segunda-feira, 13 de abril de 2015

Lição 3 JESUS E OS GRUPOS POLÍTICO-RELIGIOSOS DE SUA ÉPOCA

Lição 3 JESUS E OS GRUPOS POLÍTICO-RELIGIOSOS DE SUA ÉPOCA   
19/04/2015


Texto do dia

"Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o Reino dos céus; e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando" (Mt 23.13).

Síntese
Embora tenha convivido com os grupos religiosos de sua época, Jesus apontou seus erros e hipocrisia.

Agenda de leitura
Segunda       - Mt 16.6                    O fermento dos fariseus e saduceus
Terça              - Mt 22.34-46 A resposta ao fariseu
Quarta           - Lc 15.2                    Murmuração dos religiosos
Quinta           - Lc 18.10-14            O orgulho dos fariseus
Sexta             - Mc 3.6                     A estratégia dos herodianos
Sábado          - Tg 1.27                    A verdadeira religião

Texto Bíblico
Mateus 23.1-8

1. Então, falou Jesus à multidão e aos seus discípulos,
2. dizendo: Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus.
3. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam.
4. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los.
5. E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
6. e amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7. e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens: - Rabi, Rabi.
8. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
No contexto do Novo Testamento, a nação judaica não era homogênea. Ao contrário disso, ela estava dividida em vários grupos e partidos com doutrinas, ideologias e tradições distintas, movidos ora por motivações políticas, ora religiosas. Nesse sentido, saduceus, fariseus, essênios, zelotes e herodianos formavam os principais partidos políticos e seitas religiosas daquela época. Nesta lição, veremos as características desses grupos, e como Jesus, com sua sabedoria e coragem, conviveu e reagiu a eles, nos deixando o exemplo de como viver dentro de um ambiente de pluralismo religioso como o presenciado nos dias atuais, com respeito e defesa da verdade.

I - SADUCEUS E FARISEUS

1. Saduceus. Apesar da pequena quantidade, os saduceus representavam a aristocracia dominante do judaísmo nos tempos do Novo Testamento. O nome desse grupo, segundo Merrill Tenney, originou-se provavelmente de Zadoque, o pai da linhagem de sumo sacerdotes durante o reinado de Salomão (1 Rs 1.32,34,38,45). Eles formavam o escalão superior dos sacerdotes e parte do Sinédrio, exercendo, por isso, grande influência política. Ao contrário dos fariseus, que reconheciam a importância da tradição oral, os saduceus aceitavam somente a Lei escrita (Torá). Por influência do helenismo e da cultura pagã, era uma religião materialista e secularizada, que negava a existência do mundo espiritual (At 23.8) e não cria na ressurreição dos mortos (Mc 12.18) nem na vida futura. A vida para eles, portanto, se resumia ao aqui e agora, sobre a qual Deus não tinha nenhuma interferência. Quanto a esse grupo, Jesus disse aos seus discípulos para tomarem cuidado com o seu "fermento" (Mt 16.6), símbolo do mal e da corrupção.

2. Fariseus. Em maior número que os saduceus, os fariseus (hb. parash: "separar") representavam o núcleo mais rígido do judaísmo, formado basicamente por pessoas da classe média e com grande influência entre o povo (Jo 12.42,43). Eram meticulosos quanto ao cumprimento da Lei mosaica e, por isso, a maioria dos escribas (Mt 15.1; 23.2) pertencia a esse grupo. Enfatizavam mais a tradição oral do que a literalidade da lei. Além de dar grande valor às tradições religiosas, como a lavagem das mãos antes das refeições (Mc 7.3) e ao recolhimento do dízimo (Mt 23.23), os fariseus jejuavam regularmente (Mt 9.14) e enfatizavam a observância do sábado (Mt 12.1-8). Entretanto, eram avarentos (Lc 16.14) e, em suas orações, gostavam de se vangloriar de seus atributos morais (Lc 18.11,12).
Em razão do seu legalismo, Jesus os repreendeu de forma corajosa (cf. Mt 23), chamando-os de amantes dos primeiros lugares, hipócritas e condutores cegos, pois a religiosidade deles estava baseada no exterior, nos rituais e na justiça própria, em desprezo à parte mais importante da lei: o juízo, a misericórdia e a fé (v.23). Um dos exemplos era a invocação da tradição de Corbã (Mc 7.11) como subterfúgio para não cuidar de seus pais na velhice, dizendo que seus bens haviam sido consagrados como oferta a Deus e ao Templo e, por isso, não poderiam ser utilizados. Jesus disse que eles haviam invalidado a lei pela tradição (Mc 7.13). Eis o motivo pelo qual Jesus declarou aos seus discípulos: "[...] se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus" (Mt 5.20).
A conduta dos fariseus nos faz lembrar que a verdadeira santidade não se alcança através do legalismo e do esforço pessoal, mas pela fé em Cristo (Gl 2.16) e através da sua maravilhosa graça (Hb. 4.16).

