Lição 10
A adoração sem conhecimento.
04 de dezembro de 2016
Texto
do dia.
(Jo 4.10)
"Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu
conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe
pedirias, e ele te daria água viva."
Síntese.
Adorar a Deus é o mais nobre privilégio que o
Pai concede-nos. Por isso, faça-o com todo o zelo, fervor e empenho de sua
alma; sabendo que adorar a Deus é conhecê-lo.
Agenda
de leitura
SEGUNDA - Jo 4.9 O trauma sociocultural
TERÇA - Jo 4.10 A ignorância da mulher
QUARTA - Rm 10.14 A impossibilidade de uma fé
genuína em virtude da ignorância
QUINTA - At 17.23 Os atenienses e o deus
desconhecido
SEXTA - Jo 4.23 A revelação da essência da
adoração
SÁBADO - Jo 4.42 As consequências da
verdadeira adoração
Objetivos.
IDENTIFICAR as características
de quem não adora a Deus.
ANALISAR o perfil do
verdadeiro adorador.
APONTAR as consequências da
adoração para a vida daquele que tem esta experiência.
Interação.
Caro(a) educador(a) cuidado para não deixar
sua aula cair no erro da repetitividade. Nosso tema geral é "louvor e
adoração", todavia, esta temática possui vários desdobramentos, pode ser
analisada sob várias outras perspectivas além daquelas que aqui abordamos.
Lembre-se, o espaço para desenvolvimento e escrita de cada lição é limitado,
mas sua criatividade e amor pela educação espiritual de seus jovens não. Faça
as devidas adaptações a sua realidade, dê ênfase ou insira outras questões,
conforme a necessidade de seus educandos.
Este conjunto de lições não é uma "camisa-de-força"
para tolher seu ministério, antes, é um material didático, ou seja, é algo para
apoiar você; é um caminho previamente traçado, uma clareira aberta na
"selva de discussões" da sociedade atual, existente exclusivamente
para auxiliar e abençoar sua tão nobre tarefa de educar jovens para o futuro e
bem-estar da Igreja.
Orientação
Pedagógica
Você vai precisar de vendas para os olhos. O objetivo é submeter
os educandos a uma situação de estranheza, assim como a vivida pela mulher
samaritana no contexto a ser estudado na lição de hoje. Selecione de dois a
cinco educandos, vende-os e peça para que eles sigam as instruções que serão
dadas. A intenção das instruções que você dará é gerar estranheza ou
resistência nos alunos, para tanto use a criatividade: peça que os vendados
abracem alguém que está a sua frente; oriente-os a dar seus calçados para
alguém, sabendo que eles poderão ser escondidos; solicite que eles escolham
alguém para trocarem de lugar com eles; peça que eles façam um bonito desenho,
etc. Ao final, reflita com seus alunos a respeito de como é difícil fazer algo
quando não se tem certeza do que deve ser feito ou quando é algo relacionado a
alguém que não se conhece previamente.
Texto
bíblico
João
4.19-24
19. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és
profeta.
20. Nossos pais adoraram neste monte, e vós
dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.
21. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a
hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22. Vós adorais o que não sabeis; nós
adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
23. Mas a hora vem, e agora é, em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai
procura a tais que assim o adorem.
24. Deus é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O episódio da mulher de Samaria pode ser
tomado como uma imagem da condição espiritual de muitas pessoas na época de
Jesus e ainda hoje há pessoas que elegem lugares, outras pessoas e até elas
mesmas como elementos dignos de adoração. A ignorância é um perigoso estado
para aquele que busca a Deus.
I - O
ESTADO DAQUELES QUE DESENVOLVEM UMA INADEQUADA ADORAÇÃO
1. A ignorância cega a razão e o
coração.
Sicar, cuja localização exata é desconhecida, ficava numa região árida. Ao
meio-dia, horário do encontro da mulher com Jesus, o clima é extenuante. O
Mestre aguarda seus amigos que foram à procura de alimentação; o pedido por
água - ainda que estranho em nossos dias de violência e individualismo -, era
uma prática corriqueira naquela época. A mulher, fundamentada em seu
preconceito, nega o pedido. Como alguém, que inclusive afirmará que adora a
Deus (v.20), poderia ser tão insensível à necessidade do próximo? Está é a
desprezível consequência que a ignorância espiritual causa: dureza de coração
(Is 46.12; Ez 2.4). Note-se assim que a falta de um conhecimento verdadeiro de
Deus pode, rapidamente, transformar indiferença em conivência com o sofrimento
alheio. Quem conhece a Deus não negará um copo de água fria a nenhum dos filhos
dEle (Mt 10.42).
2. O pragmatismo torna-se o
objetivo do culto. A
ausência de um conhecimento verdadeiro sobre quem é Deus e sua obra, conduz os
indivíduos a perderem a percepção de uma existência além do imediatismo da
vida, ou seja, de um pragmatismo existencial (Is 22.13; 1 Co 15.32). Para estas
pessoas, aqui representadas pela mulher de Samaria, a solução de seus problemas
mais urgentes é a razão de ser de qualquer culto, louvor ou relacionamento com
Deus. Na verdade, para esse tipo de pessoa, Deus só "serve" para
resolver os problemas do momento. Para a mulher, alguém que a auxiliasse a ter
água com facilidade (Jo 4.15), de modo que ela não necessitasse mais expor-se
como fazia todo meio-dia, seria alguém digno de ser, no mínimo, seguido, quem
sabe até adorado.
