Lição 6
A institucionalização da adoração e do louvor.
06 de novembro de 2016
Texto
do dia.
(Sl 79.13)
"Assim, nós, teu povo e ovelhas de teu
pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração cantaremos os teus
louvores."
Síntese.
A institucionalização da adoração e do louvor
foi um processo pelo qual o povo de Israel teve de passar para enfrentar o
desafio do crescimento e amadurecimento no meio de sua jornada no deserto.
Agenda
de leitura
SEGUNDA - Êx 25.8 A prescrição para a confecção
do Tabernáculo
TERÇA - Lv 9.7 Ordenanças de sacrifícios pelo
povo e pelos sacerdotes
QUARTA - Nm 3.10 A instituição do sacerdócio
QUINTA - Lv 23.2 As solenidades sagradas de
Israel
SEXTA - Dt 10.8 Levi, a tribo vocacionada
para o serviço da adoração
SÁBADO - Êx 29.46 A finalidade dos
sacrifícios
Objetivos
EXPLICAR as razões da
institucionalização da adoração em Israel.
APRESENTAR as principais
repercussões da institucionalização sobre a adoração e o louvor do povo de
Israel.
DISCUTIR aspectos gerais da
institucionalização na Igreja contemporânea.
Interação
Nossa aula tem como foco principal buscar
compreender os efeitos da institucionalização da adoração e do louvor em
Israel. Apesar de aparentemente muito complexo, nosso tema pode suscitar
excelentes debates. Por isso, não perca a oportunidade de aproximar seus
educandos dessa temática atualíssima.
Partindo do exemplo histórico de Israel,
procure desmistificar a imagem de que toda instituição é uma máquina
burocrática e, por isso, alheia às necessidades das pessoas. Construa em sala
de aula um espaço de discussão construtivo, de modo que ao final da aula, seus
educandos percebam que apesar de institucionalizada, a Igreja é um organismo
vivo, o próprio corpo de Cristo.
Orientação
Pedagógica
O objetivo principal da atividade proposta a
seguir é demonstrar aos membros de sua sala de aula a necessidade mínima de
organização prévia, ou porque não dizer institucionalização para o
desenvolvimento de qualquer atividade em grupo.
Inicie sua aula propondo a seus educandos que
um deles vai ministrar o conteúdo em seu lugar e que este será escolhido
aleatoriamente; depois da óbvia celeuma que vai se constituir, torne o contexto
mais complexo ainda, afirme que cada um dos presentes será responsável pela
apresentação de uma parte da lição. Provavelmente, depois de instantes de
insegurança e apreensão para alguns deles, revele que tudo não passa de um
experimento.
Finalize essa ação introdutória destacando a
importância da existência de uma estrutura institucional em sua igreja local, e
especialmente, na Escola Dominical, por meio da qual cada um dos participantes
da turma pode reconhecer seu papel.
Texto
bíblico
Deuteronômio 12.1-7
1. Estes são os estatutos e os juízos que
tereis cuidado em fazer na terra que vos deu o SENHOR, Deus de vossos pais,
para a possuirdes todos os dias que viverdes sobre a terra.
2. Totalmente destruireis todos os lugares
onde as nações que possuireis serviram os seus deuses, sobre as altas
montanhas, e sobre os outeiros, e debaixo de toda árvore verde;
3. e derribareis os seus altares, e
quebrareis as suas estátuas, e os seus bosques queimareis a fogo, e abatereis
as imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar.
4. Assim não fareis para com o SENHOR, vosso
Deus,
5. mas buscareis o lugar que o SENHOR, vosso
Deus, escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o seu nome e sua
habitação; e ali vireis.
6. E ali trareis os vossos holocaustos, e os
vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e os
vossos votos, e as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas
vacas e das vossas ovelhas.
7. E ali comereis perante o SENHOR, vosso
Deus, e vos alegrareis em tudo em que poreis a vossa mão, vós e as vossas casas,
no que te abençoar o SENHOR, vosso Deus.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Ao salvar Israel da opressão da terra do
Egito, o Senhor Deus investiu sistematicamente na reeducação espiritual do
povo, transmitindo-lhe seus estatutos e mandamentos especialmente com relação
ao louvor e a adoração. Percebemos assim, a partir da saída do Egito até a
chegada em Canaã, um esforço de Jeová em criar instituições, normas e regras
que conduzissem Israel a uma adoração genuína e livre das influências
estrangeiras. Por isso, é criado todo um sistema de sacrifícios - com
significados e razões próprias. É confeccionado um centro de adoração móvel,
através do qual o povo pudesse crer que a presença divina não lhes abandonara.
