Dons Espirituais e Ministeriais
Lição 1 - Dons de
Deus para os Homens
Neste trimestre,
estudaremos sobre os dons ministeriais e espirituais. Depois da morte e
ressurreição de Cristo, acreditamos que os dons são um dos assuntos mais
relevantes do Novo Testamento para a Igreja de Cristo. Os dons espirituais e
ministeriais são dádivas divinas para a Igreja atual. Alguns erroneamente
afirmam que os dons foram apenas para a igreja do primeiro século. Esta
afirmação contraria a Bíblia, que diz em Joel
2.28 “ E há de ser, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a
carne, vossos filhos e filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os
vossos jovens terão visões”. Os dons são para a Igreja de Cristo até a sua Segunda
Vinda. O apóstolo Paulo declarou aos coríntios que não devemos ser ignorantes a
respeito dos dons (1Co 12.1).
Na Palavra de Deus,
encontramos três listas principais que tratam a respeito dos dons. As três
listas se completam.
Podemos encontrar a
primeira lista em Romanos 12.4-8.
Aqui estão relacionados os dons de serviço. A segunda lista está em 1 Coríntios
12 e nela encontramos listados os dons espirituais. A terceira relação se
encontra em Efésios 4.11, onde
encontramos os dons ministeriais. Tanto os dons de serviço quanto os
ministeriais e espirituais têm como propósito a edificação do Corpo de Cristo.
Usando
os dons de maneira a agradar a Deus
Os dons devem ser
utilizados com um propósito específico, a fim de que o nome de Cristo seja
glorificado. Quem deseja os dons necessita compreender que toda a nossa
capacidade e habilidade vem do Senhor. É uma capacidade sobrenatural, não é
inata. Estas habilidades são resultado único da graça divina em nossas vidas.
No uso dos dons, o crente também precisa conscientizar-se de que o Corpo de
Cristo é formado por vários membros, com funções diferentes, mas isso não
significa que um é mais importante que o outro. Todos têm o seu valor e devem
funcionar em harmonia, visando o bem de todos. Não existe um dom que seja
superior aos outros, eles se complementam para a glória do Senhor.
Não
seja ignorante quanto aos dons espirituais
Os dons é um
assunto tão importante para a igreja, que Paulo exorta aos Coríntios a que
todos sejam instruídos no assunto (1Co 12.1).
A falta de conhecimento leva ao fanatismo, gerando sérios problemas. A cidade
de Corinto era marcada pela idolatria. O Brasil também tem uma diversidade
religiosa grande, muitos irmãos em nossas igrejas vieram de religiões
idólatras, onde o uso de “poderes místicos” é comum. Precisamos estudar, à luz
da Palavra, a respeito dos dons a fim de que venhamos discernir os verdadeiros
dons do Espírito. A falta de ensino contribui para surgimento de muitas
heresias.
Lição 2 - O propósito dos dons
Muitas dúvidas
pairam sobre os crentes pentecostais quando o assunto é os dons espirituais.
Elas prejudicam a obra de Deus e o recebimento das bênçãos divinas. Os dons do
Espírito Santo são recursos indispensáveis para o Corpo de Cristo. Eles
contribuem para a expansão e edificação da Igreja.
Os dons são sempre
concedidos aos crentes visando um propósito específico. Qual será este
objetivo? O alvo divino é a edificação de todos os membros do Corpo.
Infelizmente, alguns fazem um uso errado dos dons. Vemos crentes tentando usar
os dons para alcançar interesses pessoais. Em vez de glorificar o nome do
Senhor, estes se utilizam dos dons a fim de galgar posições eclesiásticas.
Muitos não estão mais sendo usados pelo Espírito Santo, mas estão tentando usar
o Espírito. Eles estão enganando a si próprios. O Senhor conhece nossos
corações e as nossas intenções. Haverá um dia que teremos que prestar contas ao
Senhor a respeito do uso dos nossos dons e talentos. Neste dia muitos ouvirão
do próprio Senhor a quem tentaram enganar (Mt
7.24).
O
objetivo dos dons não é a superioridade ou elitização de um grupo (1Co 12.7).
