Lição 6
LIDANDO COM O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO
05/11/2017
Texto
do dia
(Gn 1.26)
"E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; e domine [...] sobre toda a terra
[...]."
Síntese
A imagem de Deus no homem e o exemplo de vida
do Senhor Jesus jogam por terra o preconceito e a discriminação.
Agenda
de leitura
Segunda - Rm 2.11
Para Deus não há acepção de pessoas
Terça - Tg
2.1
O pecado da acepção de pessoas
Quarta - Lc 20.21
Conduta que não leva em consideração a aparência
Quinta - Dt 1.17
Não discriminarás
Sexta - Mt 7.1
Não julgueis
Sábado - Ap 7.9
A salvação abrange todas as raças e línguas
Objetivos
APRESENTAR o conceito de
preconceito;
Saber o significado de
discriminação e os seus vários tipos;
Reconhecer a importância da lei
no combate à discriminação.
Interação
Diariamente, feridas são abertas nos corações
de milhares de pessoas por causa do preconceito, seja o preconceito manifesto
ou aquele velado. E outras tantas sofrem com o desprezo decorrente da discriminação
racial, social e religiosa. Este é o tema da lição de hoje.
Orientação
Pedagógica
Para a aula de hoje propomos a aplicação da
"dinâmica dos rótulos". Prepare várias etiquetas autocolantes com as
frases abaixo sugeridas. As etiquetas devem ser coladas na testa de cada aluno.
O aluno não pode saber o que está escrito na própria etiqueta, e os demais
participantes também não devem contar. Depois que todos estiverem devidamente
"rotulados", peça para que andem pela sala e interajam por 5 minutos,
considerando o que está escrito na testa de cada um. Enquanto isso, anote as
reações dos alunos. Ao final do tempo, peça para todos se sentarem, sem retirar
as etiquetas. Depois, comece a indagar os participantes: O que acha que está
escrito em sua testa? Assim que ver a frase na etiqueta, indague: Era isso que
esperava que estivesse escrito? A atitude que tiveram com você foi justa? Agora
que sabe o que estava escrito, seu sentimento em relação a como lhe trataram
mudou?
Ao término, pergunte ao grupo o que podem
extrair dessa experiência? Será que é isso o que ocorre no caso de preconceito
e discriminação? Ao rotular alguém por sua condição social, etnia ou religião
acabamos agindo de acordo com este rótulo que nós mesmos colocamos?
RÓTULOS
SOU INFERIOR: IGNORE-ME!/ SOU PREPOTENTE:
TENHA MEDO! / SOU SURDO(A): GRITE! / SOU IGNORANTE: FALE COMO UM BOBO/
Texto
bíblico
Gênesis 1.26,27; Colossenses 3.9-11; Tiago
2.8-10
Gênesis 1
26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre
as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que
se move sobre a terra.
27 E criou Deus o homem à sua imagem; à
imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
Colossenses 3
9 Não mintais uns aos outros, pois que já vos
despistes do velho homem com os seus feitos
10 e vos vestistes do novo, que se renova
para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11 onde não há grego nem judeu, circuncisão
nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.
Tiago 2
8 Todavia, se cumprirdes, conforme a
Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.
9 Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis
pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores.
10 Porque qualquer que guardar toda a lei e
tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Uma das maiores contribuições sociais do
cristianismo ao longo da história tem sido a doutrina bíblica da imagem de Deus
no homem (Gn 1.26). Sem ela, é impensável falar de igualdade, liberdade e
direitos humanos. O valor individual de cada ser humano, fundado no amor
indistinto de Deus por todas as pessoas, faz parte do legado da fé cristã em
sua trajetória na face da Terra.
Com apoio nessa bela doutrina bíblica,
ensinada e vivenciada exemplarmente por Jesus Cristo, o Filho Unigênito de
Deus, é que a Igreja encontra respaldo suficiente para lidar e combater o
preconceito e a discriminação em todas as formas que se apresentam. Esse é o
tema da presente lição.
