Lição 7
POLÍTICA E CORRUPÇÃO NA PERSPECTIVA CRISTÃ
12/11/2017
Texto do
dia.
(Rm 13.1)
"Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades
que há foram ordenadas por Deus."
Síntese.
Em tempos de crise moral e política, a Igreja
deve ser exemplo íntegro de participação cívica e de combate à corrupção.
Agenda
de leitura
Segunda - Is 51.4
A justiça de Deus é luz para as nações
Terça - Pv 29.2
O povo se alegra com a administração sábia e
justa
Quarta - Pv 29.4
A diferença entre o governante justo e o
corrupto
Quinta - At 5.29
Melhor obedecer a Deus que aos homens
Sexta - Ef 4.28
Aquele que furtava, não furte mais
Sábado - Jo 10.10
O ladrão mata, rouba e destrói
Objetivos
Conscientizar-se do papel da política
governamental e dos efeitos da corrupção;
Conhecer a base bíblica da
separação entre Estado e Igreja;
Saber como o cristão deve
lidar com a política e a corrupção.
Interação
A história de nosso país é assinalada por má
governança e escândalos de corrupção. Sem dúvida alguma, a desonestidade e a
trapaça não são novidades para o país que criou o "jeitinho
brasileiro" - a artimanha utilizada por muitos para resolver problemas ou
levar vantagem em alguma coisa. Em tempos recentes, porém, a crise política que
se instalou na nação parece ter atingido níveis alarmantes. A estrutura
política encontra-se transtornada. Diante desse contexto, o que pode fazer o
justo? Na aula de hoje, veremos que o justo muito pode fazer pela nação. A
participação política dos crentes de maneira íntegra, alinhada às recomendações
das Escrituras, é vital para a boa governança e combate à corrupção.
Orientação
Pedagógica
Professor(a), no tópico III, utilize o
esquema abaixo para refletir com os seus alunos acerca de algumas medidas
importantes para evitar a prática da corrupção, tanto no setor público quanto
no privado. Lembre aos jovens que todas essas medidas decorrem de princípios
bíblicos, e partem do pressuposto de que o homem possui a tendência natural
para a prática da corrupção. Na segunda coluna, peça para os alunos opinarem a
respeito do objetivo da medida anticorrupção constante da primeira coluna.
MEDIDAS
ANTICORRUPÇÃO
Divisão de poder
Fiscalização constante.
Transparência.
Punição, inclusive dos pequenos delitos
Afixação de regras claras.
Recordação da importância do agir ético
OBJETIVO
Texto
bíblico
Romanos 13.1-7
1 Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades
que há foram ordenadas por Deus.
2 Por isso, quem resiste à autoridade resiste
à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3 Porque os magistrados não são terror para
as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o
bem e terás louvor dela.
4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem.
Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro
de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.
5 Portanto, é necessário que lhe estejais
sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
6 Por esta razão também pagais tributos,
porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a
quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem
honra, honra.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje falaremos a respeito de
política e corrupção. A palavra "política" deriva do grego politikos,
e em geral refere-se à ciência de governar ou bem administrar. O homem é um ser
político, pois foi criado por Deus para se relacionar com o próximo e viver em
comunidade (Gn 2.18). Embora, na maioria das vezes, o termo seja aplicado à
esfera pública, a política envolve todas as áreas da vida em que haja interação
humana, seja em casa, nas empresas, nas escolas ou nas demais instituições. Por
outro lado, a corrupção é a prática desonesta que visa à obtenção de vantagem
ilícita, incluindo suborno, propina, fraude ou qualquer outra forma de desvio
de dinheiro. Como a fé cristã lida com estes dois temas? É o que veremos na
presente lição.
I -
POLÍTICA GOVERNAMENTAL E CORRUPÇÃO
1. Política governamental. Na esfera pública, a
política refere-se à forma como os governantes administram e tomam as melhores
decisões para a nação, estado ou município. As Escrituras ensinam que Deus
delega certa autoridade ao homem para governar (Tt 3.1). Utilizada de forma
correta, portanto, a política deve servir para aprovar leis justas, refrear o
mal e praticar o bem, a fim de proporcionar aos cidadãos uma sociedade onde
haja liberdade, acesso à saúde, segurança e educação de qualidade.
2. O mal da corrupção. Infelizmente, nem
todos aqueles que ocupam cargos públicos estão preocupados com a sociedade e o
interesse coletivo. Conforme a história e os noticiários podem atestar, com
frequência pessoas se utilizam da função política para proveito próprio e
aumento do patrimônio pessoal, através do desvio de dinheiro dos cofres
públicos e outros esquemas, falcatruas e "jeitinhos" para obtenção de
vantagens ilícitas. A corrupção é um mal moral que decorre da natureza decaída
e pecaminosa do homem, provocando enormes prejuízos sociais (2 Pe 2.19). Ela
contribui para a desigualdade e o aumento da miséria, reduz o crescimento
econômico e prejudica, por consequência, a oferta dos serviços públicos básicos
aos cidadãos. De acordo com Provérbios 29.2, o povo se alegra com a
administração sábia e justa, mas geme quando os impiedosos dominam. Igualmente,
o governante justo administra corretamente a sua terra, mas o corrupto a
destrói (Pv 29.4).
