Lição 4
Relacionamento entre amigos.
25 de outubro de 2015.
Texto do
dia
(Pv 18.24)
"O homem que tem muitos amigos pode
congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um irmão."
Síntese
Os amigos são dádivas de Deus. Grandes amigos
tornam-se grandes irmãos.
Agenda de
leitura
SEGUNDA - Pv 17.17 Grandes amigos tornam-se grandes irmãos
TERÇA - Pv 18.24 Amigos mais chegados do que irmãos
QUARTA - Pv 14.20 "Amizade" obtida por meio das riquezas
QUINTA - Pv 16.28 O difamador separa os melhores amigos
SEXTA - Pv 22.11 Regras para ter amigos famosos
SÁBADO - Pv 27.10 Não se deve abandonar o amigo na adversidade
Objetivos
COMPREENDER os conceitos bíblicos
de amigo;
REFLETIR sobre as bases nas
quais construímos amizades;
REPENSAR os relacionamentos
virtuais.
Interação
O verdadeiro amigo está presente em todas as
circunstâncias. Ele se cala, quando preciso. Aconselha, quando necessário.
Sorri, quando todos à nossa volta parecem nos odiar. Quando erramos, lá está
ele, disposto a nos compreender. Amigos assim, não estão à venda! Não se
encontram a granel! São especiais! São, simplesmente, amigos. Seja amigo de
seus alunos. Conquiste a confiança e o apreço deles. Invista no seu
relacionamento com eles.
Orientação
Pedagógica
Professor, inicie a aula perguntando aos alunos
se eles conhecem a expressão "Amigo da Onça". Peça-lhes que comentem
o que eles entendem da expressão. A seguir, explique-lhes que "Amigo da
Onça" é uma expressão popular que significa "falso amigo".
Originalmente foi um personagem criado por Péricles de Andrade Maranhão
(1924-1961) para a revista O Cruzeiro, em 1943. Esse personagem era um sádico
que colocava os seus "amigos" em situações embaraçosas. Numa dessas
ilustrações (09/05/1959), uma senhora com cerca de quase 80 anos está visitando
um museu arqueológico e contemplando a ossada de um dinossauro, quando, de
repente, o "Amigo da Onça" pergunta: "Conheceu algum
pessoalmente?" Ninguém precisa e
nem deseja um amigo sem tato ou que não respeita os sentimentos alheios, não é
mesmo? Você pode imprimir da internet algumas dessas ilustrações do "Amigo
da Onça", ou outra qualquer. Procure pela expressão ou pelo nome de
Péricles de Andrade Maranhão.
Texto
bíblico
1 Samuel 18.1-4; 2 Samuel 1.25-27
1 Samuel 18
1. E Sucedeu que, acabando ele de falar com
Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à
sua própria alma.
2. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe
permitiu que tornasse para casa de seu pai.
3. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque
Jônatas o amava como à sua própria alma.
4. E Jônatas se despojou da capa que trazia
sobre si e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu
arco, e o seu cinto.
2 Samuel 1
25. Como caíram os valentes no meio da peleja!
Jônatas nos teus altos foi ferido!
26. Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas;
quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das
mulheres.
27. Como caíram os valentes, e pereceram as
armas de guerra!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Marcus Tullius Cicero (106 - 43 a.C.) afirmou
em seu "Diálogo sobre a Amizade" que, excetuando a sabedoria, não há
entre os homens um dom maior do que a amizade. Para o filósofo, o amigo é
alguém com quem se pode conversar como se estivesse falando consigo mesmo. A
amizade, dizia ele, nunca é impertinente, jamais molesta. Na amizade nada é
fingido, nada dissimulado, tudo quanto nela há é verdadeiro. Outro grande
pensador da Antiguidade, Aristóteles (382 - 322 a.C.), afirmou, em "Ética
a Nicômaco", que a amizade é extremamente necessária à vida, pois ajuda
aos jovens a evitar o erro, e ampara aos mais velhos. Nesta lição estudaremos o
valor da amizade, o ensino das Escrituras e os princípios que regem a
verdadeira amizade.