É separada toda uma tribo para cuidar dos elementos do culto e uma família
inteira para o ofício sacerdotal.
Esta série de prescrições devocionais
exigidas de Israel deve levar-nos à reflexão a respeito da seriedade com que
encaramos nossos momentos de louvor e adoração em nossas igrejas.
I
- ISRAEL, UM POVO CUJO ESTILO DE VIDA
RESUME-SE EM ADORAÇÃO.
1. A pormenorização dos elementos
devocionais em Israel. Após
a saída do povo do Egito, Deus tratou rapidamente de transmitir a Moisés, que
retransmitiria ao povo, os preceitos centrais da adoração que deveria ser
apresentada por Israel a Deus. Era necessário garantir que a influência de 430
anos no Egito não geraria prejuízos espirituais no povo (Êx 24-31). Aquilo que
para alguns pode parecer um exagero detalhista era, na verdade, expressão do
amor zeloso de Deus por seu povo. As orientações a Moisés, que eram jurídicas,
cerimoniais, sociais e devocionais, tinham como objetivo último orientar a
descendência de Abraão na fuga do politeísmo e na dedicação a uma vida
exclusivamente voltada a Jeová.
2. A institucionalização da
adoração. Até
aquele momento histórico, os filhos de Israel utilizavam-se das mesmas práticas
tradicionais compartilhadas pelas sociedades do oriente antigo para prestarem o
seu culto a Jeová. Inicia-se então um longo processo de aprendizagem onde o
Senhor, pacientemente, vai fundando as instituições que regulamentarão a
adoração do povo de Israel. Se antes todo tipo de oferta e sacrifício era feito
aleatoriamente, segundo o desejo de cada adorador; agora o Senhor institui o
sacerdócio, e através da corporação de homens dedicados exclusivamente a Deus,
institui regras, dias, horários e exigências para àqueles que desejam
prestar-lhe um culto autêntico (Êx 28.1-29). A adoração deixa de ser algo
episódico e isolado, e passa a relacionar-se com tudo o que se cultiva, cria,
trabalha, ou seja, o louvor a Deus conecta-se diretamente com a vida cotidiana.
3. Tudo é do Senhor. Uma das
características fundamentais do culto que passa a ser estabelecido no meio do
povo liberto do Egito é a gratidão. As ofertas, celebrações e rituais apontam
para o grande amor de Jeová, que foi importantíssimo no tempo da escravidão e
que continuará absolutamente relevante durante toda a história do povo. As três
grandes festas judaicas eram festividades estabelecidas para desenvolver
continuamente uma consciência grata ao Senhor (Êx 34.22-24). Deste modo,
deve-se compreender que a institucionalização da fé judaica teve como objetivo
estabelecer um conjunto de garantias que assegurariam o desenvolvimento de uma
fé saudável e equilibrada entre o povo de Deus.
Pense
Se Deus não tivesse estabelecido um conjunto
mínimo de normas e cerimoniais para a organização do culto a Ele, como
comportar-se-ia aquela multidão de pessoas que caminhava no deserto no momento
de adorar a Deus?
Ponto
Importante
A institucionalização parece ser um processo
inevitável para todo agrupamento de pessoas que cresce numericamente.
II
- CRITÉRIOS, NORMAS E PROCEDIMENTOS PARA
A ADORAÇÃO EM ISRAEL
1. Ofertas e sacrifícios
específicos. Aquele
que desejava trazer algo como sinal de sua adoração deveria observar uma série
de exigências. Se fosse um sacrifício animal, havia animais puros e impuros (Lv
11.47). Dependendo da cerimônia o sacrifício deveria ser feito com um animal
próprio àquele momento (Nm 7.15-17). O ofertante deveria ainda ter ciência de
que algumas partes do animal seriam descartadas enquanto outras seriam valorizadas (Lv 4.4-12). O animal
sacrificado não poderia ter falhas ou doenças (Dt 15.19-23). Se, ao invés de
animal, a oferta fosse vegetal ou de produtos de origem vegetal, o adorador
deveria ter atenção quanto à quantidade a ser trazida e a qualidade do que era
trazido (Lv 6.20; Nm 5.15; Dt 18.4). Essa série de requisitos exigia daquele
que iria adorar a Deus um cuidado contínuo, o que o levaria a pensar em Deus
diariamente, enquanto envolvido em seus afazeres cotidianos.
