segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Lição 7 Levitas ontem e hoje: a crise de identidade.



Lição 7 Levitas ontem e hoje: a crise de identidade.
13 de novembro de 2016.

Texto Áureo
2 Crônicas 29.5
“E lhes disse: Ouvi-me, ó levitas; santificai-vos, agora, e santificai a casa do Senhor, Deus de vossos pais, e tirai do santuário a imundícia.”

Verdade Aplicada
A verdadeira motivação dos levitas era o serviço da casa de Deus.

Objetivos da Lição
Observar a confusão generalizada que se faz com a palavra levita;
Compreender quem eram os levitas verdadeiros;
Aprender a importância de servir ao Senhor em Sua Casa.

Glossário
Apático: Insensível, preguiçoso;
Bizarro: Excêntrico, esquisito;
Síndrome: Conjunto de sintomas, caracterizando determinada doença.

Leituras complementares
Segunda Nm 3.5-13
Terça 1Cr 15.11-16
Quarta Lc 10.30-37
Quinta Gl 5.1-15
Sexta Hb 5.1-14
Sábado Hb 7.11-28

Textos de Referência.
2 Crônicas 29.1-4, 11.
1 Tinha Ezequias vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abia, filha de Zacarias.
2  E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera Davi, seu pai.
3  Ele, no ano primeiro do seu reinado, no mês primeiro, abriu as portas da casa do Senhor e as reparou.
4  E trouxe os sacerdotes e os levitas, e os ajuntou na praça oriental,

11 Agora, filhos meus, não sejais negligentes, pois o Senhor vos tem escolhido para estardes diante dele para os servirdes, e para serdes seus ministros, e queimardes incenso.

Hinos sugeridos.
306, 322, 505.

Motivo de Oração
Ore para que os jovens do nosso país sejam fortemente impactados com a Palavra de Deus.

Esboço da Lição
Introdução
1. Semelhanças e diferenças.
2. Levita como maca de legitimidade.
3. Redescobrindo o servir.
Conclusão

Introdução
Na atualidade há um verdadeiro frenesi levítico. Uma proliferação exacerbada de gente se autodenominando “levita”. Nessa nova mania há um disfarçado e perigoso pluralismo – todas as formas, pouca verdade.

1. Semelhanças e diferenças.
O que impera no desespero levítico da atualidade é uma tentativa infantil de imitação barata de algo que já teve seu tempo histórico definido. Na Palavra de Deus, levita não era quem queria ser, mas quem nascia servo!

1.1. O esvaziamento das palavras.  
Muitos carregam o nome “levita”, mas a essência – adorador – se perdeu na doença do marketing e na loucura da multidão. Ser levita passou a ser símbolo de uma “espiritualidade elevada”, quase uma espécie de “guru eclesiástico embalado em mantras evangélicos”. O modo de tratar o nome de Deus também sofre impactos dessa crise. O que era reverência absoluta virou uma marca de alta rentabilidade. O nome de Deus está virando marca, moda, mania. O respeito, o temor e a reverência viraram apenas palavras esvaziadas, empoeiradas, esquecidas na banalidade imperfeita do cotidiano evangélico.

Atualmente, o que se vê é uma corrida em busca de um status, de uma novidade, de uma forma de “carimbo bíblico” que confira um pouco de autoridade. Ser levita hoje é sinônimo de uma abertura quase exclusiva para cânticos, enquanto o que mais carecemos é de um retorno urgente à Palavra de Deus. As semelhanças dos levitas de ontem e os de hoje são secundárias (o nome, uma ou outra vestimenta, etc.), as diferenças são fundamentais (já não há o amor pelo servir, muito menos uma vida consagrada exclusiva). O mandamento de Deuteronômio 5.11: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”, era regra de vida para os antigos (e verdadeiros) levitas. O termo “Deus” não é um enfeite verbal para dar ênfase religiosa aos nossos discursos. Quando reduzimos o nome de Deus a um nome entre tantos outros, também nos reduzimos, nos despersonalizamos. O mandamento termina com uma séria advertência: “porque o Senhor não terá por inocente ao que tomar o seu nome em vão.”.

