Lição 8 Os propósitos
de Deus nos milagres.
20 de Maio de 2018.
Texto
Áureo
João 6.26
“Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade,
na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque
comestes do pão e vos saciastes”.
Verdade
Aplicada
Precisamos perceber nos milagres, à luz da
Palavra de Deus, além dos benefícios imediatos e temporais, pois há sinal no
milagre.
Objetivos
da Lição
Lembrar que Deus operou e ainda opera
milagres;
Mostrar a relação entre milagres e sinais;
Enfatizar que os milagres não substituem a
Palavra de Deus.
Glossário
Ascensão: Elevação de Jesus ao
céu, quarenta dias depois de ressuscitado;
Concepção: Ato de conceber ou
gerar um ser vivo; fecundação;
Vindouro: Que há de vir ou
acontecer; que está por vir.
Leituras
complementares
Segunda Nm 14.22-23
Terça Dt 4.35-40
Quarta Dt 11.7-8
Quinta Dt 13.1-4
Sexta Mt 11.20-24
Sábado Hb 2.1-4
Textos
de Referência.
Marcos 16.20
20 E eles, tendo partido, pregaram por todas
as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais
que se seguiram. Amém.
Atos 4.14
14 E, vendo estar com eles o homem que fora
curado, nada tinham que dizer em contrário.
Atos 8.6
6 E as multidões unanimemente prestavam
atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia.
Atos 9.41-42
41 E ele, dando-lhe a mão, a levantou e,
chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
42 E foi isto notório por toda a Jope, e
muitos creram no Senhor.
Hinos
sugeridos.
6, 7, 577
Motivo
de Oração
Peça ao Senhor para cobrir os Seus Filhos com
a Sua proteção divina.
Esboço
da Lição
Introdução
1. Deus, o Operador de
milagres.
2. A relação entre milagres e
sinais
3. Os milagres e a Palavra de
Deus.
Conclusão
Introdução
Reduzir o significado e o propósito dos
muitos milagres operados por Deus no passado, e também no presente, é não
refletir sobre as consequências e a influência dos mesmos em outras áreas da
vida.
1. Deus,
o Operador de milagres.
Iniciaremos o estudo deste tema lembrando que
o Senhor Deus operou milagres e os realiza ainda hoje, pois o Seu poder não
diminuiu, Ele é o mesmo (Tg 1.17; Hb 13.8). Para Deus nada é impossível (Lc
1.37). Uma prova disso é que encontramos na Bíblia o registro de centenas de
milagres.
1.1. O
que é um milagre?
Segundo o dicionário, “milagre” é definido
como “feito ou ocorrência extraordinária, que não se explica pelas leis da
natureza”. Biblicamente a ênfase recai sobre os atos maravilhosos de Deus, que
retratam Sua atividade na criação e na história. Estamos usando a expressão
“ênfase”, pois a Bíblia também registra sinais e prodígios operados por
espíritos enganadores (2Ts 2.9-10; Ap 13.3-4, 12-15). No Antigo Testamento o
termo em hebraico “´ôt” em várias passagens se refere a “sinais miraculosos”,
como as pragas que vieram sobre os egípcios. Também há o termo “môpet”, no
sentido de “maravilhas” ou “milagre”.
Os termos citados designam os
muitos acontecimentos extraordinários produzidos pelo poder de Deus ao longo da
história (Êx 7.3; Dt 4.34; Sl 135.9; Jr 33.20, entre outros textos). C. S.
Lewis assim definiu milagre: “Milagre é uma interferência na natureza por um
poder sobrenatural”. Os milagres de Deus em favor do Seu povo demonstram,
assim, atos salvíficos e apontam para uma salvação ainda mais abrangente no
futuro, como se expressou o professor de Teologia Sistemática na Califórnia, C.
Brown. Os propósitos de Deus para o Seu povo alcançam a eternidade. Não se
limitam à existência debaixo do sol.
1.2. Os
milagres de Cristo.
No novo testamento a expressão grega
“semeion” indica “sinal”, “maravilha”, “milagre” (Jo 2.11, 18, 23; 4.48).