I -
PRECONCEITO: CONCEITO GERAL E BÍBLICO
1. Definição geral. Os dicionários
definem o vocábulo preconceito como a ideia ou opinião formada antecipadamente
sobre determinado assunto. Em certo sentido, todos nós temos algum tipo de
convicção prévia; conceitos anteriores que nos levam a decidir as questões da
vida. Não há nada de errado nisso, pois trata-se de um "preconceito
natural". Por outro lado, o preconceito negativo é aquele em que alguém
faz um juízo de condenação acerca de outrem ou de um grupo de pessoas, sem
conhecimento, reflexão ou com imparcialidade. Esse tipo de preconceito é
prejudicial e perigoso, pois leva à intolerância, à discriminação, e até mesmo,
à violência.
2. Juízes de maus pensamentos. Apesar de não
acharmos nas Escrituras a palavra preconceito, há várias advertências contra
esse comportamento que pode ser expresso por meio do desprezo (Rm 10.12) e pelo
julgamento condenatório dirigido pelas aparências (Jo 7.24) e sem critérios
justos (Jo 8.15, 16). Tiago chama de "juízes de maus pensamentos"
aqueles que menosprezavam os menos afortunados (Tg 2.4).
3. O preconceito de Pedro. Antes de receber a
revelação de Deus, Pedro agia com preconceito em relação aos gentios (At 10).
No entanto ao ser confrontado pela verdade divina, entendeu que Deus não faz
acepção de pessoas (At 10.34). Quantos agem como juízes de maus pensamentos em
relação aos outros, fazendo julgamentos morais baseados em rótulos,
estereótipos e inverdades? Devemos fazer uma profunda avaliação de nossos
corações para ver se não estamos agindo da mesma forma. O Espírito de Deus
amplia a visão estreita do ser humano e derruba todo tipo de preconceito.
4. Julgando com sabedoria. A advertência do
Mestre em Mateus 7.1, "não julgueis, para que não sejais julgados," é
importante para combater o julgamento prematuro. É necessário observar, no
entanto, que o Senhor Jesus não estabeleceu, com estas palavras, um mandamento
contra qualquer tipo de julgamento, pelo qual não possamos denunciar o erro e
exortar os pecadores. O objetivo maior da declaração é que devemos tratar os
outros da maneira como queremos ser tratados, com base na regra de ouro (Mt
7.12). Devemos procurar avaliar a nós mesmos, e aos outros, utilizando os
mesmos padrões. Somos convidados, como servos de Deus, a julgar com
discernimento e sabedoria.
Pense
O preconceito, seja ele étnico, social ou
cultural, nos impede de testemunhar o amor e a graça de Deus na sociedade.
Ponto
Importante
Apesar de não acharmos nas Escrituras a
palavra preconceito, há várias advertências contra esse comportamento que pode
ser expresso por meio do desprezo e pelo julgamento condenatório dirigido pelas
aparências e sem critérios justos.
II - DISCRIMINAÇÃO RACIAL, SOCIAL E RELIGIOSA
1. Discriminação étnica. Consiste em qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência, baseadas em raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica. É uma das mais terríveis e cruéis
formas de acepção de pessoas, pois aquele que é discriminado é tratado como um
ser de segunda categoria. Tal discriminação é errônea já que nega o princípio
extraído de Gênesis 1.26, segundo o qual todos os seres humanos são criados à
imagem de Deus. A Bíblia profere um duro golpe no racismo ao enfatizar que,
segundo a imagem daquEle que nos criou, não há grego, nem judeu, nem bárbaro ou
cita; mas Cristo é tudo, e em todos (Cl 3.11). O pensamento de segregação
étnica também não consegue se sustentar diante da irrefutável verdade bíblica
de que a graça salvadora se estende a toda humanidade (Jo 3.16), às pessoas de
todas as nações, e tribos, e povos, e línguas (Ap 7.9).