Por falta de conhecimento bíblico, muitos
acreditam, erroneamente, que os dons são um sinal de grande espiritualidade e
até de superioridade, mas não o são. Tomemos como exemplo os irmãos da igreja
de Corinto. Ao visitar aquela igreja, Paulo relatou que ali havia a
manifestação de muitos dons espirituais (1Co 1.7).
Corinto era uma cidade cosmopolita, marcada pela idolatria, paganismo e
imoralidade. Ser um crente fiel naquela cidade não era fácil. Logo, Deus
concedeu muitos dons do Espírito Santo àqueles irmãos a fim de que tivessem
condições de lutar contra a idolatria, a imoralidade e permanecessem em
santidade até a volta de Cristo. Todavia, a igreja de Corinto estava longe de
ser uma igreja espiritual. O pecado havia adentrado ali. Paulo chama os irmãos
de Corinto de carnais e meninos (1 Co 3.1).
Fica então a pergunta: “O que torna o crente espiritual? Os dons?” Podemos
aprender, por intermédio dos irmãos de Corinto, que não. Quem tem poder para
santificar os crentes é o Espírito Santo. Os dons são dádivas divinas. São
presentes e não tem o poder de nos santificar.
Os dons espirituais
são dádivas importantes e necessárias à igreja nestes últimos dias antes da
Segunda Vinda de Cristo. Estamos vivendo tempos trabalhosos (2Tm 3.1), por isso, precisamos ser cheios do
Espírito Santo e procurar com dedicação os dons espirituais (1Co 12.31).
Os dons são
capacidades inatas, adquiridas, ou é algo que vem direto de Deus? Segundo
Stanley Horton, “os dons são encarnacionais. Isto é, Deus opera através dos
seres humanos”. Logo, são capacidades sobrenaturais vinda d’Ele por intermédio
do Espírito Santo. Deus colocou à disposição da igreja muitos dons e todos são
extremamente úteis para a edificação e exortação dos crentes.
Para melhor estudar
o assunto, os dons foram divididos em três categorias: dons de revelação, de
elocução e de poder. Nesta lição estudaremos os dons de revelação: palavra de
sabedoria, palavra do conhecimento e discernimento de espíritos.
Palavra
de Sabedoria
O que seria este
dom? “Sabedoria” no grego é shophia e segundo o Dicionário Bíblico
Beacon quer dizer “julgamento de Deus diante das demandas feitas pelo homem,
especificamente pela vida cristã”. Esta sabedoria não é o resultado da
capacidade cognitiva humana.
A sabedoria aqui é
uma capacidade divina de julgar as questões práticas do nosso dia a dia de
maneira que o nome do Senhor seja exaltado. Todo crente é exortado a buscar em
Deus a sabedoria (Tg 1.5). Neste
texto, segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Tiago está falando a
respeito da “habilidade de tomar decisões em circunstâncias difíceis”. Logo,
também não diz respeito ao conhecimento adquirido pelo homem. Muitos homens são
dotados de grande capacidade intelectual, mas infelizmente desconhecem a Deus.
Sabedoria
divina x sabedoria humana
Em 1 Coríntios 2.6, Paulo faz uma comparação,
mostrando à igreja em Corinto a diferença entre a sabedoria humana e a
espiritual. Paulo mostra que a razão humana não pode levar o homem à redenção
dos seus pecados. Somos redimidos pela fé em Cristo. A fé salvifica é um dom
divino. O homem que não aceita Cristo como Salvador não
pode compreender a
sabedoria de Deus revelada em Jesus.
Dom da
Palavra de Sabedoria
De acordo com
Estêvam Ângelo de Souza, “a palavra de sabedoria é a sabedoria de Deus ou, mais
especificamente, um fragmento da sabedoria divina, que é dada por meios
sobrenaturais”. É uma capacidade vinda diretamente de Deus, mediante a ação
direta do Espírito Santo em nossas vidas. A liderança, bem como todos aqueles
que querem servir à Igreja de Cristo, deve buscar este dom a fim de administrar
e servir com excelência. A Bíblia nos mostra que os diáconos eram homens cheios
do Espírito Santo e que Estêvão, dispunha detanta sabedoria, que ninguém
conseguia se sobrepora ele durante a sua pregação (At
6.10).
