domingo, 15 de março de 2015

Lição 12 Fidelidade em tempos de crise.

Lição 12 Fidelidade em tempos de crise.
22 de março de 2015

Texto Áureo
“Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena.” Pv. 24.10

Verdade Aplicada
Inevitavelmente, todo ser humano poderá ser visitado por manifestações súbitas, seja no plano físico, psicológico ou espiritual, que demandará dele uma fé além das palavras.

Objetivos da Lição
Desfazer o falso pensamento de que o justo não enfrenta crises e contratempos;

Compreender que por mais que coisas ruins afluam contra o justo, no fim tudo dará certo;

Instruir como agir e como reagir às vicissitudes existenciais da vida.

Glossário
Incógnito: desconhecido;
Vicissitude: mudança das coisas que se sucedem; contra tempo, revés;
Perpassar: decorrer; transcorrer.

Textos de Referência
Jó 1.17-20
17 Falava este ainda quando veio outro e disse: Dividiram-se os caldeus em três bandos, deram sobre os camelos, os levaram e mataram aos servos a fio de espada; só eu escapei, para trazer-te a nova.
18 Também este falava ainda quando veio outro e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa do irmão primogênito,
19 eis que se levantou grande vento do lado do deserto e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre eles, e morreram; só eu escapei, para trazer-te a nova.
20 Então, Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou;

Leituras complementares
Segunda       Sl 11.5
Terça              1Pe 4.12
Quarta           Lm 3.39
Quinta           Sl 119.71
Sexta             Fp 4.4, 12
Sábado          Tg 1.2-4

Esboço da Lição
Introdução
1. Fiel, ainda que os relacionamentos estejam afetados.
2. Fiel, ainda que as perdas pareçam irreparáveis.
3. Como manter-se fiel mesmo ante as instabilidades da vida.
Conclusão.

Introdução
A Palavra de Deus deixa claro que não há quem escape das perplexidades desta vida (Jo 16.33). Mesmo os mais abnegados e dedicados servos de Deus enfrentam crises e contratempos (Sl 55.1-6). Nesta lição, Jó nos servirá como arquétipo de fidelidade. Aprenderemos pela sua experiência avassaladora que os justos, mesmo inseridos em situações de crise, devem manter-se fiéis ao Senhor (Jó 1.22; Hc 3.17, 18).

1. Fiel, ainda que os relacionamentos estejam afetados.
A fé deve triunfar sobre todas as questões da vida. A existência humana é composta de relacionamentos interpessoais nos quais poderemos sofrer acusações ou mesmo indiferenças daqueles que fazem parte de nosso círculo mais íntimo.

1.1 A intolerância dos familiares.
Nas situações mais críticas da vida, o que menos precisamos é de alguém que agrave nossa angústia. Nesses momentos, a família deve se tornar o nosso “chão”; mas nem sempre isso acontece, como foi o caso de Jó. Seu lar, o mundo de seus afagos, estava afetado. Mesmo em sua fidelidade, diante dos trágicos acontecimentos ele não encontrou na esposa a palavra que tanto precisava naquele período crítico de sua vida, mas, ainda assim, ele se manteve fiel (Jó 2.8-10; 19.14ª). Seu exemplo inspira a mantermos inarredáveis em nossa fidelidade a Deus. Mesmo quando não encontramos no seio de nossa família o tão esperado apoio. As Escrituras nos revelam que até mesmo Jesus, nossa maior inspiração, sofreu incompreensões de Seus familiares (Mc 3.31, 32).

1.2 As acusações dos amigos.
Uma das lições que aprendemos, quando inseridos nas adversidades, é identificar quem são nossos verdadeiros amigos (Pv 17.17). John C. Collins afirmou que “na prosperidade, nossos amigos nos conhece; na adversidade, nós conhecemos nossos amigos.” Quando os amigos de Jó souberam de sua calamidade foram até ele, em tese para consolá-lo (Jó 2.11-13). A partir do capítulo 3, com uma teologia equivocada, os amigos de Jó começaram a acusá-lo dizendo que o seu sofrimento era reflexo de seus pecados. Jó foi acusado de mentiroso, hipócrita e culpado pela morte de seus filhos (Jó 16.10). Porém, mesmo diante das zombarias, dos desprezos e das acusações, Jó se manteve íntegro.

1.3 O desprezo dos circunstantes.
De respeitado e honrado a desprezado e zombado pela sociedade (Jó 17.2). Essa era a situação de Jó quando inserido na crise aflitiva (Jó 29.7-11). Tamanha era a desolação, que Jó sentia-se como um animal de hábitos noturnos que vivia no deserto em solidão (Jó 30.29). A calamidade de Jó tornara-se assunto de alegria e brincadeira (Jó 17.6; 30.9; Sl 69.12). A perda da prosperidade acarretou a perda dessas homenagens. Aquele que foi lisonjeado em riqueza e sucesso foi cruelmente desprezado no momento da adversidade (Jó 30.1-10). Compreende-se que a vida social de Jó foi afetada quando tudo passou a dar errado no plano horizontal, isto é, entre os homens. Entretanto, mesmo desolado e em meio aos contratempos, no plano vertical ele se manteve fiel ao Senhor, Seu Deus.

