Lição 4
O Juízo de Judá e de Jerusalém.
24 de julho de 2016
Texto
do dia
(Is 3.14)
"O Senhor vem em juízo contra os anciãos do seu povo e contra os
seus príncipes; é que fostes vós que consumistes esta vinha; o espólio do pobre
está em vossas casas."
Síntese
O profeta de Deus percebe quando há injustiça entre os homens e quando
esta atrai o juízo de Deus. Ele discerne tudo e conhece os grandes dilemas do
seu povo e do seu tempo.
Agenda de leitura
SEGUNDA - Is 3.1-3 O julgamento
de Deus
TERÇA - Is 1.5 O profeta
Isaías e o juízo de Deus
QUARTA - Pv 22.8 Israel estava
semeando a iniquidade
QUINTA - Is 7.17-18 Judá recebeu o castigo anunciado por Deus
SEXTA - Is 1.14,15 Deus leva a juízo os líderes do povo
SÁBADO - Is 1.4 O julgamento da nação pecadora
Objetivos
RESSALTAR a injustiça e a opressão relatadas por Isaías;
MOSTRAR os males da arrogância e como
se prevenir dela;
DESCREVER a misericórdia e a justiça de Deus em Cristo.
Interação
Aproveite o tema da lição para discutir com os jovens a respeito da
justiça divina. Em geral, nesta fase da vida, eles têm um senso de justiça mais
aguçado. Aproveite a oportunidade para despertar o desejo de agir em prol da
justiça nas várias esferas da sociedade. O mundo dos jovens, em geral, é
cercado de belos ideais. Isso pode ser aproveitado de forma positiva em prol do
Reino de Deus. Ressalte o valor da justiça tanto na igreja quanto na sociedade.
Mostre que a justiça de Deus pode ser revelada por meio de ações concretas de
cuidado, equidade e expressões de amor para com os que sofrem, os oprimidos e
os injustiçados.
Orientação Pedagógica
Professor, sugerimos que para a aula de hoje seja feito um debate a
respeito da injustiça social. Utilize para o debate os tópicos da lição.
No primeiro tópico, é importante apontar algumas formas de injustiça
social em nossa sociedade. Mostre
o quanto a profecia de Isaías é atual. Já no tópico II, trabalhe a questão da
arrogância. Mostre como as pessoas estão deixando de perceber o outro. No tópico
III, discuta a respeito da misericórdia e da justiça de Deus revelados por intermédio da Igreja.
Texto bíblico
Isaías 3.1-5; 8; 13-15
1 Porque eis que o Senhor Deus dos Exércitos tirará de Jerusalém e de
Judá o bordão e o cajado, todo o sustento de pão e toda a sede de água;
2 o valente, e o soldado, e o juiz, e o profeta, e o adivinho, e o
ancião;
3 o capitão de cinquenta, e o respeitável, e o conselheiro, e o sábio
entre os artífices, e o eloquente;
4 e dar-lhes-ei jovens por príncipes, e crianças governarão sobre eles.
5 E o povo será oprimido; um será contra o outro, e cada um, contra o
seu próximo; o menino se atreverá contra o ancião, e o vil, contra o nobre.
8 Porque Jerusalém tropeçou, e
Judá caiu, porquanto a sua língua e as suas obras são contra o Senhor, para irr
tarem os olhos da sua glória.
13 O Senhor se levanta para pleitear e sai a julgar os povos.
14 O Senhor vem em juízo contra os anciãos do seu povo e contra os seus
príncipes; é que fostes vós que consumistes esta vinha; o espólio do pobre está
em vossas casas.
15 Que tendes vós que afligir o meu povo e moer as faces do pobre? -
diz o Senhor, o Deus dos Exércitos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A palavra juízo é amplamente usada em vários livros do Antigo
Testamento e o profeta Isaías a utiliza 40 vezes em seu livro. Os governantes,
os ricos, os sacerdotes e os profetas estavam coniventes com o erro;
sentindo-se seguros dentro das fortalezas, usavam todo o seu poder para oprimir
os pobres. Tornaram-se arrogantes, e por isso perderam o bom senso daquilo que
seria o certo e o errado. Isso fez o profeta prever a ruína do povo, fazendo
com que o capítulo 3 de seu livro se tornasse uma das mais sombrias profecias.