Lição 4 - Dons de Poder
O dom
da fé - O que é a fé? Há
na Bíblia pelo menos três tipos de fé: a comum, a salvífica e o dom da fé. A
melhor definição de fé pode ser encontrada em Hebreus
11.1. Todo cristão possui esse tipo de fé. Já a fé que leva o homem
à salvação é resultado da pregação da Palavra e do convencimento do Espírito
Santo. É bom ressaltar que a fé é sempre o resultado da graça divina. Sem a
ação divina, não conseguimos crer. A Igreja precisa viver pela fé, como Jesus
afirmou em Marcos 9.23. Sem fé não
podemos agradar a Deus, todavia o dom da fé é algo específico. Segundo a Bíblia
de Aplicação Pessoal o dom da fé “é uma medida incomum de confiança no poder de
Deus”. Mediante este dom, os cristãos do primeiro século fizeram muitas
maravilhas, levando a igreja a experimentar um crescimento vertiginoso.
O dom
de curar - Temos um Deus
que se apresentou ao Seu povo, no Antigo Testamento, como Jeová Rafa, o Deus
que sara (Êx 15.27). No Novo
Testamento, podemos ver que Jesus curou muitos enfermos, glorificando o nome do
Pai. Na Igreja do primeiro século, o evangelho era confirmado mediante a
operação de curas (At 4.24-31). Este
dom não cessou. Deus continua curando os enfermos mediante os dons de curar. Em
1 Coríntios 12.9b a palavra cura é
utilizada no plural, isto indica que há cura para os vários tipos de moléstias.
Por que, mesmo havendo os dons de curar à disposição da igreja, nem todos são
curados? Deus é soberano e não sabemos por que uns recebem a cura e outros não.
Mas para Deus não há impossíveis. Paulo não pôde curar as frequentes
enfermidades de seu filho na fé, Timóteo (1 Tm
5.23). Certamente, na Igreja Primitiva, também havia pessoas
enfermas. Todavia, Deus concedeu à Sua Igreja os dons de curar.
Operação
de maravilhas -
Este dom está relacionado ao dom da fé e cura. E como os dons de curar, a
palavra dons aqui aparece novamente no plural. Segundo o Comentário Bíblico
Pentecostal “este dom parece ter sido uma das credenciais dos apóstolos, mas
não era restrito a eles” (Rm 15.19).
Os sinais e prodígios faziam parte da Igreja Primitiva. Os crentes buscavam com
poder os sinais milagrosos a fim de que muitos recebessem Cristo como Salvador.
Podemos ver, em especial no livro de Atos, a manifestação deste dom. Pedro
possuía este dom e fez uso dele ao orar por Dorcas (At
9.40). Dorcas impactou sua comunidade com seus talentos e Pedro com
o dom de maravilhas. O milagre realizado na vida de Dorcas foi notório em Jope
(At 9.42).
Lição 5 - Dons de elocução
Estudaremos nesta
lição os dos dons de elocução.Neste grupo estão relacionados o dom de profecia,
variedade de línguas e a interpretação de línguas (1Co
12.10).
O dom
de profecia - Em 1 Coríntios 14, Paulo fala à igreja a respeito
do dom de profecia. O apóstolo incentiva os crentes a profetizarem (1Co 12.1). Por quê? Seria este dom superior
aos outros? Não. Paulo estava preocupado com a edificação do Corpo de Cristo,
pois o dom de profecia tem como propósitos a edificação, a exortação e consolo
da igreja (1Co 14.3). Como podemos
definir este dom? Segundo o Comentário Bíblico Beacon, profecia “é aquele dom
especial que exorta e capacita certas pessoas a transmitir a revelações de Deus
à sua igreja”. Para uma definição mais abrangente, vejamos o que Whendon nos
diz: “Uma inspirada pregação; predizendo o futuro, expondo misteriosas
verdades, ou pesquisando os segredos do coração e do caráter dos homens”. Ao
conceder o dom da profecia, Deus não faz distinção entre homem e mulher. Ana, filha
de Famuel, era uma profetisa que aguardava a vinda de Cristo (Lc 2.36). Felipe, o evangelista, tinha quatro
filhas que profetizavam (At 21.9).