3. A normalização do pecado. Todos somos
pecadores, todavia lutamos diariamente para que o pecado não nos domine (Gn
4.7; Rm 3.23; 6.14). Aqueles que não mantêm um relacionamento pleno e consciente
com Deus, "domesticam" o pecado e fazem dele algo próprio de suas
vidas. Aquela mulher já havia mantido cinco outros relacionamentos, e agora
estava numa sexta aventura amorosa ilicitamente (v.18). Mesmo assim, ela se
considerava uma adoradora de Jeová.
II
- A VERDADEIRA ADORAÇÃO
1. A adoração é algo
consciente. Um dos primeiros
fatos que denunciam a fragilidade da fé da mulher que conversa com Jesus é sua
incerteza sobre onde adorar (v.20). A pergunta sobre "onde adorar?",
traz consigo implícitas outras questões: "Como adorar?" e "Quem
adorar?" Pode-se assim concluir que a espiritualidade daquela mulher era
algo que refletia muito mais a reprodução de comportamento cultural do que uma
ação consciente. Somente é possível prestar o verdadeiro louvor a Deus se, pelo
menos, soubermos quem Ele é. Logo, a adoração não pode resumir-se a um simples
êxtase ou um impulso irracional em busca do desconhecido. A oração de Jesus em
João 17 é um maravilhoso exemplo de que um dos fundamentos da adoração é uma
relação consciente com o Pai, um processo gradual e espiritual, de conhecimento
em amor (Jo 17.24,25).
2. Adorar em espírito e em verdade.
A
vivência da adoração não é algo limitado a um aspecto físico - um determinado
local, por exemplo -, muito menos pode ser fundamentada sobre opiniões ou
tradições míticas. A verdadeira adoração é "em espírito", ou seja, é
uma experiência que tem seu nascedouro no interior do homem, que mobiliza
partes do ser homem que foram criadas por Deus para serem canal de comunicação
entre o Criador e seus filhos (Pv 20.27). Além disso o louvor a Deus deve ser
"em verdade", isto é, por meio de uma "revelação" - que é o
significado imediato da palavra grega (aletheía) (2 Co 13.8). A verdade na vida
de um adorador implica uma vida entregue realmente aos cuidados de Deus, onde
Ele tem total comando, e onde é adorado não apenas nos momentos de comunhão do
culto, mas também nos momentos da vida comum, como trabalho, estudos, família e
demais relacionamentos onde Deus também deve se manifestar.
3. Adoração como uma urgência. Jesus não mediu
palavras e disse à mulher que o tempo para a vivência de uma verdadeira
adoração já havia chegado (v.21). O erro daquela mulher, que é o mesmo de
muitas pessoas ainda hoje, foi imaginar que o louvor ao Pai era algo apenas
para um momento específico ou para um tempo futuro. Não há mais tempo a perder,
o desenvolvimento de uma vida de adoração é algo urgente, uma viva necessidade
da Igreja para o tempo que se chama hoje! Infelizmente em muitas igrejas o
tempo da adoração tem sido consumido por infindáveis, e muitas vezes
dispensáveis, avisos; já em outras comunidades é a má gerência do tempo de
acontecimento do culto (atraso para começar, demorar para execução dos
louvores, hiatos de continuidade) que atrapalham a adoração. Cada instante de
nossas vidas, especialmente aqueles que dedicamos a Deus na igreja, precisam
ser bem aproveitados.
III -
OS EFEITOS DA VERDADEIRA ADORAÇÃO
1. Compreensão da adoração como
comunhão com Deus.
Antes de assimilar o verdadeiro conceito de adoração, a mulher estava
preocupada com o protocolo certo a seguir: deveria adorar no Templo em
Jerusalém ou em Siquém, no monte Gerizim (v.20)? Após a percepção de que Jesus
não era um profeta qualquer (v.19), mas o próprio ungido de Deus enviado a
terra (v.26), a mulher quebra todos os protocolos culturais e sociais, chama os
habitantes da cidade a virem conhecer aquEle que os judeus, mas também os
samaritanos esperam, o Cristo (v.29).
2. O desejo de partilhar o
conhecimento de Deus. A
aproximação entre a mulher de Sicar e Jesus foi inicialmente turbulenta e cheia
de rancores culturais (ela era samaritana, Jesus judeu; ela uma mulher de vida
complicada, Jesus um santo homem). Contudo, após o esclarecimento sobre a
pessoa e natureza da missão de Jesus, a mulher não conseguiu conter-se, e
pessoalmente foi compartilhar a maravilhosa revelação a que teve acesso com
seus conterrâneos.
3.Tornar-se inspiração para a vida
de outros.