Pense
"Jeitinho" é um eufemismo para a
trapaça.
Ponto
Importante
A corrupção é um mal moral que decorre da
natureza decaída e pecaminosa do homem, provocando enormes prejuízos sociais.
II - A
SEPARAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA
A reflexão a respeito da participação
adequada do crente na esfera política inicia com o correto entendimento sobre a
relação entre Estado e Igreja.
1. Entre César e Deus. Há uma passagem
bíblica em particular que serve como diretriz hermenêutica do pensamento
cristão acerca do relacionamento entre cristão e estado: "[...] Dai, pois,
a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus" (Lc 20.25). Ao
responder uma pergunta carregada de falsidade e perversidade dos religiosos de
sua época sobre o tributo romano, Jesus ensina sobre a necessidade de separação
entre Estado e Igreja, haja vista possuírem papéis distintos. Isso não
significa dizer, entretanto, que a Igreja não possa colaborar com o Estado em
assuntos de interesse social e influenciar positivamente a vida política da
nação, a fim de conformar com a vontade de Deus.
Francis Beckwith observa que, embora a imagem
da moeda seja de César, há outra pergunta implícita na narrativa bíblica que também
deve ser respondida: Quem tem em si a imagem de Deus? Beckwith conclui:
"Se a moeda representa a autoridade de César, porque tem nela sua imagem,
então nós, seres humanos, estamos sob a autoridade de Deus, porque temos em nós
a sua imagem". Portanto, "o governo e a Igreja, apesar de terem
jurisdições distintas, partilham da obrigação de promover o bem daqueles que
são feitos à imagem de Deus" (Razões para Crer, CPAD).
2. Soberania divina sobre o Estado. Na perspectiva
cristã, a autoridade dos governantes provém de Deus (Rm 13.1-4). Ele é a fonte
do poder de onde os governantes retiram a sua legitimidade para governar, por
isso a recomendação bíblica para nos sujeitarmos à autoridade humana por amor
ao Senhor (1 Pe 2.13). A partir dessa verdade, compreendemos que o Estado ou
qualquer outra instituição pública está abaixo do Criador. Quando a vontade do
poder público e do povo entram em conflito com a vontade divina, não há outra
opção senão obedecer a Deus (At 5.29). Assim, tão errado quanto adorar a César
nos tempos de Jesus, é a lealdade absoluta ao Estado nos dias atuais.
3. Estado laico, não ateu. Em nosso país, o
modelo atualmente adotado de relação entre Estado e organizações religiosas é o
da laicidade. O poder público não pode adotar ou patrocinar uma determinada
igreja ou religião. Estado laico (ou leigo), todavia, não significa estado ateu
ou laicista, que busca o desaparecimento das religiões ou a defesa da sua
influência somente ao ambiente privado. O modelo historicamente adotado no
Brasil valoriza o fenômeno religioso como tal, permitindo, inclusive, a
colaboração de interesse público. Assim, a igreja cristã deve respeitar o
princípio da laicidade, mantendo-se separada institucionalmente do governo, ao
mesmo tempo em que pode colaborar com temas de interesse da sociedade, com
programas de educação, filantropia e recuperação de usuários de drogas, por
exemplo.
Pense "A lealdade ao
reino de César é condicional, mas a lealdade ao Reino de Deus é absoluta"
(Comentário Bíblico Pentecostal).
Ponto
Importante
Deus é a fonte que emana o poder de onde os
governantes retiram a sua legitimidade para governar, por isso a recomendação
bíblica para nos sujeitarmos à autoridade humana por amor ao Senhor.
III -
COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA E A CORRUPÇÃO
1. Adotando uma postura adequada
sobre a política.
Não há nada de errado com a participação política dos cristãos. Enquanto
cidadãos, os crentes também têm direitos e responsabilidades na cidade dos
homens. O apóstolo Paulo valeu-se da cidadania romana para exercer seus
direitos e garantias legais (At 16.37-39). Uma vez que os crentes são
portadores de cidadania política, nos é possível participar da escolha dos
governantes, assim como contribuir com as discussões e o rumo político da nação.
Mas, se por um lado a aversão à política é uma conduta equivocada, por outro, o
engajamento inadequado prejudica a vida espiritual da Igreja, especialmente
quando esta atua em busca de benefícios próprios e por meio de envolvimento com
a politicagem mundana.
2. Influenciando o mundo político. O caminho para
iluminar o mundo político com a luz de Cristo é o engajamento político
socialmente adequado e teologicamente consistente da comunidade cristã. Isso,
sem se perder nos jogos de poder e nas disputas partidárias e ideológicas. A
Igreja pode exercer uma influência expressiva sobre a política e o governo, por
meio da conscientização dos seus membros sobre a importância do voto. Deve
atuar como voz profética de transformação, combate ao mal e defesa dos princípios
e valores morais expressos nas Escrituras.
