Lição 7
Quando o legalismo substitui a adoração.
13 de novembro de 2016
Texto do dia.
(Is 29.13)
"Porque o Senhor disse: Pois que este
povo se aproxima de mim e, com a boca e com os seus lábios, me honra, mas o seu
coração se afasta para longe de mim [...]."
Síntese.
A adoração nasce de um coração que ama a Deus
e não de uma relação jurídica (legal) com o
Criador.
Agenda
de leitura
SEGUNDA - Tg 4.11 A natureza soberba dos
legalistas
TERÇA - Am 5.21 Festas solenes sem pureza de
coração são rituais vazios
QUARTA - Is 58.5 Fórmulas religiosas que para
nada servem
QUINTA - Jr 7.4 O legalismo faz o lugar
sagrado virar um amuleto
SEXTA - Mt 23.4 Os legalistas do período de
Jesus
SÁBADO - Cl 2.21 As regras dos legalistas no
tempo de Paulo
Objetivos
DISCUTIR as origens e
manifestações do legalismo no Antigo Testamento.
DEMONSTRAR que o legalismo era
um desafio constante para a Igreja Primitiva.
REFLETIR a respeito das
atitudes a serem tomadas para evitar o legalismo
Interação
Prezado(a) professor(a), chegamos à metade de
nosso trimestre. Momentos como este são sempre propícios para realizarmos
avaliações, autocríticas e, se necessário, mudanças de atitudes. Por isso, faça a si mesmo perguntas como: Minhas aulas
são motivacionais ou monótonas? Minha linguagem e didática são adequadas para o
nível de meus educandos? Sou um ótimo educador para o tipo de jovens do século
passado ou consigo transmitir os princípios da Palavra de Deus de maneira clara
para os jovens de hoje?
Partindo das respostas, que você também pode
obter por meio de uma consulta aos próprios educandos, desde que seja algo
feito com naturalidade e espontaneidade por eles - numa conversa informal antes
ou depois da exposição do conteúdo, por meio de uma pesquisa por escrito -,
continue as ministrações das aulas tendo como foco principal fazer dos
instantes destes encontros momentos de crescimento pessoal e espiritual para
cada jovem.
Orientação
Pedagógica
Providencie
papel ofício e lápis de cor. Entregue a cada aluno uma folha de papel e
lápis de cor. Dê a eles um comando para desenhar algo (objeto, paisagem) o mais
caprichado possível que eles conseguirem, todavia, informe-os que terão de
seguir algumas regras, pois não será um desenho livre. Abuse no uso das regras,
faça com que os alunos sintam-se "sufocados" com o excesso de
controle que você terá sobre a tentativa de desenho deles. Não os permita usar
determinadas cores, diga que é proibido desenhar certas formas ou objetos.
Encerre a dinâmica indagando-os sobre como eles sentiram-se na elaboração dos
desenhos. Partindo da fala deles, leve-os a refletir a respeito dos perigos e
prejuízos do legalismo.
Texto
bíblico
Atos 5.1-6; 8-10
1. Mas um certo varão chamado Ananias, com
Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade
2. e reteve parte do preço, sabendo-o também
sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
3. Disse, então, Pedro: Ananias, por que
encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses
parte do preço da herdade?
4. Guardando-a, não ficava para ti? E,
vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu
coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e
expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
6. E, levantando-se os jovens, cobriram o
morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.
8. E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por
tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.
9. Então, Pedro lhe disse: Por que é que
entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os
pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.
10. E logo caiu aos seus pés e expirou. E,
entrando os jovens, acharam-na morta e a sepultaram junto de seu marido.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O que é legalismo? Pode-se definir legalismo
como sendo a postura religiosa que privilegia o cumprimento de regras e normas
como caminho para a obtenção de bênçãos divina, inclusive a salvação. Dentre os
perigos de uma religiosidade legalista está a ilusão de tornar-se uma pessoa
melhor, isto é, alguém superior aos outros pelo simples fato de obedecer
rigidamente um determinado conjunto de ordenamentos religiosos. É a respeito
dos riscos e consequências de uma fé genuína tornar-se legalista que discutiremos
na aula de hoje, partindo de alguns exemplos bíblicos.