Variedade
de línguas (1Co 12.10) - O dom de variedade de línguas é
diferente das línguas estranhas como evidência do Batismo com o Espírito Santo.
Segundo a Bíblia, as línguas estranhas são um sinal para os não crentes (1 Co 14.22). Quem possui este dom deve orar
pedindo que o Senhor também conceda o dom de interpretação. O que profetiza
edifica o outro, mas o que fala línguas estranhas edifica a si mesmo.Parece que
na igreja de Corinto havia uma desordem no culto quanto aos dons de línguas.
Paulo exorta os crentes dizendo que eles estavam “falando ao ar” (1 Co 14.9), ou seja, não havia proveito algum,
já que ninguém era edificado. As línguas estranhas continuam sendo um sinal
divino para a igreja atual e não deve ser desprezado, todavia quem já possui
este dom deve buscar interpretar as línguas.
Interpretação
de línguas - É uma habilidade
sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna o crente capaz de
interpretar, na sua própria língua, aquilo que foi dito pelo crente em línguas
estranhas. Paulo advertiu os irmãos de Corinto quanto ao uso deste dom (1Co 14.27,28).
Se não há interprete a vontade de Deus não é revelada e a igreja não é
edificada, exortada ou consolada. O dom de interpretação complementa o dom de
profecia. Os dons de poder são para os crentes atuais. Segundo John Sttot, os
dons são atuais, contemporâneos, úteis e necessários”.
Lição 6 - O apóstolo
Estudamos a
respeito dos dons espirituais de locução, poder e revelação nas primeiras cinco
lições. A partir desta, trataremos dos dons ministeriais relacionados em Efésios 4.11: apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e doutores. O primeiro dom listado por Paulo é o de
apóstolo, vamos começar nosso estudo por ele. A primeira indagação que, em
geral, fazemos quando estudamos a respeito deste dom ministerial é: “Ainda
existem apóstolos?” Primeiro precisamos da definição do vocábulo que significa
literalmente enviado. De certa forma, todos os crentes são enviados a pregar as
Boas-Novas.
O colégio
apostólico foi único. Ele foi formado por
Jesus no momento da escolha dos Doze que receberam o nome de enviados.
Como homem perfeito, Jesus tinha consciência de que não poderia realizar sua
missão sozinho.
Para ser apóstolo,
um dos requisitos era ter estado pessoalmente com Cristo. Atualmente, de certa
forma, todos que creem em Jesus e já tiveram um encontro com Ele são apóstolos,
pois Cristo, antes de ascender aos céus, declarou a todos os seus discípulos:
“Ide por todo o mundo” (Mc 16.15). A
Igreja de Jesus tem uma missão apostólica. O apóstolo é alguém enviado por
Jesus Cristo com uma mensagem especial, servos de Deus separados para uma
missão específica, diferente dos mestres, profetas e evangelistas. Estes
receberam o dom ministerial, descrito em Efésios
4.11. Podemos afirmar que os missionários são os apóstolos da
atualidade. O apostolado não é um título pomposo, especial, também não é um
cargo hierárquico. Ser
O apóstolo Paulo -
Paulo teve sérios problemas com os crentes de Corinto, pois alguns não
reconheciam o seu apostolado. Por isso, ele inicia a primeira carta aos
Coríntios, declarando-se apóstolo de Jesus Cristo (1
Co 1.1). Paulo enfatiza que seu chamado se deu “pela vontade de
Deus”. Os orgulhosos crentes de Corinto não aceitavam o apostolado de Paulo
pelo fato dele não ter feito parte do colégio apostólico. Todavia, Paulo teve
um encontro pessoal com Cristo no caminho de Damasco (At 9). Este encontro
mudou seu ser. A missão confiada a Paulo foi dada pelo próprio Senhor Jesus At
9.15. Os próprios coríntios eram a marca do apostolado de Paulo. Ele declara
isso em 1 Coríntios 9.2.
