segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Lição 5 A pureza do louvor na adoração.



Lição 5 A pureza do louvor na adoração.
30 de outubro de 2016.

Texto Áureo
Salmos 9.1
“Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.”

Verdade Aplicada
Louvar ao Senhor não é apenas a emissão de sons, mas a entrega incondicional de tudo aquilo que somos em tributo ao Seu nome.

Objetivos da Lição
Aprofundar o entendimento das dimensões do genuíno louvor;
Discutir os rumos do louvor na atualidade;
Preservar o puro louvor.

Glossário
Dilema: Situação embaraçosa entre duas soluções fatais, ambas difíceis ou penosas;
Hodierna: Relativo ao dia de hoje; moderno; de agora mesmo; de nosso tempo;
Medíocre: Mediano, sofrível, vulgar; aquele que tem pouco talento, pouco espírito, pouco merecimento.

Leituras complementares
Segunda Sl 75.1-10
Terça Ec 7.1-14
Quarta Ez 36.22-31
Quinta Rm 8.31-39
Sexta Rm 11.33-36
Sábado 1Pe 1.3-12

Textos de Referência.
Salmos 22.22-26
22 Então declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.
23 Vós que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, descendência de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós, descendência de Israel.
24 Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.
25 O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.
26 Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente.

Hinos sugeridos.
25, 126, 454.

Motivo de Oração
Louve a Deus pelos Jovens de nosso país que têm se dedicado fielmente a Ele.

Esboço da Lição
Introdução
1. Louvor: expressão da alma.
2. A atualidade e a crise do louvor.
3. A presença de Deus e o louvor.
Conclusão

Introdução
A Bíblia, a Palavra de Deus é um livro de louvores e, no contexto da espiritualidade, revela ângulos magistrais da natureza relacionado Eterno Deus – o Deus das melodias perfeitas (2Cr 20.19-20.

1. Louvor: expressão da alma.
É interessante notar o quanto os poetas utilizam a música para revelar o que ocorre nas sombras de sua intimidade. O salmista Davi escreve: “Sara a minha alma, porque pequei contra Ti.” (Sl 41.4). O mesmo Davi também exclama: Bendize, o minha alma, ao Senhor.” (Sl 103.1) O louvor é utilizado (seja em poesia ou em lágrimas) como expressão da profundidade da alma.

1.1.  Alegria: presença de Deus gerando festa na alma.
Muitas pessoas associam o louvor somente à alegria. Poucos conseguem compreender o louvor que nasce da crise. Contudo, é realmente bom louvar na alegria (Tg 5.13). A alegria, que o apóstolo Paulo coloca esplendida lista do fruto do Espírito (Gl 5.22), é o ingrediente mais incentivador do louvor. É ótimo poder louvar na alegria, pela alegria, com alegria e para gerar alegria. A alegria é, na realidade, o que deve distinguir a vida cristã das outras que não conhecem a Deus.

Alguns usam recursos como metáforas, gestos, gritos, danças; outros louvam na comunhão da igreja, amparados pela coletividade. Mas, uma coisa é certa: o homem não vive sem expressar o que habita em sua alma. Embora vivendo num mundo caído, onde a tristeza é parte fundamental dos dias, a alegria do cristão está firmada numa esperança: o retorno de Cristo. Essa esperança é que nos mantém sempre com “um novo cântico” (Sl 40.3). O louvor que flui da alegria é, em si mesmo, a alegria de poder louvar.

1.2. Quando o louvor enfrenta a dor.
O hino 126 da Harpa Cristã, de autoria de Frida Vingren, “Bem-aventurança do crente”, tem uma frase emblemática: “Os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação e do céu as lindas melodias se ouviram na escuridão”. O louvor que enfrenta a dor parece rasgar a alma. Ele vem das profundezas de uma interioridade inflamada, e, na contramão da alegria, produz salmos. Vivemos numa sociedade (e igreja) viciada em sucesso, que conspira contra a ideia da dor. Parece ser proibido sofrer, na atualidade. Contudo, são nessas crises, noites assustadoras, que o louvor se levanta como triunfo. Por isso é que o apóstolo Paulo louvou de forma tão bela: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente.” (2Co 4.17).

É difícil definir o que é louvor. Por se tratar de uma experiência pessoal, individual, cada ser tem sua definição, sua forma de olhar. Contudo, o louvor é o culto da alma, expressão íntima, profunda, ora alegre, ora triste, é a alma utilizando silêncio, sons e gestos como ponte entre o humano e o sagrado. A música parece ter o dom de nos aproximar das realidades espirituais mais agudas.