I -
"AMIGOS MAIS CHEGADOS DO QUE IRMÃOS" (1 Sm 18.1-6)
1. O
ensino bíblico sobre amigos (Pv 18.24). As Escrituras não tratam o tema de modo
sistemático, entretanto, encontramos referências ao assunto em muitas partes da
Bíblia. O termo hebraico mais comum é rēa, que designa desde um amigo íntimo,
companheiro, até um vizinho ou próximo (Gn 38.12; Êx 2.13; 21.14; Lv 19.18; Jz
7.13). O vocábulo grego que corresponde ao anterior é hetairos, isto é, amigo,
companheiro ou camarada (Mt 11.16; 20.13). Deste modo, nas línguas bíblicas,
refere-se a qualquer pessoa amiga ou conhecida ao acaso. Mais especificamente,
um amigo é uma pessoa a qual desfrutamos de amizade, companheirismo, confiança
e afeição recíprocos (Pv 17.17; 18.24; Jó 2.11; 42.10; Ec 4.10). A amizade, por
conseguinte, é o sentimento afetuoso que existe entre as pessoas que se chamam
de amigos (Fp 1.7; Fm 17).
2.
Exemplos de amizade na Bíblia. Entre os vários exemplos da Bíblia,
destacam-se:
a) Davi e Jônatas (1 Sm 18.1-4; 19.1-7; 2 Sm
1.25-27). Ambos encontraram um no outro a confiança, amizade e afeição que lhes
faltavam no seio familiar. Jônatas era um amigo desinteressado, fraterno,
generoso e fiel. Davi, por sua vez, retribuiu a amizade de Jônatas sendo
misericordioso com seus descendentes após a morte do amigo (1 Sm 20.11-17; 2 Sm
9).
b) Noemi e Rute (Rt 1.14-17). Ambas passaram
por muitas adversidades, tornando Provérbios 17.17 uma realidade em suas vidas.
Ainda hoje, o voto de Rute é uma das mais belas pérolas da literatura. A
amizade iniciou na adversidade, acompanhou-as durante a vida, e as coroou de
êxito no fim da história (Rt 1-4).
c) Paulo e Epafrodito (Fp 2.25-30). O modo
afetuoso pelo qual Paulo se refere ao amigo traduz a profunda amizade entre
eles. Epafrodito estava disposto, se necessário, a morrer a favor de Paulo.
Como ignorar tal amizade?
3.
Desfazendo equívocos.
Somente a perversidade humana (Rm 1.18-32) e a corrupção da mente e do coração
(2 Co 4.4; Tt 1.15) podem imaginar nesses exemplos de amizade sincera, em
tempos de corrupção, alguma referência homossexual, apesar da proibição das
Escrituras (1 Co 6.9,10; Lv 18.22; 20.13).
Vejamos o
que diz a Bíblia a respeito dessa interpretação perversa:
a) Proibição da Escrituras. Com base nas várias
proibições da Lei (Lv 20.13; 18.22), podemos afirmar com segurança que não
havia qualquer resquício de relacionamento homoafetivo entre Davi e Jônatas.
Lembremos que Davi ao cometer o pecado de adultério foi duramente repreendido
por Deus (2 Sm 12.1-25; Sl 51). Os dois pecados, de adultério e
homossexualidade, eram condenados pela Lei do Senhor (Êx 20.14; Lv 20.10; Dt
5.18; Pv 6.32). Davi foi duramente repreendido pelo pecado de adultério, mas
não há qualquer repreensão a respeito de sua amizade pública com Jônatas (1 Sm
18.1-4). Se houvesse nessa amizade qualquer indício de um relacionamento
pernicioso, a Bíblia prontamente condenaria.
b) Termo hebraico. É importante observar o
que a Bíblia afirma: "a alma de Jônatas se ligou (qāshar) com a alma de
Davi" (1 Sm 18.1). O termo hebraico, que significa "atar, ligar,
amarrar, conspirar", é o mesmo para se referir ao amor de Jacó por
Benjamim (Gn 44.30), ou a união entre pessoas para conspirar contra outra (1 Rs
16.9). Deste modo, no primeiro caso, a expressão denota "amarrar-se
inseparavelmente por laços de amor fraterno" e descreve o mais puro,
significativo e sincero sentimento fraterno que alguém possa nutrir pelo seu
próximo. É uma aliança de amor semelhante aos laços fraternais que unem um pai
ao seu filho por toda vida. Observe que o próprio Saul demonstrou por Davi um
profundo amor e isto nunca foi considerado um sentimento impróprio (1 Sm
16.21). A mesma palavra para se referir ao amor de Saul por Davi é empregada para
falar do amor entre Jônatas e Davi, em 2 Samuel 1.26. Jamais se cogitou a
possibilidade de o amor-amizade entre esses dois valentes se referir a qualquer
tipo de relacionamento condenável pela Escritura.
