suicídio no Antigo Testamento e explique o porquê do caso de Sansão não ser considerado suicídio.
O caso de Sansão e o caso de Aitofel. Decidido a cumprir sua missão, na festa a Dagon, derrubou o templo sobre si e seus inimigos (Jz 16.30). Entretanto, esta ação é vista como sacrifício de guerra e não suicídio. Por isso, Sansão aparece na lista dos heróis da fé (Hb 11.32-34).

Quais foram as motivações de Judas em entregar Jesus?
Sua ambição por dinheiro foi uma das motivações para entregar Jesus (Mc 14.11).

Mencione os três tipos de suicídios classificados oficialmente.
Suicídio convencional, pessoal e sacrificial.

Qual deve ser o posicionamento teológico do cristão em relação ao suicídio?
O cristão se posiciona contra o suicídio fundamentado no sexto mandamento do Decálogo: “Não matarás” (Êx 20.13).

Qual deve ser o posicionamento ético do cristão em relação ao suicídio?
A posição da Ética Cristã é contrária ao suicídio pelos seguintes e principais motivos: a) banalização da vida; b) violação do mandamento do amor; c) um ato egoísta; d) falta de confiança em Deus; e) um gesto de ingratidão.


CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 74, p39. Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição.  São artigos que buscam expandir certos assuntos.

Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Adultos, professor, Valores Cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo, Comentarista Douglas Baptista, 2º trimestre 2018.



Lição 6 O temor a Deus e as atitudes coerentes.

Lição 6 O temor a Deus e as atitudes coerentes.
6 de maio de 2018

Texto Áureo
Atos 9.31
“Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo”.

Verdade Aplicada
O temor a Deus deve ser acompanhado da procura em conhecer a Sua vontade e da prática da mesma.

Objetivos da Lição
Explicar a importância de temer a Deus;
Identificar os diversos tipos de temor a Deus;
Refletir sobre a importância do temor a Deus ser seguido de atitudes coerentes.

Glossário
Conciliar: Estar em acordo, harmonia;
Retraimento: Recuar; ausentar-se;
Sincretismo: Fusão de diferentes religiões, doutrinas e cultos, cujos elementos permanecem com interpretações próprias.

Leituras complementares
Segunda Dt 6.1-2
Terça Sl 112
Quarta Lc 12.4-5
Quinta Fp 2.12
Sexta 1 Pe 1.17
Sábado Ap 14.6-7

Textos de Referência.
Salmos 86.11; 128.1; Ec 12.13; 2Co 7.1; 2Pe 2.17
Salmos 86.11
11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome.
Sl 128.1
1 Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.
Ec 12.13
13 De tudo o que se tem ouvido, o fim é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem.
2Co 7.1
1 Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.
2Pe 2.17
17 Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei.

Hinos sugeridos.
397, 432, 434

Motivo de Oração
Suplique a Deus pelos jovens que têm se convertido.

Esboço da Lição
Introdução
1. Temer a Deus: significados e valor.
2. Os diversos tipos de temor a Deus.
3. Temor a Deus e atitudes.
Conclusão

Introdução
Num tempo de banalização do Evangelho e desrespeito, reflitamos à luz da Palavra de Deus sobre este tema tão presente nas Escrituras, porém, muitas vezes compreendido de forma distorcida e equivocada.

1. Temer a Deus: significados e valor.
O que significa temer a Deus? Como conciliar os textos bíblicos que enfatizam a necessidade de a pessoa temer a Deus e o que está exposto em 1João 4.18: “a perfeita caridade lança fora o temor”? Porém, a Palavra de Deus não se contradiz.

1.1. Os significados e diversos sentidos da palavra temor.
Considerando a existência de diversos temas derivados, tanto a partir de palavras no hebraico como no grego, encontrados na Palavra de Deus, é importante estarmos atentos ao contexto no qual se encontram as palavras traduzidas por “temor” ou “temer”. Alguns sentidos de expressões hebraicas, como yãre ou môrã: “ter medo; ter grande temor; ter grande respeito por; medo”. Exemplos do termo usado como “medo” (Gn 32.11; Dt 2.25; Jn 1.10). assim como também há exemplos no Novo Testamento do uso da palavra “temor” no sentido de “medo” (gr. deilia ou phobeo), “covardia ou timidez” (2Tm 1.7) ou “mostrar medo reverente de homens” (Mc 6.20).