2. Lugares especiais. A adoração cerimonial
foi concentrada em um lugar comunitário, através do qual homens e mulheres,
ricos e pobres, todos podiam adorar ao mesmo Deus. Num contexto
multipoliteísta, a designação de um só local para adoração oficial reforçava,
nos corações e mentes dos israelitas, que só havia um Deus a ser reverenciado.
Inicialmente este "local" foi o tabernáculo, o ambiente de adoração portátil
que o Senhor ordenou que Moisés construísse (Êx 25.8,9). Posteriormente este
local de adoração foi "fixado" no Templo em Jerusalém (2 Cr 7).
3. Pessoas separadas. Um outro aspecto
significativo da institucionalização da adoração em Israel foi a separação de
uma tribo inteira para os serviços relativos ao louvor e adoração e mais
especificamente de uma família para o exercício do sacerdócio (Nm 3.6-10). É
claro que isso era um enorme privilégio, contudo, não se pode negar o grande
sacrifício que estava ligado a essa honraria. Os filhos de Levi não teriam
parte na herança que todo o povo receberia (Dt 10.9; 12.12; 14.27; Js 18.7). Se
todo o povo vivia impulsionado pela fé, muito mais os levitas. Basta levar em
consideração que em tempos de crise, quando a colheita era escassa,
consequentemente as ofertas também eram reduzidas e em última instância a
alimentação dos levitas e sacerdotes estava comprometida. Assim sendo, além das
honras havia muitos sacrifícios.
Pense
Você estaria disposto a abrir mão de todo
conforto e bem-estar pessoal para viver inteiramente para o serviço de Deus?
Ponto
Importante
Como acabamos de estudar, a
institucionalização do judaísmo fortaleceu os vínculos sociais e enfraqueceu o
politeísmo.
III
- A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA FÉ HOJE
1. A inevitável
institucionalização.
Assim como Israel - que cresceu vertiginosamente no Egito - as igrejas
evangélicas brasileiras multiplicaram-se de maneira notável durante o século
XX. De denominações que se reuniam em casas, geralmente da periferia,
tornaram-se em grandes instituições espalhadas em todo o território nacional,
presentes inclusive nas mídias. A partir do momento em que as igrejas deixaram
de realizar apenas atividades espirituais e precisaram atuar civilmente - na
aquisição de imóveis, contratação de pessoal, compra de bens móveis - sua
institucionalização foi algo irreversível. A natureza essencial da Igreja é
espiritual, por isso mesmo, quando ela trata de assuntos materiais deve fazer
tudo com ética, lisura e justiça (Mt 22.17-21; Tt 3.1; 1 Pe 2.13-15).
2. "Na minha igreja, só quem
canta e prega são os oficiais". Infelizmente esta frase sintetiza a
realidade de muitas igrejas locais; aquilo que aparentemente é fruto de uma
maior organização e preparo, muitas vezes é apenas formalidade. A Bíblia deixa
bem claro que através da obra de Cristo somos todos sacerdotes da Nova Aliança
(Ap 1.6; 20.6), por isso universalmente capacitados para falar de Cristo. A beleza
do pentecostalismo sempre foi a espontaneidade da participação leiga, isto é,
daqueles que, sem uma formação específica, mas cheios de Deus, anunciam
publicamente as obras de Jesus.
3. Perigos contemporâneos da igreja
enquanto instituição. A
relação Igreja-Estado-Sociedade Civil torna-se perniciosa quando existe troca
de favores, deixando de obedecer a Palavra de Deus. Nesse caso, a ética cristã
é ferida, priorizando mais os homens que o Reino de Deus. Tais relações trazem
escândalos e são uma das principais causas de abandono da fé. Algumas pessoas, erroneamente, chegam a afirmar que a estrutura
"igreja" já faliu e está ultrapassada. Discordamos absolutamente
deste ponto de vista, a vida em comunidade é a essência do Cristianismo (Jo
17.22).
Pense
Sem dúvida alguma os "desigrejados"
não possuem fundamento real para suas argumentações, isto porque a razão de
nossa fé é Cristo e ninguém mais.
Ponto
Importante
A natureza espiritual e o aspecto legal são
duas faces inegáveis desse plano amoroso criado por Deus para a humanidade
denominado Igreja. Já houve um tempo, quando as instituições civis eram menos
desenvolvidas, que a Igreja não necessitava de estrutura institucional, hoje
isso não é mais possível.
A beleza do pentecostalismo sempre foi a
espontaneidade da participação leiga, isto é, daqueles que, sem uma formação
específica, mas cheios de Deus, anunciam publicamente as obras de Jesus.