Apóstolo e sevo -
Aprendemos com Paulo que ser apóstolo é
ser um servo, um cooperador de Deus no ministério da reconciliação (2Co 6.1). Quem deseja o dom ministerial de
apóstolo deve seguir os passos de Jesus, estando sempre pronto para servir e
não buscar ser servido.
Lição 7 - O ministério de profeta
O ministério de
profeta ainda é válido para os nossos dias? Esta pergunta é polêmica em alguns
lugares. Há pessoas que dão por encerrado esse ministério. Se fosse verdade,
algumas perguntas seriam inevitáveis: Quando encerrou? Quem o encerrou? E como
ficam as experiências do exercício do ministério de profeta relatadas pelo Novo
Testamento e ao longo da História da Igreja?
Os exemplos são
diversos. Em o Novo Testamento Ágabo e outros profetas exerciam o ministério em
Antioquia (At 11.27-30; 21.10-12). As filhas de Filipe eram profetisas
(At 21.8,9).
Apesar de usar o ministério para o mal, a mulher em Apocalipse, de codinome de
Jezabel, dizia-se profetisa (Ap 2.20)
– por isso achava-se respeitada na comunidade cristã de Tiatira induzindo a
muitos para a prostituição.
Outros exemplos são
profusos na história da Igreja. Podemos começar por um documento cristão antigo
datado do segundo século: “Didaqué: A Instrução dos Doze Apóstolos”. Apesar de
se chamar “A instrução dos Doze”, o documento não foi escrito pelos doze apóstolos
de Cristo, mas formulado pelas lideranças da igreja do segundo século
objetivando orientar os fiéis sobre vários assuntos da vida cristã. No capítulo
11, sobre “A Vida em Comunidade”, os versículos 7-12 do documento falam do
pleno exercício do ministério de profeta conforme registrado em Efésios 4.11.
Empurrado para o
ralo da heresia pela igreja romana e pelos cessacionistas, e devido à autonomia
profética e carismática, Montano é um grande exemplo do exercício profético
entre os séculos II e III na Ásia Menor, tendo inclusive atraído um dos mais
importantes pais latinos da Igreja: Tertuliano.
O que dizer sobre
Catarina de Siena, Tereza D’Ávila – mulheres que denunciaram profeticamente a
corrupção de Roma –, John Huss, John Wycliffe e tanto outros gigantes da
história que aprouve ao Senhor nosso Deus levantá-los como verdadeiros profetas
e profetisas?
À semelhança do
Antigo Testamento, o ministério dos profetas neotestamentários, e na história
da Igreja, sempre foi exercido nas raias da marginalização.Indo no caminho
contrário ao que foi institucionalizado como certo, quando na verdadeestava
corrompido e longe dos desígnios de Deus. Foi assim no Antigo Testamento; assim
ocorreu em Novo Testamento; e vem acontecendo ao longo da rica história
eclesiástica. Por que teria de ser diferente na contemporaneidade?
Lição 8 - O
ministério de evangelista
Houve um tempo no
Brasil, como na América, que a Igreja Evangélica, principalmente a pentecostal,
priorizava o ato de evangelizar. A igreja evangelizava com a graça de Deus e
amor visível. Os agentes da evangelização sentiam dor na própria alma em ver
pessoas gastando sua juventude naquilo que não traz plena felicidade. Era
possível vê-los chorando em favor de uma vida. Angustiando-se pelas pessoas
perdidas em pecados. Neste contexto, era possível observar ministros
destacando-se por levar essa real experiência até as últimas consequências.
Quem nunca ouviu
falar do grande evangelista do século recente, David Wilkerson? Além de
verdadeiro profeta, ele ficou conhecido pela evangelização realizada na cidade
de Nova Iorque, na Time Square, numa época onde as gangues de rua dominavam a
cidade novaiorquina. O livro “Entre a Cruz e o Punhal”, logo depois
transformado em filme, conta a história desse grande evangelista que, pela
graça do Pai, ganhou aquelas gangues para Cristo e plantou a maior igreja
evangélica da localidade. Eis um exemplo real de um evangelista separado por
Deus.
