segunda-feira, 1 de maio de 2017

Lição 6 O PAI-NOSSO



Lição 6 O PAI-NOSSO
07 de maio de 2017

Texto do dia
(Lc 11.1)
"E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar [...]."

Síntese
A oração do Pai-Nosso representa uma segurança, mas também um desafio aos discípulos do Senhor de todos os tempos. 

Agenda de leitura
Segunda - Lc 11.1 Os discípulos aprendem a orar
Terça - Lc 11.2 A santidade do Senhor e a vinda do Reino
Quarta - Lc 11.3 O pão diário
Quinta - Lc 11.4 Perdoa-nos como perdoamos e não nos deixe cair
Sexta - Lc 11.13 O Espírito concedido pelo Pai celestial
Sábado - Mc 11.25 A consciência do perdão durante a oração

Objetivos
VALORIZAR o Pai-Nosso, pois foi o próprio Filho de Deus que assim nos ensinou a orar;
REFLETIR acerca das sérias implicações contidas nas petições do Pai-Nosso;
REAFIRMAR a obrigatoriedade de reconhecermos que a glória pertence a Deus.

Interação
O debate em torno da natureza da oração do Pai-Nosso é um daqueles em que há bons argumentos tanto de um lado quanto de outro. Defensores do Pai-Nosso como apenas um roteiro, e não como uma fórmula pronta, afirmam que tal ideia contraria o ensino do próprio Cristo em outras passagens. Para o outro grupo, não orar ipsis litteris tal como se encontra na passagem de Mateus 6.9-13, é um desrespeito com o texto e com Jesus que disse que devemos orar "assim". Quem se apega a tais minúcias talvez esteja esquecendo o mais importante que é justamente orar. Mas meramente orar por costume. A oração pode ser mecânica, inclusive com repetições diuturnas, sem necessariamente ser igual a do Pai-Nosso. De igual forma, pode ser rotineira, mesmo parecendo espontânea. O essencial na oração é que ela brote de um coração que anseia pela comunhão com o Pai, desejando manter um relacionamento real com Ele ao mesmo tempo em que vai transformando o orante em alguém melhor no plano horizontal e comunitário. Quando a nossa vontade confunde-se com a de Deus, significa que o seu Reino já iniciou seu curso em nossa vida pessoal, podendo assim ser conhecido através de nós pelas pessoas que não servem a Deus.         

Orientação Pedagógica
O estudo do Pai-Nosso ocupa páginas e mais páginas de obras especializadas ou exclusivamente escritas sobre este único tema. Portanto, o papel de uma lição como esta, até por uma questão física, não vai além de comentar o cerne da oração do Senhor, deixando alguns detalhes importantes, do ponto de vista exegético, sem ser considerados. A despeito disso, é interessante apresentar o paralelo de Mateus 6.9-13 que se encontra em Lucas 11.1-4, observando duas propostas principais de divisão: temática e sistemática. Para tanto, reproduza, conforme suas possibilidades, os quadros da página 40, esclarecendo que essas são apenas duas possibilidades de estudo da "Oração do Senhor":

Baseado em AMARAL, Francisco. Pai Nosso. Oração em segredo, resposta certa. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1993, pp.11,12.

Texto bíblico
Mateus 6.9-15
9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10 Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.
11 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12 Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
13 E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!
14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós.
15 Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
Embora "curta", a belíssima oração do Senhor, também conhecida como Pai-Nosso, ou oração dominical, contém farto material de instrução bíblica e teológica. Há muito se dividem as opiniões acerca de ela ser uma oração para se repetir tal como o Mestre ensinou ou se constitui apenas um roteiro, ou esboço, que os crentes devem utilizar como forma de orientação de seus devocionais particulares ou na liturgia de um culto. O fato mais importante é que o Mestre orava e, com seu exemplo e suas palavras, ensinou seus discípulos a fazerem o mesmo, tanto na forma, quanto no conteúdo (Lc 11.1-4).

I - FILIAÇÃO DIVINA, RECONHECIMENTO DA SANTIDADE E A VINDA DO REINO

1. Paternidade celestial. O Antigo Testamento registra pouquíssimas ocorrências em que Deus é, de forma inferida ou textual, chamado de Pai (Dt 32.6; 2 Sm 7.14; 1 Cr 17.13; Sl 68.5; Is 64.8; Jr 3.4; 31.20; Ml 1.6; 2.10). A novidade trazida pelo Senhor é a forma íntima como não apenas Ele se dirige ao Pai, mas também sua abertura a cada um de seus discípulos para que possam dirigir-se ao Criador da mesma forma. Ainda que reconhecendo sua grandeza e transcendência ("que estás nos céus"), o Mestre demonstra que o Pai não está longe, pois é "nosso" (v.9).

2. A santidade do nome divino. A santificação do nome do Pai, não é de alguma coisa produzida pelo suplicante, ou seja, a santidade é intrínseca ao nome do Criador (v.9). Conforme o entendia a cultura judaica, o nome de Deus era inseparável da sua Pessoa (Êx 3.13,14; 20.7). Sendo santo, o nome do Pai, cabe a quem se dirige a Ele, respeitá-lo.