Uma das expressões que mais tem estado no vocabulário do brasileiro é “medo” (provocado por violência, desemprego, doenças, incertezas, entre outros). Esse sentimento está presente desde o nascimento. Porém, quando o medo é desproporcional, acompanhado de sintomas físicos e passa a dominar a pessoa, torna-se fobia. Nos EUA, especialistas catalogaram cerca de 500 tipos de medo. A Palavra de Deus registra centenas de vezes Deus falando ao ser humano: “Não temas” (Êx 14.13; Is 40.9; 41.10; Mc 5.36; At 18.9-10).

1.2. Temer a Deus.
Diferentemente de todo o restante da criação, o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27). O Criador o visitava, falava com ele e ambos tinham amizade e comunhão (Gn 1.28; 2.8, 15, 18-20; 3.8). Contudo, a primeira vez que aparece a expressão “temor; medo” na Bíblia é justamente como resultado do pecado e conduz a um medroso retraimento diante de Deus: “Ouvi...temi...escondi-me” (Gn 3.10). Quando se esta em comunhão com Deus, não há medo. O temor que o discípulo de Cristo deve ter em relação a Deus não deve afastá-lo dEle e nem o fazer viver em um constante estado de terror, mas servir de motivação para que produza um viver de acordo com a vontade de Deus.

Várias passagens bíblicas expressam a relação entre “temer a Deus” e ter um viver piedoso e correto, de acordo com a Sua Palavra (Lv 19.14; 25.17; Dt 17.19; 2Rs 17.34). Como comentou o professor Andrew Bowling (EUA), sobre as expressões “temente, medo, etc”, encontradas no Antigo Testamento: “Quando Deus é o objeto de temor, a ênfase novamente recai no respeito ou reverência. Essa atitude de reverência é a base da verdadeira sabedoria” (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 9.10; 15.33).

1.3. A importância de enfatizar este tema.
Vivemos dias desafiadores. A irreverência e o desrespeito têm sido marcas do nosso tempo. Os extremos sempre são perigosos.  Muitos dizem que no passado as pessoas tinham “medo” de Deus, por causa dos ensinamentos que receberam e a ênfase quanto ao juízo final e inferno. Contudo, hoje vemos pessoas que tratam Deus como se fosse “um igual”, chamando-O de “cara legal” ou o “lá de cima”. Não podemos confundir o silêncio, a misericórdia e a longanimidade de Deus com igualdade com o homem (Sl 50.21).

É preciso lembrar que o discípulo de Cristo é filho de Deus (Rm 8.15), amigo de Jesu (Jo 15.15 e irmão de Jesus (Hb 2.11), contudo, continua sendo criatura, ser humano e corruptível (1Co 15.53). O próprio Senhor Jesus enfatizou aos Seus discípulos a necessidade de temer a Deus, que “pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10.28). Notar que o registro feito por Lucas, menciona Jesus chamando Seus discípulos de “amigos meus”, antes de alertar sobre o temer a Deus (Lc 12.4-5). Assim, o fato de sermos  amigos, discípulos, filhos e irmãos não nos libera para o escárnio e zombaria com assuntos relacionados a Deus ou comportamentos inadequados nos momentos de culto, como se estivéssemos num clube ou num parque de diversões, etc. É preciso voltar a enfatizar o “temor a Deus” como um dos aspectos bíblicos no relacionamento com Deus.

2. Os diversos tipos de temor a Deus.
Encontramos na palavra de Deus diversos textos que registram pessoas que, diante de uma manifestação sobrenatural, demonstraram temer a Deus (Êx 9.20; Jn 1.16; Dn 6.26). Contudo, não é suficiente apenas temer a Deus sem considerar outros princípios bíblicos quanto ao nosso relacionamento com Ele.

