Lição 7 A ordenança do batismo em águas.
12 de novembro de 2017
Texto Áureo
Romanos 6.4
“De sorte que fomos sepultados com
ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela
glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.”
Verdade Aplicada
O batismo em água é uma ordenança de
Jesus que simboliza o que já aconteceu na vida de quem foi regenerado.
Objetivos da Lição
Explicar o que é o
batismo em águas e o seu significado;
Apresentar o batismo como sentido de
justiça, autoridade e de fidelidade à missão;
Mostrar o batismo como ordenança, celebração
e troca de autoridade.
Glossário
Ablução: Lavar-se utilizando água;
Essênios: Seita judaica
existente no tempo de Cristo;
Etimologia: Estudo da origem da palavra.
Leituras complementares
Segunda At 2.37
Terça At 2.38
Quarta At 2.39
Quinta At 2.40
Sexta At 2.41
Sábado At 19.5
Textos de Referência.
Mateus 3.13, 16; 28.19; At 2.38
Mt 3.13 Então, veio Jesus da Galiléia
ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
Mt 3.16 E, sendo Jesus batizado, saiu
logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus
descendo como pomba e vindo sobre ele.
Mt 28.19 Portanto, ide, ensinai todas
as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
At 2.38 E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados,
e recebereis o dom do Espírito Santo.
Hinos sugeridos.
18, 111, 114
Motivo de Oração
Louve a Deus por aqueles que
ministram à igreja estudos e ensinos sobre as Escrituras.
Esboço da Lição
Introdução
1. Aspectos gerais sobre o batismo.
2. Batismo: forma, fórmula e condição.
3. O significado do Batismo.
Conclusão
Introdução
Encontramos
no Novo Testamento dezenas de referências à prática do batismo em águas, indicando
que se trata de um rito presente desde o início da Igreja (At 2.37-41)
1. Aspectos gerais sobre o batismo.
O rito batismal compõe o grupo geral
de normas vinculadas com o lavar. Há vários relatos bíblicos, e também em
outras fontes, sobre o uso da água em cerimônias de purificação, tanto de
pessoas como de objetos, inclusive entre algumas religiões pagãs e na
comunidade judaica.
1.1. Aspectos históricos.
O Antigo Testamento faz menção de
pessoas que ficavam impedidas de participar de atos religiosos por se
encontrarem impuras, havendo, assim, a necessidade de se submeterem às abluções
rituais (Lv 11, 17; Nm 19). O historiador judeu Flávio Josefo atesta que entre
os essênios haviam vários tipos de purificação. Os arqueólogos encontraram nas
ruínas de Massada construções que indicavam serem utilizadas para banho de
imersão ritual, assim como em Jerusalém à época do segundo templo, ao pé do
monte do templo. A comunidade judaica submetia o convertido gentio o judaísmo a
um banho ritual, após a circuncisão, identificado como “batismo do prosélito”.
O precursor de Jesus, João Batista, “apareceu batizando no deserto e pregando o
batismo de arrependimento” (Mc 1.4), em cumprimento a um mandado de Deus (Jo
1.33).
Quanto ao batismo de João Batista, assim
escreveu G. R. Beasley-Murray: “marcava o arrependimento do judeu, que lhe
garantia o perdão e a purificação, e antecipava o batismo messiânico no
Espírito e com fogo, garantindo-lhe um lugar no Reino”. E João tinha plena
consciência disto. Tanto que, quando Jesus foi até ele para se batizado, João
Batista ficou surpreso e resistiu em fazê-lo (Mt 3.13-14), pois ele está
convicto de que Jesus era o Cristo e, portanto, não necessitava do que João
estava fazendo. O comentarista Mattew Henry escreveu: “Nosso Senhor Jesus
considerou conveniente, para cumprir toda justiça, apropriar-se de cada
instituição divina, e mostrar sua disposição para cumprir com todos os justos
preceitos de Deus”.
1.2. Definição da palavra batismo.
No Novo Testamento, no original
grego, são encontradas as expressões “Bapto” (verbo), com significado de
submergir, e o termo derivado, “baptizo”, significando imergir, tornar
submerso. Tanto em contextos judaicos ou cristãos, o pensamento de imersão
permanece. A própria exposição feita pelo apóstolo Paulo em Romanos 6, como
sendo a união do discípulo com Cristo em Sua morte, sepultamento e
ressurreição, concorda com este pensamento desde os primórdios.
Champlin, em seu comentário, diz que o
batismo efetuado por João Batista “provavelmente foi feito por imersão, segundo
o costume judaico”, além do fato de João ter escolhido um rio, o que indica,
também, o modo de batismo. Frederick C. Grant identifica o precursor de Jesus
como: “A obra de João, o Imersor...”. Jesus Cristo pediu para ser batizado por
João Batista, tornando-se exemplo, demonstrando Sua solidariedade com a
humanidade pecadora e anunciando Sua missão redentora (Mt 3.13-17).