É significativo observar que o derramamento
do Espírito Santo registrado em Atos 2 ocorreu quando pessoas de várias
nacionalidades (v.5) estavam reunidas, demonstrando que a graça divina promove
conciliação que ultrapassa as barreiras raciais.
2. Discriminação social. Esse tipo de
discriminação provoca o afastamento dos indivíduos em virtude da classe social
a que pertencem, gerando marginalização e segregação social. Tiago repreendeu
aqueles que em reuniões solenes davam tratamento privilegiado aos ricos, e
desonroso aos pobres, numa verdadeira acepção de pessoas (Tg 2.6).
Jesus é o exemplo por excelência de conduta
não discriminatória. Ele confrontou as barreiras sociais, religiosas e
culturais da sua época, tratando todos com igual dignidade e respeito, Ele via
cada pessoa dotada de valor especial para Deus, por isso aproximou-se dos
marginalizados e excluídos na cultura judaica de seu tempo. A graça do
evangelho abrange aqueles que estão em um nível social inferior, o que
significa que todos têm esperança por causa da encarnação do Verbo; por causa
da descida de Deus. Quer seja rico ou pobre, todos são iguais aos olhos de
Deus! Se olharmos para o ser humano a partir da perspectiva de Jesus,
evitaremos a discriminação e exclusão social!
3. Discriminação religiosa. Refere-se ao
tratamento diferenciado em virtude da crença, religião ou culto praticado por
determinada pessoa. Geralmente, esse tipo de discriminação provoca
intolerância, perseguição, violência e morte, como podem atestar vários
episódios da história da humanidade. Ainda hoje, cerca de 73% da população do
mundo vive em países onde as restrições à liberdade religiosa são consideradas
altas ou muito altas, em decorrência da discriminação por motivo de crença
religiosa, de acordo com pesquisa do Christian Solidarity Worldwide.
O fato de o cristão crer que Jesus é o único
mediador entre Deus e o homem (1 Tm 2.5), não serve como pretexto para agir com
intolerância e menosprezo em relação à religião alheia. O testemunho cristão no
meio social deve ser feito com cordialidade, mansidão e respeito à liberdade
religiosa daqueles que professam crenças diferentes da nossa.
Pense
A graça de Cristo cura as feridas do racismo
e da discriminação.
Ponto
Importante
Discriminação significa o tratamento desigual
e injusto de uma pessoa ou um grupo de pessoas em razão de classe social, cor
da pele, nacionalidade, convicções religiosas, etc. ?
III - A
LEI E O COMBATE À DISCRIMINAÇÃO
1. Conheça seus direitos e deveres. Enquanto cidadão, o
cristão é possuidor de direitos e deveres. Esse é o sentido básico da
cidadania. Logo, conhecer as noções jurídicas básicas é importante para
contribuir com a defesa de nossos direitos e garantias legais, assim como para
nos conscientizar de nossas responsabilidades, especialmente em relação ao
preconceito e à discriminação.
2. Direito à igualdade e o combate
à discriminação.
Um dos principais direitos fundamentais expressos na Constituição Federal do
Brasil é o direito à isonomia; ou seja, "todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza..." (art. 5º, caput, CF/88). Tal
direito possui uma clara herança cristã, na medida em que parte da compreensão
de que todas as pessoas são dotadas de igual valor, em clara referência ao
princípio bíblico da imagem de Deus (Gn 1.26). Por esse motivo, além do fato da
discriminação, o racismo e a injuria racial constituírem crime, conforme
estabelece a legislação do país (Código Penal Brasileiro e Lei número
7.716/89), combater a discriminação é uma maneira de honrar essa doutrina
bíblica basilar.
3. Direito à liberdade religiosa. A liberdade
religiosa é igualmente um direito fundamental de valor inestimável, previsto em
nossa Constituição Federal: "É inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias" (art,
5º, VI, CF/88). Compreende, primeiramente, o direito de crença, isto é, o
direito de acreditar, não acreditar ou deixar de acreditar em alguma coisa, assim
como aderir a qualquer religião de sua escolha, seja ela organizada ou não;
assim como o direito de não professar qualquer religião. Engloba também a
liberdade de culto, consistente na possibilidade de realizar cerimônias,
liturgias, cânticos e outros atos próprios da fé.
