segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Lição 3 A música e a adoração.



Lição 3 A música e a adoração.
16 de outubro de 2016

Texto Áureo
Salmos 9.2
“Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo”.

Verdade Aplicada
A música é um dos canais mais utilizados na adoração, portanto, deve ser cuidadosamente observada.

Objetivos da Lição
Avaliar a forma como tem sido tratada a música na adoração;
Observar os abusos musicais que têm se proliferado na igreja;
Incentivar à busca de uma música de qualidade.

Glossário
Acorde: Dois ou mais sons simultâneos;
Fusão: Associação, mistura, aliança, coalizão;
Legado: Herança; língua, costumes e tradições, que passam de uma a outra geração.

Leituras complementares
Segunda 1Sm 16.14-23
Terça 1Cr 15.14-16
Quarta 2Cr 7.1-8
Quinta Is 5.11-12
Sexta Lc 15.22-32
Sábado At 16.19-40

Textos de Referência.
Salmos 101.1-4; 7
1 Cantarei a misericórdia e o juízo; a ti, Senhor, cantarei.
2  Portar-me-ei com inteligência no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero.
3  Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se me pegará.
4  Um coração perverso se apartará de mim; não conhecerei o homem mau.

7  O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos.

Hinos sugeridos.
61, 244, 394

Motivo de Oração
Ore pela pureza da mente na adoração.

Esboço da Lição
Introdução
1. A música e sua relação com o sagrado.
2. O problema dos estilos musicais.
3. A beleza da Harpa Cristã.
Conclusão

Introdução
É difícil viver sem música. Ela faz parte do humano. Alguns filósofos trabalham com a ideia de que a música é a parte sagrada, divina do homem. É sua transcendência. Aquilo que o coloca em contato com o supremo, metafísico.

1. A música e sua relação com o sagrado.
É inegável o fato de que a música tem alguma conexão com o sagrado. O problema é quando, conscientes desse poder, usamos a música para manipular sentimentos e emoções. Ela deve ser encarada com seriedade e compromisso, pois sua aproximação com o sagrado não deve ser violada ou deturpada.

1.1. A presença da música no culto.
Um fato indiscutível é a presença da música no culto, seja ele qual for. Em todas as religiões, os cultos são celebrados com pouca ou muita música. Desde as mais remotas épocas e culturas, até hoje, a musicalidade permeia a religiosidade. No culto cristão, a música tem grande espaço, inclusive, um espaço que vai se alargando a tal ponto de suprimir o lugar da Palavra. A presença da música no culto não deve ser a essência do cultuar, mas a parte do processo. Culto sem Palavra não é culto, pois só podemos cantar com vida se a Palavra em nós abrir as portas do louvor (1Co 14.26).

A história do mundo pode ser contada através da música. Ela se apresenta tanto na crise quanto na celebração. A presença da música na adoração é tão forte e decisiva que muitos caem no erro de associar sempre a adoração com a música, como se uma não existisse sem a outra. Adoração é muito mais do que música, entretanto, utiliza-se dela e de sua acessibilidade aos mais profundos recônditos da interioridade (Sl 150.3-5). Ainda que com um único instrumento, ou mesmo com uma orquestra sinfônica, o q1ue não se pode negar é a presença marcante da música. Essa presença é marcante porque assim o é para o homem. Somos feitos dessa mistura de silêncio e sons. Por mais desafinado que um homem seja, sempre vai cantar ou assobiar alguma canção. A melodia que habita sua intimidade nunca é desafinada.

1.2. A música como testemunho.
O músico cristão precisa redescobrir urgentemente essa verdade: a música como testemunho! Uma vez que estamos, como Igreja, ministrando ao mundo, somos chamados a testemunhar da graça de Deus. Uma das melhores formas de testemunhar é através da música. É importante lembrar que devemos lutar com todas as forças para destruir as prováveis contradições entre o ser que canta e o que vive (Ef 5.19).

Alguns cientistas dizem que, no momento em            que cantamos, todos os ossos do nosso corpo vibram. Portanto, cantar sem alma é contradição, pois se o corpo está vibrando, a alma não pode estar sufocada. Não podemos alimentar esse dualismo, pois isso atesta contra o testemunho da verdade. Música como testemunho não é só aquele “artista” que se converteu, mas todo aquele que traz no peito uma medida consagrada ao Senhor.

1.3. A música entre o sagrado e o comum.
Se existe algo esplêndido na música é sua capacidade de estar no meio, entre o sagrado e o comum. Ela é quase um ponto de equilíbrio. É incrível observar por exemplo, alunos de alguma orquestra, nessas milhares de igrejas das periferias das grandes cidades, aprendendo a tocar músicas de Bach, Beethoven, Mozart. O comum tocando o extraordinário. É assim que tocamos a melodia da graça. Somos frágeis, pequenos, vivendo num mundo pecaminoso. Apesar dessa distância, tocamos e cantamos coisas do céu. Mesclamos, pela ação do Espírito Santo, nossa pequenez com a gloriosa majestade da fé, e o produto dessa abençoada fusão é uma música capaz de tocar corações aflitos gerando salvação.