1.3. Importância do batismo.
Em contraste com o judaísmo, a Igreja
no Novo Testamento não era caracterizada por rituais. Contudo, há duas
cerimônias que estão presentes na caminhada da Igreja desde os primórdios por
terem sido instituídas pelo mandamento de Cristo: batismo em águas e a Ceia do
Senhor (esta será tema da próxima lição). Por esta causa, são consideradas no
estudo da Teologia Sistemática sobre Eclesiologia (A doutrina da Igreja) como
ordenanças da Igreja. Assim, o batismo é importante porque o que foi ordenado
pelo Senhor Jesus Cristo (Mc 16.15-16; Mt 28.18-19), e porque os apóstolos e os
primeiros discípulos ensinavam e praticavam essa ordenança (At 2.37-38, 41;
8.12-13; 36-38; 9.18; 10.47-48; 16.14-15, 32-33; 18.8; 19.5).
Desde o inicio, o batismo é utilizado
para admitir o novo discípulo na igreja. O comentarista F. F. Bruce declara: “A
ideia de um cristão não batizado realmente sequer é contemplada no Novo
Testamento”. A Didaquê, obra escrita entre 60 e 90 d.C., no capítulo IX,
instrui que somente podem participar da Ceia do Senhor aqueles que foram
batizados em nome do Senhor.
2. Batismo: forma, fórmula e
condição.
Considerando as controvérsias
existentes quanto a estes aspectos e a pluralidade das denominações evangélicas
no Brasil, refletiremos nestes assuntos por conterem ensinos preciosos para
enfatizar verdades espirituais presentes nesta doutrina.
2.1. A forma de batismo.
A própria
etimologia da palavra, registrada no tópico anterior, indica a forma: imersão.
Essa conclusão é atestada pelos estudiosos da língua grega e pelos
historiadores da Igreja. Mesmo aqueles que advogam outras formas (aspersão ou
fusão) reconhecem a imersão como a forma usada pela Igreja Primitiva.
Inclusive, a exposição do apóstolo Paulo em Romanos 6.3-4, quando relaciona o
batismo em água como símbolo de sepultamento e ressurreição, deixa claro a
forma que era utilizada.
Meditemos em alguns detalhes registrados
nas Sagradas Escrituras acerca do batismo: primeiro, requer abundância de água
(Jo 3.23); segundo, tanto o que batiza como o batizando descem à água (At
8.38); terceiro, é uma representação de sepultamento na água (Cl 2.12). Sendo
assim, verifica-se que o batismo em água por imersão é confirmado pelos
aspectos bíblico, linguístico, simbólico e histórico.
2.2. A fórmula do batismo.
O próprio Senhor Jesus deu a fórmula:
“...batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
Encontramos, também, neste texto, a participação de três Pessoas da Trindade na
obra de salvação do ser humano: o Pai amou e planejou; o Filho a consumou; e o
Espírito Santo aplica a salvação no homem. Assim, quando lemos em Atos 2.38;
10.48, não se trata de uma “outra fórmula”, mas uma afirmação da “autoridade
concedida” pelo Senhor de acordo com o Seu mandamento, e o reconhecimento e a
submissão do novo convertido a Jesus Cristo como Salvador e Senhor.
Batizar somente em nome de Jesus é usar
textos bíblicos sem considerar outras passagens sobre o mesmo assunto (um
equívoco praticado por muitos); ignorar o testemunho dos escritos patrísticos
(pais da igreja) como a Didaquê e Irineu ou incorrer na heresia dos unitaristas
(deturpam e negam o Deus Trino).
2.3. Condição para ser batizado.
No mandamento do Senhor encontramos que o
batismo seria administrado aos que se tornam discípulos (Mt 28.19). Nos
registros em Atos, o batismo em águas foi precedido de pregação,
arrependimento, aceitação da Palavra, instrução e fé (At 2.37-38, 41; 8.12, 37;
9.17-18; 18.8). Portanto, requer-se do batizando consciência acerca do passo
que está dando. Interessante notar as três expressões que se encontram em Atos
18.8: “ouvindo-o creram e foram batizados”.
Não há base para a crença no poder
miraculoso da água batismal em transformar uma pessoa. O batismo é para os que
já passaram pela experiência da regeneração. A igreja evangélica brasileira
vive um momento de grande crescimento numérico. Contudo, como está o
discipulado? Está acompanhando este crescimento? O Senhor Jesus ordenou:
ensine, batize, ensine (Mt 28.19-20).
3. O significado do batismo.
É de grande
importância para nossa edificação, amadurecimento e firmeza espiritual que
conheçamos o significado desta ordenança da Igreja, conforme encontramos na
Palavra de Deus (Rm 6.3-14; Gl 3.27; Cl 2.12).
3.1. União com Cristo.
Quando o discípulo do Senhor Jesus é
batizado em água, ele está testemunhando publicamente que está unido a Cristo.
O apóstolo Paulo usa a expressão “vos revestistes de Cristo” (Gl 3.27), ou
seja, fomos incorporados nEle pela fé. Unidos, identificados e participantes em
Sua morte, sepultamento e ressurreição (Rm 6.3-5). Importante notar as
expressões: “batizados na sua morte...sepultados com ele...seremos na da sua
ressurreição”. O batismo não efetua esta identificação, mas simboliza algo que
já aconteceu pela fé. “Estai em mim, e eu, em vós;...”, declarou Jesus (Jo 15.4a). Somos ramos e
Cristo é a videira. A sobrevivência e produção dos ramos dependem da união com
a videira verdadeira, Jesus Cristo.
