Lição 12 A
SECULARIZAÇÃO MAIS PRESENTE
20 de setembro de 2015
Texto do
dia
"Na verdade, que já os fundamentos se
transtornam; que pode fazer o justo?" (Sl 11.3)
Síntese
O avanço do secularismo alerta-nos para a
necessidade de uma maior atuação de todos nós, Igreja de Cristo, como luz do
mundo e sal da terra.
Agenda de
leitura
SEGUNDA - Jr 8.5 A apostasia de Israel
TERÇA - 1 Sm 8.1-8 A rejeição do governo divino
QUARTA - Jz 21.25 A anarquia em Israel
QUINTA - Mt 9.36 Ovelhas sem pastor
SEXTA - Sl 11.3 Fundamentos transtornados
SÁBADO - 2 Tm 3.1-5 Tempos trabalhosos
Texto
bíblico
2 Timóteo 3.1-5
1. Sabe, porém, isto: que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos;
2. porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos,
3. sem afeto natural, irreconciliáveis,
caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
4. traidores, obstinados, orgulhosos, mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus,
5. tendo aparência de piedade, mas negando a
eficácia dela. Destes afasta-te.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje aprenderemos que em nenhum
outro lugar o reflexo da secularização é tão evidente quanto na igreja. Apesar
de serem as artes e a ciência (e a filosofia por trás delas) os grandes
propulsores da chamada modernidade tardia, no campo religioso suas influências
se revelam ainda mais presentes. A flexibilização dos valores do Evangelho,
visando amoldá-los às mudanças da pós-modernidade, é um dos perigos mais sutis
deste tempo para a Igreja.
O que seria, de fato, a
"secularização"? A inserção de pensamentos puramente materiais na
esfera religiosa ou a atribuição de uma dimensão religiosa às coisas puramente
temporais? Tais indagações precisam ser devidamente esclarecidas a fim de que
possamos saber a melhor forma de levar adiante a nossa missão.
I - OS
TEMPOS TRABALHOSOS
1. A
profecia paulina acerca dos "tempos trabalhosos" (2 Tm 3.1). Ao
jovem pastor Timóteo, o apóstolo Paulo adverte acerca de um período que ele
classificou como "tempos trabalhosos" (2 Tm 3.1). Tal época seria
caracterizada pela completa anulação dos valores humanos mais nobres, bem como
àqueles que foram ensinados pelo Senhor Jesus Cristo (Mt 5-7). A despeito de o
texto ter uma audiência imediata, ele igualmente aponta - profeticamente - para
o futuro.
2. O tema
dos "tempos trabalhosos" nos escritos paulinos. Como um dos mais
profícuos escritores do Novo Testamento, Paulo trata de alguns temas em mais de
uma ocasião (1 Co 5.9). O assunto dos "tempos trabalhosos", por
exemplo, cerca de uma década antes, já havia sido tratado pelo apóstolo dos
gentios em sua Epístola dirigida aos judeus que viviam em Roma (1.18-32).
3.
Características dos "tempos trabalhosos". Escrevendo a Timóteo,
Paulo destaca como características dos tempos trabalhosos que, segundo ele,
também são os últimos tempos, a anulação dos valores e a perversão religiosa
através de um ascetismo que se parece com piedade (1 Tm 4.1-5; 2 Tm 3.1-5). Em
Romanos 1.18-32, o apóstolo dos gentios realça os aspectos pagãos, religiosos,
filosóficos e imorais que caracterizarão tal momento histórico. Com o quadro
que o apóstolo apresenta, é possível avaliar a sociedade atual e o tempo de
hoje, comparando-os e verificando se há algum paralelo e até similaridade entre
si.
II - A
IGREJA EM UM MUNDO PÓS-CRISTÃO
1. A
secularização.
Por incrível que pareça, a secularização, ou seja, a perda da influência da
religião sobre a sociedade, decorre em parte do Iluminismo (chamado também de
"século das luzes") que, por sua vez, juntamente com a Renascença (ou
Renascimento, das artes, da filosofia e da cultura pré-cristã, chamada de
"antiguidade clássica"), é fruto da Reforma Protestante que acabou
com a hegemonia do catolicismo romano.