A pluralidade de estilos musicais é imensa. Influenciados pelo relativismo, muitos adotam estilos musicais provocantes, sensuais e agressivos no intuito de “santificá-los”, contudo, esquecem-se de que Deus conhece as intenções do coração e sabe onde queremos chegar. Mundanismo não é o mero contato com o mundo e suas coisas, pessoas ou lugares. Biblicamente significa deixar-se levar pelo modo pecaminoso do mundo. Quando nos isolamos do mundo. Deixamos de expandir o Reino de Deus. Existe uma música mundana? SE existe, o que a diferencia da música sacra? Numa escala musical, há diferença entre um dó profano de um dó cristão? Podemos encontrar em um piano tanto um dó maligno quanto um dó justo? É possível a existência de uma guitarra secular e outra cristã? Um violão é cristão ou profano? O que vai diferenciar é a atitude, isto é, a consagração de quem a executa e sua entrega de vida a Deus (1Co 6.16).

2. O problema dos estilos musicais.
Alguém disse que “não existe um acorde divino e outro profano; música é música!”. O problema não está no acorde, mas na pessoa que existe por trás dele. O ser humano é um ser caído e, como esse ser é eminentemente social, o pecado se projeta em suas ações, em seu meio.

2.1. O perigo das influências.
Um dos sérios problemas da musicalidade cristã reside no fato de que ela é muito mais influenciada do que influenciadora. Não são poucos os músicos cristãos que copiam padrões mundanos da música. Quando uso o termo “mundano”, estou me referindo a tudo aquilo que zomba da fé, que agride a espiritualidade e rouba a nossa paz. Há grupos na igreja que chegam ao cúmulo de parodiar “sucessos” mundanos. Não precisamos copiar as manias mundanas, pois temos a criatividade e a arte que o Espírito Santo, o músico por excelência, está disposto a nos ensinar. Que nossas influências venham do alto! (1Co 6.20).

Não precisamos parodiar músicas feitas por bêbados e drogados nas noites violentas dos bailes, pois temos homens e mulheres que gastam tempo com Deus e podem receber dEle as mais tremendas letras e melodias.

2.2. O perigo da substituição da pessoa central.
A adoração é, única e exclusivamente, destinada a Jesus, pessoa central do culto e da espiritualidade. Há estilos musicais onde o grupo ou o músico se tornam a essência. Estilos personalistas que conspiram contra a exaltação e a soberania de Cristo. Esses estilos são característicos pela celebração da performance, da coreografia, e não do Deus a que se propõe adoração. Há alguns lugares onde o “momento do louvor” é um verdadeiro show e o grupo é assediado a gritos frenéticos e eufóricos. Onde nossos talentos ofuscam o nome de Cristo, não pode haver adoração.

O grande problema dos estilos musicais é que são medidas pelas preferências pessoais, assim, o respeito por outras preferências é violado e a pessoa de Jesus Cristo é banida do culto.

2.3. O perigo de escandalizar o Evangelho.
Jesus afirma: “É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem.” (Lc 17.1). Poucas coisas escandalizam mais do que a performances musicais desvairadas. É preciso tomar todo o cuidado possível com isso. O princípio básico da fé cristã é o amor ao outro e, se amamos o outro, nossa preocupação deve caminhar também no sentido de não ferir sua alma, seus sentimentos, sua fé sincera. Se determinado estilo musical fere meu irmão, por que insistir numa ferida que poderá mata-lo?

Paulo diz: “Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu.” (Rm 14.15). Leia novamente e substitua a palavra “comida” por “estilo musical”. Nossa regra de conduta é o amor, o que passar disso é diabólico.

3. A beleza da Harpa Cristã.
Não que a Harpa cristã seja o único modelo ideal de música, mas a história que baseia aquelas músicas e digna de nota e respeito. A Harpa Cristã, para nós das Assembleias de Deus, possui grande apreço e significado. Ela é um lembrete musical das nossas origens (Pv 22.28).

3.1. A teologia dos hinos da Harpa.
Se você tem uma Harpa Cristã ao seu alcance, folheie, medite um pouco em algumas letras. O que você encontrará é a base de toda a chamada “teologia pentecostal”. Os hinos vão discorrer sobre o poder do sangue de Jesus, sobre a salvação, o pecado, a graça, o chamado para o ministério, a fé, e alegria, o Espírito Santo. Não são algumas poesias melosas sem implicações práticas. Não são frases feitas sem conteúdos existenciais plenos. São hinos que fortalecem convicções. Hinos que propõem um andar com a Bíblia. Quem teve o privilégio de ser criado ao som desses hinos, sabe que para cada momento da vida prática, há uma estrofe que se encaixa com perfeição.