Uma constatação na vida cristã é que, em muitos casos, a fidelidade a Deus acarreta em intolerância das pessoas, mesmo aquelas mais íntimas (Mt 10.35). Esse sofrimento não é uma exclusividade de Jó. Muitos, quando mais precisam de um consolo, enfrentam dedos em riste para acusa-los de infidelidade. Contudo, o que mais importa é a consciência tranquila diante de Deus. Assim como o caso de Jó, todo aquele que se encontra sob acusação e desprezo, encontrará em Deus a segurança suficiente (Jó 17.3).

2. Fiel, ainda que as perdas pareçam irreparáveis.
A rapidez e imprevisibilidade de acontecimentos na vida de Jó somente evidenciam como as coisas dessa temporalidade são transitórias. O dia de festa transformou-se em dia de luto. Precisamos saber como enfrentar:

2.1 A separação das pessoas que amamos.
Por mais dolorosa que seja, a morte é uma realidade e, paradoxalmente, é diante da perda que nosso coração tende a ficar melhor (Ec 7.1-3). Todos nós teremos que conviver com essa certeza até que Jesus a descontinue, pois na eternidade com Cristo não haverá mais cortejos fúnebres nem separações (Ap 21.4). Vale a pena nos manter fiéis a Deus, ainda que com os olhos lacrimejando pelas perdas irreparáveis, pois o nosso choro não pode ser o fim da fé, nem o fim da esperança (1Ts 4.13). O próprio Jesus diante da momentânea perda de Lázaro, embora soubesse que iria ressuscitá-lo, não se conteve e chorou (Jo 11.35-44). Jó não foi o único que enfrentou a perda das pessoas que amava. Muitos neste momento poderão estar com os corações dilacerados pela lacuna deixada por alguém que se foi, mas, assim como Jó, devemos sempre nos manter fiéis, pois aquele que deu a vida tem o direito de reavê-la (1Sm 2.6).

2.2 A perda de bens materiais.
Ao enfrentar a realidade da perda de seus bens, Jó se apegou às realidades espirituais e, portanto, não titubeou em sua fé (Jó 13.15). Sua fidelidade não repousava sobre o que Deus faz neste ou naquele momento, mas repousava sobre o que Ele é em todos os momentos. Assim, a efemeridade das propriedades terrenas, bem como a durabilidade das realidades espirituais ficam demonstradas no perpassar do livro. Somente um coração centrado em Deus e em Seus princípios, como era o de Jó, poderá suplantar todos os sentimentos de incredulidade em tempos inesperadamente desfavoráveis (Jó 2.21; Hc 3.17-19).

2.3 A irrefutável realidade das enfermidades.
Não há com o negar que, devido ao pecado, a humanidade está sujeita a todo tipo de males (Gn 3.16-19). Ninguém está livre de ser acometido pelas doenças e enfermidades (Rm 3.23). Todavia, é nessas situações que a verdadeira natureza da fé é aferida (Jó 2.4-6). Como se não bastasse o estado psicológico fragilizado em que estava, Jó agora viu seu estado físico sendo atingido violentamente e sua saúde se esvaindo (Jó 2.7, 8). É no contexto das angústias que se revelará a força ou fraqueza do cristão, se é fiel ou infiel (Pv 24.10). Jó, a despeito de sua dor e sofrimento, sabia que Deus continuava lhe assistindo e defendendo (Jó 16.19). Mesmo nos momentos de maior intensidade de sua dor, Jó permaneceu fiel (Jó 2.10). O livro de Jó nos ensina que o diagnóstico, por mais irrefutável que pareça, não pode contraditar o amor e assistência divina (Sl 46.1).

Paulo asseverou que se nossa esperança for tão somente para esta vida, somos os mais miseráveis dos homens (1Co 15.19). É consolador saber que se tudo nesta vida falhar, as promessas de Deus não falharão (Jó 19.25; 2Co 1.21). Nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus (Rm 8.35-39). Portanto, quando acometidos por alguma enfermidade, encontramos em Jó a inspiração para permanecermos inarredáveis em nossa fidelidade a Deus, sabedores que a recompensa virá (Jó 42.10-12).

3. Como manter-se fiel mesmo ante as instabilidades da vida.
Nem sempre é fácil compreender o agir de Deus, mas o discernimento da Sua Palavra e a convicção de que Deus sempre quer o melhor para nós nos manterão estáveis frente às vicissitudes da vida.

