Lição 5
A pureza do louvor na adoração.
30 de outubro de 2016.
Texto
Áureo
Salmos 9.1
“Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu
coração; contarei todas as tuas maravilhas.”
Verdade
Aplicada
Louvar ao Senhor não é apenas a emissão de
sons, mas a entrega incondicional de tudo aquilo que somos em tributo ao Seu
nome.
Objetivos
da Lição
Aprofundar o entendimento das
dimensões do genuíno louvor;
Discutir os rumos do louvor
na atualidade;
Preservar o puro louvor.
Glossário
Dilema: Situação embaraçosa
entre duas soluções fatais, ambas difíceis ou penosas;
Hodierna: Relativo ao dia de
hoje; moderno; de agora mesmo; de nosso tempo;
Medíocre: Mediano, sofrível,
vulgar; aquele que tem pouco talento, pouco espírito, pouco merecimento.
Leituras
complementares
Segunda Sl 75.1-10
Terça Ec 7.1-14
Quarta Ez 36.22-31
Quinta Rm 8.31-39
Sexta Rm 11.33-36
Sábado 1Pe 1.3-12
Textos
de Referência.
Salmos 22.22-26
22 Então declararei o teu nome aos meus
irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.
23 Vós que temeis ao Senhor, louvai-o; todos
vós, descendência de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, descendência de
Israel.
24 Porque não desprezou nem abominou a
aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o
ouviu.
25 O meu louvor virá de ti na grande
congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.
26 Os mansos comerão e se fartarão; louvarão
ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente.
Hinos
sugeridos.
25, 126, 454.
Motivo
de Oração
Louve a Deus pelos Jovens de nosso país que
têm se dedicado fielmente a Ele.
Esboço
da Lição
Introdução
1. Louvor: expressão da alma.
2. A atualidade e a crise do
louvor.
3. A presença de Deus e o
louvor.
Conclusão
Introdução
A Bíblia, a Palavra de Deus é um livro de
louvores e, no contexto da espiritualidade, revela ângulos magistrais da
natureza relacionado Eterno Deus – o Deus das melodias perfeitas (2Cr 20.19-20.
1.
Louvor: expressão da alma.
É interessante notar o quanto os poetas
utilizam a música para revelar o que ocorre nas sombras de sua intimidade. O
salmista Davi escreve: “Sara a minha alma, porque pequei contra Ti.” (Sl 41.4).
O mesmo Davi também exclama: Bendize, o minha alma, ao Senhor.” (Sl 103.1) O
louvor é utilizado (seja em poesia ou em lágrimas) como expressão da
profundidade da alma.
1.1. Alegria: presença de Deus gerando festa na
alma.
Muitas pessoas associam o louvor somente à
alegria. Poucos conseguem compreender o louvor que nasce da crise. Contudo, é
realmente bom louvar na alegria (Tg 5.13). A alegria, que o apóstolo Paulo
coloca esplendida lista do fruto do Espírito (Gl 5.22), é o ingrediente mais
incentivador do louvor. É ótimo poder louvar na alegria, pela alegria, com
alegria e para gerar alegria. A alegria é, na realidade, o que deve distinguir
a vida cristã das outras que não conhecem a Deus.
Alguns usam recursos como
metáforas, gestos, gritos, danças; outros louvam na comunhão da igreja,
amparados pela coletividade. Mas, uma coisa é certa: o homem não vive sem
expressar o que habita em sua alma. Embora vivendo num mundo caído, onde a
tristeza é parte fundamental dos dias, a alegria do cristão está firmada numa
esperança: o retorno de Cristo. Essa esperança é que nos mantém sempre com “um
novo cântico” (Sl 40.3). O louvor que flui da alegria é, em si mesmo, a alegria
de poder louvar.
1.2. Quando
o louvor enfrenta a dor.