I
- O SURGIMENTO DO LEGALISMO NO ANTIGO
TESTAMENTO
1. Da institucionalização ao
legalismo. Como
estudamos na última aula, com o enorme crescimento do povo de Israel e com o
início de sua jornada de retorno à Canaã, a adoração e o louvor dos judeus
tiveram que passar por um processo de organização para melhor desenvolvimento
(Êx 19.3-6). Todavia, rapidamente propagou-se a prática legalista, ou seja, ao
invés do povo cumprir as ordenanças divinas por amor e obediência ao Senhor,
parte do povo passou a executar os mandamentos de maneira mecânica e vazia de
intencionalidade ou, pior ainda, por puro interesse (Nm 14.1-37). Nem toda
institucionalização causa legalismo, mas todo legalismo é destruidor em
qualquer tipo de relacionamento, especialmente entre os adoradores e Deus.
2. O legalismo como causa da
tragédia na família de Eli. Um dos primeiros exemplos bíblicos de como o legalismo
pode destruir uma família inteira é o caso da família de Eli (1 Sm 2-4). Os
filhos de Eli não respeitavam as ofertas e espaços sagrados em Israel (1 Sm
2.12-17; 22-25), eram homens de Belial (1 Sm 2.12). Diante desta situação Deus
usa tanto um profeta anônimo (1 Sm 2.27-36), como o adolescente Samuel (1 Sm
3.15-18) para declarar aos ouvidos do próprio Eli a indignação de Deus com a
situação, todavia, nada mudou. O momento mais patente do legalismo da casa de
Eli foi quando seus filhos transportaram a arca da aliança do Senhor para o
meio do campo de batalhas com a intenção de vencerem uma guerra contra os
filisteus (4.3-5). Houve uma comoção geral entre os guerreiros, isto,
entretanto era pura ilusão. Deus não era a arca, muito menos estava preso
dentro dela! Acreditar que venceriam a guerra simplesmente por terem trazido o
objeto sagrado era puro legalismo; o resultado não podia ser outro: derrota,
extermínio do povo, morte da família sacerdotal e rapto da arca (4.11-22).
3. A denúncia do legalismo nos
discursos dos profetas. O
Antigo Testamento está repleto de discursos denunciando esta prática de uma
religiosidade de fachada. Logo no primeiro capítulo de sua profecia, Isaías
denuncia a hipocrisia religiosa daquele povo (Is 1.11-23) e apesar deles
cumprirem várias ações cerimoniais, nenhuma delas era agradável ao Senhor. Já
em Ezequiel 8.1-18, Deus revela ao profeta, através de uma visão cheia de
símbolos, a espiritualidade decadente travestida de piedade daquela geração. Em
Amós 5.21-23, o profeta, que há pouco denominou ironicamente a classe opressora
de "vacas de Basã", declara que o simples cumprimento de cerimônias
religiosas não isentava o povo de Deus de sua responsabilidade social com os
pobres e oprimidos. Religião que declara servir a Deus, mas é incapaz de servir
ao próximo, é puro legalismo.
Pense
O excesso de cuidado no conhecimento e
cumprimento de determinadas normas e regras religiosas pode nos levar a
esquecer qual deve ser a finalidade maior destas: auxiliar-nos a diariamente
tornarmo-nos a imagem e semelhança do Pai.
Ponto
Importante
Se sua fé tem se reduzido a mera observância
de regras, de tal forma que sua relação com Deus já abandonou um caráter
filial, por meio de seu amor integral e desinteressado ao Pai, e tem se tornado
algo legal - onde você exige dEle as recompensas de sua suposta obediência -
você tornou-se legalista.
II - A
LUTA CONTRA O LEGALISMO NA IGREJA PRIMITIVA
1. O legalismo como herança do
farisaísmo na Igreja Primitiva. O cristianismo, apesar de ter rapidamente
atingido o mundo gentio, especialmente através de Paulo, teve em seu surgimento
forte adesão de judeus. Uma das mais tradicionais seitas judaicas daquele
momento histórico eram os fariseus (literalmente, "separados"). A
característica marcante deste grupo era a rigidez com que eles cumpriam a Lei
(Mt 23.23), chegavam até a exceder-se no cumprimento de alguns pontos dela (Lc
18.12). Quando esse conjunto de pessoas ingressou no cristianismo, trouxe junto
suas tradições legalistas, dentre as quais estava a circuncisão para os
cristãos não-judeus, assim como o cumprimento de todo o restante da Lei. É
claro que o conjunto de exigências deste grupo de novos convertidos colidia
diretamente com o discurso da graça, do amor e da misericórdia, proposto e
vivenciado por Jesus e os seus discípulos (Mt 9.13).
