Lição 2 - Maturidade, exigência
para líderes cristãos
TEXTO AUREO
“Esta é uma
palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja”.lTm 3.1
VERDADE APLICADA
A maturidade e a
experiência com Deus são imprescindíveis no ato de liderar.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
► Deixar claro que tipo de líderes a igreja precisa;
► Demonstrar o perfil essencial dos líderes;
► Apontar três principais aptidões de um líder na igreja.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
1Tm 3.2 - Convém, pois, que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,
apto para ensinar;
1Tm 3.3 - não dado ao vinho, não espancador,
não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;
1Tm 3.4 - que governe bem a sua própria casa,
tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia
1Tm 3.5 - (porque, se alguém não sabe governar
a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);
lTm 3.6 - não neófito, para que,
ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.
lTm 3.7 - Convém, também, que tenha bom
testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do
diabo.
A ascensão e a queda de todas as coisas dependem da
liderança, quer se trate de uma família, quer de uma congregação local. O
Espírito Santo concede dons aos cristãos para o ministério na igreja local,
dentre eles os de "pastores e mestres" (Ef 4:11) bem como os de
"socorros" e de "governos" (1 Co 12:28). Conforme
observamos anteriormente, apesar de a igreja ser um organismo, é importante que
seja organizada, pois de outro modo, não sobreviverá. A liderança faz parte da
organização espiritual.
Nesta seção, Paulo descreve o bispo,
o diácono e a igreja em si. Ao compreender essas três descrições, poderemos
liderar com mais excelência no ministério da igreja.
1. O pastor (1 Tm 3:1-7)
De acordo com o Novo Testamento, os
termos "bispo", "pastor" e "presbítero" são
sinônimos. A palavra bispo significa "supervisor", e os presbíteros têm a
responsabilidade de supervisionar o trabalho da igreja (At 20:17, 28; 1 Pe
5:1-3), "Presbítero" é a tradução do termo grego presbutes, que significa "um ancião". Paulo usa o termo presbitério em 1 Timóteo 4:14, referindo-se não a uma denominação, mas
ao conjunto de presbíteros da assembleia que ordenaram Timóteo. Os presbíteros
e bispos (dois nomes para o mesmo cargo, Tt 1:5, 7) eram pessoas maduras, com
sabedoria espiritual e experiência espiritual. Por fim, o termo
"pastor" também tem o sentido de "pastor de ovelhas",
aquele que conduz e cuida do rebanho de Deus. Quando comparamos as
qualificações apresentadas nesta passagem para os bispos com aquelas
apresentadas para os presbíteros em Tito 1:5-9, vemos que, na verdade, todas se
referem ao mesmo cargo. No período apostólico, a organização da igreja era
bastante simples: havia os pastores (bispos, presbíteros) e os diáconos (Fp
1:1). Ao que parece, vários presbíteros supervisionavam o trabalho de cada
igreja, alguns deles encarregados de "presidir" (trabalhar com a
organização e o governo), outros, de ensinar (1 Tm 5:1 7). Mas era necessário
que esses homens fossem qualificados, É bom um cristão que está crescendo na fé
aspirar ao cargo de presbítero, mas a melhor maneira de alcançá-lo e de
desenvolver o caráter cristão é preencher os requisitos discutidos a seguir.
Tornar-se presbítero/bispo é uma decisão séria, que não era tratada levianamente
na Igreja primitiva. Paulo apresenta dezesseis qualificações que deveriam estar presentes no homem que
desejava servir como presbítero/bispo/pastor.
irrepreensível (v; 2a). Esse termo
significa, literalmente, "sem ter por onde pegar", ou seja, não deve
haver em sua vida qualquer coisa que Satanás ou um incrédulo possa usar como um
motivo para criticar ou atacar a igreja. Nenhum homem é impecável, mas devemos
nos esforçar para ser irrepreensíveis e não merecer qualquer censura.
Esposo de uma só mulher (v. 2b). Todos as qualificações desta passagem são masculinas.
Apesar de haver amplo espaço para o ministério feminino na congregação local, o
cargo de presbítero não está aberto a mulheres. No entanto, a vida do pastor em
casa é importante, especialmente no que diz respeito a sua situação conjugal (o
mesmo requisito aplica-se aos diáconos, de acordo com 1 Tm 3:12). Significa que
um pastor não deve ser divorciado e casado pela segunda vez. Sem dúvida, Paulo
não está se referindo à poligamia, pois nenhum membro da igreja, muito menos um
pastor, seria aceito se tivesse mais de uma esposa. Também não está se
referindo ao segundo casamento de viúvos, pois, tendo em vista Gênesis 2:18 e 1
Timóteo 4:3, por que um pastor nessa situação seria proibido de se casar
novamente?