Pense
A liberdade religiosa é uma das principais
garantias do ser humano. É um direito antes dos demais direitos
Ponto
Importante
Conhecer as noções jurídicas básicas é
importante para contribuir com a defesa de nossos direitos e garantias legais,
assim como para nos conscientizar de nossas responsabilidades, especialmente em
relação ao preconceito e à discriminação.
SUBSÍDIO
"Tiago 2.4
Este tipo de distinção mostra que os crentes
estão sendo dirigidos por motivos errados. Tiago condenou o seu comportamento,
porque Cristo os tinha tornado um só (Gl 3.28). Por que é errado julgar uma
pessoa com base na sua situação econômica? A riqueza pode ser um sinal de
inteligência, de decisões sábias, e de trabalho árduo. Por outro lado, ela pode
querer dizer simplesmente que a pessoa teve a boa sorte de nascer em uma
família rica. Ela também pode até ser um sinal de avareza, desonestidade e
egoísmo. Quando honramos uma pessoa apenas porque ela se veste bem, estamos
considerando a aparência como algo mais importante do que o caráter.
Outra suposição falsa que às vezes influencia
o nosso tratamento dos ricos é a interpretação equivocada do relacionamento de
Deus com a riqueza. É fácil, porém enganoso, acreditar que as riquezas são um
sinal da bênção e da aprovação de Deus. Mas Deus não nos promete recompensas ou
riquezas terrenas; na verdade, Cristo nos convoca para que estejamos dispostos
a sofrer por Ele e desistir de tudo para nos agarrarmos à vida eterna (Mt
6.19-21; 19.28-30; Lc 12.14-34; 1 Tm 6.17-19). Teremos riquezas incalculáveis
na eternidade se formos fiéis na nossa vida atual (Lc 6.35; Jo 12.23-25; Gl
6.7-10; Tt 3.4-8)" (Comentário do Novo Testamento: Aplicação Pessoal.
1.ed. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, p. 671).
ESTANTE
DO PROFESSOR
Comentário do Novo Testamento: Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2009.
CONCLUSÃO
A doutrina da imagem de Deus (Gn 1.26) é
essencial para conscientizar a sociedade de que todas as pessoas são portadoras
de igual valor e dignidade, independentemente da raça, condição social ou
religião. Nenhuma teoria secular fornece tão belo ensinamento. Tal verdade é
princípio elementar para a convivência pacífica e harmoniosa, e, uma vez
aplicada, produz relacionamentos comunitários sadios. Portadores dessa verdade
e imbuídos da graça de Deus, os crentes são vitais para combater o preconceito
e todo tipo de discriminação.
Hora da
revisão
Qual a definição do vocábulo
"preconceito" segundo os dicionários?
A ideia ou opinião formada
antecipadamente sobre determinado assunto.
Na Bíblia, como o preconceito pode ser
expresso?
Por meio do desprezo (Rm 10.12)
e pelo julgamento condenatório dirigido pelas aparências (Jo 7.24) e sem
critérios justos (Jo 8.15, 16).
O que é discriminação?
Tratamento desigual e injusto
de uma pessoa ou um grupo de pessoas em razão de classe social, cor da pele,
nacionalidade, convicções religiosas, etc.
Quais os principais tipos de discriminação?
Discriminação racial (étnica),
social e religiosa.
Por que a discriminação é algo errado?
Porque nega o princípio
extraído de Gênesis 1.26, segundo o qual todos os seres humanos são criados à
imagem de Deus.
Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens,
professor, Seguidores de Cristo – Testemunhando numa Sociedade em Ruinas, Comentarista Valmir
Nascimento, 4º trimestre 2017.
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