3. A vinda do Reino e a vontade divina cumprida integralmente. A primeira súplica é definidora e norteia todo o restante. É importante notar que ela diz respeito à realidade divina e não terrenal. Pedir ao Pai, cujo nome é santo e a quem não se deve dirigir a palavra se esta não corresponde à intenção, para que o Reino dEle venha  (v.10a), não contempla apenas um desejo escatológico ou de uma vinda futurística. O complemento do que se está suplicando revela claramente que se aspira que a vontade do Eterno Deus seja feita aqui (onde os seres humanos exercem sua vontade própria), tal como ela é realizada no céu, onde a vontade do Criador é ordem vigente e situação em curso (v.10b). E a prova de que o suplicante quer exatamente isso, é se em sua própria experiência de vida, no dia a dia, ele permite que a vontade divina seja prevalente (Rm 6.11 cf. Gl 2.20).

Pense
Queremos, de fato, que a vontade de Deus seja feita na Terra, assim como ela é feita no céu?

Ponto Importante
Aspirar pelo Reino de Deus significa estar disposto a abdicar, aqui e agora, das vontades terrenas que nos prendem ao materialismo e ao consumismo.

II - OS DÍZIMOS

1. O alimento necessário, tanto para hoje quanto para o amanhã. De acordo com os melhores especialistas da língua grega, a expressão epiousios ("cada dia"), contém três possibilidades de significação: pão necessário, pão diário e pão de amanhã (v.11). Dessa maneira, o primeiro pedido referente à realidade e necessidade terrenas tem um sentido bem mais profundo, pois leva em conta tanto aquilo que é urgente, quanto o que é necessário e até mesmo o desejo maior do discípulo, qual seja participar da Grande Ceia daquele Dia (Lc 14.15-24 cf. Mt 26.26-29). O pão de cada dia pedido para agora é, nesse caso, um desejo escatológico de que venha a plenitude do Reino, conforme pedido na primeira súplica referente à realidade divina.    

2. Perdão divino e perdão no relacionamento interpessoal. As bem-aventuranças precisam ser lembradas nesse ponto (Mt 5.3-12), pois elas mostram claramente a forma, ou perspectiva, segundo a qual os filhos do Reino veem todas as coisas. Assim, o que parece ser uma condição para ser perdoado por Deus é, na verdade, uma expressão do comportamento de quem encara as ofensas, insultos e até agressões, de forma perdoadora (v.12 cf. Mt 5.11,12). Justamente por ter aprendido com o Pai é que os filhos assim se comportam e, por isso, dirigem-se ao Senhor dessa maneira (1 Jo 4.19). Uma vez que o Mestre estava ensinando os discípulos, mas considerando também uma audiência maior e, nesse caso, especificamente os fariseus, pelo fato de a piedade judaica possuir um conceito de perdão bastante restrito (tradicionalmente eram apenas três vezes que se deveria perdoar uma ofensa, Pedro "amplia" para sete tentando ser mais generoso, cf. Mt 18.21), Cristo então, depois de ensinar a oração, aí sim, considera a justiça dos fariseus e afirma ser uma condição para obter o perdão divino, exercer misericórdia e perdoar as pessoas (vv.14,15). 

3. Livramento e queda. A tradução literal desse texto dá uma ideia bastante negativa (Tg 1.13-15). Todavia, especialistas da língua grega defendem que uma tradução melhor revelaria que o que se quer dizer aqui é algo como "Não permitas que caia nas mãos do pecado" (v.13). Mas o sentido não é ser livrado da tentação em si, mas a última petição refere-se a não permitir que o suplicante caia em pecado, sucumba à provação e assim aparte-se de Deus (Lc 22.31,32 cf. Tg 1.2,3).

Extraído do Livro Guia Cristão de Leitura da Bíblia, CPAD, p. 547.

Pense
Se a fim de obter o perdão divino devemos realmente perdoar a cada um que nos ofende, o quanto fomos perdoados desde que aceitamos o Evangelho?

Ponto Importante
Nossa cultura individualista reputa como uma fraqueza alguém não revidar à agressão, porém, quem se orienta pelos valores e justiça do Reino, deve ignorar o que se ensina a esse respeito.

III - A GLORIFICAÇÃO DO PAI NO FINAL DA ORAÇÃO

1. O Reino. A oração termina com o reconhecimento de que o Reino é de Deus, e não propriedade dos homens (v.13). A despeito de muitos, de ontem e de hoje, pretenderem-se "donos" do Reino, ele continua sendo de Deus (Mt 23.13 cf. Mt 21.31). 

2. O poder. Os discípulos serão felizes se, tal como o salmista, conseguirem entender a mensagem de que "o poder pertence a Deus" (Sl 62.11).

3. A glória. A glória pertence ao Senhor (Is 42.8). Qualquer oferta que venha com essa proposta, por mais sedutora que seja, é diabólica (Mt 4.8-10). O Mestre é a expressa imagem dessa glória que pertence somente ao Pai (1 Jo 1.14).

Pense
Será que existe, atualmente, pessoas que se acham proprietárias do Reino de Deus?

