Lição 2
Conhecendo as limitações do tempo
12 de abril de 2015.
Texto
Áureo
“E ele cuidava que
seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão;
mas eles não entenderam.” At 7.25
Verdade
aplicada
O discernimento para compreender as fazes da
vida e a paciência para manter-se fiel a uma visão são fatores imprescindíveis
para se alcançar um objetivo.
Objetivos
da Lição
Mostrar como as raízes
familiares de Moisés e seu crescimento no Egito foram fundamentais ao propósito
de Deus;
Revelar os frutos da atitude
pessoal de Moisés em relação ao seu chamado;
Ensinar a importância de
discernir os tempos nos quais estamos inseridos.
Glossário
Perscrutar: examinar
minuciosamente;
Cartilagem: tecido flexível que se
encontra na extremidade dos ossos;
Corroborar: fortalecer.
Textos de
referência
Hebreus 11.23.26
23 Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido
três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram
o mandamento do rei.
24 Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser
chamado filho da filha de Faraó,
25 Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo
de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado;
26
tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do
Egito; porque tinha em vista a recompensa.
Leituras
complementares
Segunda Gn
50.24
Terça Êx
3.10
Quarta Êx
3.14
Quinta Êx
5.1
Sexta Hb
3.3
Sábado Hb
3.5
Esboço da lição
Introdução
1. Moisés, escolhido para ser
libertador
2. Da riqueza do palácio à
escassez do deserto
3. O tempo e seus ensinamentos
Conclusão
Introdução
Moisés viveu cento e vinte anos e sua vida pode
ser dividida em três períodos de quarenta anos. Nos primeiros quarenta anos,
ele passou no Egito, sendo cuidado pela sua mãe e aprendendo nas escolas
egípcias; no seu segundo ciclo, passou no deserto vivendo como um pastor de
ovelha, sendo nutrido pela solidão e ensinado por Deus; em seus últimos
quarenta anos, esteve no deserto com o povo hebreu sendo ensinado pelas
provações para se tornar inquestionavelmente o principal personagem do Antigo
Testamento, a figura central do Pentateuco.
1.
Moisés, escolhido para ser libertador
Moisés passa por três fases significativas em
sua vida. A primeira é quando ele pensa ser alguém, pois era o príncipe do
Egito e instruído em toda a ciência (At 7.22); a segunda é quando vai viver no
deserto e descobre não ser ninguém; a terceira é quando se torna líder e
descobre que depende de Deus. Analisemos outras três fases também distintas em
sua vida.
1.1
Moisés e o tempo da iniciação
Joquebede, a mãe de Moisés, desempenha o papel
principal tanto em criar quanto em salvar seu filho. O escritor aos Hebreus
dedica-lhe um lugar especial na galeria da fé (Hb 11.23). Ela, com certeza,
planejou toda formação espiritual de seu filho e, com o auxílio de Miriã, sua
filha mais velha, o menino permaneceu com a família tempo suficiente para
firmar suas raízes hebreias (Êx 2.5-9). Deus transformou a maldição em bênção e
o que para Joquebede era risco de vida passou a ser uma satisfação. A bênção
foi tão grande que ela recebeu salário para criar o próprio filho. A fé e o
planejamento sempre andam de mãos dadas. A sabedoria de Joquebede nos ensina
que Deus age no impossível e que nós agimos observando oportunidades.
Moisés cresceu no palácio foi
criado como um príncipe, instruído em toda a grandeza do Egito. Todavia, Deus
criou um meio de firmar suas raízes em família, algo que será imprescindível em
seu destino profético. O plano divino era fazer de Moisés um intermediário
entre Ele e Faraó e nada melhor que uma pessoa muito bem instruída para tal
missão, pois Moisés conhecia bem o terreno inimigo.
1.2
Moisés e o tempo da formação
A providência divina deu em um novo lar para
Moisés (Êx 2.10), onde deveria crescer e ser instruído até o dia em que seria
impelido a libertar seu povo (At 7.22). Moisés foi educado na civilização mais
adiantada daquele tempo. O seu treinamento foi projetado para prepará-lo para
um alto cargo ou até mesmo o trono do Egito. Ele ficou familiarizado com a vida
na corte de Faraó, com toda a pompa e grandeza da adoração religiosa egípcia.
Foi educado na escrita e nas literaturas do seu tempo. Também aprendeu a
administração e a justiça. É importante ressaltar que a mudança de lar e todas
as implicações e benesses que favoreciam Moisés jamais o afastaram do que
deveria ser. Podemos afirmar que por fora ele era egípcio, mas, por dentro,
havia um hebreu clamando por liberdade e justiça.
