Lição 3
A Adoração após a Queda.
16 de outubro de 2016
Texto
do dia.
(Hb 11.4)
"Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior
sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que
era justo [...]."
Síntese.
A adoração a Deus conduz-nos a uma vida de
maior intimidade com o Senhor. Mas, neste percurso, muitas vezes nos deparamos
com um perigoso obstáculo, nosso coração mau e teimoso.
Agenda
de leitura.
SEGUNDA - Gn 4.2 Abel e Caim, duas
trajetórias
TERÇA - 1 Jo 3.12 Caim, homem de
comportamento maligno
QUARTA - Mt 23.35 Abel, um homem justo
QUINTA - Gn 4.16 Por seu pecado, Caim não
pôde permanecer na presença de Deus
SEXTA - Jd 11 Caim, paradigma daqueles que
entraram pelo caminho mal
SÁBADO - Hb 12.24 O sangue de Jesus para a
obra da salvação
Objetivos.
DISCUTIR os principais
aspectos do relato bíblico sobre Abel e Caim.
RELACIONAR os conflitos
vivenciados por Caim com as crises que enfrentam aqueles que não têm um coração
puro diante de Deus.
DEMONSTRAR que as crises que
vivenciamos na Igreja estão diretamente ligadas aos nossos relacionamentos com
as outras pessoas, nunca com Deus.
Interação.
A vida em comunidade é um enorme desafio; são
pessoas diferentes, com visões e percepções diversas, unidos por um elemento em
comum, no nosso caso, a fé. Pressupõe-se que a Igreja seja um ambiente de
construção de relacionamentos sadios, abençoadores e fundamentados em Deus. Mas
na verdade, como bem sabemos, nem sempre é assim. A narrativa acerca de Abel e
Caim ilustra de maneira primorosa como nossa convivência com outras pessoas
pode ser conturbada e traumática. Eram irmãos, orientados a desenvolverem uma
espiritualidade viva, todavia, foi exatamente no espaço religioso que o
conflito tomou corpo: inveja, insegurança, rancor e raiva encheram o coração de
um dos irmãos, enquanto o outro experimentava gratidão, acolhimento, aceitação
e paz.
Orientação
Pedagógica.
"Inveja", esta parece ser uma das palavras-chave
de nossa lição hoje. Desafie seus educandos a montarem um quadro identificando
os comportamentos que podem ser definidos como práticas que tem seu fundamento
na inveja. Lembre-se, este deve ser um momento construtivo na aula, não de
"lavagem de roupa suja" ou de exposição da vida de uma pessoa
específica, antes, instigue-os a partirem da própria experiência pessoal, de
seus sentimentos particulares.
Demonstre aos seus educandos que não existe
"inveja positiva" e que a raiz de tal sentimento sempre é a vontade
de destruição do outro. Se possível, ao final deste momento, realize uma
oração, clamando ao Pai por cura e restauração aos corações feridos e
machucados pela inveja.
Texto
bíblico.
Gênesis 4.1-8
1. E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela
concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão.
2. E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi
pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3. E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim
trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
4. E Abel também trouxe dos primogênitos das
suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua
oferta.
5. Mas para Caim e para a sua oferta não
atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.
6. E o SENHOR disse a Caim: Por que te
iraste? E por que descaiu o teu semblante?
7. Se bem fizeres, não haverá aceitação para
ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e
sobre ele dominarás.
8. E falou Caim com o seu irmão Abel; e
sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e
o matou.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, vamos analisar um dos mais
trágicos textos da Bíblia Sagrada: o fratricídio de Abel por Caim. Dentre as
várias maneiras de se estudar este denso relato bíblico, o elemento do culto
não pode ser desconsiderado em nenhuma delas. O fio condutor que interliga toda
história de Abel e Caim é a adoração. Como compreender que o contexto da
adoração a Deus pode fazer tanto bem a alguns e deixar outros tão mal? É sobre
isso que pensaremos hoje.