1.3. O louvor como testemunho das grandezas de Deus.
No texto bíblico de Atos 4.32, há um detalhe interessante: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam”. A mesma alma, mesmo sentimento, mesma motivação, mesma direção. Quando isso acontece, o louvor se transforma num poderoso testemunho da ação e das grandezas de Deus. Principalmente hoje, nessa sociedade do egoísmo, onde o individualismo cega e acirra o processo doentio das competições, ter a mesma alma é quebrar padrões, apregoar a verdade do Deus que nos une, mantém e sustenta em Seu amor. Uma das mais poderosas formas de louvor a Deus é a comunhão honesta, sincera, desinteressada e plena. As festas de Israel tinham esse alvo: louvar ao Deus em comunidade, gratos por Sua atuação e cuidado.

Os salmos de Davi são exemplos máximos de louvor a Deus. Em alguns de seus salmos, denominados descritivos, o rei Davi exalta a pessoa de Deus. Seus atributos, ou seja, expressa em palavras a sua visão da divindade. Em outros, conhecidos como “declarativos”, Davi nos oferece algumas características do que poderíamos definir como “louvor bíblico”, uma vez que, nestes salmos, a ênfase é no que Deus fez para Seu povo. Estes salmos declaram, de forma artística e poética, a majestade e glória de Deus. Através destes salmos descobrimos que não pode existir um louvor verdadeiro sem um relacionamento intimo com Deus, assim como um relacionamento com Deus não pode existir sem louvor. O louvor a Deus requer uma vida de envolvimento com Ele. Não há uma maneira impessoal de expressar louvor ao Todo Poderoso. O louvor sempre é pessoal – apesar de (e poder) ser realizado coletivamente. Ninguém pode expressar o louvor do outro. Cada um tem suas próprias experiências com Deus, pelas quais deve agradecer e expressar o seu louvor; Louvor significa “falar bem de”, “exaltar”, ou “magnificar as virtudes”. No livro de Salmos, esses significados da palavra louvor, esses louvor são direcionados ao Eterno Senhor Deus, principalmente levando em conta Suas obras e Seu cuidado pelo Seu povo.

2. A atualidade e a crise do louvor.
Infelizmente, a atualidade enfrenta uma séria crise no louvor. Deslizes teológicos, pobreza artística, hermenêutica frágil, ausência de vida com Deus. Louvar não é apenas misturar rimas e sons, é o produto do caráter, da autêntica vida com Deus, da verdadeira espiritualidade.

2.1. O perigo da sedução da grandeza.
A maioria das pessoas hoje vive um dilema: o louvor também pode acontecer no anonimato? A ideia que impera é de que o chamado “ministro de louvor” é aquele que lidera um grande “ministério”, com orquestra profissional, badalação e mídia suficiente para lotar estádios. É a adoração corporativista. Aquele irmão da congregação na periferia, com um violão inferior e uma voz pouco privilegiada, do ponto de vista dessa geração corporativista, não é um ministro de louvor. Essa sedução da grandeza é perigosa porque tira o foco de Deus dos nossos olhos.

O mercado do louvor vende muito e, com isso, muitos se perdem nessa encruzilhada ética entre o louvor a Deus e o ramo musical que agrade a mídia. A era do marketing definitivamente invadiu a musicalidade cristã. O Senhor Deus gosta de coisas grandes, profissionais e arrojadas? Obviamente que sim! Mas Ele não faz acepção de pessoas (Rm 2.11), até porque no céu não entra nada errado, portanto, até mesmo os desafinados, quando louvam de alma, Deus conserta a melodia e a recebe no céu como sinfonia perfeita.

2.2. Culto show?
A ideia secularizada dos templos/shoppings e dos cultos/shows tem sido altamente negativa para a espiritualidade hodierna. Muitos vão aos “cultos” em busca de entretenimento religioso e não de uma oportunidade para prestar (e não assistir) um culto ao Senhor. Ao invés de adoradores, temos consumidores, gente atrás da antiga política dos romanos (pão e circo), ao invés das grandes realidades da graça. Uma espiritualidade sacrificada no altar do sucesso está mais próxima dos ideais de um certo querubim (Ez 28.14-15), do que de um carpinteiro que pregava a humildade (Mc 6.3).

Os adeptos desse tipo de movimento detestam ler essas verdades e esse ódio teológico acaba comprovando essa mesma verdade: a falta de humildade alimenta uma religiosidade elitista, onde o show deixa a plateia com o ego cada vez mais cheio. Que Deus nos livre desses altares.

2.3. Celebridades ou servos.
Algumas pessoas costumam atribuir esse crescimento dos tais “ministérios de louvor” a um avivamento, contudo, não há avivamento sem três coisas fundamentais: humildade, quebrantamento e renúncia. O número de “celebridades” cristãs aumentou imensamente. Nossos “artistas” disputam espaço na mídia, convivem como iguais entre os artistas seculares, que, por sua vez, quando começam a cair no esquecimento, correm para o meio “gospel”. È questionável esse nome “artista”, Pois artista é quem produz arte, e, no meio evangélico atual, há uma pobreza artística gritante. Letras medíocres, teatro sempre procurando incutir medo ao invés de amor.