Além dos erros de lógica, distorção do contexto
e das expressões hebraicas, tais pessoas ignoram as amizades decantadas pela
literatura: Frodo Bolseiro e Samwise, Sherlock Holmes e Dr. Watson, Dom Quixote
e Sancho Pança, entre outros exemplos imortais.
Pense
Na adversidade surge um amigo e na confiança
nasce um irmão.
Ponto
Importante
Verdadeiros amigos são dádivas de Deus,
conserve-os.
II -
TIPOS E FORMAS DE AMIZADES (Pv 17.17)
1. O que determina os tipos de
amizades (Pv
17.17)? O presente provérbio apresenta um desenvolvimento progressivo da
amizade. Ela surge sem que as pessoas premeditem uma aliança duradoura, e
cresce à medida que afinidades, interesses e pontos comuns manifestam-se ao
longo do relacionamento. A prova da maturação da amizade ou o início de um
profundo companheirismo pode ocorrer nos momentos de infortúnios ou
adversidades, quando então se distingue os verdadeiros amigos dos outros. As
amizades sinceras e belas, que merecem a celebração dos versos poéticos, nascem
nas mais difíceis circunstâncias e desafios como nos apresenta a Bíblia ao
falar da amizade entre Noemi e Rute (Rt 1.14-17). As amizades formadas em
tempos de prosperidade e felicidade são muitas (Pv 14.20; 19.4,6,7), mas em
tempos de adversidade somente os verdadeiros amigos permanecem (Pv 17.17).
Deste modo, apoiar um amigo ou conhecido na adversidade (Pv 27.10) pode evoluir
para uma relação madura, até mesmo superando a dos laços familiares (Rt
1.14-17; 1 Sm 18.1-4). Todavia, vários fatores determinam os tipos e a evolução
das amizades: afeição, apoio, similaridades, confidência, traços de
personalidade, frequência de contato, entre outros.
2. Os tipos e formas de amizades (Pv 18.24; Jo 15.15).
Nem todos são classificados como melhores amigos (Mt 26.50; Jo 6.66-71; 13.23).
Uns são colegas, conhecidos, amigos, vizinhos. Alguns são por graus de
parentesco, outros por afinidades, ainda por relação de trabalho, agremiação,
tradição ou crença. De modo geral, as circunstâncias e afeições desenvolvem o
grau da amizade (Ec 4.9,10). Alguns se aproximam para tirar vantagens (Pv
14.20; 19.4,6), outros para dar bons conselhos (Pv 27.6). Provérbios 2.17, no
entanto, emprega o termo 'allûp, "amigo do coração" ("guia"
na ARC) para designar a amizade sobre ataque de pessoas mal intencionadas ou
invejosas (Pv 16.28; 17.9). Isto serve para lembrar aos amigos que a mais
profunda e sincera amizade deve ser preservada por ambos, uma vez que o
difamador se deleita em causar inimizades (Pv 16.28). Quantas amizades já foram
desfeitas pelos invejosos e caluniadores! Um verdadeiro amigo deve ser estimado
como se estima o ouro. Assim como se preserva uma joia preciosa dos olhos
invejosos e gananciosos é mister que assim se faça às amizades sinceras e
valiosas forjadas e provadas no cadinho da vida.
3. Relacionamentos corretos entre
amigos. A
Bíblia traz várias orientações quanto à manutenção, preservação e seleção de
amigos: não ser inoportuno (Pv 25.17), não abandonar na adversidade (Pv 27.10),
ser conselheiro (Pv 27.5,6), evitar as más companhias (Pv 13.20;1Co 15.33),
escolher as boas companhias (Pv 12.26), ser fiel ao Senhor (Pv 16.7). Os
exemplos destacados demonstram carisma para se obter amigos, discernimento para
escolhê-los e honestidade para preservá-los. É difícil encontrar bons amigos e
desfrutar de sinceras amizades no contexto fútil das relações humanas modernas.
Todavia, não é raro achar um verdadeiro amigo e, quando encontrá-lo,
preserve-o.
