Lição 1 A
Terra de Jesus
05 de abril de 2015
Texto do
dia
"Então, ele se levantou, e tomou o menino
e sua mãe, e foi para a terra de Israel"
(Mt 2.21).
Síntese
Aprender a cultura da terra de Israel na época
de Jesus é essencial para compreendermos a mensagem dos Evangelhos hoje.
Agenda de
leitura
Segunda - Hb 1.10 O fundador da terra
Terça -
Mq 5.2 Terra do nascimento de Jesus
Quarta - Gl 4.4,5 O envio à
terra
Quinta - Mt 2.6 Terra do Salvador
Sexta - Mt 28.18 Poder sobre o
céu e a terra
Sábado - Jr 22.29 Terra, ouve a
Palavra do Senhor!
TEXTO BÍBLICO
Mateus 2.1-12, 19-21
1. E, tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes,
eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém,
2. e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque
vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo.
3. E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com
ele.
4. E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do
povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo.
5. E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito
pelo profeta:
6. E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as
capitais de Judá, porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de
Israel.
7. Então, Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente
deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera.
8. E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo
menino, e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
9. E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham
visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar
onde estava o menino.
10. E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo.
11. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e,
prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas:
ouro, incenso e mirra.
12. E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não
voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.
19. Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num
sonho, a José, no Egito,
20. dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra
de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino.
21. Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a
terra de Israel.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, faremos uma
"viagem" ao início do primeiro século da era Cristã, a época em que
Jesus viveu nesta terra. Nosso desafio será aprender a respeito da sociedade,
cultura e a religiosidade daquele período, examinando nas Escrituras, e na boa
literatura cristã, o cotidiano e como o Mestre reagia às questões do seu tempo.
A partir de seu exemplo de vida e ensinos registrados nos Evangelhos, veremos
que suas lições continuam atuais e relevantes ainda hoje, servindo como modelo
de comportamento aos servos de Deus, diante das questões dos nossos dias.
Nesta primeira lição, teremos
uma visão do contexto político e econômico da terra de Israel, o berço de
Jesus.
I
- A TERRA DE ISRAEL NOS TEMPOS DE JESUS
1.
O Filho de Deus na história humana. A Bíblia revela que o Verbo
de Deus se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1.14). Chamamos esse evento de
encarnação, através do qual Deus, em Cristo, tornou-se semelhante aos homens
(Fp 2.7; Gl 4.4,5), ingressando no curso da história da humanidade. Trata-se de
algo extraordinário: aquele por quem e para quem foram criadas todas as coisas
que há nos céus e na terra (Cl 1.15,16), assume um lugar dentro da sua própria
criação. O advento de Cristo entre os homens não é um mito, mas uma realidade.
2.
Palestina ou Israel? O local escolhido para a morada terrena do
Filho de Deus foi a terra de Israel no início do primeiro século, região
popularmente chamada de Palestina. Segundo o Dicionário Wycliffe, o nome
Palestina foi originalmente empregado por Heródoto (século V a.C.) numa alusão
aos filisteus, que incluiu nessa designação a Fenícia situada ao norte.
Entretanto, tal termo ganhou mais evidência em 135 d.C., quando o Imperador
romano Adriano substituiu o nome da região da Judeia por Síria Filisteia, na
tentativa de acabar a forte ligação dos israelitas com a terra sagrada, após a
revolta judaica liderada por Simão Bar Kochba contra o Império Romano. Nessa
mesma época, o nome de Jerusalém foi alterado pelos romanos para Aelia
Captolina. Entretanto, a Bíblia não menciona a palavra Palestina, chamando a
região de Canaã (Sl 105.11), terra de Israel (Mt 2.19-21), terra da promessa
(Hb 11.9) e terra santa (Zc 2.12).
Na época de Jesus, Galileia,
Judeia e Samaria eram os nomes das suas principais regiões (Jo 4.3-7).
3.