Ele quer, com isso, chamar o povo de Deus à prática da humildade. Deve-se
seguir o exemplo de Cristo, que se esvaziou a si mesmo, encarnando-se como
homem para servir aos propósitos de seu Pai (Fp 2.5). O Evangelho nos chama à
prática da justiça, pois Ele mesmo disse: "Bem-aventurados os que têm fome
e sede de justiça, porque eles serão fartos" (Mt 5.6).
I - A INJUSTIÇA E A OPRESSÃO DE UM POVO
1. Justiça. Atualmente a palavra
justiça significa o cumprimento de uma lei moral que leve em conta a equidade e
a igualdade entre todas as pessoas. Para o judeu, era sinônimo de seguir as
exigências da lei de Deus e de sua justiça. O colapso da nação era iminente
para Isaías por haverem pervertido o juízo ou trocado o que seria justo pelo
injusto. Situações como essa sempre acabam prejudicando aqueles que não têm
como se defender, como o fraco, o pobre, o órfão e a viúva (Is 1.17; 23). Os
líderes privaram os pobres e oprimidos da justiça e ainda roubaram o órfão e a
viúva (Is 3.14; 10.2).Os dois reinos de Israel (Norte e Sul) tinham saído da
situação de grande pobreza para uma ascensão econômica só comparável ao tempo
do rei Salomão. Mas, como geralmente acontece ainda hoje, o desenvolvimento da
agricultura e de outros bens só foi conseguido à custa dos injustiçados.
2. A opressão oficializada. Sempre
existiram desigualdades em Israel, mas no tempo dos profetas elas adquiriram
grandes proporções. A distância entre ricos e pobres cresceu, assim, boa parte
dos profetas dividiram o povo em dois grandes grupos: os oprimidos e os
opressores, sendo os pobres as maiores vítimas (Is 3.15; Am 3.9-12). Mas até
mesmo entre os pobres, quem tinha chances de oprimir alguém o fazia
deliberadamente, se instalou o desrespeito contra os idosos (Is 3.5) e a
anarquia no governo (Is 3.4).Além disso os governantes agiam de forma
imprudente, corrupta e leviana (Is 3.12). Essa situação demonstra o caos que o
povo de Israel vivia e a completa cegueira daqueles que deveriam e poderiam
reverter a situação, ou seja, a classe dominante, tanto civil quanto religiosa.
3. A injustiça como instrumento de triunfo. Justiça tem o significado de retidão, aquilo que deve ser estabelecido
como duradouro nos assuntos humanos porque é correto e em conformidade com os
caminhos de Deus, o que leva a um caminho ético. Tudo isso havia sido
substituído por derramamento de sangue para se alcançar os objetivos de
enriquecer a todo custo (Is 5.7). Havia muita desonestidade e corrupção na
esfera pública e uma grande diferença entre as classes sociais. Deus havia
ordenado que ninguém deveria acumular terras (Is 5.8), que os julgamentos tinham
que ser justos e não deveriam construir nada a preço de sangue, os comerciantes
não deveriam ter balança desonesta, ninguém poderia praticar extorsão, não
deveriam dar lugar ao orgulho da riqueza, mas em vez invés disso estavam
edificando palácios e fortalezas opulentas, e estavam tentando fazer alianças
reprováveis com países vizinhos em vez de confiarem em Deus. Isaías também
profetizou sobre como o governo enganava o povo e causava dificuldades em vez
de facilitar a vida deles.
4. A injustiça no mundo atual. Em nossos dias, a organização econômica se dá em torno de uma economia
geralmente espoliativa para o pobre, a exemplo dos dias de Isaías.
Aproximadamente 10 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da miséria; no
mundo, quase um bilhão de pessoas sobrevive com menos de dois dólares por dia.
