Lição 05 - Mefibosete e o milagre
da restituição e da honra
02 de novembro de 2014
TEXTO ÁUREO
“E Jônatas, filho de Saul, tinha
um filho aleijado de ambos os pés; era da idade de cinco anos quando as novas
de Saul e Jônatas vieram de Jizreel, e sua ama o tomou, e fugiu; e sucedeu que,
apressando-se ela a fugir, ele caiu, e ficou coxo; e o seu nome era Mefibosete”
2Sm 4.4
VERDADE APLICADA
A Graça Divina não mira nossos
defeitos nem tampouco nossas impossibilidades, ela não pede nenhum outro esforço
que não seja a fé para que a aceitemos em nossas vidas.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
1. Esclarecer que Mefibosete
era o filho de um rei que vivia no anonimato;
2. Destacar o poder da graça
divina quando existe uma aliança feita por Ele;
3. Ensinar que Mefibosete
tipifica uma geração que Deus deseja honrar em nossos dias.
Leituras complementares:
Segunda 2 Sm 4.4 Terça 2Sm 9.1-13 Quarta Pv 3.16 Quinta Pv 18.12 Sexta Hc 2.1-3 Sábado Rm 8.19
Textos de referência: 2Sm 9.6,
10-12
I
NTRODUÇÃO
A história de Mefibosete traz um
misto de fracasso e de sucesso. Ele era o filho de Jonatas, o amigo de Davi.
Jonatas era um homem sábio, que viu em Davi a unção de rei, sabia que seu
próprio pai estava reprovado por suas ações e vida de desonra a Deus, e mesmo sendo
o sucessor ao trono, renunciou porque via em seu amigo o homem escolhido para
liderar os exércitos e a nação de Israel (1Sm 18.3-4).
1. Mefibosete, o filho de Jonatas
Antes da morte de Saul, Jonatas e
Davi firmaram um pacto entre famílias. Jonatas o protegia das loucuras de seu
pai Saul e se um dia ainda vivesse, Davi tornando-se rei cuidaria dele e de
seus descendentes (1Sm 20.13-17).
1.1
Um trágico acidente
Para a tristeza de Daví, Jonatas
e Saul morrem no mesmo dia, e Davi se tornou o rei de Israel. Era comum que um
novo rei exterminasse a todos os familiares do antecessor para que não houvesse
uma insurreição. Assim, quando a notícia da morte de Jonatas e Saul se
espalhou, a desgraça veio a casa de Jonatas e seu filho Mefibosete de cinco
anos de idade, além de perder seu pai e o futuro trono de Israel, ficou coxo de
ambos os pés, porque no afã de salvá-lo da morte a ama que dele cuidava o
derrubou (2Sm 4.4).
1.2
Mefibosete, o príncipe que vivia em Lo-Debar
Após a ascensão de Davi ao trono
de Israel não se houve mais falar em Mefibosete, ele é levado para Lo-Debar e
lá vive exilado e totalmente esquecido por todos, inclusive Davi. “Lo-Debar”
significa: “sem pasto” um lugar deserto e árido, e “Mefibosete” significa:
“semeador de vergonha”. Em Lo-Debar, Mefibosete viveu sem fé, sem esperança e
sem Deus. Além de tudo isso, a pessoa que foi encarregada de cuidar dele
usurpou todos os bens que possuía (2Sm 9.2-3). No deserto, com medo da morte,
andando com dificuldades, e totalmente aquém da sociedade, Mefibosete não
possuía qualquer perspectiva de mudança em sua vida, nem mesmo sabia da aliança
entre Davi e seu falecido pai (2Sm 9.3-4,7).
1.3
Toda promessa tem um tempo para se cumprir
O tempo passou e Mefibosete
cresceu no deserto de Lo-Debar longe de tudo que lhe era de direito. Até que o
tempo de deus chegou e Davi se lembrou da aliança que havia feito com Jonatas.
Observe as palavras de Davi. Ele usa o mesmo termo para graça e honra.
“Benevolência”. E disse o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que eu
use com ele da benevolência de Deus? (2Sm 9.3). E Ziba responde: “Ainda há um
filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés”. Enquanto Davi intenciona honrar
Mefibosete, o mal intencionado Ziba, que havia se apossado das terras do
príncipe aponta seus defeitos. Ziba conhecia a generosidade do rei e mostrou o
defeito para impedir o rei de abençoá-lo (Pv 3.16; 18.12). Isso nos recorda
muitas situações do cotidiano não é mesmo?
