Lição 7
Levitas ontem e hoje: a crise de identidade.
13 de novembro de 2016.
Texto
Áureo
2 Crônicas 29.5
“E lhes disse: Ouvi-me, ó levitas; santificai-vos,
agora, e santificai a casa do Senhor, Deus de vossos pais, e tirai do santuário
a imundícia.”
Verdade
Aplicada
A verdadeira motivação dos levitas era o
serviço da casa de Deus.
Objetivos
da Lição
Observar a confusão generalizada que se faz com a palavra levita;
Compreender quem eram os levitas verdadeiros;
Aprender a importância de servir ao Senhor em Sua Casa.
Glossário
Apático: Insensível, preguiçoso;
Bizarro: Excêntrico, esquisito;
Síndrome: Conjunto de sintomas, caracterizando
determinada doença.
Leituras
complementares
Segunda Nm 3.5-13
Terça 1Cr 15.11-16
Quarta Lc 10.30-37
Quinta Gl 5.1-15
Sexta Hb 5.1-14
Sábado Hb 7.11-28
Textos
de Referência.
2 Crônicas 29.1-4, 11.
1 Tinha Ezequias vinte e cinco anos de idade
quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; e era o nome
de sua mãe Abia, filha de Zacarias.
2 E
fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera Davi, seu
pai.
3 Ele,
no ano primeiro do seu reinado, no mês primeiro, abriu as portas da casa do Senhor
e as reparou.
4 E
trouxe os sacerdotes e os levitas, e os ajuntou na praça oriental,
11 Agora, filhos meus, não sejais
negligentes, pois o Senhor vos tem escolhido para estardes diante dele para os
servirdes, e para serdes seus ministros, e queimardes incenso.
Hinos
sugeridos.
306, 322, 505.
Motivo
de Oração
Ore para que os jovens do nosso país sejam
fortemente impactados com a Palavra de Deus.
Esboço
da Lição
Introdução
1. Semelhanças e diferenças.
2. Levita como maca de
legitimidade.
3. Redescobrindo o servir.
Conclusão
Introdução
Na atualidade há um verdadeiro frenesi
levítico. Uma proliferação exacerbada de gente se autodenominando “levita”.
Nessa nova mania há um disfarçado e perigoso pluralismo – todas as formas,
pouca verdade.
1. Semelhanças
e diferenças.
O que impera no desespero levítico da
atualidade é uma tentativa infantil de imitação barata de algo que já teve seu
tempo histórico definido. Na Palavra de Deus, levita não era quem queria ser,
mas quem nascia servo!
1.1. O
esvaziamento das palavras.
Muitos carregam o nome “levita”, mas a
essência – adorador – se perdeu na doença do marketing e na loucura da
multidão. Ser levita passou a ser símbolo de uma “espiritualidade elevada”,
quase uma espécie de “guru eclesiástico embalado em mantras evangélicos”. O
modo de tratar o nome de Deus também sofre impactos dessa crise. O que era
reverência absoluta virou uma marca de alta rentabilidade. O nome de Deus está
virando marca, moda, mania. O respeito, o temor e a reverência viraram apenas
palavras esvaziadas, empoeiradas, esquecidas na banalidade imperfeita do
cotidiano evangélico.
Atualmente, o que se vê é uma
corrida em busca de um status, de uma novidade, de uma forma de “carimbo
bíblico” que confira um pouco de autoridade. Ser levita hoje é sinônimo de uma
abertura quase exclusiva para cânticos, enquanto o que mais carecemos é de um
retorno urgente à Palavra de Deus. As semelhanças dos levitas de ontem e os de
hoje são secundárias (o nome, uma ou outra vestimenta, etc.), as diferenças são
fundamentais (já não há o amor pelo servir, muito menos uma vida consagrada
exclusiva). O mandamento de Deuteronômio 5.11: “Não tomarás o nome do Senhor,
teu Deus, em vão”, era regra de vida para os antigos (e verdadeiros) levitas. O
termo “Deus” não é um enfeite verbal para dar ênfase religiosa aos nossos
discursos. Quando reduzimos o nome de Deus a um nome entre tantos outros,
também nos reduzimos, nos despersonalizamos. O mandamento termina com uma séria
advertência: “porque o Senhor não terá por inocente ao que tomar o seu nome em
vão.”.