O hino 126 da Harpa Cristã, de autoria de
Frida Vingren, “Bem-aventurança do crente”, tem uma frase emblemática: “Os mais
belos hinos e poesias foram escritos em tribulação e do céu as lindas melodias
se ouviram na escuridão”. O louvor que enfrenta a dor parece rasgar a alma. Ele
vem das profundezas de uma interioridade inflamada, e, na contramão da alegria,
produz salmos. Vivemos numa sociedade (e igreja) viciada em sucesso, que
conspira contra a ideia da dor. Parece ser proibido sofrer, na atualidade.
Contudo, são nessas crises, noites assustadoras, que o louvor se levanta como
triunfo. Por isso é que o apóstolo Paulo louvou de forma tão bela: “Porque a
nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui
excelente.” (2Co 4.17).
É difícil definir o que é louvor.
Por se tratar de uma experiência pessoal, individual, cada ser tem sua
definição, sua forma de olhar. Contudo, o louvor é o culto da alma, expressão
íntima, profunda, ora alegre, ora triste, é a alma utilizando silêncio, sons e
gestos como ponte entre o humano e o sagrado. A música parece ter o dom de nos
aproximar das realidades espirituais mais agudas.
1.3. O
louvor como testemunho das grandezas de Deus.
No texto bíblico de Atos 4.32, há um detalhe
interessante: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam”. A mesma
alma, mesmo sentimento, mesma motivação, mesma direção. Quando isso acontece, o
louvor se transforma num poderoso testemunho da ação e das grandezas de Deus.
Principalmente hoje, nessa sociedade do egoísmo, onde o individualismo cega e
acirra o processo doentio das competições, ter a mesma alma é quebrar padrões,
apregoar a verdade do Deus que nos une, mantém e sustenta em Seu amor. Uma das
mais poderosas formas de louvor a Deus é a comunhão honesta, sincera,
desinteressada e plena. As festas de Israel tinham esse alvo: louvar ao Deus em
comunidade, gratos por Sua atuação e cuidado.
Os salmos de Davi são exemplos
máximos de louvor a Deus. Em alguns de seus salmos, denominados descritivos, o
rei Davi exalta a pessoa de Deus. Seus atributos, ou seja, expressa em palavras
a sua visão da divindade. Em outros, conhecidos como “declarativos”, Davi nos
oferece algumas características do que poderíamos definir como “louvor
bíblico”, uma vez que, nestes salmos, a ênfase é no que Deus fez para Seu povo.
Estes salmos declaram, de forma artística e poética, a majestade e glória de
Deus. Através destes salmos descobrimos que não pode existir um louvor
verdadeiro sem um relacionamento intimo com Deus, assim como um relacionamento
com Deus não pode existir sem louvor. O louvor a Deus requer uma vida de
envolvimento com Ele. Não há uma maneira impessoal de expressar louvor ao Todo
Poderoso. O louvor sempre é pessoal – apesar de (e poder) ser realizado
coletivamente. Ninguém pode expressar o louvor do outro. Cada um tem suas
próprias experiências com Deus, pelas quais deve agradecer e expressar o seu
louvor; Louvor significa “falar bem de”, “exaltar”, ou “magnificar as
virtudes”. No livro de Salmos, esses significados da palavra louvor, esses
louvor são direcionados ao Eterno Senhor Deus, principalmente levando em conta
Suas obras e Seu cuidado pelo Seu povo.
2. A
atualidade e a crise do louvor.
Infelizmente, a atualidade enfrenta uma séria
crise no louvor. Deslizes teológicos, pobreza artística, hermenêutica frágil,
ausência de vida com Deus. Louvar não é apenas misturar rimas e sons, é o
produto do caráter, da autêntica vida com Deus, da verdadeira espiritualidade.
2.1. O
perigo da sedução da grandeza.