2.1. Temor interesseiro.
Após o Reino do Norte ser levado cativo pela Assíria, Salmaneser (Rei da Assíria) levou muitos estrangeiros para “habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel” (2Rs 17.6, 23-41). Porém eram pessoas que não temiam ao Senhor e “mandou o Senhor entre eles leões, que mataram a alguns deles”. Era comum a crença, entre os pagãos, em “deuses territoriais”. Assim, aquele povo que passou a habitar em Samaria procurou conhecer “o costume” religioso de adoração (2Rs 17.32-34). Ou seja, temiam a Deus quanto à adoração, mas não O temiam para obedecer aos Seus estatutos e mandamentos.

Eles adoravam a Deus, porém, não deixavam seus costumes pagãos. Só adoravam para abrandar Sua ira. É um tipo de temor que não gera confiança (Sl 115.9-15). O texto diz: “Vós, os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor”. Há muitos que “temem” os castigos de Deus, o juízo final, o inferno, o apocalipse, contudo querem continuar vivendo segundo o curso deste mundo (Ef 2.2).

2.2. Temor utilitário.
Aqueles estrangeiros estavam considerando o temor a Deus como um “amuleto de sorte”. A sociedade brasileira tem sido caracterizada pelo sincretismo religioso e pela superstição, assim como os estrangeiros de Samaria. Quando o assunto é questões religiosas ou espirituais, o que vale é o que dá resultado. Como se o pensamento fosse: “o importante é estar bem com todas as forças espirituais”. Os atenienses chegaram ao ponto de erguer um altar com a inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO (At 17.22-23). Como muitos hoje, tinham um conhecimento com respeito à adoração bastante limitado e distorcido.

Os servos de Faraó que “temiam” a palavra do Senhor agiram tendo em mente preservar os bens (Êx 9.20). Quando Israel finalmente saiu do Egito, “subiu também com eles uma mistura de gente” (Êx 12.38). Muitos devem ter aproveitado para fugir da escravidão ou atraídos pela superioridade do Deus de Israel em relação às divindades egípcias, porém nem todos se converteram ao Deus de Israel (Nm 11.4).

2.3. Temor como princípio do saber.
Aprendemos com a Palavra de Deus que não basta sentir medo, respeitar, reconhecer o poder do Senhor e a Sua grandeza. O “temor do Senhor” é o princípio, o começo da sabedoria é o conhecimento (Sl 111.10; Pv 1.7). Não a sabedoria humana e terrena, mas a sabedoria suprema, que é temer e reverenciar a Deus de maneira apropriada (Jó 28.28; Pv 8.13). É o temor que conduz à obediência ao Senhor, a um viver piedoso e correto (Jr 32.40), e que conduz a desviar-se do mal (Pv 16.6). É um temor que produz na pessoa o desejo humilde em aprender mais do Senhor (Pv 15.33).

Trata-se de um temor prático e atuante. Afinal fomos criados por Deus. Nossa existência é fruto da vontade soberana do Senhor. Então bem-aventurado aquele que reconhece que é criatura, que existe um propósito na existência e que o Criador tem instruções sobre como viver neste mundo (Sl 90.12). Há sabedoria neste entendimento. Tudo começa no relacionamento com Deus.

3. Temor a Deus e atitudes.
É relevante refletir sobre a importância do temor a Deus ser seguido de atitudes coerentes, como encontramos em diversos textos bíblicos, quando o temor a Deus é associado a ações segundo a vontade de Deus, isto é, que agradam a Deus. É o que constataremos neste último tópico.

3.1. Um temor que move à ação.
O patriarca  Abraão, quando ia oferecer seu filho Isaque em holocausto por mandado do Senhor, antes de imolá-lo, ouviu Deus lhe falar: “agora sei que temes a Deus” (Gn 22.12). As parteiras no Egito, movidas pelo temor a Deus (Êx 1.17, 20-21), não fizeram conforme a ordem de Faraó e “conservaram os meninos com vida”. O sogro de Moisés, ao lhe sugerir que buscasse homens para ajudá-lo na tarefa de atender ao povo, lhe diz que deviam ser homens não apenas capazes, mas “tementes a Deus” (Êx 18.21), pois, assim, aborreciam a avareza.