3.1 Manter as convicções estabelecidas.
Embora a palavra “fé” não apareça no livro de Jó, ela transparece na vida e no comportamento dele ante a crise que se instalara em sua vida (HB 11.1). Suas convicções sobre Deus e Sua bondade não foram estremecidas (Jó 19.23). Jó nos ensina que, onde a sabedoria de Deus se manifesta como incógnita, o único caminho a ser seguido é o da fé (Hb 11.6). Assim, apre4ndemos que a teologia de um homem influenciará em sua vida, pois as convicções espirituais são as raízes de todas as outras. O que quer que um homem pense sobre Deus e sobre sua fé moldará o seu caráter e delineará o seu destino. Apesar dos pesares, a fé de Jó ancorava em Deus (Jó 13.14-16).

3.2 Não aplicar a teologia da causa e efeito na vida.
Entende-se pelas Escrituras que o sofrimento tenha como causa primária o pecado, todavia, nem todo sofrimento tem como causa imediata o pecado (Gn 3.15-19); Jo 9.1-3). A teologia da causa e efeito transfere a fixidez do mundo físico para o mundo espiritual. Para muitos, o sofrimento é reflexo da ausência de Deus na vida e, consequentemente, pecado oculto. Essa era a mentalidade teológica de Elifaz, Bildade, Zofar e de Eliú (Jó 4.7, 8; 22.5). A fé de Jó não foi abalada porque ele sabia que tragédias podem acometer também a quem conhece a Deus.

3.3 Compreender a soberania divina.
Jó não atribui ao Diabo a causa de suas aflições, como muitos costumam fazer. A certeza da soberania divina deu-lhe serenidade para adorá-Lo no dia da perplexidade (Jó 1.20; Hc 3.17, 18). Ele tinha a consciência que a vontade divina, que é soberana, determina a nossa vinda e nossa ida neste curto período de vida (Jó 1.21; Ec 3.2). Não são poucos os que inseridos na adversidade têm dificuldade de conciliar a bondade com a onipotência de Deus. Indagam: “Se Deus é bom e pode todas as coisas, porque estou sofrendo?” C.S. Lewis, em seu livro “O problema do sofrimento”, nos fala como é difícil, ou até mesmo impossível, saber com certeza o que é bom ou mau nesta vida (Is 55.8, 9).

Jó, José , Davi, Daniel, Paulo, os heróis anônimos de Hebreus e muitos outros, apesar de serem fiéis ao Senhor, foram visitados pelo inesperado e não foram poupados dos sofrimentos. Eram ungidos de Deus, mas também foram afligidos de Deus (Sl 119.67; Dn 6.16: 2Co 11.23-27; Hb 11.35-39). Assim, percebe-se que a experiência humana nos deixa registros de fatos que a princípio causaram sofrimento, mas que sucederam-se bem (Gn 50.20); e de fatos que primeiramente causaram comodidade, mas que por fim produziram males. “Portanto, viver assim demandará de nós discernimento, fidelidade e confiança na soberania divina. Habacuque, quando em crise, disse: “[...] o justo viverá pela sua fidelidade” (Hc 2.4, NVI).

Conclusão
A simultaneidade de acontecimentos trágicos que sobreveio na vida de Jó não o tornou uma pessoa amarga. Ele foi vítima das incompreensões, sofreu grandes prejuízos e ainda assim não perdeu a amabilidade com o próximo e mostrou-se fiel a Deus (Jó 42.10; 1.22). Todo aquele desencadear de aflições que sucedeu em sua vida serviu-lhe de prova e aperfeiçoamento. Jó saiu da crise mais fortalecido, mais lúcido sobre Deus e sobre si mesmo (Jó 42.5, 6). Mesmo fora das fronteiras da compreensão e do amor fraternal dos parentes, amigos e conhecidos, Jó sabia com quem podia contar: Deus.

Questionário.
1. O que aprendemos com a avassaladora experiência de Jó?
R: Que o justo, mesmo em situações de crises. Deve manter-se fiel ao Senhor (Jó 1.22).

2. Qual era o sentimento de Jó em meio à desolação que se instalara em sua vida?
R: Jó sentiu-se como um animal de hábitos noturnos que vivia no deserto em solidão (Jó 30.29).

3. O que fica demonstrado no decorrer do livro de Jó?
R: Que as propriedades terrenas são efêmeras e que as realidades espirituais são duradouras (Jó 42.1-6).

4. O que aprendemos a mais sobre o sofrimento?
R: Que nem todo o sofrimento tem como causa imediata o pecado (Gn 3.15-19; Jo 9.1-3).

5. Qual era a mentalidade teológica de Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú?

R: Que o sofrimento era reflexo da ausência de Deus na vida de Jó (Jó 8.5, 6; 22.23).

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