A maioria das pessoas hoje vive um dilema: o
louvor também pode acontecer no anonimato? A ideia que impera é de que o
chamado “ministro de louvor” é aquele que lidera um grande “ministério”, com
orquestra profissional, badalação e mídia suficiente para lotar estádios. É a
adoração corporativista. Aquele irmão da congregação na periferia, com um
violão inferior e uma voz pouco privilegiada, do ponto de vista dessa geração
corporativista, não é um ministro de louvor. Essa sedução da grandeza é
perigosa porque tira o foco de Deus dos nossos olhos.
O mercado do louvor vende muito e,
com isso, muitos se perdem nessa encruzilhada ética entre o louvor a Deus e o
ramo musical que agrade a mídia. A era do marketing definitivamente invadiu a
musicalidade cristã. O Senhor Deus gosta de coisas grandes, profissionais e
arrojadas? Obviamente que sim! Mas Ele não faz acepção de pessoas (Rm 2.11),
até porque no céu não entra nada errado, portanto, até mesmo os desafinados,
quando louvam de alma, Deus conserta a melodia e a recebe no céu como sinfonia
perfeita.
2.2. Culto
show?
A ideia secularizada dos templos/shoppings e
dos cultos/shows tem sido altamente negativa para a espiritualidade hodierna.
Muitos vão aos “cultos” em busca de entretenimento religioso e não de uma
oportunidade para prestar (e não assistir) um culto ao Senhor. Ao invés de
adoradores, temos consumidores, gente atrás da antiga política dos romanos (pão
e circo), ao invés das grandes realidades da graça. Uma espiritualidade
sacrificada no altar do sucesso está mais próxima dos ideais de um certo
querubim (Ez 28.14-15), do que de um carpinteiro que pregava a humildade (Mc
6.3).
Os adeptos desse tipo de movimento
detestam ler essas verdades e esse ódio teológico acaba comprovando essa mesma
verdade: a falta de humildade alimenta uma religiosidade elitista, onde o show
deixa a plateia com o ego cada vez mais cheio. Que Deus nos livre desses
altares.
2.3. Celebridades
ou servos.
Algumas pessoas costumam atribuir esse
crescimento dos tais “ministérios de louvor” a um avivamento, contudo, não há
avivamento sem três coisas fundamentais: humildade, quebrantamento e renúncia.
O número de “celebridades” cristãs aumentou imensamente. Nossos “artistas”
disputam espaço na mídia, convivem como iguais entre os artistas seculares,
que, por sua vez, quando começam a cair no esquecimento, correm para o meio
“gospel”. È questionável esse nome “artista”, Pois artista é quem produz arte,
e, no meio evangélico atual, há uma pobreza artística gritante. Letras
medíocres, teatro sempre procurando incutir medo ao invés de amor.
Deus não procura celebridades, mas
servos. Gente que se gaste pela causa da cruz. Paulo, um homem de grandiosos
feitos, em várias cartas, inicia dizendo: “Paulo, servo de Jesus Cristo.” (Rm
1.1; Fp 1.1; Tt 1.1). Servo não tem nome, autoridade, camarote, vontades ou
mídia, mas tem “as marcas de Cristo” (Gl 6.17).
3. A
presença de Deus e o louvor.
Por incrível que pareça, vivemos um tempo
onde a presença de Deus é pouco desejada (quando não é descartada). O louvor,
seja ele na música ou na oração, celebra a presença santa do Eterno e
Maravilhoso Deus.
3.1.
Louvando sem palavras.
Quando a presença de Deus é real em nosso
meio, as palavras somem. Ficamos numa dimensão sagrada, flutuando na graça,
deixando o vento do Espírito nos levar. Em João 3.8, Jesus diz a Nicodemos: “o
vento assopra onde quer.” Essa capacidade do Espírito de Deus de ser livre, de
soprar sem pedir licença, na vida dos que estão dentro e fora dos “padrões”
oficiais, alegra nossa alma e é o combustível máximo da espiritualidade. È o
vento que vem para nos levar às altura, ao encontro do Pai.