Nascimento e obra na terra de Israel. Jesus nasceu em Belém (Mt
2.1), mas viveu grande parte da sua vida na região da Galileia (Jo 4.3). Por
ter sido criado em Nazaré (Lc 4.16), terra natal de José e Maria, chamavam-no
de Nazareno (Mc 14.67; Jo 18.7). Era uma cidade pequena e de pouca importância,
tanto que, ao receber o convite para seguir o Mestre, Natanael exclamou: "Pode
vir alguma coisa boa de Nazaré?" (Jo 1.46).Depois da sua rejeição nesta
cidade (Lc 4.29), Jesus foi para Cafarnaum (Lc 4.31; Mt 4.13; 8.5), às margens
do Mar da Galileia, onde realizou vários prodígios e maravilhas. As Escrituras
ainda destacam outras cidades e vilarejos que o Mestre percorreu para anunciar
o Reino de Deus e cumprir o seu ministério (Lc 7.11; 8.26), vindo a consumar a
sua obra redentora em Jerusalém (Mt 20.18).
Pense
"A vida de Cristo é parte
total da história da humanidade, tanto quanto a fundação de Roma ou a derrota
de Napoleão, em Waterloo. O evento pertence à história; o significado do evento
pertence à teologia" (Merril Tenney).
Ponto
Importante
A Bíblia não menciona a
palavra "Palestina".
O mais comum era designar
aquela região de Terra de Israel (Mt 10.23).
II
- O DOMÍNIO ROMANO E A POLÍTICA
1.
Domínio romano. Para compreender o contexto político daquela
ocasião, é preciso lembrar que o Império Romano dominava a terra de Israel
desde 63 a.C., e assim seu poder e influência abrangem todo o contexto do Novo
Testamento. No nascimento de Jesus, César Augusto (27 a.C. - 14 d.C.) era o
Imperador (Lc 2.1,2), Herodes "o Grande" havia sido nomeado o
"Rei da Judeia" (Mt 2.1,3). Quando Herodes morreu, seu reino foi
dividido entre seus filhos: Herodes Antipas, Herodes Filipe e Arquelau (cf. Mt
2.22; Lc 3.1). Contudo, Arquelau não conseguiu manter a ordem nas regiões de
Samaria, Judeia e Idumeia, e um procurador romano foi nomeado. Pôncio Pilatos
(Mt 27.2) foi o quinto procurador e governou a região antes governada por
Arquelau; porém, ele não tinha jurisdição sobre a área da Galileia e Pereia
pertencentes a Herodes Antipas (cf. Lc 23.5,6). Após a morte de César Augusto,
seu enteado Tibério César (14 - 37 d.C) assumiu o Império Romano (Lc 3.1). Era
dele a imagem estampada na moeda sobre a qual Jesus afirmou: "Dai, pois, a
César o que é de César e a Deus, o que é de Deus" (Lc 20.25). A efígie do
imperador na moeda servia para tornar conhecido o rosto do seu governante.
2.
Tensão política. A tensão política e a instabilidade social
pairavam no ar. O poder de Roma era contrastado por agitações, inquietação
popular e também pelos diversos interesses dos grupos político-religiosos
judeus. Apesar da ocupação, os israelitas tinham permissão para manter seus
costumes e tradições religiosas, enquanto não conflitassem diretamente os
interesses do Império. Desse modo, a política era caracterizada pelo domínio
romano, mas o poder interno era exercido pelo Sinédrio (Mt 27.1), o tribunal
para julgamento e aplicação das leis judaicas. Cada cidade poderia ter um
Sinédrio local (Mt 10.17; Mc 13.9) formado por 23 membros. O Grande Sinédrio,
composto por 70 ou 71 membros, era a mais elevada corte judaica. Reunia-se em
Jerusalém e tinha o poder de resolver todas as questões que estavam além da
competência das cortes locais. O processo e o julgamento de Jesus evidenciam a
complexidade do sistema político e legal existente naquele início de século,
caracterizado pela confusão entre a autoridade romana e a jurisdição religiosa
judaica.
3.