1.2. Semelhanças técnicas, diferenças teológicas.
Em nome de um certo preciosismo, perde-se a teologia da alegria. Canta-se o absurdo. A epidemia pirotécnica dos shows inverte os valores. O show foi bom se juntou uma multidão esfuziante e não se houve mudança de vida e coração. O sucesso vem antes da teologia. Essa ausência de sentido num tempo marcado por ilusões gera uma outra tribo de levitas: os levitas estrelares!

Vivemos um tempo de gente, como escreveu Brennan Manning: “super espirituais; cristãos musculosos que têm John Wayne como herói, e não a Jesus. Acadêmicos que aprisionam Cristo na torre de marfim da exegese. Gente barulhenta e bonachona que manipula o cristianismo a ponto de torna-lo um simples apelo ao emocionalismo. Místicos de capuz que querem mágica na sua religião. São cristãos “aleluia”, que vivem apenas no alto da montanha e nunca visitam o vale da desolação”. Onde as técnicas imperam, o amor agoniza.

1.3. Semelhanças físicas, diferenças espirituais.
A tentação das aparências, infectada pelo vírus teatral da máscara, gera um conflito: gente que se divide em várias (uma é a que louva enquanto “está” levita, outra é a que existe fora dos horários de culto). Essa duplicidade transforma esses levitas em vítimas de sua própria crise com o espelho. Quando a verdade do que somos é amordaçada pela mentira que mostramos ser, nossa tragédia pessoal está deflagrada. O que mais necessitamos hoje não é de um grupo imenso de pessoas com roupas judaicas e a estrela de Davi na testa balbuciando termos hebraicos, mas sim, de um grupo de servos, abençoados pela grandeza da simplicidade. Gente que, sem muita invencionice, consegue tocar a majestade de Deus nas alturas.

Uma das maiores carências da atualidade é o retorno a Palavra de Deus. Essa sociedade do som faz barulho demais para evitar o exercício do silêncio. Precisamos resgatar a verdade de que não é só de música que um adorador se alimenta, mas sim da Palavra de Deus, que o capacita a louvar. Sem o coração enraizado nas Sagradas Escrituras, todo cântico é apenas melodia sem conteúdo, som sem verdade, ecos de um vazio interior profundamente angustiante.

2. Levita como marca de legitimidade.
O século XXI é escravo das marcas. Tudo tem sua etiqueta. Nessa busca alucinada por legitimidade, muitos optam por nomes artísticos esdrúxulos, polêmicas, ou mesmo alguma atitude bizarra que lhe confira destaque. Outros, com a mesma intenção, utilizam termos bíblicos para si mesmos ou para suas práticas.

2.1. O problema do ego: a doença da superioridade.
Não são poucos os “levitas” que se julgam num patamar de espiritualidade sublime e infinitamente superior aos outros mortais. Gente infectada pelo vírus absurdo da arrogância (1Co 4.8). Essa doença luciferiana do ego é um produto de exportação que o mundo joga na Igreja – e ela abraça – com extrema facilidade. Há levitas que não aceitam ordens de ninguém: dos pais, em casa, ao pastor, ninguém pode confrontá-los. Essa enfermidade do ego é uma espécie de câncer do orgulho, provocando uma metástase que aniquila a humildade. Deus procura servos (Fp 2.3).

Infelizmente, uns utilizam uma infinidade de termos judaicos para si mesmos ou suas práticas; outros usam o termo “levita” para conferir autenticidade à sua suposta vocação. O problema é que, transformar em marca de mercado algo com significado profundamente espiritual, gera um desiquilíbrio de essências e uma tragédia teológica.