2. Do deserto à mesa do rei
Existem pessoas que são mal
intencionadas. Ziba não nega a existência, mas faz questão de apresentar o
defeito, ele sabia que uma pessoa deficiente não poderia entrar no palácio, só
não sabia que aquele estava marcado com o selo real e com o pacto da promessa.
Na verdade, não importava o que Ziba via, mas o que o rei estava vendo.
2.1 Quando a surpresa bate à
porta
Quando os guardas bateram à porta
de mefibosete em Lo-Debar, deve ter sido para ele como o dia do juízo, pois
sabia que sua vida estava em risco, e como não podia correr deve ter pensado:
“agora chegou meu fim”. Mas o que para ele parecia o fim, para Deus era o
começo de uma nova história. Ninguém pode impedir nossa honra quando chega o
tempo do Rei nos honrar. Ele sabe nosso endereço, e quando bate a nossa porta
não é para nos punir, mas sempre manifestar sua graça e misericórdia. Naquele
dia Mefibosete entrou na carruagem real para dar adeus ao lugar de anonimato.
Deus não se esquece da aliança eterna feita com o filho ao nosso respeito (Lc
22.20).
2.2 Quando a visão do rei
prevalece
Mefibosete era conhecido pelo
nome de Meribe-Baal (1Cr 8.34); 9.40). “Merbe” significa: “lutador” e “Baal” é
uma palavra em hebraico que significa: senhor, lorde, marido ou dono. A visão
que Jonatas tinha para o futuro de seu filho era que como um príncipe dele se
tornasse um “lutador do Senhor”, esta seria a tradução mais correta para
Meribe-Baal. Era comum entre os Israelitas dar um nome que representasse o
caráter da pessoa, alguns desses nomes eram também colocados após a morte,
representando seus feitos. Podemos destacar aqui quatro visões importantes
sobre a vida de Mefibosete:
1) Jonatas o via como um lutador do Senhor;
2) Ziba o via como um aleijado impedido de entrar na
presença do rei;
3) Ele se via como um cão morto;
4) Davi o via como um príncipe a quem deveria honrar e
restituir (2Sm 9.3,7,8).
2.3 Os humilhados serão exaltados
“Trabalhar-lhe-ás, pois, a terra,
tu e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que o filho de
teu senhor tenha pão para comer; mas Mefibosete, filho de teu senhor, sempre
comerá pão à minha mesa” (2Sm 9.10a). Ziba que tanto apontou defeito, agora foi
destituído da função de senhor, tornando-se servo de Mefibosete, a quem havia
lesado todos os anos em que viveu em Lo-Debar. A justiça de Deus pode parecer
demorar, mas certamente chegará. Ziba é um tipo de Satanás, que rouba, nos
envergonha, e se apossa do que temos. Porém, no dia em que deus nos honrar, ele
terá que devolver tudo o que nos roubou, com juros e correções, e ainda nos
verá sentados à mesa do rei (2Sm 9.9-11).
3. Jerusalém o lugar dos
príncipes de Deus
A vida de Mefibosete vai de um
extremo ao outro, ele começa no deserto, na sequidão, e no anonimato, e termina
no palácio real assentado à mesa do rei. A graça Divina é assim, ela tem o
poder de nos transportar e nos elevar de uma posição a outra (Ef 2.6).
3.1 Quem Mefibosete tipifica em
nossos dias?
Mefibosete era um príncipe que
vivia no deserto. Num lugar obscuro, com medo e sem nada. Ele tipifica os
filhos que o rei está à procura pra honrar e mudar suas vidas; aqueles filhos
que o rei está à procura para honrar e mudar suas vidas: aqueles filhos de rei
que nunca entraram no palácio, que vivem à margem da sociedade e não desfrutam
da mesa de seu rei (Lc 18.14). Deus está falando de um tempo de revelações, de
sair do anonimato, e de um alimento especial e particular que só existe em sua
mesa; Mefibosete representa os filhos que nunca estiveram face a face com o
rei. Deus está falando de um tempo de intimidade com Ele, de uma mesa onde
todos são iguais; Mefibosete representa os filhos de rei que nunca comeram pão
diariamente. Alguns provaram aqui ou ali, mas diariamente não. Deus fala de um
tempo de revelação continua, sem escassez, todos os dias, na presença dor rei
(2Cor 4.3).