Os publicanos. Os oficiais romanos vendiam o direito de
cobrar tributos numa determinada área a quem pagasse melhor. Com isso, alguns
dentre os judeus também trabalhavam para Roma como cobradores de impostos,
chamados publicanos. Eles eram odiados pela população, porque extorquiam o povo
e porque eram considerados traidores. Zaqueu, chefe dos publicanos, admitiu
esse tipo de prática corrupta, mas ao encontrar-se com Jesus afirmou que
devolveria quatro vezes o que recebera indevidamente (Lc 19.8). Ainda hoje, a
corrupção tem provocado grandes males na sociedade. Pessoas que deveriam
utilizar as verbas públicas para promover benefícios sociais, desviam-nas para
seus próprios bolsos. Oremos e trabalhemos, jovens, em busca de transformações
na política do nosso país!
Pense
O processo e o julgamento de
Jesus evidenciam a complexidade do sistema político e legal existente naquele
início de século, caracterizado pela confusão entre a autoridade romana e a
jurisdição religiosa judaica.
Ponto
Importante
Império Romano dominava a
terra de Israel desde 63 a.C.
III
- A ECONOMIA E O TRABALHO
1.
Aspectos econômicos. As principais fontes da economia israelita
estavam na produção agrícola, na pesca e no trabalho pastoril. Nos dias do Novo
Testamento, o domínio romano e a construção de novas estradas também fizeram
aumentar o comércio. As viagens tornaram-se mais seguras, e a Judeia, por
exemplo, passou a exportar maiores quantidades do fruto das oliveiras. Este é o
contexto de que se valeu o Senhor Jesus para proferir seus ensinamentos e
parábolas, usando uma linguagem simples e com figuras relacionadas à vida
agrícola (Mt 24.32; Mc 4.1-20). Isso nos instrui a aproveitar o contexto social
em que estamos para anunciar o Evangelho, mas sem desfigurar a essência da Palavra.
2.
Funcionamento do comércio. Existiam os mercados públicos onde as
pessoas compravam e vendiam seus produtos, como cereais, frutas e até mesmo
animais. Eram locais bem movimentados, para onde os desempregados iam na
esperança de conseguir trabalho (Mt 20.3-10). As negociações comerciais eram
feitas por meio de troca de mercadorias (Lc 16.5,6) ou em dinheiro. O denário
(Mc 12.15; Lc 7.41), por exemplo, era uma moeda romana e representava, em
geral, o salário por um dia de trabalho. A dracma (Lc 15.8-10) era uma moeda de
origem grega, e equivalia a um denário.
3.
Trabalho e profissões. Os trabalhos e ofícios giravam em torno
das atividades produtivas de cada região. Assim, em algumas localidades
prevaleciam os trabalhos agrícolas (Mt 13.4), do arado da terra ao
armazenamento dos produtos. Em outras, predominavam o pastoreio e a pesca, como
o exemplo dos primeiros discípulos que trabalhavam junto ao Mar da Galileia (Mt
4.18,19). Ainda tinham os tecelões, comerciantes e artífices de obras de barro,
metal e madeira. O próprio Jesus era carpinteiro (Mc 6.3), cujo trabalho
envolvia a construção e a fabricação de objetos menores, inclusive mobílias.
Pense
O trabalho foi dado por Deus
ao homem desde antes da Queda. Através da profissão, podemos glorificar a Deus
e cumprir o seu propósito.
Ponto
Importante
As principais fontes da
economia israelita estavam na produção agrícola, na pesca e no trabalho
pastoril.
CONCLUSÃO
Como vimos, conhecer a terra
de Israel da época de Jesus é importante para fazermos uma reflexão bíblica
atual, na medida em que nos possibilita ver e compreender - ainda que passados
mais de dois mil anos - o contexto da sociedade judaica do início do primeiro
século. Se falharmos em compreender as influências culturais daquele tempo,
como escreveu Gary Burce, deixaremos de assimilar muitos dos ensinamentos de
Jesus, presentes nos Evangelhos.
Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas
Jovens, alunos, 2º trimestre 2015.
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