Também é utilizado, dentre outros, o termo “dunamis”, ou seja, “poder”, para
indicar ações sobrenaturais (At 2.22; 8.13; entre outros). A passagem de Jesus
Cristo aqui na terra, desde a concepção até a Sua ascenção, foi marcada por
milagres e maravilhas. Gerado no ventre de Maria pela ação do Espírito Santo,
efetuou curas, ressurreições e expulsão de demônios, ressuscitou ao terceiro
dia e foi elevado aos céus à vista de Seus discípulos (Mt 1.20; 4.23-24;
28.1-6; At 1.9-10; 2.22).
Tais atos sobrenaturais socorreram
necessitados, atraíram multidões, provocaram invejas, atestaram a missão
messiânica de Jesus e levaram pessoas a glorificar a Deus. E evidente que os evangelhos
não registram todos os milagres operados por Jesus (Jo 20.30), pois muitos
livros precisariam ser escritos (Jo 21.25). Contudo, o que chegou até nós
testifica que o Deus que operava sinais e maravilhas no período do Antigo
Testamento continuou operando maravilhas por intermédio de Jesus Cristo (At
2.22). E Jesus Cristo, ressuscitado e à direita de Deus, é o mesmo para sempre
(Hb 13.8).
1.3. Milagres
após a ascenção de Cristo.
A continuidade dos milagres tem sido uma
realidade ao longo da história da Igreja. O próprio Jesus, antes de retornar ao
céu, disse aos Seus discípulos que sinais seguiriam aos que cressem (Mc 16.17).
A Bíblia registra que, após a ascensão, o Senhor cooperava com os discípulos
confirmando a Palavra pregada com sinais (Mc 16.20). Alguns dos dons
espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja são os dons de curar e a
operação de maravilhas (1Co 12.9-10).
No livro de Atos encontramos diversos relatos
acerca da operação de milagres por intermédio dos discípulos, enquanto ocorria
a proclamação do Evangelho. Palavras e atos; pregação e sinais (At 3.9-12, 19;
8.5-6; 14.3; 15.12; 19.11). Interessante refletir que a ausência de milagres
não significa que findou a “era dos sinais de maravilhas”, até porque não há
base bíblica para afirmarmos que os milagres se restringiram ao período
apostólico. Notemos dois motivos para a não operação de muitas maravilhas:
incredulidade (Mt 13.58; Mc 6.1-6) e curiosidade (Lc 23.8). Até mesmo no tempo
do Antigo Testamento houve períodos nos quais o povo não estava testemunhando
sinais e mensagens proféticas (Sl 74.9).
2. A
relação entre milagres e sinais.
Neste tópico vamos considerar a palavra
“sinal” de acordo com os significados que encontramos no dicionário da língua
portuguesa, entre outros: “aquilo que serve de advertência; que possibilita
conhecer; demonstração exterior duma intenção; aceno”.
2.1. A
importância de perceber os sinais.
Devemos refletir na importância de enxergarmos
nos milagres, maravilhas e prodígios do Senhor, sinais de Deus para nós. Ou
seja, olhar além do milagre em si. O próprio Cristo lançou em rosto da multidão
que o buscava o fato de que O procuravam “não pelos sinais”, mas porque haviam
desfrutado do milagre da multiplicação dos pães e peixes (Jo 6.26). Não haviam
enxergado no milagre o sinal de Deus: Jesus Cristo é o verdadeiro pão do céu.
Ele é o pão da vida (Jo 6.32, 35).
Os milagres operados por Cristo não
eram o objetivo final em si, mas, sim, fazer com que os beneficiados passassem
a crer em Cristo como o messias prometido e que veio para “buscar e salvar o
que se havia perdido” (Jo 4.48; Lc 19.10). Há sinal em cada milagre! Desse
modo, podemos dizer que a realização de um milagre não é sinônimo de que Deus
está aprovando o modo de vida do beneficiado ou da pessoa por quem o milagre e
as maravilhas estão sendo realizadas (Mt 7.21-23).
2.2.
Milagres e relacionamento com Deus.