2. A rejeição do legalismo entre os
primeiros cristãos. Não
houve negociação entre os líderes da Igreja Primitiva. O legalismo deveria ser
radicalmente rejeitado. Os apóstolos ratificaram que a salvação é obra
exclusiva da morte vicária de Jesus e que por isso nenhum fardo deveria ser
posto sobre os irmãos gentios. O Cristianismo já nasceu com a pretensão de
acolher toda a humanidade; deste modo não era simplesmente mais uma seita
judaica e por isso não necessitava submeter-se às tradições culturais daquele
povo. Paulo, em vários momentos de seu ministério, denunciou a inutilidade do
legalismo dos judaizantes - judeus convertidos ao cristianismo que exigiam dos
gentios o cumprimento de práticas culturais e cerimoniais do judaísmo para
garantir-lhes a salvação (Gl 2.14-17; Fp 3.1-3; Cl 2.16-23; Tt 1.10-16).
3. As distorções teológicas do
legalismo. O
legalismo, no intuito de desenvolver uma piedade comprometida, cria sérios
problemas doutrinários. Por exemplo, se alguém condiciona a salvação a algo
além do sacrifício de Jesus - rituais (Mt 15.1-9), obediência a normas humanas
(Gl 5.1-6), boas obras (Ef 2.8-10) - essa pessoa está usurpando a centralidade
de Cristo na obra salvífica. O legalista, arrogantemente, entende-se como
alguém apto para julgar a espiritualidade dos outros (Tg 4.12). Não devemos ser
juízes de ninguém (Lc 6.37), só há um Juiz (Is 33.22; Jr 11.20), nossa missão é
ser suporte para os mais fracos (Rm 14.1-23). O legalismo transforma a ética
cristã, encarnação histórica do amor (Mt 7.12), em um conjunto vazio de
cumprimento de regras que para nada serve (Mc 7.7-9).
Pense
Você é um legalista? O legalista, arrogantemente, entende-se como
alguém apto para julgar a espiritualidade dos outros.
Ponto
Importante
Misericórdia para com os doentes
espiritualmente não significa conivência com seus atos.
III
- COMO SUPERAR O LEGALISMO
1. Retornando a centralidade de
Cristo em nossa fé. Não
existem amuletos mágicos (sal, copo com água, arca da aliança) ou rituais de
invocação da divindade (sete vigílias, sete salmos, sete hinos de sangue) no
Cristianismo. O centro de nossa fé é Cristo Jesus (Cl 1.27). O legalismo
somente será superado quando, sem medo algum, voltarmos a pregar e viver a mais
simples verdade do Evangelho: a morte e ressurreição de Cristo é a garantia da nossa
salvação (Rm 8.31-39). Se for salvo, vivo para Ele (Fp 1.21); se congrego numa
Igreja é para aperfeiçoamento do "corpo" dEle (do qual eu faço parte
- Ef 4.12,13); se pratico boas ações é para que o nome dEle seja glorificado (1
Pe 2.11,12). Não devemos ter medo de supostas maldições ou "retaliações
divinas", Cristo não é Baal - um deus melindroso - Ele nos ama e tudo que
Ele faz é para abençoar-nos (Ef 1.3-10).
2. Amando mais as pessoas que a
religião. Cristianismo
não é religião - cheia de protocolos e cerimônias - antes é relacionamento
puro, direto e genuíno com Deus. Se em alguma circunstância da vida você
estiver diante de um suposto dilema entre salvar a vida de alguém ou cumprir
uma regra religiosa, não pense duas vezes, salve a vida desta pessoa. Porque
alguém deve fazer isso? 1) Por que em seu lugar Cristo faria o mesmo, na
verdade Ele já fez (Jo 5.1-15; 8.1-11); 2) Porque o cerne do cristianismo não é
cumprir regras, mas amar a Deus, amando a si mesmo e as pessoas ao nosso redor;
3) Algumas religiões fazem guerra e matam pessoas, Jesus veio para dar a sua
vida e ninguém foi capaz de convencê-lo do contrário (Jo 10.17,18).