3.2 Na mesa do rei todos são
iguais
Quando as trombetas do palácio
anunciavam à chegada de Mefibosete toda a casa do rei poderia se perguntar por
que o rei quebrava o protocolo e deixava um deficiente como aquele não somente
entrar, mas sentar-se à mesa e comer como um de seus filhos (2Sm 9.13). Poucas
pessoas sabem o que Deus conversa conosco em secreto, e poucos sabiam a
respeito da aliança de Davi e Jonatas, a qual simbolizava aliança de Deus
conosco por intermédio de Jesus. Os filhos belos de Davi, Joabe o capitão da
guarda, estavam juntos a mesa. E a mesa é reveladora porque da cintura para
cima todos são diferentes, mas quando estão sentados todos são iguais, os
defeitos desaparecem (Rm 2.11; Gl 3.28; Cl 3.11).
3.3 Ele começou em Lo-Debar,
terminou em Jerusalém
Morava, pois, Mefibosete em
Jerusalém... (2Sm 9.13). Esse é o final que o Senhor deseja dar a todos aqueles
que estão aliançados com Ele. DE uma só vez, a vida de Mefibosete mudou de
anonimato a personagem célebre, e isto se chama honra. Jerusalém tipifica a
eternidade, e Lo-Debar o lugar das nossas provações. Porém, numa hora que
ninguém espera, num dia especial que somente o Rei conhece, a carruagem real
vai passar como passou nos tempos de Elias, e levará consigo os simples de
coração, os habitantes do deserto, os que Ziba tem lesado durante toda a vida,
para encontrar-se com o Rei e por Ele serem honrados em sua mesa (Lc22.14-17).
CONCLUSÃO
Mefibosete era um filho de rei
que vivia num lugar obscuro, com medo e sem nada. É tempo dos filhos do Rei
saírem do deserto do anonimato, serem honrados, e terem suas vidas
transformadas. Até mesmo a criação espera por esse momento em nossas vidas (Rm
8.19).
Fontes:
Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora
Betel.
Revista: Milagres do Antigo Testamento – Editora Betel -
4º Trimestre 2014
Comentário Matthew Henry
Capitulo 9
A única coisa registrada neste
capítulo é a bondade que Davi mostrou à descendência de Jônatas por amor a ele.
I. A investigação amável que fez em relação ao remanescente da casa de Saul, e
sua descoberta de Mefibosete (w. 1-4). II. A acolhida amável que deu a
Mefibosete, quando foi trazido a ele (w. 5-8). III. A provisão amável que
providenciou para ele e os seus (w. 9-13).
Benevolência de Davi para com
o Filho de Jônatas
A investigação que Davi faz
acerca do remanescente da casa devastada de Saul (v. 1). Isso aconteceu bem
depois de sua ascensão ao trono porque, pelo que tudo indica, Mefibosete, que
tinha apenas 5 anos de idade quando Saul morreu, já era pai de um filho (v.
12). Davi tinha esquecido por tempo demais suas obrigações com Jônatas, mas
agora, finalmente, ele se lembra de sua promessa. E bom, de tempo em tempo,
refletirmos se há alguma promessa ou obrigação da qual tenhamos nos esquecido.
Antes tarde do que nunca. O compêndio que Paulo nos dá da vida de Davi é que
ele, no seu tempo, serviu conforme a vontade de Deus (At 13.36), isto é, ele
era um homem que tinha como alvo fazer o bem. Podemos observar o seguinte:
1. Davi procurou uma
oportunidade para fazer o bem. Ele poderia talvez ter apaziguado sua
consciência com o cumprimento da sua promessa a Jônatas caso estivesse estado
pronto, quando solicitado por qualquer pessoa da descendência de Jônatas, a
ajudá-lo e socorrê-lo. Mas Davi faz mais. Ele primeiro averigua com os que
estão próximos dele (v. 1), e, quando se encontra com uma pessoa que possivelmente
poderia informá-lo a esse respeito, lhe pergunta em particular: Não há ainda
algum da casa de Saul para que use com ele de beneficência? (v. 3).
“Não há alguém, a quem eu
possa fazei’ não somente justiça (Nm 5.8), mas a quem possa usar de beneficência?”.
Observe: Homens justos deveriam buscar oportunidades para fazer o bem. O nobre
projeta coisas nobres (Is 32.8). Porque os propósitos mais apropriados da nossa
beneficência e caridade, com frequência, não serão satisfeitos sem uma
investigação. Os mais necessitados são muitas vezes os menos clamorosos.
