Lição 9
A oração como adoração.
27 de novembro de 2016.
Texto
Áureo
Salmos 42.8
“Contudo, o Senhor mandará
de dia a sua misericórdia, e de noite a sua canção estará comigo: a oração ao
Deus da minha vida.”
Verdade
Aplicada
A oração é um dos ingredientes essenciais de
uma verdadeira adoração.
Objetivos
da Lição
Resgatar a oração como adoração;
Compreender que oração e louvor também se completam;
Incentivar a prática da oração como adoração.
Glossário
Enlace: Ação ou efeito de enlaçar ou enlaçar-se; união;
Evocar: Chamar (alguém) para fora do lugar onde está;
invocar;
Genuíno: Puro, sem mistura nem alteração, natural,
próprio, verdadeiro, sincero.
Leituras
complementares
Segunda Ne 1.5-11
Terça At 2.42-47
Quarta Rm 12.9-12
Quinta Ef 6.10-18
Sexta Cl 4.2-6
Sábado Ap 5.1-8
Textos
de Referência.
Salmos 42.1-4
1 Como o cervo brama pelas correntes das
águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
2 A
minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei
ante a face de Deus?
3 As minhas lágrimas servem-me de mantimento
de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
4 Quando me lembro disto, dentro de mim
derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à casa de
Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.
Hinos
sugeridos.
88, 151, 296
Motivo
de Oração
Ore por mais desejo e vontade de buscar a
Deus.
Esboço
da Lição
Introdução
1. A oração no século da
indiferença.
2. Desfrutando da intimidade
com Deus.
3. A oração que louva.
Conclusão
Introdução
Nossa alma carece da oração. Orar é muito
mais do que apresentar a Deus uma lista interminável de petições. Os adoradores
genuínos amam a oração, pois dela tiram tudo que são e que oferecem ao Senhor
(Lc 18.1-8).
1. A
oração no século da indiferença.
A atualidade é marcada por ser a era da
indiferença. Em tempos assim, orar é revolucionário, pois, se a oração revela
nossas preocupações com os outros, quando oramos por nossos irmãos, quebramos
as garras da indiferença e afirmamos pertencer ao Corpo de Cristo.
1.1. Três
qualidades essenciais na oração.
Existem três qualidades essenciais para a
experiência da oração. Primeiro, amor uns pelos outros. A natureza do amor de
Cristo é sua segurança de ser amado pelo Pai, que o torna livre para amar os
homens sem medo e sem reservas. Segundo, o desprendimento das coisas terrenas.
Quando oramos “seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”, desejamos
desde já experimentar as realidades eternas aqui. Nossos afetos são transformados.
Desejamos mais as coisas que refletem a imagem de Cristo em nós. Terceiro, o
exercício da verdadeira humildade. A humildade nasce das duas compreensões
básicas. A primeira diz respeito a Deus e a segunda a nós mesmos. É fundamental
compreender diante de quem estamos e a quem dirigimos nossas orações, e quem
somos nós diante de Deus. A humildade nos faz reconhecer que não temos nada de
nós mesmos e que tudo o que temos são dádivas de Deus (Rm 8.32).
Se a indiferença se transforma em
regra, o conceito de comunidade agoniza. A oração destrói o edifício da
indiferença porque nos coloca no lugar: dependentes de Deus e dos outros.
Quando nossos afetos se mostram desordenados, a oração também se nos mostra confusa.
A carência nos afetos torna-nos egocêntricos na oração. Não há receitas para a
oração. Uma das armas responsáveis pelo declínio da oração nos nossos dias é a
tentação da receita. Muitos livros são lançados sobre “como orar”, “sete passos
para a oração que Deus responde”, “faça a oração que move a mão de Deus”, e
muitos outros nessa infeliz linha. Influenciados pelas lógicas do comércio,
esquecemos que orar é conversar com Deus, não comprar um produto qualquer.
1.2. A
oração como confronto.
O homem pós-moderno julga-se seu próprio
deus. Quando tudo é feito para o meu próprio prazer, então sou o deus de minha
própria vontade. Contudo, ao orar, estou enfatizando a verdade de que não sou
um deus – tenho necessidades, carências. Dirijo-me a um ser maior do que eu.
Esse confronto que a oração propõe ao meu ego quebra a arrogância e me torna –
ou devolve – a condição original. Como o homem, no século da indiferença, não
consegue existir por conta própria, a oração despedaça seu mundo autoconfiante.
Esse confronto é um passo para a consciência do quebrantamento.
Quando a adoração tem esses
elementos: quebrantamento, contrição e carência honesta, transforma-se numa
melodia da graça de Deus nesses tempos de distâncias dos corações.
1.3. A
oração e a luta contra o tempo.
Atualmente, a correria tem afastado muita
gente do lugar da oração. Influenciados pela sociedade da pressa, muitos
perderam a maravilha de passar tempo em oração. O relógio da pós-modernidade
não suporta esperar. As pessoas acham que se perderem algum tempo, diminuirão
seus ganho, perderão oportunidades. O sucesso vem antes da espiritualidade. A
oração de Moisés precisa ser feita pela massa pós-moderna: “Ensina-nos a contar
os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” (Sl 90.12). Se
perdermos essa certeza em relação à vida de oração, estaremos condenados a uma
vida insana de correrias e cansaço. Quando aprendermos a dádiva da oração como
ingrediente indispensável para a existência feliz e segura, poderemos
descansar.