O Dom Ministerial
do Evangelista foi repartido pelo Pai para que o arauto de Deus, através da mensagem
centralizada na cruz de Cristo, ganhasse pessoas para o reino divino. Uma das
maiores características de um evangelista é a sua paixão por pregar às pessoas.
Não importa o número, se dezenas, centenas ou milhares. O que importa é pregar
Jesus, o crucificado. Esta é a mensagem do bom evangelista.
Sabemos que hoje,
pelo advento midiático, muitos evangelistas são tentados em mudar a mensagem da
Cruz para uma pregação centralizada no homem. Temos de deixar bem claro a
missão de um evangelista: pregar o Evangelho. Anunciar o ministério da
reconciliação de Deus com o mundo, porque foi para isso que o Senhor enviou o
Filho: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando
os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5.19). Esta é a boa nova que o autêntico
evangelista tem de proclamar.
Embora o Senhor
nosso Deus separe uns para Evangelista e os dê a sua Igreja, o privilégio de
anunciar o Evangelho para o ser humano é de todo aquele que se chama por
discípulo de Jesus de Nazaré. Portanto, a distribuição desse dom ministerial
deve despertar em nós a consciência do quanto Deus leva a sério esta tão nobre
tarefa.
Na obra “Ministério
Pastoral: Alcançando a excelência no ministério cristão”, do pastor
norteamericano John Macarthur, Jr., editada pela CPAD; o autor relata este
comentário: “Reconhecemos essas tendências alarmantes, crendo que as decisões
tomadas nesta década reprogramarão a igreja evangélica até boa parte do século
21. Assim, a futura direção da igreja é uma preocupação preeminente e legítima.
Sem dúvida, a igreja enfrenta um momento decisivo. O verdadeiro contraste entre
os modelos ministeriais concorrentes não é o tradicional versus o
contemporâneo, mas o bíblic e o não-bíblico” (p.22).
A que tendências
alarmantes, Macarthur se refere? A oito respostas que emergiram de uma pesquisa
realizada por John Seel, em 1995, nos Estados Unidos. Elas foram dadas por 25
líderes evangélicos de renome que foram entrevistados pelo pesquisador.
Dentre oito
principais respostas surgidas na pesquisa (identidade incerta; desilusão
institucional; falta de liderança; pessimismo em relação ao futuro; crescimento
positivo, impacto negativo; isolamento cultural; solução política e
metodológica como resposta), a que chama mais atenção é a “troca de orientação
bíblica pela pesquisa de mercado no ministério”. Não por acaso, se vê muitos
seminários teológicos trocando disciplinas fundamentais para uma sólida
formação de um obreiro, como o hebraico, o grego, a hermenêutica, a exegese
etc., por aquelas que enfatizam a gestão, a forma de crescimento de uma igreja
local nos parâmetros do marketing e das estratégias meramente empresariais.
Aqui, é à hora de a igreja fazer uma profunda reflexão sobre “Que modelo de
ministério pastoral se quer exercer nos próximos anos?”
Com intuito de
deixarmos em aberto esta reflexão, porque o espaço não permite irmos além,
solicitamos ao prezado professor meditar nesta semana em todos os textos
bíblicos possíveis – use as concordâncias bíblicas, dicionários bíblicos e bons
comentários para lhe auxiliarem – em que Jesus aparece como o “Bom Pastor” de
ovelhas. Em seguida, procure responder, à luz dos quatro Evangelhos, as
seguintes perguntas: Qual o modelo ministerial de pastorado que o Senhor Jesus
espera encontrar nos seus discípulos? Que molde de liderança se acha no agir de
Jesus de Nazaré? É possível implantar esse ideal hoje? Qual seria o impacto
para a igreja e a sociedade? Boa aula!
Lição 10 - O
ministério de mestres ou doutores
Vivemos num tempo
de avanço tecnológico e de multiplicação das informações em distintas áreas do
conhecimento. Basta um computador conectado à internet e, pronto: um mundo
outrora desconhecido agora se abre para você. Possivelmente, o seu aluno conhece
o assunto a ser lecionado nesta semana. Certamente ele pesquisou muita coisa em
livros e na internet. E pode ter acumulado até mais informação que o conteúdo
preparado para a sua aula. Este é o nosso mundo globalizado!