Obviamente que o povo de Deus não pode se conformar com isso. O fato de Jesus
ter dito que sempre teríamos pobres entre nós não serve de desculpa para
fugirmos dos mecanismos a nosso dispor para lutar contra a pobreza. Esses mecanismos podem ser
efetivados através da política, da denúncia profética, como fez Isaías, como
também por meio de ações sociais que combatam os problemas sociais e econômicos
em sua raiz. Uma das respostas de Deus ao mundo que sofre é a igreja, e ela tem
feito isso pela pregação do Evangelho que salva e transforma o pecador, mas
também pela promoção da justiça e igualdade.
Pense
A pobreza é uma condição de existência que reduz as potencialidades de
vida humana. Ela causa sofrimento e desigualdades sociais.
Ponto Importante
Na profecia bíblica, os problemas sociais também são encarados como
missão e desafios dos servos de Deus. Os profetas eram homens sensíveis à voz
do Espírito de Deus e aos clamores das injustiças e opressões sociais.
II - A ARROGÂNCIA QUE CEGA
1. A descrição da arrogância pelo profeta. Isaías é corajoso ao denunciar que até mesmo as pessoas importantes
do governo se portavam com orgulho. Ele não tem nada contra o bom senso em se
embelezar e vestir bem, mas essas pessoas estavam usando tudo isso com altivez,
andando de nariz empinado, em licenciosidade, se adornando com joias que
excediam a necessidade, usando perfumes e tecidos caríssimos, seus cortes de
cabelos eram feitos nos lugares mais caros, tudo como fruto da arrogância. Por
que Isaías denominou isso de arrogância? Porque era custeada pela injustiça.
Num círculo vicioso, a arrogância leva à injustiça e a injustiça à arrogância.
2. Um pecado abominável. O orgulho foi
o primeiro pecado praticado no universo. Foi o que levou Lúcifer à queda e
também a Adão e Eva, pois, o desejo de querer ser igual a Deus e de ter os
mesmos conhecimentos que Ele tem, não podem ser desejados por ninguém. Quando
um ser humano se porta com arrogância, está com isso dizendo que tem condições
de conhecer todas as coisas e de se governar sem o auxílio de Deus; por isso,
torna-se um grave erro.
3. Os males do orgulho. Além de ser uma
afronta a Deus, o problema do orgulho é que ele supervaloriza o "eu"
em detrimento do "outro", e ninguém consegue ser alguém a não ser que
interaja de forma abençoadora com os outros. Portanto, o orgulho leva à prática
da injustiça, como bem mostra Isaías.
Pense
O orgulho revela a nossa falta de autoconhecimento enquanto seres
humanos. Quem conhece suas limitações e a fragilidade da vida de modo algum se
torna orgulhoso.
Ponto Importante
O livro do profeta Isaías é um bom exemplo do modo como o orgulho
destruiu a dependência do povo israelita de Deus.
III - A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS
1. O profeta prediz a ruína. Por causa do
pecado do povo, Isaías anuncia que as pessoas iriam se odiar pelas ruas com
muito desrespeito de um para com o outro, ou seja, a anarquia se instalaria,
pois o povo chegou a se orgulhar de sua depravação. Haveria pavor diante de
ameaças pequenas e insignificantes. Ele avisa que chegaria o dia em que toda a
pompa seria lançada ao chão como lixo e o mau cheiro seria sentido de longe,
haveria muita morte, lamentos e escassez de homens para desespero das mulheres.
Nessa descrição, o profeta tinha em mente a invasão de Jerusalém pela
Babilônia, quando esta foi saqueada, queimada e destruída e o povo levado
cativo para a Babilônia, se cumprindo cabalmente a profecia de Isaías, em consequência
da desobediência do povo de Deus.
2. Humildade: símbolo da
dependência de Deus. Haveria solução para o povo se este se humilhasse, pois a
Bíblia afirma que "a humildade precede a honra" (Pv 15.33). Deus
estava alertando porque queria agir com misericórdia para com seu povo. Ele
mesmo disse que habitava "com o contrito e humilde de espírito, para dar
novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito"
(Is 57.15). Jesus disse que o Reino dos Céus é dos humildes (Mt 5.3).