Em algumas de nossas igrejas a Harpa Cristã já foi descartada (em outras, só subsiste para que a “banda” também tenha razão de ser), e anos de história e devoção foram jogados no lixo pós-moderno das inovações sem conteúdo e graça. A primeira edição da Harpa Cristã, em 1922, teve uma tiragem inicial de mil exemplares. A segunda edição, em 1923, foi impressa no Rio de Janeiro e tinha 300 hinos. Já em 1932, a Harpa Cristã contava com 400 hinos. A primeira Harpa Cristã com letra e música começou a ser elaborada em 1937. Com o passar dos anos, foram acrescentados outros hinos, até que o hinário oficial chegou a 524. Até o ano de 1981, todos os hinos já haviam sido revisados.

3.2. Os autores dos hinos da Harpa.
Talvez a grandeza maior da Harpa se deva a vida de seus autores e tradutores. Não foram homens e mulheres perfeitos e imaculados, mas foram cristãos! Homens e mulheres que deixaram um legado. Gente de Deus que escrevia com base em suas profundas experiências de vida com o Senhor. Falavam de uma realidade espiritual que conheciam na pele, e não apenas na “tetemunhologia mirabolante” dos contadores de casos da atualidade. Não eram celebridades escrevendo novos “sucessos”, não eram hit makers (fabricantes de sucessos), eram pastores, missionários, servos de Deus com uma história de vida digna.

Citemos alguns autores: Antônio Cabral, Emilio Conde, Frida Vingren, Nils J. Nelson, O.S. Boyer, Paulo Leivas Macalão, Samuel Nystrom. Gente que se gastou pelo trabalho de expansão do Reino de Deus nesse imenso Brasil. Negligenciar essa história é destruir o nosso passado. No jornal Mensageiro da Paz de julho de 1939, p. 2, 1ª quinzena, o Pr. Paulo Machado declarou em relação ao trabalho da elaboração e revisão de hinos da Harpa Cristã: “É um serviço glorioso que Deus me proporcionou, mas que, para concluí-lo, necessito das orações de todos os que amam a causa de Cristo, em virtude de ser grande a responsabilidade que me pesa. Sinto-me, às vezes, bastante atarefado; creio, porém, que, se todos os irmãos orarem neste sentido, Deus me ajudará, em breve, a terminar o nosso hinário, que servirá para atrair muitos pecadores aos pés de Cristo”.

3.3. A simplicidade cativante da Harpa.
Até mesmo os músicos modernos gostam de dar novas versões aos hinos da Harpa. Alguns, ignorando sua história, destroem a simplicidade original e, com isso, adulteram o hino. A beleza da Harpa está justamente em sua simplicidade cativante. É louvar a Deus pelos pássaros, pela chuva, pela paz. É a adoração que flui da constatação da grandeza de Deus nas pequenas coisas. Como os autores não eram celebridades, os hinos refletem seu cotidiano humano, sua devoção a Deus. Muitos são os testemunhos de pessoas que, cativadas pela beleza e simplicidade desses hinos, converteram-se ao Senhor. Não vamos jogar fora a grandeza desses hinos!

A Harpa Cristã tem sido o instrumento de consolidação nacional da hinologia pentecostal, principalmente por meio do cântico congregacional. Um dos motivos que contribuiu para isso foi o fato de cada cristão assembleiano ter que possuir o seu próprio exemplar do hinário e levá-lo para a igreja, diferentemente das igrejas das denominações tradicionais no Brasil, América do Norte e Europa, onde os templos possuem exemplares dos seus hinários disponíveis para os fiéis usarem em seus cultos.

Conclusão.
Somos chamados para testemunhar o mistério da graça e a música é uma grande aliada nesse abençoado processo. Que não venhamos destruir as pontes que a música cria entre nós e os outros, e entre nós e Deus. Que possamos louvar ao Senhor com toda a verdade que há em nós!

Questionário.
1. Por que culto sem Palavra não e culto?
R: Porque só podemos cantar com vida se a Palavra em nós abrir as portas do louvor (1Co 14.26).

2. Qual é uma das melhores formas de testemunhar?
R: A música (Ef 5.19).

3. Por que não precisamos copiar as manias mundanas?
R: Porque temos a criatividade e a arte que o Espírito Santo está disposto a nos ensinar (1Co 6.20).

4. O que Jesus afirma em Lucas 17.1?
R: “É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem.” (Lc 17.1).

5. O que é Harpa Cristã?
R: Ela é um lembrete musical das nossas origens (Pv 22.28).

Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Adoração e Louvor, A excelência e o propósito de uma vida inteiramente dedicada a Deus, Jovens e Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2016, ano 26, Nº 101, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.

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