1.2.
Semelhanças técnicas, diferenças teológicas.
Em nome de um certo preciosismo, perde-se a
teologia da alegria. Canta-se o absurdo. A epidemia pirotécnica dos shows
inverte os valores. O show foi bom se juntou uma multidão esfuziante e não se
houve mudança de vida e coração. O sucesso vem antes da teologia. Essa ausência
de sentido num tempo marcado por ilusões gera uma outra tribo de levitas: os
levitas estrelares!
Vivemos um tempo de gente, como
escreveu Brennan Manning: “super espirituais; cristãos musculosos que têm John
Wayne como herói, e não a Jesus. Acadêmicos que aprisionam Cristo na torre de
marfim da exegese. Gente barulhenta e bonachona que manipula o cristianismo a
ponto de torna-lo um simples apelo ao emocionalismo. Místicos de capuz que
querem mágica na sua religião. São cristãos “aleluia”, que vivem apenas no alto
da montanha e nunca visitam o vale da desolação”. Onde as técnicas imperam, o
amor agoniza.
1.3.
Semelhanças físicas, diferenças espirituais.
A tentação das aparências, infectada pelo
vírus teatral da máscara, gera um conflito: gente que se divide em várias (uma
é a que louva enquanto “está” levita, outra é a que existe fora dos horários de
culto). Essa duplicidade transforma esses levitas em vítimas de sua própria
crise com o espelho. Quando a verdade do que somos é amordaçada pela mentira
que mostramos ser, nossa tragédia pessoal está deflagrada. O que mais
necessitamos hoje não é de um grupo imenso de pessoas com roupas judaicas e a
estrela de Davi na testa balbuciando termos hebraicos, mas sim, de um grupo de
servos, abençoados pela grandeza da simplicidade. Gente que, sem muita invencionice,
consegue tocar a majestade de Deus nas alturas.
Uma das maiores carências da
atualidade é o retorno a Palavra de Deus. Essa sociedade do som faz barulho
demais para evitar o exercício do silêncio. Precisamos resgatar a verdade de
que não é só de música que um adorador se alimenta, mas sim da Palavra de Deus,
que o capacita a louvar. Sem o coração enraizado nas Sagradas Escrituras, todo
cântico é apenas melodia sem conteúdo, som sem verdade, ecos de um vazio
interior profundamente angustiante.
2. Levita
como marca de legitimidade.
O século XXI é escravo das marcas. Tudo tem
sua etiqueta. Nessa busca alucinada por legitimidade, muitos optam por nomes
artísticos esdrúxulos, polêmicas, ou mesmo alguma atitude bizarra que lhe
confira destaque. Outros, com a mesma intenção, utilizam termos bíblicos para
si mesmos ou para suas práticas.
2.1. O
problema do ego: a doença da superioridade.
Não são poucos os “levitas” que se julgam num
patamar de espiritualidade sublime e infinitamente superior aos outros mortais.
Gente infectada pelo vírus absurdo da arrogância (1Co 4.8). Essa doença
luciferiana do ego é um produto de exportação que o mundo joga na Igreja – e
ela abraça – com extrema facilidade. Há levitas que não aceitam ordens de
ninguém: dos pais, em casa, ao pastor, ninguém pode confrontá-los. Essa
enfermidade do ego é uma espécie de câncer do orgulho, provocando uma metástase
que aniquila a humildade. Deus procura servos (Fp 2.3).
Infelizmente, uns utilizam uma
infinidade de termos judaicos para si mesmos ou suas práticas; outros usam o
termo “levita” para conferir autenticidade à sua suposta vocação. O problema é
que, transformar em marca de mercado algo com significado profundamente
espiritual, gera um desiquilíbrio de essências e uma tragédia teológica.
2.2. O
perigo da distorção: o desrespeito à Palavra.