I-ENTRE
SACRIFÍCIOS E ASSASSINATOS: OS PRIMEIROS ANOS DEPOIS DA QUEDA
1. A vida além do jardim de Deus. Os primeiros
versículos do quarto capítulo do Gênesis concentram-se na apresentação das
histórias de Caim, em hebraico eth -"com ajuda de..." e Abel, hébel,
que significa "vaidade", "efêmero". Apesar das dores
prometidas, da maldição sobre a terra e do esforço redobrado para a
subsistência (Gn 3.16-19), Deus não havia abandonado seus filhos como bem
reconhece Eva, pois era "com ajuda do Senhor" que a vida continuava
após a Queda. Conta-nos o texto que Caim foi lavrador, enquanto Abel pastor de
ovelhas. As diferenças entre os filhos de Eva não se limitavam apenas a suas
profissões; ambos eram muito diferentes quanto ao caráter (1 Jo 3.12).
2. A adoração presente após a
Queda. De
maneira absolutamente sucinta a Bíblia relata o acontecimento em Gênesis 4.3-5.
Esta é uma típica cena do Antigo Testamento: no fim de um ciclo produtivo, as
pessoas desejavam agradecer a Deus pelo bom resultado de seus trabalhos, e
apresentavam-se diante do Altíssimo para oferecerem-lhe sacrifícios. Abel,
criador de animais, traz o melhor de suas ovelhas. Caim, agricultor, oferece o
fruto dos seus campos. Tudo ficaria dentro da normalidade se o escritor do
Gênesis não destacasse a intrigante nota: "[...] e atentou o SENHOR para Abel
e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou [...]"
(v.4,5). Aqui está um detalhe relevante para nossas discussões a respeito do
louvor e adoração que levanta vários questionamentos: Deus não recebe todo tipo
de adoração? Como devo louvar para que minha adoração seja aceita? Neste caso a
rejeição e a aprovação estão relacionadas aos elementos ofertados ou à vida das
pessoas que ofertam?
3. A oferta que revela os corações.
Há
várias hipóteses que procuram explicar a relação "aceitação-Abel x
rejeição-Caim" neste texto. Abel apresentou suas primícias, enquanto Caim
trouxe uma parte qualquer de sua produção. O problema se concentraria na
importância que cada um deu àquilo que ofertou, o que revelaria o quanto o ato
de ofertar seria significativo ou não. Seguindo outra análise, Abel já era um
homem justo (Hb 11.4), Caim já era uma pessoa "do maligno" e de más
obras (Jd 11), a aceitação-rejeição dos sacrifícios é uma imagem de louvor e
denúncia dos comportamentos de ambos. Associar estes acontecimentos
exclusivamente à natureza dos elementos ofertados - gordura e sangue de um
lado, vegetais do outro - é muito precipitado. Nem a melhor oferta trazida por
alguém consegue esconder seu coração diante de Deus.
Pense.
Quando apresento minha adoração a Deus, o que
meu louvor revela? Inveja, segundas intenções, egoísmo?
Ponto
Importante.
A Queda foi um terrível acontecimento na
história da humanidade, o amor de Deus, entretanto, nunca nos abandonou.
II -
QUANDO O MOMENTO DE LOUVOR TORNA-SE MOMENTO DE DOR.
1. Caim não aceitou a verdade. O texto não deixa
claro de que modo Caim percebeu a rejeição de Deus para sua oferta. Se foi uma
conversa pessoal ou um sinal que repercutiu em seu trabalho no campo, isso não
nos é revelado. O fato é que diante da terrível constatação: "O Senhor não
recebeu minha adoração!", Caim agravou a situação - irou-se, expôs
publicamente sua revolta, mas em momento algum procurou a Deus. Quando estamos
diante de Deus, não há máscaras, personagens, mentiras, revelamo-nos em nossa inteireza.
Caim não gostou do que viu. Diante da bondade de Deus, o coração mau do filho
de Adão veio à tona, e isto entristeceu-lhe. O que Caim deveria ter feito?
Deveria ter se humilhando e pedido ajuda do Pai.
2. A adoração como momento de cura
e restauração.
