Lição 5
A separação de um povo para adoração exclusiva.
30 de outubro de 2016
Texto
do dia.
(Dt 7.6)
"Porque povo santo és ao SENHOR, teu
Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio,
de todos os povos que sobre a terra há."
Síntese.
Todas as pessoas e instituições sobre a terra
possuem uma finalidade que dota de sentido sua existência; para a nação de
Israel, existir significa louvar e adorar ao único Deus verdadeiro.
Agenda
de leitura
SEGUNDA - 1 Cr 17.21 Povo incomparável
TERÇA - 2 Sm 7.24 A condição de povo especial
QUARTA - 1 Sm 12.22 A imutável fidelidade do
Senhor
QUINTA - Sl 100.3 Foi o Senhor que trouxe
esse povo à existência
SEXTA - 1 Pe 2.9 A Igreja como povo de Deus
SÁBADO - Tt 2.14 A finalidade do sacrifício
de Jesus
Objetivos
DEMONSTRAR a maneira graciosa e
miraculosa como Israel foi criado por Deus.
DISCUTIR a respeito da
necessidade de separação de Israel como povo para louvar a Deus.
REFLETIR a respeito da relação
entre Igreja e Israel.
Interação
Na continuação de nossas reflexões a respeito
do louvor e adoração a Deus, analisaremos na aula de hoje a gênese do povo de
Israel como comunidade formada exclusivamente para a glória de Deus. Nascido
das promessas anunciadas a Abraão e sua descendência, o povo de Israel é uma
prova histórica da ação benevolente de Deus em favor daqueles que lhe servem
amorosamente. Partiremos do episódio da saída do Egito para demonstrar a
natureza do relacionamento de Deus com o seu povo que desafiadoramente exigia
daquelas pessoas o rompimento com os costumes politeístas da época e as chamava
para uma experiência de adoração reservada apenas a Deus.
Relacione a distante e longínqua história de
Israel com a vida pessoal de cada um de seus educandos, desafiando-os a crer
que se as promessas celestes foram o fundamento da subsistência de Israel, em
todo tempo, especialmente nas crises, as promessas proferidas a eles têm em
Jesus o sim e o amém (2 Co 1.20).
Orientação
Pedagógica
Desafie seus alunos a construírem uma linha
do tempo destacando nela os principais acontecimentos de suas vidas. Após este
momento especial de rememoração, solicite-os que selecionem e apresentem dentre
os acontecimentos registrados o momento mais marcante para eles. Faça desta
parte da sua aula um instante de partilha e aproximação coletiva. Ainda que
haja momentos de descontração, esteja preparado para acolher aqueles que
destacarão momentos de perda e dor como os mais significativos em suas
histórias.
A partir dos elementos pessoais
compartilhados neste instante, procure conduzir seus educandos à reflexão de
que o fundamento de todas as nossas alegrias é Cristo, e que somente por meio
dEle seremos capazes de superar os acontecimentos que nos causam
ressentimentos.
Se houver possibilidade, ore em sala
apresentando a trajetória de vida de cada uma destas pessoas especiais que o
Senhor tem posto sobre seus cuidados espirituais.
Texto
bíblico
Êxodo 19.1-8
1. Ao terceiro mês da saída dos filhos de
Israel da terra do Egito, no mesmo dia, vieram ao deserto do Sinai.
2. Tendo partido de Refidim, vieram ao
deserto do Sinai e acamparam-se no deserto; Israel, pois, ali acampou-se
defronte do monte.
3. E subiu Moisés a Deus, e o SENHOR o chamou
do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de
Israel:
4. Vós tendes visto o que fiz aos egípcios,
como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim;
5. agora, pois, se diligentemente ouvirdes a
minha voz e guardardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade
peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha.
6. E vós me sereis reino sacerdotal e povo
santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.
7. E veio Moisés, e chamou os anciãos do
povo, e expôs diante deles todas estas palavras que o SENHOR lhe tinha
ordenado.
8. Então, todo o povo respondeu a uma voz e
disse: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as
palavras do povo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Miraculosamente Abraão, que era apenas um
peregrino guiado pela voz de Deus, torna-se pai de uma multidão incontável (Hb
11.12). Aquela pequena família, que se alocou nas terras egípcias em busca de
sobrevivência durante um período de fome, tornou-se um numeroso povo que
causava medo aos governantes das terras do Nilo (Êx 1.10,11).