Pense
Hipócrita religioso é aquele que vive de forma diversa daquilo que prega.

Ponto Importante
Apesar de adversários, fariseus e saduceus, e até mesmo os sacerdotes, queriam conjuntamente a morte de Jesus (Mc 14.53; 15.1; Jo 11.48-50).


II - ESSÊNIOS, ZELOTES E HERODIANOS

1. Essênios. Embora a Bíblia não mencione diretamente esse grupo religioso, os essênios formavam uma pequena seita judaica na época do Novo Testamento, que vivia de forma reclusa no deserto da Judeia, às margens do Mar Morto. Merrill Tenney diz que no ato da admissão à seita, todas as pessoas entregavam suas propriedades a um fundo que era igualmente disponível a todos. Banhavam-se antes das refeições e vestiam-se de branco. Além disso, consideravam a si mesmos "os filhos da luz", e viviam completamente separados do judaísmo de Jerusalém, o qual consideravam apóstata.
As práticas místicas dos essênios destoam dos ensinamentos de Jesus, que não impôs nenhum ritual de purificação, a não ser a purificação pela Palavra (Jo 13.10; 15.3). Além disso, os cristãos foram chamados para ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14), o que implica viver e influenciar a sociedade e a cultura, e não viver em reclusão.

2. Zelotes. Os zelotes formavam um grupo extremista que usava a rebelião e a violência contra a dominação dos romanos, pois acreditavam que tal submissão era uma traição a Deus. De acordo com o Dicionário Wycliffe, "alguns sugeriram que o Senhor Jesus favoreceu os Zelotes, e escolheu Simão, o Zelote (Lc 6.15) para expressar sua aprovação em relação às suas táticas. Nada poderia ser tão oposto à verdade, uma vez que todo ministério de Jesus era baseado em meios pacíficos, e Simão provavelmente experimentou uma mudança de coração em relação a toda atividade dos Zelotes".

3. Herodianos. Os evangelhos também mencionam os chamados herodianos (Mc 3.6, 12.13; Mt 22.16). Tinham características de agremiação partidária, apoiando a dinastia dos Herodes, que deviam seu poder às forças romanas de ocupação. Os herodianos se opunham a Jesus por receio que Ele pudesse promover perturbações públicas por meio de seus ensinamentos morais. Eram movidos mais por interesses políticos do que religiosos, tanto que não tinham uma ortodoxia clara. Ainda hoje, alguns grupos religiosos são mais movidos por interesses políticos do que pelas convicções bíblicas.
Fonte: Tempos do Novo Testamento, CPAD, p. 102 e 103.

Pense
O Evangelho não é uma causa política. É o poder de Deus para a transformação de todo aquele que crê (Rm 1.16).

Ponto Importante
Os ensinos e o exemplo de vida de Jesus evidenciam que Ele não pertencia a nenhum grupo político-religioso de Israel.

III - A QUESTÃO DO PLURALISMO RELIGIOSO

1. Jesus e as religiões do seu tempo. Como podemos observar, Jesus viveu dentro de um contexto de pluralidade religiosa, com a existência de diversas teologias e concepções sobre Deus e espiritualidade. Embora respeitasse a crença de cada grupo e tivesse dialogado com muitos deles (Lc. 7.36), Ele não deixou de apontar os seus erros e de lhes falar a verdade. Jesus não se apresentou como mais uma opção religiosa entre tantas, mas como o próprio Filho de Deus (Jo 6.57), afirmando a sua exclusividade ao dizer: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6).

2. A exclusividade de Cristo hoje. Nos dias atuais, como discípulos de Jesus, devemos respeitar as demais confissões religiosas, sem perder o senso crítico e a coragem de dizer o que convém à sã doutrina (Tt 2.1). Precisamos estar preparados (1 Pe 3.15) para confrontar toda religião que fuja dos princípios bíblicos, seja por legalismo, misticismo ou mundanismo, enfatizando a superioridade de Cristo, o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2), e o fundamento da verdadeira espiritualidade.

Pense
Religião não é uma questão de simples preferência pessoal, mas de verdade.

Ponto Importante
A tolerância religiosa significa que devemos respeitar as crenças alheias, ainda que não concordemos com elas.

CONCLUSÃO
Vivemos hoje em um contexto de grande diversidade religiosa, no qual muitos escolhem suas religiões de forma descompromissada e baseados em simples preferência pessoal ou agenda política. Ainda assim, os princípios básicos dos ensinos do Mestre permanecem válidos, servindo-nos de orientação para a defesa da verdade e da ortodoxia bíblica, contra as religiões enganosas, heresias e falsas doutrinas.

Hora da Revisão
Quais as características dos saduceus?
Por que Jesus repreendeu os fariseus?
Por que os essênios destoavam dos ensinamentos de Jesus?
Por que os herodianos se opunham à liderança de Jesus?

Hoje, como os cristãos devem se portar diante da diversidade religiosa?

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