O Senhor Deus diz que os mandamentos e os estatutos que ordenou deveriam ser ensinados, visando o temor a Deus e a obediência (Dt 6.1-2). Não apenas conhecer e temer, mas conduzir à obediência. O salmista convoca aqueles que temem a Deus para ouvir o que ele tem a dizer sobre os feitos do Senhor (Sl 66.16). Quem teme a Deus ouve e se interessa pelos relatos do que o Senhor tem feito.

3.2. Um temor que conduz a um relacionamento.
Não se trata do temor que nos faz se esconder de Deus como Adão e nem aquele demonstrado pelos estrangeiros em Samaria (interesseiro e utilitário), mas o temor que norteia nossa vida nas questões espirituais e morais. Não o medo aterrorizante e paralisador, mas que nos move a um relacionamento saudável com Deus (Rm 8.5), influenciando nossas atitudes e conduzindo-nos à plena confiança em Deus (Sl 115.11). Justamente por termos um relacionamento com Deus como Nosso Pai, devemos temê-Lo (1Pe 1.17), durante o tempo da nossa caminhada nesta terra como discípulos de Cristo.

O fato de sermos filhos de Deus não significa que não devamos reverenciá-Lo e respeitá-Lo. Como se expressou o famoso escritor C.S. Lewis: “Em Deus você está diante de algo que é, em todos os aspectos, incomensuravelmente superior a si mesmo”.

3.3. Cornélio, homem temente a Deus.
Acredita-se que Cornélio, o oficial romano, tinha algum conhecimento das Escrituras, conhecia o Deus de Israel e, assim, orava, jejuava, fazia esmolas, tinha bom testemunho dos judeus e era “temente a Deus” (At 10.1-2, 22). O próprio apóstolo Pedro disse que Deus se agrada daquele que, em qualquer nação, O teme (At 10.35). Ele temia, contudo ainda não era salvo (At 11.14). No entanto, Cornélio demonstrou a sinceridade de seu temor a Deus ao se submeter á Palavra de Deus anunciada por Pedro (At 10.33). Temor que resultou em ação, pois proporcionou oportunidade para crer em Jesus Cristo.

Vejamos exemplos de resultados de temor após a experiência do novo nascimento: 1) 2 Coríntios 7.1 – contribui no processo de aperfeiçoamento da santificação. Uma convocação para que abandonem todo envolvimento com o que pode impedir nosso desenvolvimento na santificação; 2) Filipenses 2.12 – nos faz lembrar da bem-aventurança do homem que é constante no temor de Deus (Pv 28.14). Trata-se de uma exortação contra o modismo, o desleixo e o relaxamento com a vida cristã. Não se trata de ensinar que a salvação depende das obras da pessoa, mas, sim, que ela se expressa no crescimento e aperfeiçoamento do discípulo de Cristo. Assim comentou Russel Shedd: “O indivíduo que tem nome de cristão, mas é convencido, autoconfiante, sem atitude de respeito e reverência, tendo fé na graça barata, e nas obras inúteis feitas com vistas à recompensa, poderá ser uma das pessoas que se desapontarão quando bater à porta do céu, implorando que deixem entrar (Mt 7.23)”.

Conclusão.
Precisamos, com urgência, reafirmar a doutrina do temor a Deus, pois como vimos, faz a diferença no viver do discípulo de Cristo em sua jornada na terra. Conforme o exposto na Bíblia, o temor a Deus conduz a relacionamento, comprometimento e obediência a Deus (Sl 128.1).

Questionário.
1. Qual texto bíblico registra pela primeira vez a expressão “temor; medo”?
R: Gênesis 3.10.

2. O que os habitantes de Samaria procuraram conhecer?
R: O costume religioso de adoração (2Rs 17.32-34).

3. O que estava escrito no altar erguido pelos atenienses?
R: AO DEUS DESCONHECIDO (At 17.22-23).

4. O que as parteiras no Egito, movidas pelo temor a Deus, fizeram?
R: Conservaram os meninos com vida (Êx 1.17, 20-21).

5. O que o temor de Cornélio lhe proporcionou?
R: Oportunidade para crer em Jesus Cristo (At 10.33).

Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Aperfeiçoamento Cristão – Propósito de Deus para o discípulo de Cristo. Adultos, edição do professor, Comentarista Pastor Marcos Sant’Anna da Silva 2º trimestre de 2018, ano 28, Nº 107, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.