Nesta lição, o
nosso desafio é explicar como se pode relacionar o dom ministerial de mestre
com as urgências existenciais dos dias contemporâneos. Não por acaso, ela abre
o tema analisando o ministério do ensino em Jesus de Nazaré. O mestre da
Galileia era antenado com as circunstâncias sociais, políticas e espirituais do
seu tempo. Com propriedade, Jesus ensinou sobre a política, as prevenções
contra o materialismo e confrontou os discípulos a respeito do verdadeiro
sentido da vida humana. Levando sempre uma proposta de vida segundo a perspectiva
do Reino de Deus. É a urgência da tarefa de todo educador cristão: levar os
alunos a pensarem as demandas da existência à luz do Evangelho e segundo os
aspectos positivos e negativos do Reino de Deus (Mt
5-7).
Preeminência
do ministério do mestre
Caro professor, o
Pai concedeu o dom ministerial do mestre para a sua Igreja atingir a estatura
de Cristo em sua plenitude. Portanto, estude, persista em ler e reflita acerca
da fé; não se esqueça de que os nossos alunos devem enfrentar as questões da vida
sob o prisma da mensagem do Reino de Deus. E você professor, é um instrumento
essencial nesse processo de formação cristã.
Lição 11 - O presbítero, bispo ou ancião
No governo
episcopal, o bispo é a autoridade máxima numa hierarquia constituída de
presbíteros e diáconos. Adotam esse modelo as igrejas Romana, Anglicana, Ortodoxa
e Metodista, por exemplo.
O governo
presbiteriano é constituído de um conselho eleito pela assembleia geral da
igreja local. Tal conselho é formado por presbíteros regentes (administradores)
e docentes (pastor titular e pastores que cuidam do ensino e da liturgia)
tipificados pelas igrejas presbiterianas de fé reformada. Ainda há o
presbitério (regional) subordinado ao Sínodo (estadual) que, por sua vez,
submete-se ao Supremo Concílio (nacional)
O governo
congregacional caracteriza-se pelas decisões tomadas em assembléia geral
constituída pela igreja local. As igrejas batistas são a denominação que mais
caracteriza esse modelo.
Tecnicamente, as
igrejas pentecostais adotam o modelo episcopal de governo. O das Assembleias de
Deus no Brasil constituiu-se pelas funções de Pastor, Evangelista, Presbítero,
Diácono e Auxiliar de Trabalho – a função de Auxiliar submete-se à de diácono;
esta à de presbítero; esta à de evangelista; e esta à de pastor; mas todas, por
sua vez, à de Pastor-Presidente
Constituída por
diversos campos de trabalhos, onde uma igreja matriz exerce a liderança em
relação às igrejas setoriais e as demais congregações, e de setores
eclesiásticos regionais, a função do presbítero tem uma importância singular na
liderança local da igreja. O presbítero da Assembleia de Deus é um pastor
local, pois ele pastoreia as congregações sob a supervisão do pastor setorial
(pastor de uma igreja setorial da sede), isto é, um bispo responsável pela
supervisão de várias congregações em uma região daquele campo de trabalho. Por
isso, uma grande e extraordinária tarefa pesa sobre os ombros dos presbíteros
É importante
ressaltar que, segundo o pastor Isael Araújo, no “Dicionário do Movimento
Pentecostal” (CPAD), o modelo de governo assembleiano no Brasil foi abundantemente
influenciado pelo da Suécia e trazido pelos missionários que lideraram
inicialmente a igreja no Brasil quando da sua fase embrionária. Por outro lado,
o governo da Assembleia de Deus da América é diametralmente oposto ao da
brasileira.
