Lição 5 REFUGIADOS: UM PROBLEMA DA ATUALIDADE?
29/10/2017
Texto do
dia
(Êx
23.9)
"Também
não oprimirás o estrangeiro; porque vós conheceis o coração do estrangeiro,
pois fostes estrangeiros na terra do Egito."
Síntese
Numa
época em que refugiados são perseguidos e marginalizados, a Igreja deve servir
como exemplo de acolhimento e hospitalidade.
Agenda de leitura
Segunda
- Sl 9.9
Refúgio
para o oprimido
Terça
- Hb 11.38
Caminhando
como refugiados
Quarta
- Mt 2.13
O
menino Jesus, um refugiado
Quinta
- Lv 23.22
A
lei da respiga para os estrangeiros
Sexta
- Rm 12.13
Seguindo
a hospitalidade
Sábado
- Hb 13.2
Não
esqueça a hospitalidade
Objetivos
EXPLICAR o conceito de
refugiado;
Conscientizar-se da
crise dos refugiados no Brasil e no mundo;
Refletir a respeito da postura da Igreja em relação aos
refugiados.
Interação
A
atual crise de refugiados ganhou repercussão internacional em 2015, quando a
imagem do corpo do menino sírio Aylan Kurdi,
de apenas três anos, morto à beira da praia, rodou o mundo. Aylam viajava com a
família na tentativa de fugir do conflito de seu país. O episódio expôs uma das
maiores tragédias do nosso tempo. Todavia, o problema não é novo. Ao longo da
história, por motivos religiosos, sociais, políticos e/ou sociais, milhares de
famílias tiveram de abandonar seus países em busca de proteção em outras
nações. O povo israelita e até mesmo cristãos perseguidos por causa da fé em
Cristo viveram refugiados, estrangeiros pelo mundo. Logo, refletir a respeito
da aludida temática é algo premente. É crucial que a juventude cristã esteja
sintonizada com o que ocorre no mundo à sua volta, e saiba responder
cristãmente sobre tal tema.
Orientação Pedagógica
Professor(a),
o assunto da lição desta semana envolve um tema atual. Lembre-se que o jovem
aprecia aulas contextualizadas, que façam sentido para a vida dele. Desse modo,
no desenvolvimento desta aula leve para discussão em sala algumas notícias e
dados estatísticos atualizados sobre a crise de refugiados no mundo todo,
destacando a relevância do problema e a importância do posicionamento
cristão.
Texto bíblico
Mateus
25.31-46
31
E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com
ele, então, se assentará no trono da sua glória;
32
e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o
pastor aparta dos bodes as ovelhas.
33
E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
34 Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de
meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do
mundo;
35
porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era
estrangeiro, e hospedastes-me;
36 estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e
fostes ver-me.
37 Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com
fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?
38 E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos?
39 E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o
fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
41 Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
42 porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes
de beber;
43 sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e
estando enfermo e na prisão, não me visitastes.
44 Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos
com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te
servimos?
45 Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um
destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.
46 E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Você
já parou para refletir sobre as dificuldades enfrentadas pelas pessoas
refugiadas, que deixam seus países de origem por causa de algum tipo de
perseguição e saem pelo mundo à procura de um local seguro para viverem? Pense
por um momento acerca das barreiras geográficas, físicas, culturais, sociais e
linguísticas que lhes são impostas pela força irresistível das circunstâncias,
assim como a discriminação e preconceito que geralmente sofrem em terras
estranhas. É exatamente sobre esse tema que trataremos nesta lição: os
refugiados. Embora o assunto tenha ressurgido em anos recentes, em decorrência
da crise migratória que eclodiu na Europa, o problema é tão antigo quanto a
humanidade.
I - O CONCEITO DE REFUGIADOS
1. Um breve conceito.
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), são refugiadas as
pessoas que se "encontram fora do seu país por causa de fundado temor de
perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou
participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para
casa".
2. Quem é o refugiado.
Também são assim considerados aqueles que foram obrigados a deixar seu país
devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos
direitos humanos. Em outras palavras, refugiado significa muito mais que um
estrangeiro, é aquele que está em busca de proteção e segurança, tentando
escapar de um perigo de sua terra natal.
II - O POVO DE ISRAEL COMO PEREGRINO EM TERRA
ESTRANGEIRA
1. Israel como peregrino no Egito. Embora
a crise dos refugiados seja um tema recente, o problema é antigo. Nas
Escrituras, encontramos o exemplo semelhante dos israelitas como peregrinos em
terra estrangeira. Escravos no Egito eles trabalharam na edificação de cidades,
na agricultura e em outros serviços forçados (Êx 1.11-14).