Por isso, quando se fala em secularização e
imediatamente a relacionamos à fé, tem-se a impressão de que tal postura afeta
unicamente a igreja. Não é bem assim, mas pelo fato de o Ocidente ser o que é
por causa da cultura judaico-cristã e pelo longo período do predomínio da
igreja na Idade Média, é fato que a comunidade de fé acaba sentindo - muito
mais que qualquer outro setor da sociedade -, de forma mais sensível e
agressiva, os reflexos da secularização (Mt 7.21-23; 2 Tm 2.14-21,23-26).
2. A
pós-modernidade
(2 Tm 3.1-5). Também conhecida como hipermodernidade ou ainda modernidade
tardia, de forma simples é uma reação ao mundo moderno (que foi criado
confiando cegamente na razão, e formou-se no impacto de três acontecimentos:
Reforma Protestante, Iluminismo e Renascença) e, ao contrário deste, é a
desconstrução das certezas, tanto as que se baseiam na ciência como as que se
fundamentam na revelação. Entre as suas características mais marcantes, figura
a inaceitabilidade da ideia de qualquer narrativa que pretenda ter uma
abrangência global. Por isso, ela anuncia o fim da história como a conhecemos e
herdamos da visão judaico-cristã, possuindo início, meio e fim, e procura
retomar a antiga noção cíclica do tempo: sem início, sem fim e, portanto, sem
possibilidade alguma de se pensar em transmutação dos valores ocidentais, ou
quaisquer outros, como norma para o mundo, pois não há civilização que tenha
autoridade, ou que seja melhor que as demais, para prescrevê-los.
3. A
cultura pós-cristã.
Atualmente, tornou-se comum falar de era ou cultura pós-cristã. Esta é
resultado direto do processo de secularização e da filosofia pós-modernista.
Pós-cristianismo é a ideia de que a visão de mundo que o cristianismo
apresentava como forma de explicar a realidade já não dá mais conta de fazê-lo.
Não obstante, a cultura pós-cristã não é anticristã como muitos,
equivocadamente, pensam. Ao contrário, a secularização e o pensamento
pós-modernista tornaram possível ao mundo saltar de uma época em que era
praticamente impossível ser ateu, para outra em que se pode não apenas ser
ateu, mas agnóstico, cético, crente, místico, panteísta, etc. Os seus
defensores dizem não existir verdade absoluta em nenhuma área, seja na religião,
seja na ciência, na ética e até mesmo na moralidade. Com isso, tem-se a falsa
impressão de que assim o mundo será melhor, mais tolerante e respeitoso em
relação ao diferente e não convencional.
Pense
De acordo com as características elencadas da
hipermodernidade, você considera o seu país, culturalmente, pós-moderno?
Ponto
Importante
Todos os períodos históricos possuem aspectos
positivos e negativos, por isso, é preciso saber a melhor maneira de viver em
cada momento.
III - NÃO
SE AMOLDEM AO MUNDO
1.
"Quando os fundamentos se corrompem, o que os justos podem fazer?". O questionamento do
salmista no Salmo 11.3, é o mesmo em que nos encontramos atualmente.
Constatamos, sem sombra de dúvidas, que os fundamentos estão sendo
transtornados, mas a grande questão é: O que podemos fazer?
2.
"Não se amoldem às estruturas deste mundo". Não tomar a forma ou
entrar na fôrma não é necessariamente ser reacionário; implica não aceitar
acriticamente o que nos é imposto pelo sistema pecaminoso da sociedade. A recomendação
paulina não se encerra na negação e na resistência de amoldar-se às estruturas
deste século, mas avança instruindo que devemos transformar-nos pela renovação
do entendimento, ou seja, fazer uma manutenção constante em nossa visão de
mundo cristã, a fim de conhecer ou distinguir qual é a vontade de Deus: o que é
bom, o que é perfeito e o que é agradável a Ele (Rm 12.2).