Quando a experiência do louvor é
real, somos transportados à realidade da presença de Deus e essa realidade se
encarrega de produzir os mais intensos louvores. Esse ciclo abençoado precisa
ser resgatado. A tragédia de muita gente hoje é não ter mais a experiência
transformadora dessa presença que a tudo abraça. Diante da presença de Deus, o
profeta Isaías não conseguiu achar palavras para descrever o momento, então se
resumiu a dizer: “e o seu séquito enchia o templo.” (Is 6.1). Diante de Deus,
lagrimas louvam muito mais do que meras palavras (1Sm 1.13).
3.2. Refletindo
Deus no louvor.
Uma das dimensões mais tremendas da presença
de Deus é que ela pode se manifestar através de nós. O irmão pode ver Deus em
meu rosto e eu posso sentir os braços do Pai ao abraçar o irmão (Rm 8.29).
Quando louvamos com sinceridade de coração refletimos Deus ao mundo, pregamos
um Evangelho sem palavras, gesticulamos a graça para uma sociedade surda.
O Eterno Senhor Deus se manifesta em nós,
para que nosso louvor o manifeste aos outros. Essa vocação missionária do
louvor precisa se regatada urgentemente. Os estudiosos classificam os salmos em
vários gêneros literários, dentre as quais estão os “salmos de ações de
graças”. Curiosamente, são poucos os salmos que podem ser classificados nesse gênero.
Isso porque nosso conceito de gratidão talvez não condiga com a mentalidade dos
autores bíblicos. “Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios, com
hinos; louvai-o e bendizei o seu nome.” (Sl 100.4). O verbo traduzido por
“render graça” é o termo hebraico yadah. Essa palavra significa essencialmente
um reconhecimento (confissão pública) dos atos de Deus na História.
3.3.
Uma presença que não abandona.
Outras presenças se cansam. No entanto, Deus
nos garante: “todos os dias” (Mt 28.20). Não é uma presença que aparece somente
no domingo ou no “louvorzão”. É uma presença que nos faz louvar na hora da
agonia, da cruz. É a presença que desafia o caos. Na passagem bíblica de 2 Reis
13.20-21, há um acontecimento magistral: o profeta Eliseu foi sepultado; quando
um grupo de invasores chega, alguém lança um cadáver na sepultura de Eliseu e a
Palavra de Deus diz: “E, caindo nela o homem e tocando os ossos de Elizeu,
reviveu e se levantou sobre os seus pés.” Até mesmo na morte, na sepultura fria
a presença que não abandona produz motivos de louvor.
Assim como “os céus declaram a
glória de Deus” (Sl 19.1), somos chamados a declarar eternamente o poder e a
magnificência de Deus (1Cr 29.10-14). Quando o louvor da Igreja, a Noiva de
Cristo, for inteiramente, e somente para Deus o avivamento virá e nos auxiliará
no resgate necessário das grandes certezas da fé.
Conclusão.
O louvor verdadeiro está muito além de
verbalizações musicais, de danças e coreografia rasas, gritos e convites a
demonstrações de poderio numérico. O louvor verdadeiro nos conduz à intimidade
com Deus, a uma espiritualidade sem máscaras, face a face, louvamos ao Deus
Onisciente.
Questionário.
1. Qual é a expressão da profundidade da alma?
R: O louvor (Sl 103.1).
2. Qual é o ingrediente mais incentivador do
louvor?
R: A alegria (Gl 5.22).
3. Qual é uma das mais poderosas formas de
louvor a Deus?
R: A comunhão honesta, sincera,
desinteressada e plena (At 4.32).
4. Qual é uma das dimensões mais tremendas da
presença de Deus?
R: É que ela pode se manifestar
através de nós (Rm 8.29).
5. O que Deus nos garante?
R: Uma presença fiel e
constante (Mt 28.20).
Fonte: Revista de Escola
Bíblica Dominical, Betel, Adoração e Louvor, A excelência e o propósito de uma
vida inteiramente dedicada a Deus, Jovens e Adultos, edição do professor, 4º
trimestre de 2016, ano 26, Nº 101, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.
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