SUBSÍDIO
I
"O
Tabernáculo
Além dos lugares sagrados onde Deus se
revelara, um lugar central de adoração passou a existir. Durante o período do
Êxodo, ele podia ser melhor descrito como uma tenda-templo, que era a estrutura
mais conveniente para o povo que estava viajando ou acampado na região de
Cades-Barneia (Nm 13.26; 14.38). A tenda-templo era conhecida como Tabernáculo.
O santuário central era feito de tábuas revestidas de ouro, apoiadas por um
sistema de vigas, encaixes e pesadas bases de prata firmadas no chão. Isso
formava uma estrutura de três lados com trinta côvados (15m) de comprimento e
quinze côvados (7m) de largura, aberta para o céu em sua extremidade mais
estreita a leste. O teto era provido por cortinas de linho branco, bordadas com
figuras de querubins, protegidas por várias camadas de pano de saco, peles
vermelhas de carneiro e peles de cabra (Êx 26.1-30). No interior, o aposento de
30 côvados (15m) era dividido em dois por uma cortina pendurada em pilares
dourados, a fim de criar o 'Santo dos Santos' (5 x 5 x 5m) e um 'Lugar Santo'
comprido. Uma cortina do mesmo material era pendurada sobre a entrada para
impedir que olhos curiosos vissem o interior (Êx 26.31-36)" (GOWER, R.
Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. 1.ed.Rio de Janeiro: CPAD,
2002, pp. 239, 240).
SUBSÍDIO
II
"As estipulações específicas ocupam
grande parte do restante de Deuteronômio (12.1-26.15). Os propósitos são
claramente para elucidar mais o princípio básico do concerto dos capítulos 5 a
11 e definir precisamente os termos do concerto pertinentes às relações morais,
sociais/interpessoais/inter-raciais e de culto. A razão para o atual arranjo
canônico do material é difícil de se compreender, mas as considerações
apresentadas a seguir honram, razoavelmente bem, as exigências literárias e
teológicas. (1) A exclusividade do Senhor e a sua adoração (12.1-16.17). O
conjunto de regulamentos expresso nesta seção começa com a atenção a um
santuário central (12.1-14), um lugar separado em contraposição aos santuários
oponentes que não só tinham de ser evitados, mas destruídos, porque
representavam a suposta propriedade da terra por soberanos oponentes (vv.
4,5,13,14). Em relação ao santuário estão as ofertas e os sacrifícios.
Particularmente significativo é o sangue (vv. 15-28), cuja sacralidade
coloca-se em contraste radical com as noções pagãs de vida, sua fonte e seu
sustento. A vida é comum aos homens e animais; o seu meio - o sangue - é comum
a todos" (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2009, p. 95)
ESTANTE
DO PROFESSOR
COELHO, A., DANIEL, S. Uma jornada de fé.
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
CONCLUSÃO
Se, como detalhadamente vimos, a
institucionalização da fé dos judeus não foi um momento de retrocesso ou
fragilização do relacionamento do povo com Deus, mas ao contrário, um processo de
amadurecimento e fortalecimento dos interesses coletivos, também devemos crer
que não são normas ou legislações humanas que roubarão a essência de nossa
adoração a Deus e de nossa comunhão uns com os outros.
Hora da
revisão.
Qual a causa central da institucionalização
da adoração para o povo de Israel?
O enorme e repentino crescimento do
povo que exigia a existência de preceitos coletivamente evidentes.
Que característica da adoração a Deus é
ressaltada a partir da institucionalização do culto do povo de Israel?
A gratidão, uma vez que as
cerimônias e os atos litúrgicos apontavam para os grandes feitos do Senhor e
seu amor para com Israel.
A decisão divina de constituir um
"local" de louvor oficial tinha finalidades para além da adoração?
Consolidar a ideia do monoteísmo e
o sentimento de unidade entre o povo.
É correto afirmar que toda
institucionalização religiosa produz apenas resultados negativos? Justifique
sua resposta.
Não, pois tanto em Israel como na
Igreja contemporânea a institucionalização gerou resultados positivos para a
comunidade envolvida no processo.
Que práticas desenvolvidas nas igrejas locais
demonstram seu caráter institucionalizado?
A existência de estatutos,
regimentos, CNPJ e outros instrumentos jurídicos e legais.
Fonte: CPAD, Revista, Lições
Bíblicas Jovens, Em Espírito e em Verdade – A Essência da Adoração Cristã,
Comentarista Thiago Brazil, professor, 4º trimestre 2016.
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