Quando oramos, evoluímos da simples expressão
de nossa vontade para a abertura mais profunda de nossa dimensão íntima,
secreta, discreta e particular. Ser adorador sem oração é como ser pescador e
odiar o mar.
2. Desfrutando
da intimidade com Deus.
Intimidade é privilégio de poucos. Uma das
grandes tragédias da atualidade é a distância entre nós e Deus. Falta-nos a
dimensão do quarto fechado (Mt 6.6). Se perdermos a intimidade com Deus, também
perderemos o senso daquilo que O machuca. Resgatar a maravilha de estar em Sua
Presença é resgatar a alegria de adorá-Lo pelo que Ele é.
2.1.
Uma santa amizade.
Intimidade é produto do tempo. Não pode ser
produzida por arranjos técnicos. É uma santa amizade com Deus. Numa época onde
a carência de verdadeiros amigos corrói relacionamentos, a oração nos auxilia
na construção de uma relação honesta e segura com o Senhor. Ficamos inquietos
quando o dia se arrasta em afazeres (Marta) e o tempo vai dizendo que não
conseguiremos desfrutar da presença de Deus (Maria). A oração que adora é a
oração que ora!
A oração que adora é a oração que
ora! É quando sei que posso perder tudo, mas jamais perderei a graça de
desfrutar do Amigo por excelência.
2.2. Liberdade
no mundo dos cativos.
A oração nos propicia uma adoração liberta.
Chegamos a Deus em absoluta leveza, com coração puro (Hb 10.22). Desfrutar da
intimidade com Deus é ter a garantia da verdadeira liberdade. Podemos orar
honestamente, permitindo que a alma fale com seu Criador. Não há carrascos da culpa,
nem carcereiros da religiosidade. Quando a alma ora e adora, é livre para
encontrar-se com seu Senhor em absoluto enlace de amor – em êxtase.
É importante destacar que os
efeitos da ausência de intimidade com Deus são muitos: ver adoração como um
negócio; transformar a pregação em uma performance; desenvolver uma
espiritualidade positiva barata; entre outros.
2.3. A
alegria do relacionamento pessoal.
Uma das grandes verdades fundamentais da
teologia é que Deus é uma pessoa! A oração que adora é aquela que compreende e
ama essa verdade. Quando isso acontece, oramos não buscando as dádivas de Deus,
mas o Deus acima de qualquer provável benefício. Amamos a pessoa. Não ficamos
confundindo Deus com um mágico celestial, mas O respeitamos como ser de
relação, ser que abraça e ama. Deus chora por relacionamentos legítimos. Chega
de orações interesseiras, pretensiosas e ofensivas ao coração do Pai.
O Eterno Senhor Deus escolheu se
revelar ao homem utilizando uma imagem de relação: Pai. Infelizmente, muitos
enxergam o Pai apenas como provedor, mantenedor de vontades infantis. Essa não
deve ser a tônica no nosso relacionamento com Deus. A oração que adora é aquela
que desembaça a visão das coisas e fixa nosso olhar no Pai. A passagem bíblica
de Mateus 7.7-8 nos aconselha para pedir, buscar e bater. O mesmo texto garante
que a porta se abre, o adjetivo da busca é alcançado e o da petição também, mas
não diz quando! Muitos, tentando encurtar o tempo da espera, investem na
quantidade da reza desvirtuando a oração. Deus não presta atenção à pompa das
palavras ou à variedade de expressões, mas à sinceridade e a devoção do
coração. É importante lembrar que a chave abre a porta não porque se encaixa na
fechadura.
3. A
oração que louva.
Muitos dos Salmos são orações cantadas.
Alguns dos belos hinos de nossa Harpa Cristã são orações cantadas. Essa atitude
de cantar orações cantadas. Essa atitude de cantar orações é uma das práticas
mais antigas da espiritualidade cristã. Ela evoca dimensões profundas do
envolvimento entre o ser que ora e o ser que ora e o ser que adora – sem
distinções – pois orar, cantar e adorar podem ser três acordes de uma mesma
sinfonia da alma.
3.1.
Louvando ao Deus que caminha conosco.
Um fato interessante no livro de Salmos é a
forte presença da salvação como elemento da oração. Os salmistas apresentam uma
situação de crise e a oração; dentro desse contexto aparecem a graça e a
salvação. Alguns Salmos chegam a trabalhar, na mesma frase, a dor e o louvor:
“Salva-nos, Senhor, porque faltam homens benignos; porque são poucos os fiéis
entre os filhos dos homens.” (Sl 12.1). Orações como essas cantam uma certeza
inabalável: há um Deus que caminha conosco na fúria da história. Esse é um dos
grandes motivos que temos para orar e louvar: não andamos sozinhos.