Lição 12 - O diaconato
Para responder as
perguntas elaboradas acima, deve-se partir do sexto capítulo do livro dos Atos
dos Apóstolos, pois ali, pela primeira vez, foi constituído um ministério
específico de caráter social para resolver uma variante problemática de aspecto
étnico: entre as viúvas de fala hebraica e as de fala grega. Tal problema
poderia atravancar o avanço da igreja local que estava em Jerusalém. Os
apóstolos sentiram-se cobrados em solucionar um problema não muito fácil,
entretanto, os ministérios da Palavra e da Oração não poderiam ficar em segundo
plano. Mas igualmente, a sobrevivência human
Orientados pelo
Espirito Santo, e tambem dotados por um profundo bom senso, juntamente com a
igreja, os apostolos nao hesitaram em tomar a decisao de separar sete homens
judeus de fala grega \ Estevao, Filipe, Procoro, Nicanor, Timao, Parmenas e
Nicolau . para resolverem uma questao de carater social e urgente. Assim, a
igreja de Jerusalem voltou a normalidade da sua atividade coadunando a pratica
proclamatoria do Evangelho com o servico de interferir socialmente na vida dos
crentes, e nao- -crentes tambem, para suprir a necessidade de quem precisava de
ajuda. Por isso, o carater do ministerio
diaconal e profunda
e biblicamente enraizado numa intensa preocupacao social. O diacono de Atos nao
foi chamado para fazer trabalhos meramente liturgicos, (como colher dizimos e
ofertas e servir a Santa Ceia), mas principalmente a cuidar dos mais
necessitados, visitar as viuvas e os enfermos, amparando quem realmente precisa
de cuidados na comunidade crista local.
Por conseguinte, o
serviço de diácono não é simplesmente uma função eclesiástica, mas um estilo de
vida ensinado e promovido por Jesus de Nazaré. Quando um crente olha para o
verdadeiro diácono ele deve sentir-se impulsionado para viver um estilo de vida
diaconal, como o de Cristo em seu ministério terreno. Pois o diaconato é um
estilo de vida centralizado em Jesus de Nazaré, jamais em si mesmo.
Lição 13 - A
multiforme sabedoria de Deus
Dons Espirituais e
Dons Ministeriais: Revelação – sabedoria, conhecimento e discernimento de
Espírito; Poder – fé, dons de curar e operação de maravilhas; Elocução –
profecia, variedades de línguas e interpretações de línguas; Apóstolos;
Profetas; Evangelistas; Pastores; Doutores. Quantas dádivas a serviço da Igreja
de Cristo! Quantas formas de Deus trabalhar pelo seu povo! Diversidade na
unidade! Unidade na diversidade! Por isso, o nosso Pai Celestial age de acordo
com a sua multiforme graça e sabedoria.
Além de divina, e
Igreja de Cristo é humana e terrena. Ela está alocada num tempo, cultura e
realidades sociais bem distintas uma das outras. As igrejas locais são a
expressão da Igreja Invisível. Esta é composta por todos os seres humanos dos
quatro cantos da Terra que têm em comum a fé centralizada em Jesus como Senhor
e Rei: África, Ásia, América Central, América do Norte, América do Sul, Europa,
Oceania e Antártida (cf. http://www.
waponline.it/ChurchinAntarctica/tabid/65/Default.aspx). Logo, os dons
espirituais e ministeriais são dados por Deus a homens e mulheres objetivando
servir o próximo, edificar a igreja local e fazê-la atingir o estado perfeito
de amor: “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de
todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do
corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4.15,16). Apenas há razão de exercer os
dons de Deus se o princípio fundamental da vida cristã ponderar o outro em
amor.
Portanto,
precisamos compreender os dons espirituais
e ministeriais, não
como superstição, mas realização em Deus para o serviço e bem-estar da Igreja
de Cristo espalhada pelo mundo. Para isso que o Pai concede uns para apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e doutores. E a outros, os mune com dons de
profecia, discernimento de espíritos, cura, e tantos outros. Tudo para
demonstrar que, como na Santíssima Trindade, a relação do Pai com a sua Igreja
dar-se nos termos da diversidade e da multiforme graça e sabedoria divina.
Após estudar um
trimestre sobre dons espirituais e ministeriais, instiga os alunos a buscarem
essas dádivas de nosso Senhor para instrumentalizá-los ao ponto de serem
pessoas espirituais reconhecidas pela prática do amor, pois sem amor: de nada
vale os dons!
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