Num mundo tão repleto de exemplos negativos, devemos nos empenhar em ter uma
vida de adoração ao Pai, e por meio desta, tornarmo-nos exemplo para nossa
geração. A mulher pôde ouvir, dos habitantes de sua vila, que a fé em Jesus que
ela inicialmente testemunhara, tornara-se uma viva consciência espiritual em
cada pessoa daquele vilarejo. A adoração não nos torna escandalosos, de modo a
afastar pessoas de Cristo; ao contrário, a fé no Salvador é algo tão poderoso e
transformador do caráter de uma pessoa que esta passa a ser exemplo e
inspiração a todos aqueles que o cercam (At 9.19-21).
Num mundo tão repleto de exemplos negativos,
devemos nos empenhar em ter uma vida de adoração ao Pai, e por meio desta,
tornarmo-nos exemplo.
SUBSÍDIO
1
"Sabemos muita coisa a respeito da
mulher junto ao poço. No oriente, a hora de pegar água no poço era a ocasião em
que as mulheres de uma comunidade reuniam-se para conversar, enquanto se
dirigiam ao poço, voltavam dele, ou esperavam a retirada de cada jarro de água.
Mas a mulher de nossa história vem sozinha. Evidentemente, alguma coisa a
separou das outras mulheres da cidade, e fez dela uma pessoa socialmente
proscrita. E sabemos mais. Nenhuma mulher naquela cultura falaria com um homem
sem que seu marido estivesse presente. Jesus também sabia disso, por isso seu
pedido 'vai chamar teu marido' (4.16) tinha a intenção de confronto. Mas não há
indicações culturais para o fato de que ela tivesse tido cinco maridos e agora
estivesse vivendo com outro, sem estar casada. Assim estendemos sua surpresa
quando Ele, homem judeu, é condescendente em falar com uma samaritana. E os discípulos
ficaram surpresos por encontrá-lo dialogando com uma mulher sozinha. [...]
Muitas pessoas evitadas por outras estão esperando que nos aproximemos delas.
Como Jesus, nós podemos reconhecer o pecado nos outros, sem acusar nem
condenar" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. 3 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 206).
SUBSÍDIO
2
"Muitas vezes, João registra declarações
depreciativas, sarcásticas ou céticas que as pessoas fazem sobre Jesus. Em João
4.12, por exemplo, a mulher samaritana pergunta: 'És tu maior do que Jacó, o
nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o
seu gado?' Essas afirmações, como meio de ironia, são verdades ou mais
relevantes do que o orador percebe no momento em que o profere. Contudo, o
leitor do Evangelho, tendo a essa altura, pelo menos, alguma noção de quem é
Jesus, percebe que a afirmação é verdade e pode sancioná-la. No caso da
passagem 4.12, Jesus, de fato, é maior que Jacó. [...] Em João 4, Jesus, no diálogo
com a mulher samaritana, faz uma declaração a respeito da natureza de Deus.
'Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade' (v. 24). Embora nenhum desses dois usos da palavra 'espírito' aludam
diretamente ao Espírito Santo, a noção de que a adoração deve acontecer em
espírito e verdade pressupõe a atividade do Espírito da verdade que leva o
crente à verdadeira adoração" (ZUCK, Roy. Teologia do Novo Testamento.
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. pp.190, 221).
ESTANTE
DO PROFESSOR
ZUCK, B. Roy. Teologia do Novo Testamento.
1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
CONCLUSÃO
Assim como a mulher em Samaria teve sua
história revolucionada, que nosso encontro com Jesus transforme tudo em nós:
que nosso testemunho seja para edificação daqueles que estão à nossa volta, que
sejamos libertos de todos os nossos pecados, até daqueles que estão no mais
profundo de nossas almas. Mas, acima de tudo, que sejamos partícipes da
comunidade dos verdadeiros adorares do Pai.
Hora da
revisão.
Apresente as principais características
daqueles que ainda não adoram, verdadeiramente, ao Pai.
Possuem o coração e a mente cegos;
o culto tem como objetivo a obtenção de resultados; veem o pecado como algo
normal.
O que significa dizer que nossa adoração a
Deus precisa ser consciente?
Que somente podemos adorar a Deus
se de fato conhecermo-lo, numa experiência pessoal e espiritual.
Quais as principais consequências de uma vida
de adoração?
Uma vida de comunhão com Deus,
desejo de comunicar o amor de Deus, tornar-se inspiração para outras pessoas.
É possível adorar a Deus sem reconhecer quem
Ele é? Justifique sua resposta.
Não. Resposta Pessoal (Sugestão:
Alguém que ignora quem é o Senhor corre o risco de adorar pessoas ou seres,
tornando-se assim um idólatra.)
Um verdadeiro adorador pode ser tão egoísta a
ponto de não desejar partilhar o Evangelho? Justifique sua resposta.
Não. Resposta pessoal. (Sugestão:
Pois o amor de Deus transborda em nossos corações a ponto de ser impossível, se
há de fato adoração e comunhão, não partilhar o amor de Deus.)
Fonte: CPAD, Revista, Lições
Bíblicas Jovens, Em Espírito e em Verdade – A Essência da Adoração Cristã,
Comentarista Thiago Brazil, professor, 4º trimestre 2016.
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