Por certo, os membros da igreja que
haviam perdido o cônjuge poderiam se casar de novo, então por que impor tal
exigência ao pastor?
É evidente que a capacidade de um homem
em conduzir o próprio casamento e lar indica sua capacidade de administrar a
igreja local (1 Tm 3:4, 5). O pastor que se divorcia expõe a si mesmo e à
igreja às críticas de pessoas de fora e, dificilmente, membros da congregação
que passam por problemas no casamento se aconselharão com um pastor que não
conseguiu manter a integridade do próprio casamento. Não vejo motivo algum que
impeça cristãos consagrados que tenham se divorciado e casado novamente de servir em
outros cargos da igreja, mas são desqualificados para os cargos de presbítero e
de diácono.
Tem perante (v. 2c). Significa "sóbrio". "Que demonstra
temperança em todas as coisas" (2 Tm 4:5, tradução literal) ou "que
mantém a cabeça no lugar em todas as situações". O pastor precisa
exercitar o julgamento sóbrio e sensato em todas as coisas.
Sóbrio (v. 2d). Deve ter seriedade em sua atitude e em seu trabalho. Isso
não significa que não possa ter senso de humor ou que deva ser sempre taciturno
e solene. Antes, indica que ele sabe o valor das coisas e não vulgariza o
ministério nem a mensagem do evangelho com um comportamento tolo.
Modesto (v. 2e). Uma boa
tradução para esse termo é "ordeiro". O pastor devo ser organizado em
sua forma de pensar e de viver, bem como no ensino e na pregação. Trata-se do
mesmo termo grego usado em 1 Timóteo 2:9 ("modéstia") com referência
aos trajes das mulheres.
Hospitaleiro (v. 2f). Literalmente, "que ama o forasteiro". Esse era
um ministério importante da Igreja primitiva, quando os cristãos que viajavam
precisavam de um Jugar para se hospedar (Rm 12:13; Hb 13:2; 3 Jo 5-8). Mas
mesmo nos dias de hoje, o pastor e a esposa que demonstram hospitalidade são de
grande ajuda para a comunhão da igreja local.
Apto para ensinar (v. 2g). O ensinamento da Palavra de Deus é um dos principais
ministérios do presbítero. Na verdade, muitos estudiosos acreditam que
"pastores e mestres", em Efésios 4:11, se refere a uma só pessoa com
duas funções. Um pastor é, automaticamente, um mestre (2 Tm 2:2, 24). Phillips
Brooks, famoso bispo norte-americano do século xix, disse: "A aptidão para
ensinar não é algo que se obtém por acidente nem por um irrompimento de zelo
ardente". O pastor deve ser um estudioso dedicado da Palavra de Deus e de
tudo o que o ajude a conhecer e a ensinar a Palavra. O pastor que tem preguiça
de estudar é uma calamidade no púlpito.
Não dado ao vinho (v. 3a). O termo no original descreve uma pessoa que passa um longo
tempo com uma taça de vinho na mão e, portanto, bebe em excesso. O fato de
Paulo aconselhar Timóteo a usar vinho com fins medicinais (1 Tm 5:23) indica
que não se exigia a abstinência total dos cristãos. Infelizmente, alguns dos
membros da igreja de Corinto embebedavam-se até nas refeições de comunhão que
acompanhavam a Ceia do Senhor (1 Co 11:21). Os judeus diluíam o vinho com água
para que não ficasse forte demais. Naquele tempo, sabia-se que a água não era pura,
de modo que seria mais saudável beber com moderação o vinho diluído. Existem,
porém, diferenças enormes entre o uso cultural do vinho nos tempos bíblicos e o
subsídio da indústria do álcool hoje. A admoestação e exemplo de Paulo, em
Romanos 14 (especialmente Rm 14:21), se aplica, de modo especial, a nosso
tempo. Um pastor piedoso certamente deseja dar o melhor exemplo possível e não
ser uma desculpa para o pecado na vida de alguns irmãos mais fracos.
Não violento (v. 3b). "Que não seja contencioso nem procure briga."