Com a bênção divina, nem a opressão do Egito
nem seu controle de natalidade perverso, foram capazes de fazer estéril a
semente santa abençoada por Deus. Mas abandonar a dependência - econômica e
política - do Egito e aventurar-se num retorno a uma terra tão distante quanto
os sonhos mais idealizados de qualquer israelita, era um enorme passo de fé;
não mais para um homem e sua família, mas para centenas de milhares de pessoas.
É sobre essa trajetória, que exigiu ruptura
com o comodismo e a construção de instrumentos coletivos de fé, que nossa lição
se refletirá neste domingo.
I -
ISRAEL, POVO DE DEUS, POR DEUS E PARA DEUS
1. Quem fez este povo? Antropologicamente,
afirma-se que um povo é o resultado de uma conjunção de fatores culturais,
étnicos e econômicos que unem determinado grupo de pessoas que habita certo
território através de vínculos e interesses comuns, que extrapolam os laços
familiares. Segundo a fé cristã, estes fatores antropológicos, no caso do povo
de Deus, foram diretamente coordenados pelo Altíssimo que, para o propósito
específico que Ele determinou, fez surgir Israel. A riqueza de detalhes com que
a Bíblia narra a formação do povo de Israel - as esterilidades das três
matriarcas (Gn 11.30; 25.21; 30.1,22-24), as peregrinações e a escravidão - tem
como função principal revelar a contínua intervenção de Deus nessa história,
com o intuito final de deixar inconteste que a existência de Israel é ação da
graça e poder de Jeová.
2. Por que Israel? É evidente que dentre
os milhares de povos já existentes àquela época, o Senhor poderia escolher
qualquer um destes para torná-lo propriedade peculiar sua. Então, por que
Israel foi o escolhido? Segundo Deuteronômio 7.6-10, foi a fidelidade do
Senhor, ou como bem interpretam alguns tradutores, foi o "amor-leal"
de Iavé para com às promessas feitas a Abraão, Isaque e Israel. Como argumenta
o autor de Deuteronômio, não foram motivações materiais ou históricas que
mobilizaram o Senhor a escolher Israel como sua possessão especial, mas isto
foi resultado exclusivamente de um ato gracioso, que para sempre apontaria para
a grandeza do Deus adorado por aquele povo, e nunca para algum tipo de mérito
ou qualidade do povo em si. Esta evidência bíblica deve nos levar a refletir
sobre o privilégio que alcança aquele que recebe promessas feitas pelo Senhor
Deus.
3. Para que este povo foi
constituído? Não
sendo obra do acaso, a existência de Israel tem uma clara razão de ser: louvar
e adorar exclusivamente ao SENHOR (Dt 14.2; 1 Cr 17.22). Diante de um conjunto
de povos absolutamente politeístas, a "separação" que Deus exige de
Israel não é algo essencialmente territorial, até porque em vários momentos da
história do povo eles não terão sequer um torrão de terra, ou mesmo étnico,
pois a interação entre a descendência de Abraão e outros povos será geralmente
intensa. A separação do povo de Deus terá um caráter cúltico-espiritual; Israel
deve evitar ao máximo influências externas que lhe desviem de sua vocação
primária: adorar exclusivamente a Jeová. Por isso as tradições, festas, leis
sociais, em suma, tudo em Israel deveria apontar para o Senhor e para o seu
relacionamento com o seu povo especial.
Pense
Se Deus por sua vontade é poderoso para
levantar um povo, que depois tornar-se-á nação, com a finalidade exclusiva de
adorá-lo, o que Ele é capaz de fazer em sua vida para que se torne evidente que
você não é fruto do acaso, mas resultado de um elaborado plano celeste que tem
como fim a adoração?
Ponto
Importante
Israel não existe por si nem para si; a
finalidade da existência deste povo é engrandecer o Deus que lhe trouxe à
realidade a partir de um simples homem que creu na vontade de Deus.