1.3
Moisés e o tempo de justiça
A terceira fase da vida de Moisés é marcada por
um rompimento provocado pela justiça (Êx 2.11). O hebreu que havia dentro da
cartilagem egípcia emergiu e, a partir daí, começaria uma nova etapa em sua
vida. A morte do egípcio em defesa do hebreu fez Moisés voltar ao nada outra
vez. Devemos observar atentamente que todo seu preparo no Egito seria usado
mais tarde pelo Senhor.
Nessa fase da vida, Moisés sabia
muito bem quem era. Não sabemos ao certo se teve uma revelação pessoal, mas,
seguramente, ele tomou a decisão de renunciar a tudo o que era por acreditar em
que Deus o faria ser (Hb 11.24-27).
2. Da
riqueza do palácio à escassez do deserto
Quando Moisés foi descoberto, ele temeu por sua
própria vida e fugiu do Egito para o deserto de Midiã. Ali começou uma nova
fase em sua vida, onde se tornou pastor de ovelhas e se casou com uma das
filhas de Jetro, passando então a cuidar dos rebanhos de seu sogro.
2.1
Assentando junto ao poço
É difícil perscrutar o que passava na mente de
Moisés ao fugir para Midiã e assentar-se junto ao poço (Êx 2.15). Com certeza,
aquele deve ter sido o nível mais baixo que sua vida poderia estar. Moisés não
chegou até ali cantando, ele estava confuso, frustrado e decepcionado. Ele
compreendeu que não se pode plantar uma semente carnal e colher um fruto
espiritual. Ele agiu na carne e estava colhendo o resultado do que havia
plantado. Em questão de momentos, Moisés desce o topo da pirâmide, pois era o
escolhido de Faraó, à condição de um fugitivo que tinha somente a vida por
preciosa. Estar sentado junto ao poço reflete o que estava na sua alma: sede, o
desejo de tentar entender o que deu errado na sua vida.
Se Moisés imaginasse as
consequências do que passaria por ter assassinado o egípcio, não teria saído da
sua zona de conforto. Entretanto, é claro que o Senhor Deus conduzia o fluxo de
sua história; por tornar-se um homem poderoso em palavras e obras, chegou a
imaginar que pudesse livrar os filhos de Israel de seu cruel cativeiro. Porém,
a verdade é que ainda não havia chegado a hora, nem ele estava preparado para
as pressões próprias de um empreendimento daquela envergadura – a libertação
dos filhos de Israel. Isso ocorreria, mas só no futuro.
2.2.
Egípcio ou hebreu?
Deus impeliu Moisés para o deserto porque seria
o lugar onde usaria (ÊX 2.19). O libertador hebreu ainda estava por dentro de
Moisés e Deus quebrou sua resistência pouco a pouco, até que o egípcio morresse
e o hebreu se apossasse por completo de Moisés. Deus levou quarenta anos para
instruí-lo, quarenta anos para purifica-lo e mais quarenta anos para usá-lo
ministerialmente. Para todo vasto ministério existe um grande preparo e com
Moisés não foi diferente. Deus não almejava enviar somente um pastor com
poderes especiais para libertar Seu povo, Ele queria escrever a história da
humanidade a partir de Moisés. Por isso, o Eterno preparou e enviou um
representante legal do seu poder (Êx 4.16).
2.3.
Confortado pelo Senhor
Moisés chega a Midiã sem qualquer perspectiva
de sucesso em sua vida. Mas Deus inicia uma nova fase em sua vida, dando-lhe
uma esposa, filhos e confortando seu coração. Sua mulher Zípora, lhe deu dois
filhos varões: Gérson e Eliézer (Êx 2.22; 18.4). Por um tempo determinado, o
libertador caiu em esquecimento, dando lugar ao pastor de ovelhas. Deus estava
treinando Moisés na função em que desempenharia seu chamado e, sem que ele se
desse conta, estava aprendendo com ovelhas o significado de um rebanho
espiritual. Deus deveria desintoxicar Moisés das grandezas do Egito, reduzí-lo
a nada esvaziá-lo para depois torna-lo a encher. Quando chegasse o tempo, o
mundo conheceria um Moisés sem igual: um homem dotado de sabedoria, ciência e
poder, mas humilde, submisso e totalmente dependente de Deus.
3. O
tempo e seus ensinamentos
Discernir os tempos e entender em que fase da
vida se está vivendo não somente tornará a nossa vida mais feliz, como também
não nos deixará esmorecer na fé. Moisés sabia que era o salvador de seu povo,
somente não compreendia as fases do tempo. Não é porque temos uma unção e um
grande chamado que devemos agir na hora em que bem entendemos.
3.1.