Charles Spurgeon dizia aos alunos do seminário: "Não andem pelo mundo
afora com os punhos fechados, prontos para lutar e carregando um revolver
teológico na perna das calças".
Cordato (v. 3c). Uma tradução mais apropriada seria "amável". O
pastor deve ouvir as pessoas e ser capaz de aceitar críticas sem reagir. Deve permitir que outros sirvam a Deus na
igreja sem fazer imposições.
Inimigo de contendas (v. 3d). Os pastores devem sempre ser pacificadores, não
agitadores. Isso não significa fazer concessões indevidas em questões de fé,
mas discordar sem ser desagradáveis. Quem tem pavio curto, normalmente, não tem
um ministério longo.
Não avarento (v. 3e). Paulo fala mais sobre o dinheiro em 1 Timóteo 6:3ss. Os
que não têm consciência nem integridade podem usar o ministério como um modo
fácil de ganhar dinheiro. (O que não significa que os pastores ganhem tão bem
na maioria das igrejas!) Os pastores cobiçosos sempre têm "negócios"
paralelos, e tais atividades corrompem seu caráter e servem de empecilho a seu
ministério. Os pastores não devem trabalhar "por sórdida ganância" (1
Pe 5:2). É possível cobiçar muitas coisas além de dinheiro: popularidade, um
ministério grandioso que lhe dê projeção, cargos mais elevados dentro da
dominação.
Uma família temente a Deus (vv. 4,
5). Isso não significa que o pastor deva ser casado ou, se for
casado, que deva ter filhos. No entanto, é provável que o casamento e a família
façam parte da vontade de Deus para a maioria dos pastores. Se os próprios
filhos de um indivíduo não lhe obedecem nem o respeitam, dificilmente sua
igreja lhe obedecerá e respeitará sua liderança. Para os cristãos, a igreja e o
lar são uma coisa só. Devemos administrar ambos com amor, verdade e disciplina.
O pastor não pode ser uma pessoa em casa e outra na igreja. Se isso acontecer,
seus filhos perceberão, e haverá problemas. Os termos "governe" e
"governar", em 1 Timóteo 3:4, 5, significam "presidir sobre
algo, dirigir", e indicam que é o pastor quem dirige os negócios da igreja
(não como um ditador, obviamente, mas como um pastor amoroso cuidando de seu
rebanho - 1 Pe 5:3). O termo traduzido por "cuidar", em 1 Timóteo
3:5, indica um ministério pessoal às necessidades da igreja. É usado na
parábola do bom samaritano para descrever o cuidado deste para com o homem
ferido (Lc 10:34, 35).
Não seja neófíto (v. 6). Neófito significa, literalmente, recém-plantado e se refere aos
cristãos novos na fé. Idade não é garantia de maturidade, mas é bom um homem
dar a si mesmo tempo para estudar e crescer antes de aceitar uma igreja. Alguns
homens amadurecem mais rapidamente do que outros. Satanás gosta de ver o pastor
jovem ser bem-sucedido e se orgulhar; depois, tem prazer em destruir tudo o que
foi construído.
Bom testemunho dos de fora (v. 7). Ele paga as contas? Tem boa reputação no meio dos
incrédulos com os quais faz negócio? (ver Cl 4:5 e 1 Ts 4:12).
Nenhum pastor chega a um ponto em que
acredita haver alcançado a plenitude de seu potencial; assim, precisa sempre
das orações dos membros de sua congregação. Não é fácil servir como
pastor/presbítero, mas é muito mais fácil exercer esse cargo, se nosso caráter
estiver de acordo com o ideal de Deus.
Fonte: Comentário Warren W. Wiersbe
Introdução
Liderança é uma necessidade para a vida de qualquer grupo
ou organização. Tanto as organizações eclesiásticas quanto as seculares clamam por
líderes devotos. Não há nenhuma instituição mais poderosa que a Igreja de
Cristo na terra (Mt 16.18b ...e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.). Ela conta com os maiores recursos existentes, sejam eles
materiais ou espirituais. Mesmo assim, carece de liderança espiritual autêntica
que faça a diferença no mundo. Vejamos que tipos de líderes ela precisa.