II - A
FORMAÇÃO E A SEPARAÇÃO DE ISRAEL
1. Da necessidade de sair do Egito.
O refúgio
no Egito durante mais de quatrocentos anos foi algo extremamente salutar para
os descendentes de Jacó. De uma pequena família numerável em Êxodo 1.1-5,
Israel torna-se uma multidão de centenas de milhares (Êx 12.37). Quando Moisés
reporta-se ao faraó solicitando a liberação do povo de seus afazeres para ir ao
deserto, a finalidade é apenas uma: "[...]Deixa ir o meu povo, para que me
celebre uma festa no deserto" (Êx 5.1). Os anos de escravidão estavam
afastando Israel do foco de sua existência, a adoração ao Senhor. O Egito não
era mais o lugar onde deveriam permanecer; era chegada a hora de voltar às
terras prometidas ao patriarca Abraão. Mas sair das terras de faraó não
significa apenas sair da escravidão, mas também abandonar casas, propriedades,
uma vida já estabelecida a gerações. E agora, o que fazer?
2. A necessidade de desfazer velhas
relações para estabelecer novos vínculos. A permanência do povo no Egito
garantir-lhes-ia estabilidade econômica e bem-estar familiar. Era um momento de
escravidão, mas havia as "panelas de carne" e "pão" da
terra de faraó (Êx 16.3). Havia, entretanto, uma ordem divina: saiam do Egito!
Adorar a Deus envolve, muitas vezes, tomadas de decisões radicais que nos
custam a comodidade da tradição, o conforto de tudo permanecer como está. A
convocação de Deus para Israel no Egito é um símbolo da vontade dEle para seu
povo. Israel não deveria servir a ninguém mais, apenas a Jeová (Êx 23.13). Não
devia vender sua liberdade por cebolas ou alhos do Egito (Nm 11.5). A
exclusividade de Israel para adoração a Deus é uma exigência desafiadora de ser
cumprida num contexto social politeísta.
3. O estabelecimento de novos
valores. Antes
de o povo deixar o Egito, era necessário que estivessem convictos de que se
dedicar exclusivamente ao Senhor era o fundamento da sua liberdade. Não estavam
sendo livres para o pecado, ou para submeterem-se ao julgo de outro déspota que
se auto-intitulasse deus. A maravilhosa libertação de Israel tinha como
finalidade gravar nos corações daquela geração, e das vindouras, que somente um
Deus deveria ser reverenciado - exatamente aquele que lhes proporcionará o fim
da escravidão - Jeová. A Páscoa deveria ser um memorial de celebração e uniria
um aglomerado de pessoas como povo, as quais dali em diante passariam décadas
sem território ou Estado, mas que estariam unidos pelos valores de fidelidade,
gratidão e adoração ao Deus que os livrou da terra da exploração.
Pense
Se Israel foi desafiado a separar-se dos
cultos pagãos e concentrar sua vida espiritual no louvor a Jeová, nosso desafio
não pode ser diferente hoje - não sejamos escravos dos desejos carnais, do
mundo ou de Satanás.
Ponto
Importante
Jeová exige de Israel uma postura que rompia
com os valores e tradições até então estabelecidas. Adoração torna-se sinônimo
de exclusividade
III -
SOMOS A NAÇÃO DA CRUZ
1. Israel como metáfora histórica
da Igreja. Nossa
discussão até aqui deixou claro que Deus formou e sustentou um povo para viver
exclusivamente para seu louvor. Apesar da existência histórica de Israel, e da
atual vigência das promessas de Deus a este povo, esta comunidade terrena pode
ser utilizada como metáfora para falar da grande família que o Senhor deseja
estabelecer na terra que, em o Novo Testamento, ganha o nome de Igreja. As
promessas de Israel são específicas e restritas a este povo, todavia, em o Novo
Testamento, a referência ao povo de Deus amplifica-se e ganha contornos
universais - não mais regionais e culturais. A Igreja, como grupo de pessoas
que reúne os salvos em Cristo, não é um Estado político ou uma civilização
específica, mas o ajuntamento daqueles que foram alcançados pelos efeitos do
sacrifício vicário de Jesus (Ef 2.11-22).
2. A Igreja como povo santo. Em 1 Pedro 2.9,10,
essa analogia da Igreja como povo ganha contornos vivos. Ao falar de uma série
de procedimentos éticos a serem vivenciados por aqueles que nasceram de novo
(v.1,2), além da necessidade do reconhecimento da singularidade da obra
redentora de Jesus (v.3-9). Pedro declara que os partícipes, da Igreja que
antes "não eram povo", agora foram feitos "povo de Deus".