É importante lembrar que não somos
condenados à solidão. Precisamos redescobrir a oração que louva ao Deus
companheiro de caminhada. É a oração que se alimenta de um coração que arde
pelo caminho (Lc 24.32). O Eterno Deus não reconhece fórmulas. É perniciosa a
ideia de que Deus só responde orações que tenham determinadas marcas, fórmulas.
Deus não leva em consideração a reza de um robô treinado para elaborar orações
trezentas vezes mais bonitas que a sua. A oração genuína é uma conversa entre
Pai e filho. Deus responde a toda e qualquer oração que venha honesta, da alma.
O problema é que não entendemos (ou não queremos entender) Suas formas de
responder. Muitas são as orações que Deus responde em silêncio, apenas com Seu
olhar. Conseguimos realmente discernir o silêncio de Deus? O problema ainda
maior é que, imersos num tempo de velocidade, achamos que Deus é obrigado a nos
responder objetivamente o mais rápido possível. Assim, distorcemos versículos
para a nossa própria tragédia hermenêutica.
3.2. Sempre
há motivos para orar e louvar.
Todos temos motivos para a oração e para o
louvor. Motivos para essas práticas nunca vão faltar. Tanto os bons motivos
quanto aqueles que trazem dor são todos elementos de uma mesma fé. Oramos e
louvamos pelas bênçãos e pelas crises. Oramos e louvamos na festa e no luto.
Por quê? Porque nossa composição espiritual é assim. Essa é a nossa natureza.
Encontramos forças para orar e certezas para louvar.
Encontramos o alívio na oração e a
gratidão no louvor. Essas dimensões vão se encontrando em nossa vida cristã
todos os dias. Assim, em qualquer circunstância, devemos orar, e, quando a
oração for se tornando nossa respiração (1Ts 5.17), então o louvor fluirá
livre, leve, pleno e cheio da alegria de nos tornarmos motivos de louvor. Não
deve haver contradição entre o ser que ora e o que vive. Algumas pessoas, no
momento da oração, parecem completamente outra. Mudam de voz, de personalidade.
A oração genuína é aquela que parte de quem sou. Deus não ama as palavras que
sei dizer – Ele ama a mim! Não é a beleza ou a correção teológica que legitimam
a oração e adoração, mas sim, a integridade da alma. Orações são falas da alma.
Enquanto essa verdade não for amada por mim, não orarei de verdade. É
contradição mortal orar aquilo que não sou. É amordaçar a alma para que a
verdade de quem sou não me machuque. Quando destruímos a contradição entre o
ser que ora e o ser que vive, a adoração pode fluir. Deus é Deus de honestos.
3.3. A
oração preenche de conteúdo nosso louvor.
A crise do louvor na atualidade é basicamente
uma crise de conteúdo. A cura para a doença da falta de qualidade está na
oração. Ao invés de fazermos uma reunião para avaliar de forma fria e
marqueteira onde estamos errando, voltemos à oração. O cenáculo ainda é o ponto
de partida para o poder (At 1.12-13). Quando oro, minha alma se deleita em Deus
– e isso produz o estado de espírito ideal para o louvor. Não é legítimo o
“louvor” que obriga a Deus a fazer uma série de coisas para mim, mas sim,
aquele destrona meu ego: “Seja feita a sua vontade”. O caminho de Cristo –
esvaziar-se – precisa ser nosso caminho.
Quando chegamos à presença de Deus
esvaziados do ego e da arrogância, através da oração honesta, ganhamos o
conteúdo para louvar, e aí sim temos um novo cântico e uma nova vida. Quando
temos a oração como desejo sincero da alma, temos o conteúdo ideal da adoração
e podemos viver com a segurança de um filho que pode conversar com seu Pai a
qualquer momento.
Conclusão.
A oração genuína é uma das mais incríveis
formas de adoração. Ela nos ajuda na tarefa bela de chegar a Deus em certeza de
fé. Abençoados pelo privilégio de chegar à presença de Deus, temos a alegria de
abrir nossas almas e com isso redescobrirmos motivos para louvar.
Questionário.
1. O que a humildade nos faz reconhecer?
R: Que não temos nada de nós
mesmos e que tudo o que temos são dádivas de Deus (Rm 8.32).
2. Qual a oração precisa ser feita pela massa
pós-moderna?
R: A oração de Moisés (Sl
90.12).
3. Qual é uma das grandes tragédias da
atualidade?
R: A distância entre nós e Deus
(Mt 6.6).
4. Cite um Salmo que trabalhe na mesma frase,
a dor e o louvor?
R: “Salva-nos, Senhor, porque
faltam os homens benignos; porque são poucos os fiéis entre os filhos dos
homens.” (Sl 12.1).
5. O que ainda é o ponto de partida para o
poder?
R: O cenáculo (At 1.12-13).
Fonte: Revista de Escola
Bíblica Dominical, Betel, Adoração e Louvor, A excelência e o propósito de uma
vida inteiramente dedicada a Deus, Jovens e Adultos, edição do professor, 4º
trimestre de 2016, ano 26, Nº 101, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.
Muito enriquecedora essa lição.
ResponderExcluirPrecisamos ter um contato com Deus através da oração.
Amém!
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