2. Davi investiga acerca dos
remanescentes da casa de Saul, a quem mostraria sua beneficência por amor a
Jônatas: Não há ainda algum da casa de Saul, Saul tinha uma família muito
numerosa (1 Cr 8.33), suficiente para repovoar um país, mas estava tão
esvaziada, que não se tinha notícia de nenhum deles; mas era uma questão de
investigação: Há ainda alguém? Veja como a providência de Deus pode “esvaziar”
famílias inteiras; observe as consequências do pecado. Saul tinha uma casa
sanguinária; não é de admirar que fosse reduzida tão drasticamente (cap. 21.1).
Embora Deus tivesse visitado a maldade do pai nos filhos, Davi não o faria. “Há
alguém ainda da casa de Saul para que use de beneficência, não por amor a Saul,
mas por amor a Jônatas?”
(1) Davi era inimigo jurado de
Saul e, mesmo assim, ele estava disposto a mostrar beneficência à sua casa de
todo coração. Ele não diz: “Não há ainda algum da casa de Saul, para que eu
ache um meio de exonerá-lo, e evitar que me causem tumulto a mim e ao meu
sucessor?”. Abimeleque fez o possível para que ninguém sobrasse da casa de
Gideão (Jz 9.5); o mesmo aconteceu com Atalia, que não quis que alguém
sobrevivesse da semente real (2 Cr 22.10,11). Esses eram governos usurpadores.
Davi não precisava desse tipo de apoio perverso. Ele ansiava mostrar
beneficência à casa de Saul, não somente porque confiava em Deus e não tinha
medo do que pudessem fazer a ele, mas porque tinha uma disposição tão caridosa
e perdoou o que tinham feito a ele. Observe:
Devemos evidenciar a
sinceridade do nosso perdão àqueles que de alguma maneira foram injustos ou
injuriosos a nós, estando prontos, à medida que aparecer a oportunidade, para
mostrar beneficência a eles e aos seus. Devemos não somente não nos vingar
deles, mas amá-los e fazer bem a eles (Mt 5.44), e não ser relutantes a
qualquer demonstração de amor e boa-vontade para com aqueles que nos causaram
algum tipo de injúria: antes, pelo contrário, bendizendo (1 Pe 3.9). Essa é a
maneira de vencermos o mal e experimentarmos misericórdia para nós e nossos
familiares, quando nós ou eles precisarem dela.
(2) Jônatas era amigo
ajuramentado de Davi e, por esse motivo, estava disposto a mostrar beneficência
à sua casa. [1] A atitude de Davi nos ensina a estarmos atentos em relação à
nossa aliança. A beneficência que prometemos, devemos cumprir de forma
consciente, mesmo que não seja reivindicada. Deus é fiel a nós; não sejamos
infiéis uns com os outros. [2] A atitude de Davi nos ensina a estarmos atentos
com nossas amizades, ou nossas antigas amizades. Observe: Beneficência aos
nossos amigos e aos seus é uma das leis da nossa santa religião. O homem que
tem 'muitos amigos pode congratular-se (Pv 18.24). Se a Providência nos elevou,
e nossos amigos e suas famílias estão passando por dificuldades, não devemos
nos esquecer da nossa antiga amizade, mas entender que essa situação é uma
oportunidade propicia para demonstrarmos nosso carinho: nessa situação, nossos
amigos mais precisam de nós, e nós estamos em melhores condições de ajudá-los.
Embora não haja uma aliança sólida de amizade que nos una a essa constância de
amor, existe uma lei sagrada de amizade não menos prestativa, ou seja, aquele
que está em miséria precisa receber compaixão dos seus amigos (Jó 6.14). Na
angústia nasce o irmão (Pv 17.17). A amizade nos compele a tomarmos
conhecimento das famílias e parentes remanescentes daqueles que amamos. Devemos
ser amáveis com aqueles que nos deixaram, porque deixaram para trás seus
corpos, seus nomes e sua posteridade.
3. A beneficência que Davi
prometeu mostrar a eles ele chama de beneficência de Deus; não somente
beneficência, mas: (1) Beneficência em busca de cumprir a aliança que havia
entre ele e Josué, da qual Deus era testemunha. Veja 1 Samuel 20.42. (2)
Beneficência em relação ao exemplo de Deus; pois devemos ser misericordiosos
como Ele o é. Ele trata com indulgência aqueles sobre quem tem predominância;
devemos fazer o mesmo. O pedido que Jônatas fez a Davi era: use comigo da
beneficência do SENHOR, para que não morra
(1 Sm20.14,15), incluindo
também a minha descendência. A beneficência de Deus é um exemplo maior de
beneficência do que podemos esperar dos homens. (3) Essa beneficência tem um
caráter piedoso, tendo um olho em Deus, bem como na sua honra e favor.