2.2. O perigo da distorção: o desrespeito à Palavra.
Um dos maiores erros que um cristão pode cometer e basear suas práticas em versículos isolados das Escrituras. Além de ser um grosso erro hermenêutico, é também a principal razão do surgimento de diversas seitas e heresias. Em Mateus 4, o diabo usa textos isolados para obrigar Jesus a fazer sua vontade. Muitos levitas de hoje, com esse tipo de exercício hermenêutico duvidoso, assumem para si os perigos de adulterarem o texto e o contexto bíblicos, gerando terríveis distorções e confusões.

A Bíblia não é um livro para legitimar manias e artimanhas de um indivíduo ou de um grupo específico. Ela é o Livro dos Livros, o espelho que mostra as nossas dores, e assim, confrontando-nos, oferece cura. Quando a Palavra de Deus é distorcida, as heresias começam a nascer.

2.3. A crise dos holofotes: o terrível medo do esquecimento.
Vivemos num tempo histórico marcado pelo esquecimento. Hoje, o novo dura pouco. Muitos agonizam por medo de não serem notados ou pior, serem descartados. Não são poucos os casos de celebridades do mundo secular que ao caírem no ostracismo, “convertem” e entram na Igreja visando reconstruir seu mundinho particular de aplausos e bajulação. Em busca de legitimidade, criam testemunhos, revelações, visões, profecias e mágicas. Chegam até mesmo a arrastar para si textos e termos bíblicos, num flagrante desrespeito ao sagrado. Essa perigosa inversão produz a tão devastadora idolatria (obra da carne), e com ela, o afastamento da glória (1Sm 4.21). Obcecados pelos holofotes, esses “levitas/artistas” esquecem que somos chamados para ser “luz” (Mt 5.14), e que, sem a verdadeira luz (Jo 8.12), todo o universo acaba em suas próprias trevas.

Precisamos urgentemente entender que não somos chamados para ostentar uma etiqueta levítica, mas para transmitir a verdadeira graça. Quando louvamos com sinceridade de coração, não precisamos colocar nenhum título, nenhuma patente, pois o impacto do louvor verdadeiro é muito mais forte do que a maquiagem técnica. Não é o que sabemos sobre os levitas da Palavra de Deus que nos confere legitimidade, mas sim o quanto amamos o Eterno Deus e a Sua casa. Se a verdade não estiver enraizada no íntimo, toda a fachada será apenas propaganda enganosa- crime! Deus procura homens verdadeiros, honestos. O Senhor Deus prioriza a fidelidade. Não impressionamos a Deus com nossa bela música, pois Ele já tem a perfeita musicalidade celeste. O que mais toca o coração de Deus não são os acordes furiosos de uma guitarra levítica, mas as cordas da alma, tocadas pela habilidade insuperável do Maravilhoso Espírito Santo de Deus.

3. Redescobrir o servir.
Segundo a lei mosaica, os levitas eram chamados para servir. Alguns de seus deveres eram: levar a arca (1Sm 6.15; 2Sm 15.24); realizar vários serviços no tabernáculo (Êx 38.21; Nm 1.50-53); servir Arão e seus filhos (Nm 3.9; 8.19).

3.1. A vida como serviço ao Senhor.
Ser levita não era apenas cumprir uma agenda de trabalhos do templo e voltar para casa como um trabalho braçal sem envolvimento de alma. Era saber que sua vida tinha sida escolhida pelo Deus de Israel. A tribo de Levi devia servir como um substituto de todos os primogênitos do sexo masculino em Israel (Nm 3.11-13). Como todo primogênito da terra e dos animais pertence ao Senhor, Deveriam ser sacrificados a Ele. Porém, como Deus não recebe sacrifícios humanos, Ele recebeu a tribo de Levi como substituta. Um levita em lugar de cada primogênito do sexo masculino em Israel. Os levitas sabiam que suas vidas eram valiosas para o Senhor. O que falta aos levitas de hoje é a consciência de que Deus não quer sacrifícios, mas um sacro-ofício, feito por uma vida íntegra e pura.