Evidentemente,
o Egito não era local de refúgio, mas de opressão e trabalho penoso. Segundo o
Manual do Pentateuco (CPAD), a submissão dos hebreus a esse tipo de trabalho
tinha a intenção de "desmoralizá-los, convencê-los de sua posição de
escravos e reduzir ao máximo qualquer possibilidade de insurreição".
Porém, quanto mais os egípcios castigavam-nos, mais eles cresciam. Afinal, a
graça de Deus, mesmo no sofrimento, pairava sobre o seu povo!
2. Refugiados pelo mundo. A experiência
dos israelitas como forasteiros não se ateve à terra de Faraó. A descendência
de Abraão viveu como estrangeira em várias outras oportunidades ao longo de sua
história (assírios - 2 Rs 17.6, babilônios - 2 Rs 25.21, gregos - Alexandria no
século III a.C). Após a diáspora de 70 d.C, quando os romanos invadiram Jerusalém
e destruíram o Templo, milhares de israelitas foram dispersos pelo mundo,
vivendo exilados de sua pátria como refugiados (Lc 21.24).
3. Deus manda proteger o estrangeiro. Não
é de admirar, portanto, que Deus tenha ordenado ao povo de Israel a proteção e
o cuidado do estrangeiro. As exortações bíblicas para não oprimir (Êx 23.9),
permitir a colheita remanescente (lei da respiga, Dt 24.19-22) e amar o
estrangeiro (Lv 19.33,34) levam em consideração a experiência vivenciada pelos
israelitas como peregrinos. Em um tempo em que os estrangeiros eram
considerados inimigos, Deus instrui seu povo ao acolhimento, agindo com
compaixão. Isso porque, assim como o
pobre, o órfão e a viúva, o estrangeiro, nos termos aqui mencionados,
encontra-se igualmente em condição de vulnerabilidade, a depender de proteção e
amparo. Viver longe do lar e tendo de enfrentar barreiras geográficas,
culturais, sociais, linguísticas, ao tempo em que sofre discriminação e
preconceito étnico, inegavelmente é uma situação que evoca cuidados especiais.
Pense
Colocar-se
no lugar do refugiado é a melhor maneira de compreender a sua dor e sofrimento.
Ponto Importante
Refugiado
significa muito mais que um imigrante; é o estrangeiro que está em busca de
proteção e segurança, tentando escapar de um perigo de sua terra natal.
III - OS REFUGIADOS NA EUROPA E NO BRASIL
1. A atual crise de refugiados. Devido
a conflitos internos, terrorismo, guerras civis, perseguição religiosa e outras
formas de perseguição, a última década tem testemunhado a maior crise de
refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Em várias partes do mundo, milhares
de pessoas fogem de seus países em busca de abrigo em outras nações, com
famílias inteiras deixando seus lares e arriscando suas vidas em viagens e
travessias perigosas, a pé ou pelos mares. Estudo realizado pela ACNUR/ONU, em
2015, apontou um total de 65,3 milhões de pessoas deslocadas por guerras e
conflitos até o final daquele ano. É um verdadeiro caos humanitário!
2. Refugiados na Europa. O continente
europeu é uma das regiões mais afetadas pela crise de refugiados. Isso se deve
ao crescente número de migrantes que chegam às suas fronteiras em busca de
abrigo, oriundas, em sua maioria, do Oriente Médio e da África, especialmente
em decorrência do terrorismo do Estado Islâmico. Na tentativa de atravessar o
Mediterrâneo e chegar à Europa, famílias inteiras arriscam suas vidas em
viagens a bordo de embarcações clandestinas. Muitos não completam o percurso.
Outros tantos desaparecem.
3. Refugiados no Brasil. O Brasil também
recebe refugiados do mundo todo. Segundo estatísticas, o número total de
solicitações de refúgio aumentou mais de 2.868% entre 2010 e 2015. Entre as
principais causas dos pedidos de refúgio estão a violação de direitos humanos,
perseguições políticas, reencontro de famílias e perseguição religiosa. A
grande maioria dessas pessoas advém da África, Ásia (inclusive Oriente Médio) e
do Caribe. Jovem, você conhece ou já viu alguma pessoa refugiada em sua cidade?
Qual foi a sua reação?
Pense
Mais
da metade dos refugiados no mundo é criança.
Ponto Importante
A
última década tem testemunhado a maior crise de refugiados desde a Segunda
Guerra Mundial.
IV - OS REFUGIADOS E A IGREJA
1. Um problema dos últimos tempos. As
guerras e os rumores de guerras serão sinais dos últimos dias (Mc 13.7),
ocasionando em grande medida a crise dos refugiados. Mas isso não pode nos
anestesiar em face desse problema humanitário. Os eventos escatológicos não
afastam a responsabilidade do povo de Deus de dar mostras do seu amor e justiça
para com o próximo e necessitado (Sl 72.13; Pv 31.20), enquanto aqui estiver.