Novamente percebe-se aqui a ação de Cristo na constituição e manutenção do seu
povo. A identificação do Senhor com esta comunidade não se dará por uma marca
física (Gn 17.10) ou ligação étnica, mas exclusivamente por meio da fé na
pessoa bendita de Jesus (Jo 1.12,13). Assim como Israel, somos separados - não
de nossas relações ou papéis dentro de nossa sociedade - mas para uma vida
plena de louvor e adoração a Deus.
Pense
A finalidade da Igreja é adoração, mas não
podemos cair no erro de achar que Igreja é apenas o prédio ou a comunidade em
que nos congregamos. Igreja somos todos nós, por isso, todas as ações que
realizamos no cotidiano devem ter como objetivo último fazer o nome de Cristo
ser louvado através de nós.
Ponto
Importante
Não devemos confundir as promessas
específicas de Deus para o povo de Israel, com aquelas que possuem um caráter
universal e que atingem todos os Filhos de Abraão, tanto os que são pela carne
como os que são pela fé. Compreendamos que não há predileção de Deus, mas
fidelidade à Palavra.
SUBSÍDIO
1
"Depois da morte dos 12 patriarcas, os
israelitas tiveram de esperar 400 anos até que uma nova geração de líderes estivesse
pronta. E, conforme sabemos, não é sempre que aparece um libertador com a
fidelidade de Moisés, um sacerdote com a postura de Arão, ou um general com a
coragem de Josué. É imperioso que a nação seja submetida a alguns processos
históricos, sociológicos, políticos e teológicos, visando o seu amadurecimento.
Tais processos são bastante morosos; requerem décadas e, às vezes, séculos. Era
imprescindível, pois, que os hebreus deixassem a fase tribal, a fim de se
erguerem nacionalmente. Doravante, Deus não trataria mais diretamente com os
patriarcas, mas haveria de tratar, através de seus profetas, com a nação. Os
pais, contudo, jamais deixariam de ser lembrados como a principal referência
teológica, ética e histórica dos hebreus. Nos momentos de crise e dificuldade,
o Senhor apresentar-se-ia como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Sua
menção serviria, também, para lembrar aos israelitas que as alianças firmadas
pelo Senhor com os antigos continuavam tão firmes quanto às leis que regem o
Sol, a Lua, a Terra e as estrelas. Não é da noite para o dia que aparecem
homens da estirpe de Moisés" (ANDRADE, Claudionor, de. O Começo de Todas
as Coisas. 1.ed. Rio de Janeiro, CPAD: 2015, p. 102).
ESTANTE
DO PROFESSOR
DEVER, M. A Mensagem do Antigo Testamento.
1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
CONCLUSÃO
É impossível dissociar a fé do povo de Israel
de sua história. A formação, constituição e sustentação de Israel foi obra das
benevolentes mãos de Deus. Tal como Israel, devemos, enquanto povo de Deus
desta geração, reconhecer sua misericórdia como o fundamento de nossa vida e
prosperidade. Aquilo que somos é resultado direto do amor do Pai, por isso
devemos viver eternamente para adorá-lo.
Hora da
revisão.
Com que finalidade Deus formou o povo de
Israel?
Com o intuito exclusivo de adorá-lo
e louvá-lo continuamente.
Por que Deus investiu tanto para Israel ser
seu povo?
Porque Ele foi fiel às promessas
feitas a Abraão, Isaque e Israel, que por consequência estenderam-se a toda sua
descendência.
O que significava para Israel sair do Egito?
Abandonar as comodidades de uma
vida estabelecida e enfrentar o desafio de viver inteiramente pela fé.
É possível fazer uma relação entre Israel e a
Igreja? Qual?
Sim, assim como Israel foi povo
exclusivo de Deus dedicado inteiramente à adoração ao Pai até o advento do
Messias, assim também nós, aqueles que foram alcançados pela obra na cruz,
devemos viver para a glória do Pai.
Como povo de Deus hoje, qual deve ser nossa
principal característica?
Nossa vida de adoração e devoção a
Deus.
Fonte: CPAD, Revista, Lições
Bíblicas Jovens, Em Espírito e em Verdade – A Essência da Adoração Cristã,
Comentarista Thiago Brazil, professor, 4º trimestre 2016.
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