3. Saber
interpretar o tempo.
Em 1 Crônicas 12.32, há uma informação interessante sobre a pequena tribo de
Issacar: "dos filhos de Issacar, destros na ciência dos tempos, para
saberem o que Israel devia fazer, duzentos de seus chefes e todos os seus
irmãos, que seguiam a sua palavra". É claro que a habilidade dos
descendentes de Issacar a que faz referência o cronista, dizia respeito à
capacidade estratégica para guerrear. No entanto, o Senhor Jesus Cristo, ao
falar sobre os últimos tempos e censurar a postura hipócrita do povo que sabia
distinguir o clima estiado de quando poderia chover, questionou:
"Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis,
então, discernir este tempo?" (Lc 12.56). Interpretando o tempo e não
tomando a forma do sistema pecaminoso em vigência no mundo, podemos continuar
cumprindo nossa missão de sermos sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14).
Pense
É possível conter a marcha evolutiva - ou
involutiva - do mundo?
Ponto
Importante
O conhecimento da realidade é fundamental, não
apenas para quem quer preservar a cultura, mas, sobretudo, para quem pensa em
transformá-la.
IV - O
CICLO HISTÓRICO DO MUNDO
1. O
"encantamento" do mundo. Apesar de parecer simplista, a ideia de
divisão histórica pelo âmbito das perspectivas com as quais se enxerga o mundo,
é um exercício didático e aceitável. Partindo desse ponto de vista, é possível
não apenas dividir a história passada, mas, até mesmo, em termos de ciclo
civilizatório, pensar a sociedade de forma futura.
Como se sabe, o mundo antigo fora marcado pela
tentativa humana de se explicar a realidade através dos mitos. Tal atitude
corresponde com o surgimento da religião, ou do sentimento religioso, entre a
humanidade. O mundo era "encantado" e todas as coisas se explicavam
através do mito. A filosofia foi uma tentativa de racionalizar a fala a
respeito dos mitos, procurando questionar respostas simplistas e oferecendo
"explicações" mais elaboradas e menos transcendentais. Falando-se em
ocidente, tal postura perdurou até a Idade Média.
2. O
"desencantamento" do mundo. Com a descoberta progressiva da física, ou
seja, de como funciona o universo, as explicações religiosas são substituídas
por explicações lógicas e racionais. No mundo ocidental esse período
corresponde à modernidade, chamada por Max Weber de "desencantamento do
mundo".
3. O
"reencantamento" do mundo. O próximo estágio só é possível quando se
descobre que nem tudo pode ser explicado de forma racional. O ser humano não
vive sem mistério e de forma puramente lógica. As coisas mais importantes da
vida ainda são inexplicáveis: Quem somos, de onde viemos, para onde vamos? Esse
momento, ocidentalmente falando, corresponde à pós-modernidade. Nesta, é
possível coexistir fé e razão, ciência e religião.
Pense
Em qual momento do ciclo histórico você acha
que a sociedade encontra-se?
Ponto
Importante
A teoria dos ciclos históricos demonstra que é possível
experimentar tais momentos de forma concomitante.
CONCLUSÃO
É urgente, para dizer o mínimo, que
reconheçamos a necessidade de buscarmos mais a Deus, sua Palavra e o
conhecimento do que ocorre à nossa volta para levarmos adiante a obra do Senhor.
Em todas as épocas, a Igreja sempre enfrentou dificuldades e jamais desistiu.
Que possamos cumprir a nossa parte, pois talvez sejamos a geração da última
hora da Igreja na face da terra (Lc 18.8; 1 Jo 2.18).
Hora da
revisão
Cite as características dos "tempos
trabalhosos" apontadas na lição.
A secularização, involuntariamente, foi
originada por qual acontecimento?
A cultura pós-cristã é anticristã? Por quê?
O que significa não se amoldar ao mundo?
Quais as duas atitudes que a igreja precisa
tomar para restabelecer os fundamentos?
Fonte:
CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens, alunos, 3º trimestre 2015.
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