Ponto Importante
Sendo o poder e a glória pertencentes a Deus, nada justifica a postura altiva daqueles que se dizem seguidores de Cristo.

SUBSÍDIO 1
Lucas 11.1-4
"Essa passagem transmite uma mensagem muito simples. [...] A oração é a expressão do nosso relacionamento familiar com Deus. E as respostas às orações não dependem de alguém ter ou não cometido um erro ao recitar as palavras adequadas. Na verdade, as respostas à oração representam um transbordamento daquele permanente amor que Deus tem por nós, seus filhos.
Essa grande realidade nos dá a chave para entendermos aquilo que chamamos de Oração do Senhor (11.2-4).
- Pai. Nós nos aproximamos de Deus como de um Pai, profundamente conscientes de seu amor e compromisso conosco, e o respeitamos e amamos.
- Santificado seja o teu nome. Exaltamos a Deus e o louvamos pelo que Ele é. Saboreamos o privilégio de nos aproximar daquele que é o Senhor do Universo com nosso louvor e ações de graças.
- Venha o teu Reino. Afirmamos nossa submissão a Deus como Rei de um reino universal do qual somos cidadãos. Comprometemo-nos a viver aqui e agora em obediência ao Senhor, como se seu reino já tivesse sido estabelecido na terra.
- Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano. Reconhecemos nossa dependência do Senhor e alegremente colocamos nele toda a nossa confiança. Não pedimos hoje o suficiente para atender às necessidades do amanhã, pois sabemos que Deus é nosso Pai, e que podemos confiar plenamente nEle" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.167-68). 

SUBSÍDIO2
O Perdão
"O perdão, essencial a uma vida vitoriosa, é nossa primeira e maior necessidade. Não importa com quanta diligência resistamos às tentações e quão fiéis sejamos no cumprimento de todas as nossas obrigações religiosas, ainda assim estamos aquém da justiça de Deus. Nenhum filho de Deus pode abrir mão de pedir ao Senhor que lhe perdoe os pecados. A pessoa justa aos próprios olhos não sente necessidade de pedir perdão a Deus, porém à medida que nos aproximamos mais de nosso Salvador e Senhor, mais sentimos um profundo senso de pecado e indignidade pessoal. [...].
Pedimos o perdão de Deus, 'assim como nós perdoamos aos nossos devedores' (Mt 6.12). A expressão 'assim como' não indica grau, visto que jamais poderemos perdoar com perfeição, somente Deus pode perdoar o pecado, mas podemos e devemos perdoar erros reais e imaginários cometidos contra nós. Não obstante, há uma comparação implícita nessa passagem. Quando estamos prontos a perdoar, a despeito de nossa condição de fraqueza e pecaminosidade, Deus está pronto, em sua santidade perfeita, a nos perdoar igualmente. Receber o perdão divino segue de mãos dadas com o ato de perdoar os outros. Só podemos receber o perdão, quando entendemos o princípio que o rege, e isto implica em não levar a mal o desinteresse que os outros demonstram pelo nosso insignificante ego (Mt 18.21-35)" (BICKET, Zenas J.; BRANDT, Robert L. Teologia Bíblica da Oração: O Esprito nos ajuda a orar. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.200-01).

ESTANTE DO PROFESSOR
BICKET, Zenas J.; BRANDT, Robert L. Teologia Bíblica da Oração: O Esprito nos ajuda a orar. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013,

CONCLUSÃO
A oração do Senhor tem uma intenção muito clara, ensinar aos discípulos a não orar como os hipócritas ou como os pagãos. A introdução no versículo nove demonstra isso: "Portanto". Os que abraçaram o Evangelho de Jesus e aceitaram sua justiça devem orar exatamente assim.

Hora da revisão

Qual a lição mais importante ensinada por Jesus na oração do Pai-Nosso?
O fato mais importante é que o Mestre orava e, com seu exemplo e suas palavras, ensinou seus discípulos a fazerem o mesmo, tanto na forma, como no conteúdo (Lc 11.1-4).

Ao dirigir-se a Deus como Pai, qual era a novidade dessa forma de Jesus tratar o Criador? 
A novidade trazida pelo Senhor é a forma íntima como não apenas Ele se dirige ao Pai, mas também sua abertura a cada um de seus discípulos para que possam dirigir-se ao Criador da mesma forma.

Qual o significado de orar pela vinda do Reino e suplicar que a vontade de Deus seja feita na Terra assim como ela é feita no céu?
Se aspira que a vontade do Eterno Deus seja feita aqui (onde os seres humanos exercem sua vontade própria), tal como ela é realizada no céu, onde a vontade do Criador é ordem vigente e situação em curso (v.10b).

Como deve ser o comportamento de quem ora pedindo a Deus que o perdoe assim como perdoa as pessoas?
O comportamento de quem encara as ofensas, insultos e até agressões, de forma perdoadora (v.12 cf. Mt 5.11,12).

Comente sobre o final da oração, isto é, fale sobre Reino, poder e glória de Deus.
Resposta pessoal.

Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens, professor, O Sermão do Monte – A Justiça sob a Ótica de Jesus, Comentarista César Moisés Carvalho, 2º trimestre 2017.

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