Um dos maiores erros que um cristão pode
cometer e basear suas práticas em versículos isolados das Escrituras. Além de
ser um grosso erro hermenêutico, é também a principal razão do surgimento de
diversas seitas e heresias. Em Mateus 4, o diabo usa textos isolados para
obrigar Jesus a fazer sua vontade. Muitos levitas de hoje, com esse tipo de
exercício hermenêutico duvidoso, assumem para si os perigos de adulterarem o
texto e o contexto bíblicos, gerando terríveis distorções e confusões.
A Bíblia não é um livro para
legitimar manias e artimanhas de um indivíduo ou de um grupo específico. Ela é
o Livro dos Livros, o espelho que mostra as nossas dores, e assim,
confrontando-nos, oferece cura. Quando a Palavra de Deus é distorcida, as
heresias começam a nascer.
2.3. A
crise dos holofotes: o terrível medo do esquecimento.
Vivemos num tempo histórico marcado pelo
esquecimento. Hoje, o novo dura pouco. Muitos agonizam por medo de não serem
notados ou pior, serem descartados. Não são poucos os casos de celebridades do
mundo secular que ao caírem no ostracismo, “convertem” e entram na Igreja
visando reconstruir seu mundinho particular de aplausos e bajulação. Em busca
de legitimidade, criam testemunhos, revelações, visões, profecias e mágicas.
Chegam até mesmo a arrastar para si textos e termos bíblicos, num flagrante
desrespeito ao sagrado. Essa perigosa inversão produz a tão devastadora
idolatria (obra da carne), e com ela, o afastamento da glória (1Sm 4.21).
Obcecados pelos holofotes, esses “levitas/artistas” esquecem que somos chamados
para ser “luz” (Mt 5.14), e que, sem a verdadeira luz (Jo 8.12), todo o
universo acaba em suas próprias trevas.
Precisamos urgentemente entender
que não somos chamados para ostentar uma etiqueta levítica, mas para transmitir
a verdadeira graça. Quando louvamos com sinceridade de coração, não precisamos
colocar nenhum título, nenhuma patente, pois o impacto do louvor verdadeiro é
muito mais forte do que a maquiagem técnica. Não é o que sabemos sobre os
levitas da Palavra de Deus que nos confere legitimidade, mas sim o quanto
amamos o Eterno Deus e a Sua casa. Se a verdade não estiver enraizada no
íntimo, toda a fachada será apenas propaganda enganosa- crime! Deus procura
homens verdadeiros, honestos. O Senhor Deus prioriza a fidelidade. Não
impressionamos a Deus com nossa bela música, pois Ele já tem a perfeita
musicalidade celeste. O que mais toca o coração de Deus não são os acordes
furiosos de uma guitarra levítica, mas as cordas da alma, tocadas pela
habilidade insuperável do Maravilhoso Espírito Santo de Deus.
3. Redescobrir
o servir.
Segundo a lei mosaica, os levitas eram
chamados para servir. Alguns de seus deveres eram: levar a arca (1Sm 6.15; 2Sm
15.24); realizar vários serviços no tabernáculo (Êx 38.21; Nm 1.50-53); servir
Arão e seus filhos (Nm 3.9; 8.19).
3.1. A
vida como serviço ao Senhor.
Ser levita não era apenas cumprir uma agenda
de trabalhos do templo e voltar para casa como um trabalho braçal sem
envolvimento de alma. Era saber que sua vida tinha sida escolhida pelo Deus de
Israel. A tribo de Levi devia servir como um substituto de todos os
primogênitos do sexo masculino em Israel (Nm 3.11-13). Como todo primogênito da
terra e dos animais pertence ao Senhor, Deveriam ser sacrificados a Ele. Porém,
como Deus não recebe sacrifícios humanos, Ele recebeu a tribo de Levi como
substituta. Um levita em lugar de cada primogênito do sexo masculino em Israel.
Os levitas sabiam que suas vidas eram valiosas para o Senhor. O que falta aos
levitas de hoje é a consciência de que Deus não quer sacrifícios, mas um
sacro-ofício, feito por uma vida íntegra e pura.