É muito comum a associação entre a operação
de maravilhas e milagres com a aprovação divina. Contudo, Jesus operou muitos
prodígios em Cafarnaum, mas disse que no juízo vindouro aquela geração sofreria
mais rigor do que os de Sodoma, pois, apesar de tantos milagres, não se
arrependeram (Mt 11.20-24). O Senhor estava dizendo que os habitantes daquela
cidade deveriam ter se voltado para Deus, pois ele estava se manifestando de
maneira tão poderosa. Porém, eles demonstraram que estavam interessados tão
somente em desfrutar dos milagres produzidos pelo poder de Jesus. Eles não
queriam relacionamento ou compromisso. Queriam continuar vivendo suas vidas do
mesmo jeito.
Muitos hoje também só querem ser
beneficiados pelos milagres, mas não querem mudança de vida e passar a viver
como discípulos de Jesus. Querem receber e ouvir sobre milagres, contudo, não
estão interessados em serem confrontados pela Palavra de Deus. No tempo de
Jesus muitos creram nEle pelo que viam Ele fazer, mas não havia mudança no
coração. O apóstolo João registrou acerca destes, dizendo que o próprio Jesus
“não confiava neles” (Jo 2.23-25).
2.3. Lições
a partir dos milagres.
Considerando três expressões do significado
da palavra “sinal”, conforme exposto no início do tópico, podemos extrair
preciosas lições sobre como lidar com os milagres e maravilhas de Deus:
advertência, conhecimento e aceno. Deus tem utilizado meios para advertir, se
revelar e acenar para o ser humano acerca da Sua existência, do Seu interesse
por nós, da Sua providência, do Seu plano de salvação e de Seus propósitos.
Precisamos procurar conhecer os caminhos do Senhor (Sl 103.7) e não apenas
desfrutar dos Seus feitos. Apesar de ter visto e desfrutado das obras de Deus,
toda uma geração pereceu no deserto, porque não conheceu os caminhos do Senhor
(Hb 3.9-10).
Não conheceram por não terem
atentado para a Palavra de Deus. Não procuraram obedecer às orientações
divinas. Ou seja, não perceberam que Deus estava operando tantas maravilhas não
apenas para suprir necessidades físicas (fome, sede, proteção, etc.), mas,
também (e principalmente), atraí-los a Si para ensinar-lhes verdades
espirituais (Nm 14.11, 22). Desfrutaram dos milagres e prodígios, “mas Deus não
se agradou da maior parte deles” (1Co 10.5). É preciso perceber o sinal no
milagre.
3. Os
milagres e a Palavra de Deus.
Antes de Deus falar com Moisés no monte
Horebe, primeiro lhe mostrou uma sarça que ardia e não se consumia. Moisés
ficou maravilhado com o que via e decidiu chegar mais perto para ver. Então,
quando o Senhor viu que ele estava chegando mais perto, o chamou e começou a
falar com ele sobre Seus planos e propósitos (Êx 3.1-4).
3.1. Impactados
pela ação divina.
A sarça que ardia e não se consumia era tão
somente um sinal para despertar a atenção de Moisés sobre o que Deus queria
falar com ele. Podemos observar, novamente, o impacto da ação divina nos dois
relatos encontrados no Evangelho de João sobre os samaritanos (Jo 4.39-42) e os
galileus (Jo 4.43-45). Ambos os povos receberam e tiveram um encontro com
Jesus. A diferença é a ênfase que o apóstolo João dá sobre os samaritanos.
Considerando os quatro versículos citados acima, as expressões que se destacam
para descrever este encontro são que eles creram pela palavra, primeiro do
testemunho da mulher e depois do próprio Cristo, a tal ponto que testemunharam
que haviam crido em Jesus porque ouviram e, assim, passaram a conhecer que Ele
verdadeiramente era o Salvador do mundo.
Não há no texto de João 4.39-42
menção da realização de milagres de curas e libertação dos possuídos por
demônios. Podemos crer que o grande milagre foi produzido pela Palavra de Jesus
no coração dos samaritanos. Enquanto que os galileus “o receberam, porque
viram” (Jo 4.45).
3.2. A
relevância da Palavra.