Deus não procura celebridades, mas servos. Gente que se gaste pela causa da cruz. Paulo, um homem de grandiosos feitos, em várias cartas, inicia dizendo: “Paulo, servo de Jesus Cristo.” (Rm 1.1; Fp 1.1; Tt 1.1). Servo não tem nome, autoridade, camarote, vontades ou mídia, mas tem “as marcas de Cristo” (Gl 6.17).

3. A presença de Deus e o louvor.
Por incrível que pareça, vivemos um tempo onde a presença de Deus é pouco desejada (quando não é descartada). O louvor, seja ele na música ou na oração, celebra a presença santa do Eterno e Maravilhoso Deus.

3.1. Louvando sem palavras.
Quando a presença de Deus é real em nosso meio, as palavras somem. Ficamos numa dimensão sagrada, flutuando na graça, deixando o vento do Espírito nos levar. Em João 3.8, Jesus diz a Nicodemos: “o vento assopra onde quer.” Essa capacidade do Espírito de Deus de ser livre, de soprar sem pedir licença, na vida dos que estão dentro e fora dos “padrões” oficiais, alegra nossa alma e é o combustível máximo da espiritualidade. È o vento que vem para nos levar às altura, ao encontro do Pai.

Quando a experiência do louvor é real, somos transportados à realidade da presença de Deus e essa realidade se encarrega de produzir os mais intensos louvores. Esse ciclo abençoado precisa ser resgatado. A tragédia de muita gente hoje é não ter mais a experiência transformadora dessa presença que a tudo abraça. Diante da presença de Deus, o profeta Isaías não conseguiu achar palavras para descrever o momento, então se resumiu a dizer: “e o seu séquito enchia o templo.” (Is 6.1). Diante de Deus, lagrimas louvam muito mais do que meras palavras (1Sm 1.13).

3.2. Refletindo Deus no louvor.
Uma das dimensões mais tremendas da presença de Deus é que ela pode se manifestar através de nós. O irmão pode ver Deus em meu rosto e eu posso sentir os braços do Pai ao abraçar o irmão (Rm 8.29). Quando louvamos com sinceridade de coração refletimos Deus ao mundo, pregamos um Evangelho sem palavras, gesticulamos a graça para uma sociedade surda.

O Eterno Senhor Deus se manifesta em nós, para que nosso louvor o manifeste aos outros. Essa vocação missionária do louvor precisa se regatada urgentemente. Os estudiosos classificam os salmos em vários gêneros literários, dentre as quais estão os “salmos de ações de graças”. Curiosamente, são poucos os salmos que podem ser classificados nesse gênero. Isso porque nosso conceito de gratidão talvez não condiga com a mentalidade dos autores bíblicos. “Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios, com hinos; louvai-o e bendizei o seu nome.” (Sl 100.4). O verbo traduzido por “render graça” é o termo hebraico yadah. Essa palavra significa essencialmente um reconhecimento (confissão pública) dos atos de Deus na História.

3.3. Uma presença que não abandona.
Outras presenças se cansam. No entanto, Deus nos garante: “todos os dias” (Mt 28.20). Não é uma presença que aparece somente no domingo ou no “louvorzão”. É uma presença que nos faz louvar na hora da agonia, da cruz. É a presença que desafia o caos. Na passagem bíblica de 2 Reis 13.20-21, há um acontecimento magistral: o profeta Eliseu foi sepultado; quando um grupo de invasores chega, alguém lança um cadáver na sepultura de Eliseu e a Palavra de Deus diz: “E, caindo nela o homem e tocando os ossos de Elizeu, reviveu e se levantou sobre os seus pés.” Até mesmo na morte, na sepultura fria a presença que não abandona produz motivos de louvor.

Assim como “os céus declaram a glória de Deus” (Sl 19.1), somos chamados a declarar eternamente o poder e a magnificência de Deus (1Cr 29.10-14). Quando o louvor da Igreja, a Noiva de Cristo, for inteiramente, e somente para Deus o avivamento virá e nos auxiliará no resgate necessário das grandes certezas da fé.

Conclusão.
O louvor verdadeiro está muito além de verbalizações musicais, de danças e coreografia rasas, gritos e convites a demonstrações de poderio numérico. O louvor verdadeiro nos conduz à intimidade com Deus, a uma espiritualidade sem máscaras, face a face, louvamos ao Deus Onisciente.

Questionário.
1. Qual é a expressão da profundidade da alma?
R: O louvor (Sl 103.1).

2. Qual é o ingrediente mais incentivador do louvor?
R: A alegria (Gl 5.22).

3. Qual é uma das mais poderosas formas de louvor a Deus?
R: A comunhão honesta, sincera, desinteressada e plena (At 4.32).

4. Qual é uma das dimensões mais tremendas da presença de Deus?
R: É que ela pode se manifestar através de nós (Rm 8.29).

5. O que Deus nos garante?
R: Uma presença fiel e constante (Mt 28.20).

Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Adoração e Louvor, A excelência e o propósito de uma vida inteiramente dedicada a Deus, Jovens e Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2016, ano 26, Nº 101, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.

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