Quantas pessoas têm o privilégio de serem tão abertamente esclarecidas pela
palavra divina como Caim? O ato de Deus para com o filho de Eva não era
punição, mas orientação. Tanto que o Senhor preocupa-se em esclarecê-lo e
conscientizá-lo sobre os riscos que ele corria se não mudasse de postura
(v.6,7). Reconhecer nossos erros não é nada fácil, é custoso, muitas vezes
doloroso, mas como nos demonstra o caso de Caim, absolutamente necessário. Por
não escutar a voz do Senhor, as consequências para Caim foram desastrosas
(v.11,12). Caim não estava "predestinado" a matar Abel, pois o Senhor
declarou-lhe o caminho de restauração. É diante de Deus, em adoração, que
curamos nossas feridas e recebemos alento e ajuda do céu (2 Co 12.7-10).
3. O que acontece quando não
levamos a adoração a sério. Caim não escutou as advertências de Deus. Isto parece ser
mais uma prova de seu caráter duvidoso, de sua adoração mecânica e
ritualística, que tinha como fim cumprir uma obrigação e não apresentar
gratidão. A revelação do Senhor para Caim foi sem arrodeios (v.7). Ele,
todavia, não temeu ao Senhor e covardemente assassinou seu irmão. Se
continuarmos a leitura do texto, perceberemos que, cinicamente, Caim nega o
fratricídio, e demonstra absoluta frieza ao declarar que nada tem a ver com seu
irmão e que não é seu "guardador". Quando não consideramos o louvor
como algo digno de honra entre nós, nosso coração enche-se de terrível maldade
(Is 46.12; Ez 2.1-5). Talvez o pior de tudo isso é quando a maldade extrapola nossos
corações e fere quem está perto nós
Pense.
Aceitar a verdade é o momento inicial para
qualquer tratamento. A fuga da verdade nos enfraquece e constitui uma realidade
falsa à nossa vista.
Ponto
Importante.
Você já foi curado de dores ou feridas na
alma enquanto louvava a Deus? A adoração ao Pai é o caminho por excelência para
recebermos do céu o remédio necessário e suficiente para restabelecermos nosso
bem-estar espiritual.
III-
DEUS NÃO FICA INERTE DIANTE DA INJUSTIÇA.
1. A dor do justo (v.8). Esse é o primeiro
registro nas Sagradas Escrituras da complexa questão: Por que sofre o justo?
Esta indagação percorrerá toda a Bíblia, em inúmeros episódios. Como entender
que a malignidade de Caim teve poder para realizar tão brutal ato? Mais ainda,
como explicar a morte daquele que agradava ao Pai, sem que este interviesse na
história? Estas são questões intrincadas com as quais somos desafiados a tratar
diariamente, em nossas cidades, igrejas e famílias. Diante das múltiplas
variáveis para responder os porquês, ao menos uma verdade emerge: Deus não fica
inerte diante da injustiça. Os "Cains" nunca ficarão impunes! (v.
11-16) Quanto aos "Abéis", nenhuma morte pode enterrar suas bondades
e atos de justiça os quais brilharão e servirão de inspiração às novas
gerações. Talvez, "Porque o justo sofre?" seja uma pergunta
demasiadamente complexa para respondermos, consolemo-nos com uma certeza: o
justo nunca será desamparado, nem sua família (Sl 37.25).
2. Conflitos e dores nos espaços de
adoração. Nem
sempre teremos no ambiente de adoração somente pessoas como Abel, desejosas de
oferecer a Deus suas vidas e dons. Entretanto, como Abel, devemos focar nossa
vida e adoração para o serviço a Deus. E devemos nos lembrar de que o Senhor
conhece aqueles que realmente estão adorando no culto. O amor de Deus é capaz
de nos direcionar nos momentos de adoração dentro e fora da congregação. E os
que são maus, como Caim, não terão guarida onde os santos vivem (Sl 1.5).