Daniel é exemplo de um jovem fiel a Deus que
influenciou positivamente o governo de seu tempo. Ele era governador de toda a
província da Babilônia e chefe de todos os sábios (Dn 2.48). Além de aplicar a
sabedoria na administração do governo, Daniel confrontou corajosamente os erros
do rei Nabucodonosor (Dn 4.27). Jovem, aja como Daniel, com coragem para
denunciar os erros observados na política, e com sabedoria para sobressair-se
na esfera pública!
3. A corrupção e o sétimo
mandamento.
Por contrariar o sétimo mandamento (Êx 20.15), a corrupção é severamente
condenada aos olhos de Deus (Lv 19.35,36). Ao longo da narrativa bíblica,
encontramos várias advertências contra diversos tipos de corrupção, no funcionalismo
público (Lc 3.12-14), no Judiciário (Dt 16.19,20; Êx 23.8) e no Legislativo:
"Ai dos que decretam leis injustas e dos escrivães que escrevem
perversidade, para prejudicarem os pobres em juízo, e para arrebatarem o
direito dos aflitos do meu povo, e para despojarem as viúvas, e para roubarem
os órfãos!" (Is 10.1,2).
4. Combatendo a corrupção. A fé verdadeira tem
um sério compromisso com o combate à corrupção em todos os níveis. Aquele que
teve um encontro com o Senhor é aconselhado a não roubar mais e é também
compungido a devolver o que defraudou (Lc 19.8). Não coaduna, portanto, com a
prática de atos desonestos, fraudadores e corruptos, e nem com aqueles que
assim agem (Rm 1.32). Se nova vida não combina com a vigarice, é inconcebível
que a bênção de Deus esteja em negócios escusos e deletérios.
Pense
Se nova vida não combina com a vigarice, é
inconcebível que a bênção de Deus esteja em negócios escusos e deletérios
Ponto
Importante
O caminho para iluminar o mundo político com
a luz de Cristo é o engajamento político socialmente adequado e teologicamente
consistente da comunidade cristã.
SUBSÍDIO
"A Questão de Pagar Impostos a César
(20.20-26)
Jesus lhes pede que lhe mostrem uma moeda de
prata (denarion, o pagamento médio de um dia de trabalho). Quando Ele pergunta
de quem é a inscrição na moeda, eles respondem: 'De César', dando a entender
que os judeus aceitam o governo do imperador como uma realidade prática.
Naquela época, era ponto comum que o governo de um soberano se estendia tanto
quanto iam suas moedas (Geldenhuys, 1951, p. 504). Sem interromper, Jesus lhes
responde a pergunta - não com um 'Sim' ou um 'Não', como esperavam, mas com
estas palavras: 'Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de
Deus'. Esta resposta vai além do pagamento de impostos (cf. Rm 13-1-7; 1 Pe
2.13-17). As coisas que pertencem a César devem ser pagas a ele; as coisas que
pertencem a Deus devem ser pagas a Deus. Obviamente a moeda pertence a César;
os impostos devem ser pagos ao imperador.
Os assuntos que giram em tomo dos deveres a
Deus e dos deveres a César podem ficar complexos. Quando os assuntos de estado
entram em conflito com a vontade de Deus, o povo de Deus tem de obedecer a Deus
(cf. At 5.29). Como Jesus ensina, há dois reinos: um terreno e um divino. O
povo de Deus deve lealdade a ambos - a lealdade ao reino de César é
condicional, mas a lealdade ao Reino de Deus é absoluta. Os inimigos de Jesus
lhe fizeram uma pergunta teológica difícil. Sua resposta significa que o povo
de Deus tem de permanecer fiel a Deus e obediente à autoridade civil, contanto
que suas ações não entrem em conflito com a lei do Senhor" (Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.
449).
ESTANTE
DO PROFESSOR
GEISLER, Norman; MEISTER, Chad V. (Orgs).
Razões para Crer: Apresentando argumentos a favor da fé cristã. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2013.
CONCLUSÃO
Como foi possível perceber, política e
combate à corrupção também são "coisas de crente". Em tempos de crise
moral na política do nosso país, a Igreja de Cristo pode instruir,
conscientizar, denunciar e mobilizar-se para propósitos cívicos legítimos.
Hora da
revisão.
De acordo com a lição, o que é corrupção?
É a prática desonesta que visa
a obtenção de vantagem ilícita, incluindo suborno, propina, fraude ou qualquer
outra forma de desvio de dinheiro.
Cite algumas consequências da corrupção.
Ela contribui para a
desigualdade e o aumento da miséria, reduz o crescimento econômico e prejudica,
por consequência, a oferta dos serviços públicos básicos aos cidadãos.
Qual o sentido da afirmação de Jesus ao
dizer: "Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Lc
20.25).
A necessidade de separação
entre Estado e Igreja, haja vista possuírem papéis distintos.
Qual o modelo adotado no Brasil de relação
entre Estado e organizações religiosas?
Modelo da laicidade.
Qual o caminho para a comunidade cristã
iluminar o mundo político com a luz de Cristo?
Por meio do engajamento
político socialmente adequado e teologicamente consistente.
Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens,
professor, Seguidores de Cristo – Testemunhando numa Sociedade em Ruinas, Comentarista Valmir
Nascimento, 4º trimestre 2017.
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