O rei Davi incumbiu os levitas da música litúrgica e de serem guardas do templo (1Cr 9.26; 15.16-17, 22; 26.17). No tempo do sacerdote Esdras, escriba hábil na Lei de Moisés, os levitas ensinaram a Lei ao povo (Ne 8.7-8). Essa vocação para o serviço precisa ser resgatada urgentemente pelos que se chamam “levitas”, mas que detestam o abençoado exercício de servir.

3.2. Servir por amor.
Servir não pode ser apenas produto de uma mecânica decorada, mas deum amor que nos direciona ao outro. Quando o Espírito do Senhor está em nós, amamos o serviço. Estar cheio do Espírito de Deus é estar cheio de amor. Sem o amor, os dons são sem valor (1Co 13). O amor requer os dons como equipamento necessário para o serviço aos outros (Ef 5.18-21).Um levita que não serve, perdeu a essência. Um levita sem amor, nunca foi levita. Um levita que não serve por amor, não pode ser servo de Cristo – o substituto maior!

Quando o Espírito Santo de Deus habita em nós, temos comunhão uns com os outros. Aprendemos – com os outros – a ter motivos para louvar e adorar. Não deve existir uma luta de classes, uma hierarquia do louvor, uma categoria superior. Juntos adoramos ao nosso Pai, sob a mesma unção, centrados na mesma Palavra, indo para o mesmo céu e amando-nos com o mesmo coração. Se o princípio da comunhão for adulterado, não pode haver genuína adoração.

3.3. Servindo além dos horários de culto.
É preciso resgatar a certeza de que o culto não é prisioneiro do calendário. Culto é uma expressão de louvor e gratidão a Deus “em todo o tempo” (Ec 9.8). Deus não está preso às nossas agendas, nossos calendários. Muita gente mantém apenas uma aparência que tem prazo de validade (apenas enquanto o culto é celebrado no templo), com isso, perde a maravilha de servir a Deus na vida. Deus não procura homens e mulheres que só funcionam de congresso em congresso, mas que sabem que foram chamados para o serviço do Mestre em qualquer tempo (2Tm 4.2).

Levitas das 19 às 21 horas há em todo lugar, mas gente consagrada em todo tempo é uma raridade que os olhos do Senhor ainda buscam (Sl 101.6). Deus busca levitas dos hospitais, das prisões, dos oprimidos, dos moradores de rua, dos perdidos da vida. Não os levitas do palácio, mas aqueles que conseguem andar nas ruas e enxergar os aflitos. Mais do que nunca, urge a necessidade de levitas que não ignorem os feridos (Lc 10.32). Que o Eterno Deus levante homens e mulheres que amem o serviço do Seu Reino.

Conclusão.
Cristo já cumpriu a Lei. Não somos levitas. Somos servos, gratos a Jesus por ter derrubado os muros das diferenças. Qualquer um pode louvar e adorar. Não há um monopólio. Não precisamos nascer numa determinada tribo para termos acesso ao louvor, só precisamos “nacer de novo” (Jo 3.1-21).

Questionário.
1. Não são poucos os “levitas” que se julgam num patamar de espiritualidade sublime e infinitamente superior aos outros mortais. Como está essa “gente”?
R: Essa gente está infectada pelo vírus absurdo da arrogância (1Co 4.8).

2. Segundo a lição, o que Deus procura?
R: Ele procura servos (Fp 2.3).

3. Cite um dever dos levitas.
R: Levara arca (1Sm 6.15; 2Sm 15.24).

4. Quem a tribo de Levi deveria substituir?
R: Todos os primogênitos do sexo masculino em Israel (Nm 3.11-13).

5. O que são os dons sem o amor?
R: Sem valor (1Co 13).

Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Adoração e Louvor, A excelência e o propósito de uma vida inteiramente dedicada a Deus, Jovens e Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2016, ano 26, Nº 101, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.

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