Davi recebe informações a
respeito de Mefibosete, o filho de Jônatas. Ziba era um antigo servo da família
de Saul, e conhecia a situação dela. Ele foi chamado e examinado. Ziba informou
ao rei que o filho de Jônatas estava vivo, mas aleijado (cap. 4.4), e que vivia
na obscuridade, provavelmente no meio da parentela de sua mãe, em Lo-Debar, em
Gileade, do outro lado do Jordão, onde foi esquecido no coração deles, como um
morto (SI 31.12). Ele ostentava essa obscuridade mais facilmente porque podia
lembrar-se muito pouco da honra de onde caiu.
Mefibosete é trazido para a
corte. O rei enviou alguém (Ziba, é provável) para buscá-lo e traze-lo para
Jerusalém com a devida pressa (v. 5). Dessa forma, ele aliviou o fardo de
Maquir e, talvez, recompensou-o pelo que tinha feito por Mefibosete. Esse
Maquir parece ter sido um homem muito generoso. Ele hospedou Mefibosete, não
por alguma desafeição a Davi ou seu governo, mas por compaixão ao enfraquecido
filho de um príncipe, porque, mais tarde, o encontramos mostrando bondade a
Davi quando fugia de Absalão. Ele é citado (cap. 17.27) entre aqueles que deram
ao rei aquilo que desejava em Maanaim, embora Davi, quando mandou tomar
Mefibosete de sua casa, não pudesse imaginar que viria o tempo em que seria
devedor a ele: e, talvez, Maquir estava então mais preparado para ajudar Davi
em retribuição à sua bondade a Mefibosete. Portanto, deveríamos estar prontos a
dar, porque poderá chegar o dia em que estaremos em uma situação de carência
(Ec 11.2). E o que regar também será regado (Pv 11.25). Agora:
1. Mefibosete apresentou-se a
Davi com todo o respeito que era próprio do seu caráter. Aleijado como era, se
prostrou com o rosto por terra e se inclinou (v. 6). Davi havia feito uma
homenagem semelhante ao seu pai, Jônatas, quando este estava próximo do trono
(ele inclinou- se três vezes, 1 Sm 20.41), e agora Mefibosete, de forma
semelhante, se dirige a ele, quando a situação havia se invertido
completamente. Aqueles que, quando estiverem em uma relação inferior, mostrarem
respeito, serão devidamente respeitados, quando forem promovidos.
2. Davi recebeu-o com toda a
bondade possível. (1) Ele falou com ele como se estivesse surpreso, mas
contente em vê-lo. “Mefibosete! E possível que você esteja vivo?”. Ele ordenou
que não tivesse medo: Não temas (v.
7). E provável que a aparição
de Davi o tenha deixado um pouco confuso, quando percebe que o mandou chamar
não por qualquer desconfiança ou suspeita, mas para mostrar- lhe bondade.
Homens justos não deveriam agradar-se de atitudes temerosas dos seus inferiores
(porque o grande Deus não o faz), mas deveriam encorajá-los. (3) Davi dá a
Mefibosete, como doação da coroa, todas as terras de Saul, seu pai, isto é,
seus bens paternais, que haviam sido confiscados pela rebelião de Isbosete e
acrescentados ao seu patrimônio. Esse foi um verdadeiro favor da parte de Davi,
que deu a ele muito mais do que apenas uma palavra amistosa. A verdadeira
amizade será generosa. (4) Ainda que tivesse lhe presenteado com propriedades
preciosas, suficientes para mantê-lo, por amor a Jônatas, (em quem, talvez,
visse alguns traços semelhantes no rosto de Mefibosete), ele o torna um
convidado constante à sua mesa, onde não só será confortavelmente alimentado,
mas terá a atenção e a companhia digna do seu nascimento e caráter. Embora
Mefibosete fosse aleijado e disforme, não parecendo ter qualquer aptidão
especial para os negócios, mesmo assim, por amor ao seu pai, Davi o considerou
como alguém de sua própria família.