O rei Davi incumbiu os levitas da
música litúrgica e de serem guardas do templo (1Cr 9.26; 15.16-17, 22; 26.17).
No tempo do sacerdote Esdras, escriba hábil na Lei de Moisés, os levitas
ensinaram a Lei ao povo (Ne 8.7-8). Essa vocação para o serviço precisa ser
resgatada urgentemente pelos que se chamam “levitas”, mas que detestam o abençoado
exercício de servir.
3.2. Servir
por amor.
Servir não pode ser apenas produto de uma
mecânica decorada, mas deum amor que nos direciona ao outro. Quando o Espírito
do Senhor está em nós, amamos o serviço. Estar cheio do Espírito de Deus é
estar cheio de amor. Sem o amor, os dons são sem valor (1Co 13). O amor requer
os dons como equipamento necessário para o serviço aos outros (Ef 5.18-21).Um
levita que não serve, perdeu a essência. Um levita sem amor, nunca foi levita.
Um levita que não serve por amor, não pode ser servo de Cristo – o substituto
maior!
Quando o Espírito Santo de Deus
habita em nós, temos comunhão uns com os outros. Aprendemos – com os outros – a
ter motivos para louvar e adorar. Não deve existir uma luta de classes, uma
hierarquia do louvor, uma categoria superior. Juntos adoramos ao nosso Pai, sob
a mesma unção, centrados na mesma Palavra, indo para o mesmo céu e amando-nos
com o mesmo coração. Se o princípio da comunhão for adulterado, não pode haver
genuína adoração.
3.3. Servindo
além dos horários de culto.
É preciso resgatar a certeza de que o culto
não é prisioneiro do calendário. Culto é uma expressão de louvor e gratidão a
Deus “em todo o tempo” (Ec 9.8). Deus não está preso às nossas agendas, nossos
calendários. Muita gente mantém apenas uma aparência que tem prazo de validade
(apenas enquanto o culto é celebrado no templo), com isso, perde a maravilha de
servir a Deus na vida. Deus não procura homens e mulheres que só funcionam de
congresso em congresso, mas que sabem que foram chamados para o serviço do
Mestre em qualquer tempo (2Tm 4.2).
Levitas das 19 às 21 horas há em
todo lugar, mas gente consagrada em todo tempo é uma raridade que os olhos do
Senhor ainda buscam (Sl 101.6). Deus busca levitas dos hospitais, das prisões,
dos oprimidos, dos moradores de rua, dos perdidos da vida. Não os levitas do
palácio, mas aqueles que conseguem andar nas ruas e enxergar os aflitos. Mais
do que nunca, urge a necessidade de levitas que não ignorem os feridos (Lc
10.32). Que o Eterno Deus levante homens e mulheres que amem o serviço do Seu
Reino.
Conclusão.
Cristo já cumpriu a Lei. Não somos levitas.
Somos servos, gratos a Jesus por ter derrubado os muros das diferenças.
Qualquer um pode louvar e adorar. Não há um monopólio. Não precisamos nascer
numa determinada tribo para termos acesso ao louvor, só precisamos “nacer de
novo” (Jo 3.1-21).
Questionário.
1. Não são poucos os “levitas” que se julgam
num patamar de espiritualidade sublime e infinitamente superior aos outros mortais.
Como está essa “gente”?
R: Essa gente está infectada
pelo vírus absurdo da arrogância (1Co 4.8).
2. Segundo a lição, o que Deus procura?
R: Ele procura servos (Fp 2.3).
3. Cite um dever dos levitas.
R: Levara arca (1Sm 6.15; 2Sm
15.24).
4. Quem a tribo de Levi deveria substituir?
R: Todos os primogênitos do
sexo masculino em Israel (Nm 3.11-13).
5. O que são os dons sem o amor?
R: Sem valor (1Co 13).
Fonte: Revista de Escola
Bíblica Dominical, Betel, Adoração e Louvor, A excelência e o propósito de uma
vida inteiramente dedicada a Deus, Jovens e Adultos, edição do professor, 4º
trimestre de 2016, ano 26, Nº 101, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.
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