Entendendo a vontade de Deus.
Sem perceber, Moisés entrou naquele período que
chamamos de “impaciência ministerial” (At 7.25). Moisés não sabia que a unção
não deve apenas estar posta sobre a cabeça de alguém, ela deve tomar todo o
ser, deve absorver as impulsões humanas e, quando ela prevalece, Deus dá o Seu
aval e nos informa a hora de agir. Devemos ter em mente que quando Daví foi
ungido, já era rei a partir daquele dia, mas não reinou após ter recebido a
unção de rei. Ele passou pelo tratamento da paciência, da experiência e da fé para,
só depois, vir a reinar. É comum ficar ansioso quando sabemos de algo tão
grande e vemos que nada acontece. O perigo está em querer agir por conta
própria como Moisés (At 7.23).
A impaciência e a ansiedade o
levaram a um golpe prematuro que resultou num tremendo desastre, um atraso de
quarenta anos. Sendo desejoso de fazer a vontade de Deus, ele agiu
imprudentemente e matou uma pessoa. Forçar a situação, além de atrasar o
projeto de deus para sua vida, ainda o levou a uma catástrofe pessoal.
3.2. Entendendo
o tempo de Deus.
Não agir quando deus ordena pode ser tão
perigoso quanto agir quando Deus não envia (A77.27). Moisés estava consciente
de que era o libertador da nação. Ele acreditava que seu povo iria entender.
Ele só não entendeu que o povo ainda o via como um filho de faraó. A vontade de
agir o cegou por um momento. Quando ele age por sua própria conta, em vez de
salvar uma nação, quase que nem escapa com vida. Em um só momento, Moisés foi
destituído de tudo, por não saber discernir o tempo de agir. Quando chegou o
tempo, o próprio Deus fez questão de enfatizar (At 7.34). A melhor maneira para
entender o tempo de deus é estando vazio de si mesmo.
3.3.
Entendendo o preparo de Deus.
Deus estava preparando algo tremendo através da
vida de Moisés que marcaria o mundo para sempre. Libertar o povo era fácil para
Deus. Ele poderia ter feito isso na primeira aparição de Moisés. Hoje podemos
entender isso perfeitamente. Jesus Cristo, por exemplo, não é conhecido em
muitos lugares, mas uma coisa é certa: em todas as partes do globo se conhece a
história da travessia do mar vermelho. Precisamos estar conscientes que, ao não
compreender o que Deus está fazendo, devemos estar como Moisés quando este
chegou a Midiã (Êx 2.15). uatro coisas sucederam que corroboraram para
favorecer e configurar o ambiente para libertação. Primeiramente, a morte de
Faraó; depois, como nada mudou em relação a servidão, os hebreus passaram a
orar fervorosamente por uma intervenção divina; a seguir, Deus mudou Sua
disposição em relação aos filhos de Israel ouvindo suas orações e, por fim,
enviou o libertador. No entanto, tudo isso aconteceu no tempo exato (Dn 2.21).
Todo grande preparo passa pelo
deserto. Até mesmo Jesus, o Filho de Deus, foi conduzido a ele pelo Espírito Santo.
Precisamos entender que o deserto nunca é maior que a promessa feita por Deus.
Lá é o lugar onde sempre estamos sós e prontos para ouvir as coordenadas para
seguir adiante.
Conclusão
Observamos que tudo o que deus faz deve passar
pelo teste do tempo e agir de forma autônoma pode ser perigoso e frustrante.
Moisés teve uma grande expectativa, mas aprendeu através da solidão do deserto
que o homem passa por fases distintas até chegar a posição que Deus quer.
Dessas fases, a mais importante é onde se descobre que precisamos de deus e que
sem Ele nada podemos fazer.
Questionário
1. Em quantos períodos se divide a vida de
Moisés?
R: em três períodos de 40 anos (Dt 34.7).
2. O que aprendemos com Joquebede, a mãe de
Moisés?
R: Que a fé e o planejamento sempre andam de
mãos dadas (Hb 11.23).
3. O que podemos afirmar quanto a nacionalidade
de Moisés?
R: Por fora ele era egípcio; por dentro havia
um hebreu clamando por liberdade e justiça (Êx 2.11).
4. Que tipo de reconhecimento queria Moisés por
parte de seu povo ao defender o hebreu?
R: Que o povo entenderia ser ele o libertador
(At 7.23).
5. Que lição se pode extrair sobre agir antes
do tempo de Deus?
R: Que é tão perigoso não agir quando Deus
manda quanto agir quando Ele não envia (At 7.27).
Fonte: Betel, Jovens e adultos, 2º trimestre de
2015, Moisés, o legislador.
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