Interessante notar que, tanto em Atos
2.38 como em Romanos 6.3, as expressões “batizado em nome de Jesus Cristo” e
“batizados em Jesus Cristo”, no grego, têm o sentido de “ser batizado dentro,
ou em alguém, em sincera obediência a esta pessoa”.
3.2. Morte e sepultamento do nosso
velho homem.
“...o nosso homem velho foi com ele
crucificado, para que não sirvamos mais ao pecado” (Rm 6.6). Esta é a mensagem
que o batizando está proclamando ao descer às águas batismais. Para tanto é
necessário que tenha ocorrido a conversão e receba ensino acerca das doutrinas
fundamentais da salvação. Para viver em novidade de vida, primeiro é preciso
passar pela cruz de Cristo. Não apenas morrer, mas sepultar. O sepultamento
sela a morte (Cl 2.12). O apóstolo Paulo fala desta experiência em Gálatas
6.14. Não se trata de morte e sepultamento no aspecto físico, mas de não mais
viver sob o domínio da natureza pecaminosa. Trata-se do resultado da nossa
união com Cristo pela fé (Cl 3.3; Rm 6.11, 14). Fomos libertos do poder do
pecado pelo poder de Jesus Cristo.
Não batizamos crianças, pois ainda não
estão suficientemente desenvolvidas para terem plena consciência sobre o
arrependimento e fé. A maioria das igrejas evangélicas apresentam ao Senhor
diante da igreja as crianças recém-nascidas, como Jesus foi apresentado no
templo (Lc 2.22-24). Cremos e incentivamos os responsáveis a agirem conforme registrado
em Mateus 19.13-15: conduzir as crianças a Crist, com ensino e em oração,
esperando que, alcançando mais idade, tomem a decisão de passar pelo batismo em
água.
3.3. Andar em novidade de vida.
O discípulo de Jesus liberto do poder
do pecado, não mais dominado pela natureza pecaminosa e unido a Cristo, também
em Sua ressurreição (ato simbolizado quando é levantado das águas batismais),
agora com “ele viveremos” para que “andemos nós também em novidade de vida” (Rm
6.4, 8). Assim, o batismo em água é um anúncio público sobre o novo viver,
agora debaixo do senhorio de Jesus Cristo, apresentando a Deus o nosso corpo
“...como instrumento de justiça” (Rm 6.13b).
Certo comentarista afirmou:
“Compreende-se que, no ato de descer à água do batismo, renunciamos a antiga
vida e, no ato de sair, penetramos em uma segunda e nova vida”. Há aqueles que
consideram tanto o batismo como a Ceia do Senhor como sacramentos, no sentido
de transmitir à pessoa que deles participa graça espiritual (para salvação),
bem como produzir mudança espiritual. Contudo, não há base bíblica para tal
crença. Vide as lições anteriores que tratam da salvação e seus aspectos. A
pessoa nascida de novo anda em novidade de vida pela contínua ação do Espírito
Santo (Ef 5.18; Gl 5.16, 25). É importante ressaltar que o batismo em água não
salva, mas sinaliza que a pessoa decidiu se submeter ao senhorio de Cristo,
viver em novidade de vida e tornar público esta mudança. Como na Igreja
Primitiva, pelo batismo, o novo discípulo torna-se membro efetivo da igreja
local.
Conclusão.
Enquanto estivermos neste mundo,
precisamos perseverar na proclamação do Evangelho, fazendo discípulos e
batizando em água, pois são mandamentos deixados pelo Senhor da Igreja. Que a
mão do Senhor continue sobre nós e, assim, “grande número creia e se converta ao
Senhor” (At 11.21), para a gloria de Deus.
Questionário.
1. Quais as duas ordenanças da Igreja?
R: Batismo em águas e a Ceia do
Senhor (Mc 16.15-16).
2. Qual a forma do batismo?
R: A imersão (Rm 6.3-4).
3. Nos registros em Atos, do que o
batismo em águas foi precedido?
R: De pregação, arrependimento,
receber a Palavra, instrução e fé (At 2.37-38).
4. Qual é a mensagem que o batizando
está proclamando ao descer às águas batismais?
R: “O nosso homem velho foi com ele
crucificado...para que não sirvamos mais ao pecado” (Rm 6.6).
5. O que o sepultamento sela?
R: A morte (Cl 2.12).
Fonte: Revista de Escola
Bíblica Dominical, Betel, Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo. O legado
da reforma Protestante e a importância de perseverar no ensino dos apóstolos,
Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2017, ano 27, Nº 105, publicação
trimestral, ISSN 2448-184X.
Correção efetuada no "2.3. Condição para ser batizado." erro na digitação, já foi revisado. Agradecimentos ao Irmão Jairo da Costa Ferreira pela observação.
ResponderExcluirDeus abençoe irmão Osny pelas postagens maravilhosas!
ResponderExcluirAmém! Irmão.
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