OBJETIVO
► Deixar claro que tipo de líderes a igreja
precisa;
1. Pessoas que
tenham aspiração
Aspiração é o desejo profundo de atingir uma meta, um
sonho, um desígnio. Nenhum sonho de se alcançar uma liderança no campo
espiritual e eclesiástico deve ser desestimulado (lTm 3.1 Esta é
uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.), ao contrário, deve ser visto com cuidado e apontada as duas
vertentes: das carências e das exigências, como fez Paulo. Vejamos então
algumas:
1.1. Aspiração
priorizada
O aspirante a liderança religiosa como qualquer outra,
pode ter boas ou más motivações. Há aqueles que desejam liderança por vaidade
pessoal, como mero desejo de sucesso e reconhecimento (Fp 1.15 Verdade
é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa
mente;). Outros gostariam de ostentar um título com suas
credenciais, salário, etc. Esse desejo é impuro e como tal precisa ser
purificado pelo sangue de Jesus, e pelo fogo da Palavra de Deus. Jesus ensinou
o que deve motivar a liderança no Reino de Deus: O desejo sincero de ser servo,
e de compartilhar a própria vida (Jo 15.13 Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida
pelos seus amigos.). Quando alguém se destaca com tais
qualidades podemos deduzir que tal pessoa possui uma autêntica chamada
ministerial, para a liderança.
A Igreja precisa de edificadores de almas. Liderar é
mentorear; edificar pessoas, e não prédios. O próprio Jesus não deixou nenhuma
edificação, como herança, mas discípulos para darem continuidade à Sua
missão. Então, o mais importante é encontrar a pessoa que vai substituí-lo e
treiná-la. Se tudo o que o líder fez desaparecer quando ele morrer, então a
liderança dele foi um fracasso.
1.2. Aspiração
resignada
Se alguém deseja servir a Deus como bispo ou pastor,
excelente obra almeja (lTm 3.1 Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado,
excelente obra deseja.). Vemos que o desejo de servir como
líder é historicamente incentivado na igreja local. E claro o apreço no N.T.
por parte daqueles que têm tal aspiração, todavia, devemos lembrar que, na época
em que Paulo escreveu a primeira carta a Timóteo, já havia indícios de uma
perseguição generalizada à igreja. Candidatar-se à liderança ministerial era um
sério risco pessoal e para a própria família (ICo 7.26-27 Tenho,
pois, por bom, por causa da instante necessidade, que é bom para o homem o
estar assim. Estás ligado à mulher? Não busques separar-te. Estás livre de
mulher? Não busques mulher.,32 E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida
das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor;). Isso nos deixa claro que, diferente de hoje, na época,
desejar ser líder não traria recompensas materiais, nem tampouco projeção,
visto que a igreja cristã no mundo pagão era hostilizada e perseguida (At 8.1 E
também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande
perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos
pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos.).
1.3. Aspiração
inquebrantável
Esse tipo de aspiração traz consigo um desejo ministerial
capaz de suportar todo tipo de provação possível. Quem almeja se tornar
ministro de Cristo e liderar na obra de Deus, deve suportar os desapontamentos,
as frustrações, e os desencantos da chamada (2Tm 3.12 E
também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão
perseguições.). “Não entre no ministério se puder
passar sem ele” foi uma citação de Spurgeon, para depois dizer: “Se alguém
neste recinto puder ficar satisfeito sendo redator de jornal, fazendeiro,
médico, advogado, senador ou rei, em nome do céu e da terra, siga o seu
caminho”. Por outro lado, servir como líder no Reino de Deus, implica em sofrer
tribulações (2 Tm 3.11perseguições e aflições tais quais me
aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e
o Senhor de todas me livrou.).
Todo aquele que se candidata a líder será observado e
provado até finalmente ser aprovado. O preço, na verdade, é bastante elevado
para o encargo na liderança eclesiástica. Liderança espiritual tem o preço de
resignação em muitos sentidos. O salário não é o que se imagina. Lidar com o
ser humano exige paciência, sensibilidade e fé no chamado que se recebe. Assim,
somente alguém bem consciente de seu chamado suportará as provações peculiares
ao encargo.
OBJETIVO
► Demonstrar o perfil essencial dos líderes;
2. Líderes que
tenham caráter
Falaremos agora do significado da liderança espiritual.
Uma liderança espiritual é servidora tanto ao Reino de Deus como aos homens,
segundo os dons concedidos por Ele (Rm 12.6-8 De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é
dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em
ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse
dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com
cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.). Todavia essa liderança com esses dons são governados pelo
Espírito Santo, visando glorificar a Cristo. Aquele que se submeter ao Espírito
será impregnado pelo caráter de Jesus Cristo, chamado de fruto do Espírito, o
que veremos a seguir.