3. Mefibosete aceita essa
bondade com grande humildade. Ele não era um daqueles que recebia cada favor
como uma dívida, achando ser insuficiente; pelo contrário, fala como alguém
maravilhado com a generosidade de Davi (v. 8): Quem é teu servo, para tu teres
olhado para um cão morto tal como eu? Como ele se rebaixa! Embora fosse filho
de príncipe, e neto de rei, visto que sua família estava debaixo de culpa e
ira, e ele próprio pobre e aleijado, se autodenomina de cão morto diante de
Davi. Observe: É bom ter um coração humilde diante de providências humilhantes.
Quando a Providência divina humilha o nosso estado e a graça divina também
humilha o nosso espírito, devemos permanecer tranquilos. E aqueles que se
humilham dessa forma serão exaltados. E digno de nota verificar como Mefibosete
exalta a bondade de Davi! Seria fácil desfazê-la caso tivesse disposição para
tal. Ele poderia ter pensado que restituir o patrimônio do pai era apenas
devolver o que era seu. E convidá-lo para sentar-se à sua mesa era uma forma de
manter um olho nele. Mas Mefibosete considerava tudo o que Davi dizia e fazia
como muito amável, não sendo merecedor do menor dos seus favores (compare com 1
Samuel 18.18).
Davi Ampara Mefibosete e os
Seus.
A questão em relação a
Mefibosete é aqui estabelecida.
1. A doação das posses do seu
pai é confirmada a ele, e Ziba é chamado para ser testemunha dela (v. 9); e,
pelo que parece, Saul tinha muitas propriedades, porque seu pai era homem de
bens (1 Sm 9.1), possuindo campos e vinhas (1 Sm 22.7). Mesmo sendo muito,
Mefibosete era senhor de tudo agora.
2. A administração dessas
propriedades é confiada a Ziba, que as conhecia e sabia como tirar o melhor
proveito delas. Pelo fato de ter sido servo do pai de Mefibosete, Davi podia
confiar nele, e, pelo fato de ter uma família numerosa, com muitos filhos e
servos, tinha mãos suficientes para serem empregados (v. 10). Assim, Mefibosete
está numa situação confortável, possuindo propriedades sem se preocupar com
elas, e está em condições de se tornar muito rico, com previsões de muito lucro
e pouco gasto, uma vez que continuava comendo à mesa de Davi. No entanto, ele
também precisa de provisão para seu filho e servos; e os filhos e servos de
Ziba tinham sua parte na sua renda, motivo pelo qual, talvez, o número deles é
mencionado aqui: quinze filhos e vinte servos, que consumiam quase tudo que
havia. Onde a fazenda se multiplica, aí se multiplicam também os que a comem;
que mais proveito, pois, têm os seus donos do que a, verem com os seus olhos?
(Ec 5.11). Todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete (v.
12), isto é, todos estavam debaixo dele, e fizeram dos seus bens uma rapina,
diante do pretexto de cuidai’ dele e servi-lo. Os judeus têm um provérbio:
“Aquele que multiplica servos, multiplica ladrões”. Ziba está contente, porque
ama a riqueza, e a terá em abundância. “Conforme tudo quanto o rei manda, assim
fará teu servo” (v. 11). “Eu cuidarei dos bens: porém Mefibosete” (essas
parecem ser as palavra de Ziba), “caso agrade ao rei, não precisa importunar a
corte, conterá à minha. mesa, e será tratado como um dos filhos do rei”. Mas
Davi deseja tê-lo à sua própria mesa, e Mefibosete está tão satisfeito com o
seu estado quanto Ziba com o seu. Veremos mais tarde quão infiel Ziba foi com
ele (cap. 16.3). Visto que Davi era um tipo de Cristo, seu Senhor e filho, sua
Raiz e Geração (Ap 22.16), permitiu que a sua bondade a Mefibosete servisse
para ilustrar a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com o homem
caído, com o qual não tinha obrigação alguma, semelhantemente a Davi em relação
a Jônatas.
O homem era culpado de
rebelião contra Deus, e, semelhantemente à casa de Saul, estava debaixo da pena
de rejeição dele, não foi apenas humilhado, empobrecido, mas estava aleijado e
impotente, por causa da queda. O Filho de Deus se interessa por essa raça
degenerada, que não se interessa por Ele, e vem para buscar e salva-lá. Os que
se humilham perante Ele, e se entregam a Ele, terão a sua herança perdida
restituída. Ele os designa a um paraíso melhor do que o que Adão perdeu, e os
leva à comunhão com Ele, os assenta com seus filhos à sua mesa, e os regala com
as delícias do céu. SENHOR, que é o homem, para que tanto o estimes (Jó 7.17).
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