2. Amor e compaixão pelo estrangeiro. Em
o Novo Testamento, temos o exemplo do próprio Jesus que, ainda criança, foge
com seus pais para o Egito em razão da perseguição de Herodes (Mt 2.13). O
Filho de Deus encarnado, portanto, foi um refugiado nessa terra. Cristo se
importa e se compadece daqueles que se encontram nessa condição, pois conhece o
seu sofrimento e infortúnio (Hb 2.17,18). Por esse motivo, aqueles que acolhem
o estrangeiro necessitado são dignos de honra.
3. Oração e hospitalidade. Além da
oração, é possível promover o acolhimento e amparo aos refugiados, colocando em
prática a recomendação bíblica da hospitalidade (Rm 12.13; Hb 13.2; 1 Tm 3.2; 1
Pe 4.9). Tal hospitalidade faz parte do serviço cristão, e se estende aos
crentes e àqueles que estão no mundo. Sem adentrar aos aspectos que envolvem a
segurança nacional e a política migratória, que competem ao Estado, o povo do
Senhor serve como uma comunidade de refúgio e apoio às pessoas e famílias
fragilizadas que sofrem perseguição.
4. A igreja e os refugiados. Devemos lembrar
de que muitos refugiados são cristãos que se encontram afastados de seus países
por diversos motivos, alguns por causa da perseguição religiosa, por
professarem a fé em Cristo. Enquanto arauto da justiça, a igreja também pode
agir estrategicamente no enfretamento desse problema social, alçando sua voz
profética para que o assunto seja devidamente tratado pelo poder público,
apoiando organizações sérias que trabalham nessa causa, inclusive levantando
recursos para a ajuda humanitária.
Pense
Seja
um instrumento de refúgio para aqueles que buscam socorro.
Ponto Importante
A
comunidade cristã pode promover o acolhimento e o amparo aos refugiados,
colocando em prática a recomendação bíblica da hospitalidade.
SUBSÍDIO
"Serviço
e Comunhão
Hebreus
também apresenta um testemunho poderoso sobre a necessidade de o cristão
alcançar os outros em serviço amoroso e abnegado e responder a Deus em adoração
sincera. O fato de estar sob pressão pessoal não é desculpa para viver uma
existência autocentrada e de ingratidão.
O
principal ensinamento a respeito do serviço cristão é apresentado em uma série
de exortações do capítulo final de Hebreus. Algumas são instruções padrões a
respeito da vida cristã, necessárias em qualquer tempo e lugar, mas a maioria
reflete a situação específica dos leitores. Essas são exortações ao amor
fraternal, à hospitalidade, ao cuidado dos prisioneiros e dos perseguidos, ao
contentamento financeiro e à estabilidade e firmeza espiritual em face de
opiniões distintas e de oposição (13.1-14). Tudo isso é necessário, em
especial, para uma comunidade que passa por uma situação difícil. No entanto,
elas revelam a orientação particularmente cristã de cuidar das necessidades dos
outros e buscar de forma ativa o bem deles, em vez de se absorver nos
interesses pessoais ou na autocomiseração" (ZUCK, Roy B (ed.). Teologia do
Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp. 459,460).
ESTANTE DO PROFESSOR
HAMILTON,
Victor P. Manual do Pentateuco. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CONCLUSÃO
A
questão dos refugiados é um tema atual e complexo. Não obstante, considerando
que o Senhor é um alto refúgio para o oprimido (Sl 9.9), a comunidade cristã
deve também ser uma comunidade de refúgio para os estrangeiros perseguidos. Sem
desconsiderar os aspectos que envolvem a segurança nacional e a política
migratória, aos cristãos cabe, do ponto de vista prático, dar acolhimento
àqueles que precisam de proteção.
Hora da revisão
De
acordo com a lição, qual o conceito de refugiado?
Refugiadas são as pessoas que se encontram fora do
seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça,
religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e
que não possa (ou não queira) voltar para casa.
Quais
as principais causas da crise de refugiados no mundo?
Conflitos internos, terrorismo, guerras civis,
perseguição religiosa e outras formas de perseguição.
De
onde é oriunda a grande maioria dos refugiados na Europa?
Do Oriente Médio e da África.
Cite
três exortações de Deus no Antigo Testamento sobre o tratamento aos
estrangeiros?
Não oprimir, permitir a colheita remanescente e amar o estrangeiro.
O
que a comunidade cristã pode fazer em relação aos refugiados?
Promover o acolhimento e amparo aos refugiados,
colocando em prática a recomendação bíblica da hospitalidade.
Fonte: CPAD, Revista, Lições
Bíblicas Jovens, professor, Seguidores de Cristo – Testemunhando numa Sociedade
em Ruinas, Comentarista Valmir Nascimento,
4º trimestre 2017.
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