Tendo em vista as palavras de Jesus para o
oficial do rei que foi procurá-Lo (Jo 4.48), podemos extrair uma importante
lição: o milagre e os sinais podem despertar a atenção e o interesse das
pessoas, mas somente a Palavra de Deus produz a fé e o conhecimento necessários
para a salvação (Jo 17.3; 20.30-31). Por isso, Jesus não atendeu o pedido do
homem para acompanhá-lo, mas o estimulou e desafiou a crer em Sua Palavra:
“Vai, o teu filho vive” (Jo 4.50). E aquele servo do rei creu na Palavra de
Jesus e testemunhou o milagre. Ou seja, o milagre, os prodígios e as maravilhas
não substituem a Palavra de Deus. A Bíblia diz que a fé é pelo ouvir (Rm
10.17).
A fé firme e consistente, que está
centrada em Cristo e conduz o discípulo de Jesus a uma vida perseverante, é
produzida pela Palavra de Deus. Acima do milagre está a Palavra de Deus (Dt
13.1-4). Deus alertou o povo de Israel quanto a possibilidade de surgir um
profeta no meio da congregação e operar um sinal ou prodígio, buscando, assim,
desviar o povo da palavra revelada por Deus. Lembremo-nos de que os magos do
Egito também fizeram sinais diante de Faraó (Êx 7.11, 22; 8.7).
3.3.
Analisar o milagre a luz da Palavra.
Deuteronômio 4.34-40 é outro texto que demonstra
a relação entre sinais e Palavra de Deus. O Senhor Deus revela que mostrou ao
povo sinais e milagres para que soubesse que não há outro Deus, para ensinar e
para que guardasse os estatutos e mandamentos. O inimigo sabe da tendência do
ser humano de supervalorizar um milagre e interpretá-lo somente à luz dos
acontecimentos imediatos e dos benefícios recebidos. Mas Deus deixou revelado
em Sua Palavra, a Bíblia, sobre o perigo de se desprezar a Palavra. A Bíblia
diz que, aos que não receberam a Palavra, será enviada a operação do erro, com
poder, sinais e prodígios de mentira (2Ts 2.9-12).
Jesus, em Seu sermão profético,
disse que se levantarão falsos profetas operando sinais e prodígios (Mc 13.22).
O inimigo fará até mesmo descer fogo do céu à terra (Ap 13.13) e enganará com
sinais. Precisamos atentar para os milagres e refletir junto com a Palavra de
Deus. Não podemos analisar o milagre isoladamente. Devemos procurar perceber
qual é a fonte, o propósito visado e o resultado produzido. O Doutor em
Teologia e professor Otfried Hofius assim comentou acerca dos numerosos
milagres registrados nos evangelhos: “De modo geral, as narrativas prestam
pouca atenção ao processo milagroso propriamente dito; concentram sua atenção
no encontro entre Jesus e o homem inteiro, com suas necessidades físicas e
espirituais”.
Conclusão.
Os milagres, prodígios e as maravilhas de
Deus são ações de socorro e providência, bem como sinais de advertência e
acenos do Senhor para nós. Ainda não terminou o período da Igreja na terra,
portanto precisamos permanecer crendo, proclamando e esperando o agir
sobrenatural de Deus.
Questionário.
1. O que a expressão grega “semeion” indica?
R: “Sinal”, “maravilha”,
“milagre” (Jo 2.11, 18, 23; 4.48).
2. O que Jesus, antes de retornar ao céu,
disse aos Seus discípulos?
R: Que sinais seguiriam aos que
cressem (Mc 16.17).
3. Por que toda uma geração pereceu no
deserto?
R: Porque, apesar de ter visto
e desfrutado das obras de Deus, não conheceu os caminhos do Senhor (Hb 3.9-10).
4. O que o milagre, os prodígios e as
maravilhas não substituem?
R: A Palavra de Deus (Rm 10.17).
5. O que o texto de Deuteronômio 4.34-40
demonstra?
R: A relação entre sinais e
palavra de Deus.
Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Aperfeiçoamento
Cristão – Propósito de Deus para o discípulo de Cristo. Adultos, edição do
professor, Comentarista Pastor Marcos Sant’Anna da Silva 2º trimestre de 2018,
ano 28, Nº 107, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.
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