3. A justiça de Deus. A justiça divina
geralmente é manifestada como atos de salvação, misericórdia e bondade de Deus,
mas não torna o seu povo imune ao juízo divino quando este despreza o seu amor
e justiça. O profeta estava prevendo esse momento para o povo, em que seriam
visitados em sua maldade. Essa consequência do pecado aponta para a necessidade
de um Salvador, o Messias, pois somente Ele poderia livrar definitivamente o
povo do castigo divino, tomando sobre si todas as maldades. Novamente, aqui se
manifesta a bondade de Deus em prover um meio de salvação enfatizando seu
imenso amor pelo povo errante.
Pense
A humildade é o caminho mais fácil para conseguir o favor de Deus e dos
homens.
Ponto Importante
A tradição profética israelita sempre trouxe em sua mensagem a
combinação entre anúncio de juízo e restauração, justiça e graça ao povo, pois
em última instância a vontade de Deus é sempre trazer vida e esperança, e não
destruição ao ser humano, apesar de sermos merecedores.
SUBSÍDIO
"Depois da morte do bom rei Ezequias, em 686, e do profeta Isaías,
Judá entrou em um processo de declínio em todos os setores, do qual não mais
viria a recuperar-se, exceto pelo breve reinado de Josias.
Uma falha específica no caráter de Ezequias pode ser vista no seu comportamento
para com os embaixadores de Merodaque-Baladã, de Babilônia. [...] O autor de
Reis e o profeta Isaías declaram que o rei Ezequias expôs os tesouros do reino
à embaixada babilônica (2Rs 20.12-15; Is 39.1-4). [...] O fato de Ezequias ter
aberto seus tesouros para os embaixadores da Babilônia pode ser a expressão de
um suposto apoio a causa dos caldeus, de forma que queria impressioná-los
mostrando sua força e seu poder. Tal atitude foi má aos olhos do Senhor,
ocasionando a ira de Yahweh contra Judá e Jerusalém. Ezequias arrependeu-se,
mas Isaías o informou de que chegaria o tempo em que os descendentes políticos
desses mesmos caldeus retornariam para Jerusalém. Eles despojariam todo o
tesouro de Judá e levariam seus filhos e filhas para a corte real da
Babilônia" (MERRILL, H. Eugene. História de Israel no Antigo Testamento: O
reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 12.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2013, pp. 457-458).
ESTANTE DO PROFESSOR
DORTCH, W. Richard. Orgulho Fatal: Um Ousado Desafio a este Mundo
Faminto de Poder. 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996
CONCLUSÃO
A função profética sempre esteve junto com questões sociais e
políticas. O profeta de Deus é também porta-voz de uma mensagem que anuncia,
denuncia e alerta diante de situações presentes e conhecidas, e na lição de
hoje denunciou a injustiça e a arrogância. Que nossos corações sejam humildes
diante de Deus para reconhecer quando precisamos de arrependimento; que nossa
dependência de Deus seja evidente em atitudes, palavras e pensamentos.
Hora da revisão.
Quais são as duas fortes denúncias que Isaías fez na profecia analisada
nesta lição?
Isaías denuncia a injustiça e o orgulho.
Que tipos de injustiça estavam sendo praticadas por Judá?
Deus havia ordenado que ninguém deveria acumular
terras (Is 5.8), que os julgamentos tinham que ser justos e não deveriam
construir nada a preço de sangue, os comerciantes não deveriam ter balança
desonesta, ninguém poderia praticar extorsão, não deveriam dar lugar ao orgulho
da riqueza.
Qual característica o povo assumiu ao se tornar arrogante?
É como se Deus não se importasse com nada, ou como se
Ele não precisasse ser honrado, assumindo uma postura de autossuficiência.
Qual foi o primeiro pecado praticado no universo?
O orgulho.
Que promessa o Evangelho de Mateus faz aos humildes?
Que o Reino dos Céus seria deles.
Fonte: CPAD, Revista, Lições
Bíblicas Jovens, Isaías Eis me aqui, envia-me a mim, professor, 3º trimestre
2016.
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