Lição 3
JESUS E OS GRUPOS POLÍTICO-RELIGIOSOS DE SUA ÉPOCA
19/04/2015
Texto do dia
"Mas ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que fechais aos homens o Reino dos céus; e nem vós entrais,
nem deixais entrar aos que estão entrando" (Mt 23.13).
Síntese
Embora tenha convivido com os grupos religiosos
de sua época, Jesus apontou seus erros e hipocrisia.
Agenda de
leitura
Segunda -
Mt 16.6 O fermento dos
fariseus e saduceus
Terça -
Mt 22.34-46 A resposta ao fariseu
Quarta -
Lc 15.2 Murmuração dos
religiosos
Quinta -
Lc 18.10-14 O orgulho dos
fariseus
Sexta -
Mc 3.6 A estratégia
dos herodianos
Sábado -
Tg 1.27 A verdadeira
religião
Texto
Bíblico
Mateus 23.1-8
1. Então, falou Jesus à multidão e aos seus
discípulos,
2. dizendo: Na cadeira de Moisés, estão
assentados os escribas e fariseus.
3. Observai, pois, e praticai tudo o que vos
disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e
não praticam.
4. Pois atam fardos pesados e difíceis de
suportar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo
querem movê-los.
5. E fazem todas as obras a fim de serem vistos
pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas
vestes,
6. e amam os primeiros lugares nas ceias, e as
primeiras cadeiras nas sinagogas,
7. e as saudações nas praças, e o serem
chamados pelos homens: - Rabi, Rabi.
8. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi,
porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
No contexto do Novo Testamento, a nação judaica
não era homogênea. Ao contrário disso, ela estava dividida em vários grupos e
partidos com doutrinas, ideologias e tradições distintas, movidos ora por
motivações políticas, ora religiosas. Nesse sentido, saduceus, fariseus,
essênios, zelotes e herodianos formavam os principais partidos políticos e
seitas religiosas daquela época. Nesta lição, veremos as características desses
grupos, e como Jesus, com sua sabedoria e coragem, conviveu e reagiu a eles,
nos deixando o exemplo de como viver dentro de um ambiente de pluralismo
religioso como o presenciado nos dias atuais, com respeito e defesa da verdade.
I -
SADUCEUS E FARISEUS
1.
Saduceus.
Apesar da pequena quantidade, os saduceus representavam a aristocracia
dominante do judaísmo nos tempos do Novo Testamento. O nome desse grupo,
segundo Merrill Tenney, originou-se provavelmente de Zadoque, o pai da linhagem
de sumo sacerdotes durante o reinado de Salomão (1 Rs 1.32,34,38,45). Eles
formavam o escalão superior dos sacerdotes e parte do Sinédrio, exercendo, por
isso, grande influência política. Ao contrário dos fariseus, que reconheciam a
importância da tradição oral, os saduceus aceitavam somente a Lei escrita
(Torá). Por influência do helenismo e da cultura pagã, era uma religião
materialista e secularizada, que negava a existência do mundo espiritual (At
23.8) e não cria na ressurreição dos mortos (Mc 12.18) nem na vida futura. A
vida para eles, portanto, se resumia ao aqui e agora, sobre a qual Deus não
tinha nenhuma interferência. Quanto a esse grupo, Jesus disse aos seus
discípulos para tomarem cuidado com o seu "fermento" (Mt 16.6),
símbolo do mal e da corrupção.
2.
Fariseus.
Em maior número que os saduceus, os fariseus (hb. parash: "separar")
representavam o núcleo mais rígido do judaísmo, formado basicamente por pessoas
da classe média e com grande influência entre o povo (Jo 12.42,43). Eram
meticulosos quanto ao cumprimento da Lei mosaica e, por isso, a maioria dos
escribas (Mt 15.1; 23.2) pertencia a esse grupo. Enfatizavam mais a tradição
oral do que a literalidade da lei. Além de dar grande valor às tradições
religiosas, como a lavagem das mãos antes das refeições (Mc 7.3) e ao
recolhimento do dízimo (Mt 23.23), os fariseus jejuavam regularmente (Mt 9.14)
e enfatizavam a observância do sábado (Mt 12.1-8). Entretanto, eram avarentos
(Lc 16.14) e, em suas orações, gostavam de se vangloriar de seus atributos
morais (Lc 18.11,12).
Em razão do seu legalismo, Jesus os repreendeu
de forma corajosa (cf. Mt 23), chamando-os de amantes dos primeiros lugares,
hipócritas e condutores cegos, pois a religiosidade deles estava baseada no
exterior, nos rituais e na justiça própria, em desprezo à parte mais importante
da lei: o juízo, a misericórdia e a fé (v.23). Um dos exemplos era a invocação
da tradição de Corbã (Mc 7.11) como subterfúgio para não cuidar de seus pais na
velhice, dizendo que seus bens haviam sido consagrados como oferta a Deus e ao
Templo e, por isso, não poderiam ser utilizados. Jesus disse que eles haviam
invalidado a lei pela tradição (Mc 7.13). Eis o motivo pelo qual Jesus declarou
aos seus discípulos: "[...] se a vossa justiça não exceder a dos escribas
e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus" (Mt 5.20).