2.1. O
caráter exigido
Se os homens na terra procuram para serem seus diretores,
funcionários com caráter digno de confiança, o que se dirá de Cristo para sua
igreja na terra? Com certeza, ele procura homens de caráter sublime, íntegros e
que possam inspirar a outros o seguir (2 Tm 2.2 E o
que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que
sejam idôneos para também ensinarem os outros.). Os encargos de liderança estão aí à disposição daqueles que
provarem que são dignos dele. Se alguém analisar as exigências paulinas (lTm
3.1-14) e, ainda assim, continuar desejando engajar-se no ministério cristão,
deverá enquadrar-se nelas. Liderança cristã vai além de estar bem informado,
ter formação superior, ser bem relacionado na igreja onde serve, etc. Líder
cristão além de possuir essas qualidades deve ser alguém de caráter ilibado e
dirigido pelo Espírito, como a Bíblia recomenda (At 6.3Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa
reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos
sobre este importante negócio.).
2.2. Caráter
amadurecido
Um neófito não deve servir como líder. Neófito quer dizer
recentemente plantado. Logo, está implícito que um novo convertido ainda não
teve tempo suficiente para provar o seu caráter e exercitar os seus dons
devidamente. Ainda que um novo cristão pareça ter tais qualificações, é precoce
e precipitado chegar a essa conclusão. Facilmente um neófito se envaidecerá e,
diante de seu narcisismo, sucumbirá e, ainda, no seu orgulho, tornar-se-á
estúpido e confuso. A isso Paulo chama de incorrer na condenação do diabo, (lTm
3.6 não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na
condenação do diabo.). Quem pensar que o diabo não passa
de doutrina, logo perceberá, na prática, o seu engano ante a realidade das
provações e tentações.
2.3. Caráter
atestado
Toda liderança cristã deve trabalhar com cuidado e não
impor as mãos precipitadamente sobre ninguém (lTm 5.22 A
ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios;
conserva-te a ti mesmo puro.). Não obstante, alguns líderes no
afã de crescimento e sob a pressão de alcançar sucesso imediato, impõem as mãos
para sua própria decepção e dão legalidade no mundo espiritual para que os tais
perturbem a paz do Reino. É comum esses tais novatos se envolverem em
escândalos, abandonando seus precursores, vindo a desejar formar um ministério
próprio. Tudo isso sem possuir qualquer experiência. Leva tempo para um caráter
assertivo ser reconhecido (Gl 1.18 Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e
fiquei com ele quinze dias.;2.1 Depois,
passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também
comigo Tito.). Nesse aspecto da chamada
ministerial os candidatos deverão ser pacientes, e até o momento do
reconhecimento público, permanecer na vocação que foram chamados.
É triste, mas, em nossos dias, estamos vendo um número
incontável de pessoas despreparadas e de dúbio caráter. É muito sério eleger
alguém como um líder; está comprovado que o candidato ao ministério ainda
precisa passar pelo fogo depurador da experiência com Deus. Um chamado não
acontece da noite para o dia. Moisés passou longos anos, e, mesmo sabendo que
era o escolhido para a função, quase se perde por sair antes do tempo. Quando
Deus o chamou ele já tinha oitenta anos, todavia, tudo foi mais
fácil, porque Deus estava com ele, e era chegado seu tempo de agir.
OBJETIVO
► Apontar três principais aptidões de um líder na
igreja.
3. Líderes que
tenham aptidões
Algumas aptidões são fundamentais para o exercício da
liderança cristã (At 6.3 Escolhei, pois,
irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.). Embora elas sejam também exigidas no campo secular para
determinados tipos de liderança, são de igual forma exigidas na igreja. Tais
aptidões poderão ser desenvolvidas, exercitadas e amadurecidas ao longo de toda
uma vida. Vejamos as principais:
3.1. Aptidão para liderar
Parece imprópria e repetitiva esta exigência, mas a
verdade é que nem todos desejam e talvez possuam aptidão para algum tipo de
liderança. Por exemplo: algumas pessoas foram chamadas para servir apenas como
diáconos (ITm 3.13 Porque os que servirem bem como diáconos
adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo
Jesus.). Elevar sua função poderá influir tanto em sua vocação,
que em vez de destacar-se, irá se anular completamente. Será que alguém sabe
que destino tomou Matias, o que havia sido escolhido para ocupar o lugar Judas?