3. Quem feriu quem? Uma última verdade
que necessitamos explicitar, acerca de Abel e de sua morte pelas mãos de Caim é
a seguinte: Deus não foi o responsável pelo que aconteceu! Há pessoas que,
quando sofrem, reputam seu sofrimento a Deus. Ocorre que em um mesmo lugar de adoração
podemos ter pessoas com o sentimento de Abel e o sentimento de Caim, mas isso
não deve ser motivo para desistir da vida em comunidade. Por isso, não há
motivos para abandonar sua comunhão com o Pai. O Senhor nos ama infinitamente
(Ef 3.18,19). Se pessoas te decepcionaram, Deus nunca nos desapontará (Sl
94.14).
Pense.
O que você tem, dentro de seu campo de ação,
feito para tornar sua igreja um local onde pessoas feridas possam encontrar
cura e acolhimento para suas vidas?
Ponto
Importante.
O reconhecimento de relações conflituosas é
um passo importante para a construção de um ambiente de cura e restauração.
SUBSÍDIO.
"A morte reinou desde que Adão pecou,
mas nós não lemos sobre alguém ter sido feito prisioneiro por ela até agora.
Assim sendo: O primeiro que morre é um santo, alguém que era aceito e amado por
Deus, para mostrar que, embora a semente prometida estivesse muito longe para
destruir aquele que tinha o poder da morte assim como para salvar os crentes de
seu aguilhão, ainda hoje eles estão expostos aos seus ataques. O primeiro que
foi para a sepultura foi para o céu. Mais ainda: O primeiro que morreu foi um
mártir, e morreu por sua religião. A morte de Abel não apenas não tem nenhuma
maldição em si, mas tem uma coroa. Assim é tão admiravelmente bem alterada uma
característica da morte: ela passa a ser apresentada como inócua e inofensiva
para aqueles que morrem em Cristo, além de honrosa e gloriosa para aqueles que
morrem por Ele. E assim, não estranhemos se nos sobrevier alguma prova ardente,
nem recuemos se formos chamados para resistir até o sangue. Porque nós sabemos
que existe uma coroa de vida para aqueles que são fiéis até a morte"
(HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Gênesis a Deuteronômio. vol.
1, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. p. 37).
ESTANTE
DO PROFESSOR
ANDRADE, Claudionor, de. O Começo de Todas as
Coisas. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
CONCLUSÃO
Partindo do olhar construído durante toda
esta lição, podemos afirmar que há dois tipos de pessoas que se apresentam
diante do Pai em adoração: Aquelas que reconhecem a soberania dEle, e por isso
são capazes de darem o melhor de si; e as outras que não podem dar a Deus o
melhor de si porque estão envoltos em maldade e inveja. Para estes há punição,
para aqueles Deus destina amor, paz e redenção.
Hora da
revisão.
Se Deus expulsou Adão e Eva do seu jardim,
por que continuou ainda aceitando a adoração destes?
Porque a disciplina pelo pecado
do primeiro casal era fruto do amor e cuidado de Deus, não era um sinal de
abandono e rejeição.
Dentre as várias possibilidades possíveis,
apresente uma explicação para o fato de Deus ter aceitado o sacrifício de Abel
e rejeitado o de Caim.
Resposta Pessoal. SUGESTÃO: As
obras e o caráter de Abel eram boas, enquanto que a vida e coração de Caim
denunciavam sua maldade.
Você concorda com a afirmação: "Quando
estamos em adoração diante de Deus, todas as máscaras caem"? Justifique
sua resposta.
Resposta Pessoal. Sugestão:
Sim, pois diante de Deus, aquEle que habita na imarcescível luz, tudo o que
somos manifesta-se.
Esclareça o que acontece quando não
consideramos a adoração a Deus como algo importante.
Nosso coração enche-se de
terrível maldade. Talvez o pior de tudo isso é quando a maldade extrapola
nossos corações e fere o que está perto de nós.
O que você diria a alguém que, como Abel, foi
ferido e machucado por prestar uma adoração sincera a Deus?
Nunca abandone sua comunhão com
o Pai. O Senhor nos ama infinitamente. Se pessoas lhe decepcionaram, Deus nunca
nos desapontará.
Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens, Em
Espírito e em Verdade – A Essência da Adoração Cristã, Comentarista Thiago
Brazil, professor, 4º trimestre 2016.
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