A conduta dos fariseus nos faz lembrar que a
verdadeira santidade não se alcança através do legalismo e do esforço pessoal,
mas pela fé em Cristo (Gl 2.16) e através da sua maravilhosa graça (Hb. 4.16).
Pense
Hipócrita religioso é aquele que vive de forma
diversa daquilo que prega.
Ponto
Importante
Apesar de adversários, fariseus e saduceus, e
até mesmo os sacerdotes, queriam conjuntamente a morte de Jesus (Mc 14.53;
15.1; Jo 11.48-50).
II -
ESSÊNIOS, ZELOTES E HERODIANOS
1.
Essênios.
Embora a Bíblia não mencione diretamente esse grupo religioso, os essênios
formavam uma pequena seita judaica na época do Novo Testamento, que vivia de
forma reclusa no deserto da Judeia, às margens do Mar Morto. Merrill Tenney diz
que no ato da admissão à seita, todas as pessoas entregavam suas propriedades a
um fundo que era igualmente disponível a todos. Banhavam-se antes das refeições
e vestiam-se de branco. Além disso, consideravam a si mesmos "os filhos da
luz", e viviam completamente separados do judaísmo de Jerusalém, o qual
consideravam apóstata.
As práticas místicas dos essênios destoam dos
ensinamentos de Jesus, que não impôs nenhum ritual de purificação, a não ser a
purificação pela Palavra (Jo 13.10; 15.3). Além disso, os cristãos foram
chamados para ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14), o que implica viver
e influenciar a sociedade e a cultura, e não viver em reclusão.
2.
Zelotes.
Os zelotes formavam um grupo extremista que usava a rebelião e a violência
contra a dominação dos romanos, pois acreditavam que tal submissão era uma
traição a Deus. De acordo com o Dicionário Wycliffe, "alguns sugeriram que
o Senhor Jesus favoreceu os Zelotes, e escolheu Simão, o Zelote (Lc 6.15) para
expressar sua aprovação em relação às suas táticas. Nada poderia ser tão oposto
à verdade, uma vez que todo ministério de Jesus era baseado em meios pacíficos,
e Simão provavelmente experimentou uma mudança de coração em relação a toda
atividade dos Zelotes".
3.
Herodianos.
Os evangelhos também mencionam os chamados herodianos (Mc 3.6, 12.13; Mt
22.16). Tinham características de agremiação partidária, apoiando a dinastia
dos Herodes, que deviam seu poder às forças romanas de ocupação. Os herodianos
se opunham a Jesus por receio que Ele pudesse promover perturbações públicas
por meio de seus ensinamentos morais. Eram movidos mais por interesses
políticos do que religiosos, tanto que não tinham uma ortodoxia clara. Ainda
hoje, alguns grupos religiosos são mais movidos por interesses políticos do que
pelas convicções bíblicas.
Fonte: Tempos do Novo
Testamento, CPAD, p. 102 e 103.
Pense
O Evangelho não é uma causa política. É o poder
de Deus para a transformação de todo aquele que crê (Rm 1.16).
Ponto
Importante
Os ensinos e o exemplo de vida de Jesus
evidenciam que Ele não pertencia a nenhum grupo político-religioso de Israel.
III - A
QUESTÃO DO PLURALISMO RELIGIOSO
1. Jesus
e as religiões do seu tempo. Como podemos observar, Jesus viveu dentro de um contexto
de pluralidade religiosa, com a existência de diversas teologias e concepções
sobre Deus e espiritualidade. Embora respeitasse a crença de cada grupo e
tivesse dialogado com muitos deles (Lc. 7.36), Ele não deixou de apontar os
seus erros e de lhes falar a verdade. Jesus não se apresentou como mais uma
opção religiosa entre tantas, mas como o próprio Filho de Deus (Jo 6.57),
afirmando a sua exclusividade ao dizer: "Eu sou o caminho, e a verdade, e
a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6).
2. A
exclusividade de Cristo hoje. Nos dias atuais, como discípulos de Jesus,
devemos respeitar as demais confissões religiosas, sem perder o senso crítico e
a coragem de dizer o que convém à sã doutrina (Tt 2.1). Precisamos estar
preparados (1 Pe 3.15) para confrontar toda religião que fuja dos princípios
bíblicos, seja por legalismo, misticismo ou mundanismo, enfatizando a
superioridade de Cristo, o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2), e o
fundamento da verdadeira espiritualidade.
Pense
Religião não é uma questão de simples
preferência pessoal, mas de verdade.
Ponto
Importante
A tolerância religiosa significa que devemos
respeitar as crenças alheias, ainda que não concordemos com elas.
CONCLUSÃO
Vivemos hoje em um contexto de grande
diversidade religiosa, no qual muitos escolhem suas religiões de forma
descompromissada e baseados em simples preferência pessoal ou agenda política.
Ainda assim, os princípios básicos dos ensinos do Mestre permanecem válidos,
servindo-nos de orientação para a defesa da verdade e da ortodoxia bíblica,
contra as religiões enganosas, heresias e falsas doutrinas.
Hora da
Revisão
Quais as características dos saduceus?
Por que Jesus repreendeu os fariseus?
Por que os essênios destoavam dos ensinamentos
de Jesus?
Por que os herodianos se opunham à liderança de
Jesus?
Hoje, como os cristãos devem se portar diante
da diversidade religiosa?
Nenhum comentário:
Postar um comentário