(At 1.26 E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E, por
voto comum, foi contado com os onze apóstolos.). Devemos ter cuidado, porque nem sempre a vontade dos homens é
a escolha de Deus. Até apóstolos erram! Isso é um sinal para que pensemos
melhor antes de impor as mãos sobre alguém.
Aqueles que têm o dom de liderar devem fazê-lo com
diligência (Rm 12.8). O contrário de diligência é desleixo e quanto a isso
Jeremias escreveu: “maldito aquele que fizer a obra do Senhor
relaxadamente” (Jr 48.10). Liderar com diligência é o empenho dedicado em
atingir metas, é a dedicação solícita em relação aos liderados, própria de um
pastor em relação ás suas ovelhas.
3.2. Capacidade para ensinar e doutrinar
Junto à aptidão de liderar é importante que um líder seja
apto a ensinar (ITm 3.2c apto para ensinar;). Como tal, dependendo do tipo de liderança que exerce e as
necessidades apresentadas, deverá ensinar em muitas áreas diferentes da igreja.
Por exemplo, ao abrir uma nova frente de trabalho, esse líder precisará ensinar
a novos convertidos e a crianças acerca da fé. Numa igreja já estabelecida
também, desempenhará muitos papéis no ensino, como também num culto
doutrinário, escola dominical, curso para obreiros, seminário, etc. Não existe
evangelho genuíno sem ensino bíblico (Mt 28.20a ensinando-as
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado;), e quanto a este se deve convergir todas as energias por causa
dos falsos ensinos e ensinadores que a Bíblia nos adverte (ITm 4.1-2 Mas o
Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, pela
hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria
consciência,).
3.3. Habilidade
para disciplinar
Intimamente ligado ao ensino, está o ato de disciplinar.
Na verdade, disciplinar é uma forma de ensinar, mas também de colocar ordem (Tt
1.5 Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa
ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses
presbíteros, como já te mandei:) Contudo, o ato de disciplinar
quando se faz necessário é uma forma de amar, ainda que quem esteja sob a vara
da disciplina não goste (Hb l2.10-11 Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam
como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes
da sua santidade. E, na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de
gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos
exercitados por ela.). Em toda e qualquer organização a
disciplina é imprescindível (lTs 5.14 Rogamo-vos também, irmãos, que admoesteis os desordeiros,
consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos e sejais pacientes para com
todos.). Mas disciplina deve ser sempre motivada pela verdade,
misericórdia e autovigilância (Gl 6.1 Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma
ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão,
olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.). Observe que Paulo escreve a Timóteo no tocante ao assunto nos
seguintes termos: “Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a
pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como
a irmãs, com toda a pureza” (ITm 5.1-2).
A verdadeira disciplina não é nem desagradável nem cruel.
É uma questão de amor - amor a Deus, amor à santidade, amor à
verdade, amor ao testemunho de Cristo na igreja, amor aos irmãos, e amor aos
não salvos que estão observando o testemunho da Igreja e que podem tropeçar e
serem ofendidos e, portanto, não serem salvos se o pecado não for
disciplinado. “Enquanto as igrejas falharem em preservar uma membresia pura, e
se recusarem a purificar os pequenos pedaços de fermentos óbvios, haverá pouca
esperança para qualquer melhoria na condição das igrejas, e boas razões para
esperar que as igrejas se movam no sentido oposto”.
Conclusão
A autêntica liderança espiritual é a que fará diferença
onde for desenvolvida. Para que isso aconteça, é necessário respeitar o desejo
daqueles que aspiram ao ministério, orientando e encaminhando-lhes ao
treinamento. A preparação, nesse sentido, deve acontecer, até que, finalmente,
cheguem ao pleno exercício da função. Na verdade, muitos são ocultamente por
Deus.
QUESTIONÁRIO
1. De acordo com Fp 1.15 qual é a forma incorreta de se
desejar a liderança?
R. Por vaidade pessoal, como mero desejo de sucesso e
reconhecimento.
2. Como se define a Aspiração inabalável?
R. Um desejo ministerial capaz de suportar todo tipo de
provação.
3. Que tipo de risco corre quem ousa a candidatar-se a
liderança?
R. Um sério risco pessoal e para a própria família,
(ICo7.26-27,32).
4. De acordo com 2Tm 2.2qual é o perfil do homem confiável
para liderança?
R. Homens de caráter sublime, íntegro e que possa inspirar
a outros o seguir.
5. O quê está Intimamente ligado ao ensino?
R. O ato de disciplinar.
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