Pense
A difamação é a arma do invejoso para separar
os melhores amigos.
Ponto
Importante
Os amigos devem ser preservados.
III -
ALÉM DO VIRTUAL
1. Quantidade e qualidade nas
amizades.
Alguns têm grande quantidade de contatos no smartphone e "amigos" no
Facebook, mas continuam sozinhos. Quantidade de "curtidas" e de
"amigos" não significa qualidade nas amizades. Às vezes, quando a
qualidade na amizade falha, busca-se a solução do problema com a quantidade.
Quando essa quantidade afeta a individualidade ou torna-se incômoda,
descarta-se com um simples "delete". A proximidade virtual torna as
interações humanas mais rápidas, intensas e frequentes, contudo, mais banais,
descartáveis e breves. O indivíduo está conectado virtualmente, mas não está
engajado com o outro socialmente. Os relacionamentos costumam ser efêmeros em
vez de substantivos.
2. Além da aparência fugaz. As amizades devem
resistir aos modismos tecnológicos modernos, muito embora estes também possam
contribuir positivamente à manutenção dos amigos e o encontro de outros. Amigos
devem ser cultivados por meio de relacionamentos sólidos.
3. Igreja como centro de amizades
saudáveis.
Construa relacionamentos sólidos a partir de sua convivência na igreja. A
igreja é uma comunidade propícia ao desenvolvimento de amizades sadias e
sólidas que perdurarão por toda vida.
Pense
A igreja é fonte de amizades duradouras.
Ponto
Importante
Construa relacionamentos sólidos a partir de
sua comunidade cristã.
SUBSÍDIO
"Discernindo
os valores culturais
A cultura da mídia de entretenimento pode ser
definida como uma mercadoria de valor empacotada. Os cristãos que entram nos
templos do entretenimento popular têm de estar cientes de qual ideologia e
valores estão sendo vendidos, de qual mensagem Hollywood está tentando vender.
Para sermos discriminantes destes produtos, primeiro temos de ser discernentes.
Algumas pessoas fazem uma pergunta preliminar: se sequer devemos entrar em
contato com a cultura popular. Para o cristão, todas as coisas, inclusive
interagir com a mídia de entretenimento, são lícitas, mas nem tudo é
necessariamente proveitoso ou edificante. Assim, enquanto Deus dá permissão
para o espiritualmente maduro explorar e desfrutar nosso mundo, a sabedoria
prescreve que exerçamos prudência e discriminação. Podemos assistir todos os
filmes para a glória de Deus? Certamente que não. Muitos filmes seriam um
impedimento definitivo para o nosso desenvolvimento espiritual. Exercer nossa
liberdade ofenderá algumas pessoas? Provavelmente sim. Por isso temos de buscar
o bem do próximo, fazendo escolhas conscientes sobre o entretenimento que
vemos. E temos de nos perguntar: de certa perspectiva bíblica, isto é digno do
meu dinheiro e do meu tempo?"(PALMER, M.D. Panorama do Pensamento Cristão.
1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 398-9).
ESTANTE
DO PROFESSOR
CARVALHO, César Moisés. Uma Pedagogia para a
Educação Cristã. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a
partir do Antigo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
CONCLUSÃO
Ainda maior e melhor é ter o Senhor como
verdadeiro Amigo. Moisés (Êx 33.11), Abraão (Is 41.8; Tg 2.23) destacaram-se
como amigos de Deus. O Senhor jamais decepciona, jamais abandona. Ele é
verdadeiro amigo.
Hora da
revisão.
Faça a distinção entre amigo e amizade.
Amigo é uma pessoa a qual desfrutamos
de amizade e companheirismo; amizade é o sentimento afetuoso que existe entre
as pessoas que se chamam de amigos.
Cite dois exemplos de amizade sincera na
Bíblia.
Davi e Jônatas (1Sm 18.1-4), Noemi e
Rute (Rt 1.14-17).
O que determina os tipos de amizades?
Afeição, apoio, similaridades,
confidência, traços de personalidade, frequência de contato, entre outros.
O que as pessoas buscam quando a qualidade na
amizade não é encontrada nas redes sociais?
Elas passam a buscar quantidade!
Porque a igreja é um excelente lugar para
amizades duradouras?
Ela é o corpo de Cristo e centro de
comunhão dos santos.
Fonte:
CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens, alunos, 4º trimestre 2015.
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