3. Vivenciando a liberdade
proporcionada pelo Espírito de Deus. A Bíblia é clara: onde está o Espírito do
Senhor, aí há liberdade (2 Co 3.17). Somos livres do pecado, livres para adorar
a Deus e para ter uma vida santa, e servir de exemplo ao mundo daquilo que Deus
pode fazer na vida de um ser humano.
Pense
Adoração não é reprodução mecânica de
palavras ou ações.
Ponto Importante
Adoração não produz ódio. Alguém por
ignorância pode não gostar de nossa fé ou até mesmo de nós, todavia, nosso
louvor a Deus nunca pode ser fonte de discriminação ou maldade.
SUBSÍDIO
"[...]
Judeus cristãos eram chamados 'judaizantes', porque eles criam que todo
aquele que recebesse o evangelho deveria se converter ao judaísmo e guardar a
lei de Moisés, particularmente a circuncisão. O ensino dos judaizantes cria
divisão na Igreja. Eles entram num espírito de exclusivismo judaico e pronunciam
que os crentes gentios incircuncisos não são salvos, e que a fé em Cristo não é
o bastante para a salvação. Estes agitadores dogmaticamente insistem que a
circuncisão deve ser acrescentada à fé no Salvador. [...] O esforço para
judaizar a Igreja cria acalorado debate e tem o potencial de dividir a Igreja
em duas facções, uma com sede em Jerusalém e outra, em Antioquia. A integridade
do evangelho e a unidade da Igreja estão em jogo. A palavra traduzida por 'não
pequena discussão' (stasis) significa literalmente 'insurreição, facção,
discórdia', ao passo que a palavra traduzida por 'contenda' (zetesis) quer
dizer 'disputa, discussão'. Estas duas palavras descrevem uma situação dominada
por conflito que é provocada por raiva, desunião e discussão" (ARRINGTON, F.
L; STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2006, p.709).
ESTANTE
DO PROFESSOR
GONÇALVES, José. Defendendo o Verdadeiro
Evangelho. 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007
CONCLUSÃO
O legalismo é uma antiga doença que tenta atacar
o povo de Deus. Desde o Antigo Testamento até nossos dias a sedução de fazer da
fé um aglomerado de proibições, prescrições e juízos é algo tanto real quanto
perigoso. Por isso, devemos cada vez mais nos empenharmos para desenvolver um
relacionamento vivo, íntimo e pessoal com Deus, livre o suficiente para
expressarmos a sinceridade de nossos corações
Hora da
revisão.
A partir dos seus conhecimentos e das
discussões em sala de aula defina o que é legalismo.
Pode-se definir legalismo como
sendo a postura religiosa que privilegia o cumprimento de regras e normas como
caminho para a obtenção de bênçãos da divindade, inclusive a salvação.
Apresente episódios bíblicos onde fica
bastante claro a manifestação de uma religiosidade legalista (No mínimo dois no
AT e outros dois no NT).
AT - Precipitação dos Filhos de Eli
(I Sm 2-4); Contemporâneos de Amós (Am 5); NT - Discussões no Concílio de
Jerusalém (At 15); Judaizantes nas igrejas da Galácia (Gl 2)
Que tipos de problemas ou contradições de
natureza teológica o legalismo pode trazer?
Defesa da salvação a partir da
obediência a regras humanas; distorção dos princípios éticos; divisão das
pessoas entre puros e impuros segundo as normas da religião.
Como podemos superar o legalismo?
Resposta Pessoal. (Sugestão: criação de regras quanto a tipos
específicos de ritmos ou canções na igreja).
Fonte: CPAD, Revista, Lições
Bíblicas Jovens, Em Espírito e em Verdade – A Essência da Adoração Cristã,
Comentarista Thiago Brazil, professor, 4º trimestre 2016.
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