Lição 10 Santificação:
vontade e chamado de Deus para nós.
3
de dezembro de 2017
Texto
Áureo
Hebreus 12.14
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor”.
Verdade
Aplicada
A santificação é o aspecto prático da salvação,
consistindo de um processo que envolve mudança do caráter e da maneira de
viver.
Objetivos
da Lição
Ensinar que a santificação em
todo cristão deve progredir cada vez mais;
Revelar a importância da
santificação interior, pois a batalha contra o pecado é decidida no campo da
mente;
Mostrar que a santificação é a
vontade de Deus para Sua Igreja.
Glossário
Concupiscência: cobiça por bens
materiais; desejos sensuais e sexuais;
Mortificar: impor punição ou
castigo a alguém ou a si mesmo; tornar(se) amortecido;
Palmilhar: Percorrer, andar.
Leituras
complementares
Segunda Rm 15.16
Terça 1Co 6.11
Quarta 1Ts 4.6
Quinta 2Ts 2.13
Sexta Hb 4.12
Sábado 1Pe 1.2
Textos de
Referência.
1 Tessalonicenses 4.2-4, 7, 8
2 Porque
vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.
3 Porque
esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da
prostituição,
4 Que
cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra.
7 Porque
não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.
8
Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas, sim, a Deus,
que nos deu também o seu Espírito Santo.
Hinos
sugeridos.
5, 432, 440
Motivo de
Oração
Ore para que nossas crianças, adolescentes, jovens
e adultos cresçam embasadas na Palavra.
Esboço da
Lição
Introdução
1. A importância da santificação.
2. O caminho da santificação.
3. Abrangência e aplicação.
Conclusão
Introdução
A santificação é um processo desencadeado a
partir da regeneração, aplicado no viver diário do nascido de novo, pela ação
do Espírito Santo e da Palavra de Deus.
1. A
importância da santificação.
Verificamos a grande relevância deste tema
estudando o caráter de Deus, os diversos sentidos deste termo e sua relação com
a vontade de Deus para nós, além da afirmação bíblica: “...santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
1.1. Santidade,
um dos atributos de Deus.
É interessante iniciar o estudo da santificação
pelo caráter de Deus. Quando Moisés e os filhos de Israel entoam um cântico ao
Senhor, após a travessia do Mar Vermelho, enfatizando o agir de Deus e, a
seguir, cantam: “Quem é como tu, glorificado em santidade...? (Êx 15.11).
Notemos o versículo 13: “o levaste à habitação da tua santidade”. Ele é Santo e
Seu plano é nos conduzir à santificação. O próprio Deus afirma: “Santos sereis,
porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). Os seres celestiais
declaram a santidade de Deus (Is 6.3), e Jesus Cristo chama de Santo o Pai (Jo
17.11).
A santidade indica Sua absoluta
pureza moral. Ele não pode pecar, não tolera o pecado e aborrece o pecado. O
Senhor Deus comunicou esta verdade de várias maneiras no Antigo Testamento:
mandamentos; sacerdócio; tabernáculo; sacrifícios, entre outras. É muito importante
que atentemos para essa doutrina.
1.2. Santificação:
sentidos e significados.
Tanto a expressão hebraica “godesh” como a
grega “hagiasmos” admitem diversos termos relacionados ao tema: santidade,
consagração, santificação, separação. A ênfase do sagrado no Novo Testamento já
não recai sobre coisas, lugares ou ritos, mas às manifestações da vida
produzidas pelo Espírito Santo. A ideia básica, tanto nas terminologias
hebraicas e gregas, é de “separação do uso comum para dedicação a Deus e ao seu
serviço”.
Em Romanos 6.19, 22; 1
Tessalonicenses 4.3-4, 7; 1 Timóteo 2.15; e Hebreus 12.14 trata-se de pureza de
coração e vida, santidade. Em 2 Tessalonicenses 2.13, santificação produzida
pelo Espírito Santo (1Pe 1.2). Em 1 Coríntios 1.30, onde Jesus Cristo, para
nós, “foi feito por Deus...santificação”.
1.3.
Santificação: chamado e vontade de Deus.
Interessante pensar, a princípio, sobre alguns
pensamentos populares: “ninguém é santo”; “não sou santo”. São ditos usados
várias vezes como argumentos para um viver “acomodado” e justificativas
incompatíveis com o padrão bíblico para o discípulo do Senhor. Como se fosse
uma “utopia” falar e buscar viver em santificação. Por isso, a importância da
presente lição, pois trata-se de um assunto que é fruto de nosso relacionamento
com Deus. Somos eleitos de Deus, em Cristo Jesus, para sermos “santos e
irrepreensíveis” (Ef 1.4), pois a vontade de Deus é a nossa santificação (1Ts 4.3).
Deus nos chamou para a santificação
(1 Ts 4.7). Ao meditarmos em tão relevante tema, precisamos fazê-lo a partir da
Sagradas Escrituras e não de nossas limitações, imperfeições e “achismos”. No
livro do profeta Isaías, capítulo 6, encontramos um exemplo desta ordem:
primeiro é revelado ao profeta a santidade de Deus; a seguir ele reconhece sua
impureza e confessa; então Deus age para purificá-lo.
2. O
caminho da santificação.
Considerando o exposto no tópico anterior, é
preciso “seguir”, ou, como encontramos em outras versões, “procurem e se
esforcem” e “esforçai-vos”, ou, ainda, a expressão referente na língua grega
“persegui” a santificação (Hb 12.14). Deve ser desejada por todos que já
nasceram de novo, constantemente. Precisamos seguir pelo caminho da
santificação.
2.1. Não
confundir com legalismo.
O apóstolo Paulo alertou aos Colossenses e a
Timóteo sobre o engano e a ineficácia de condutas e comportamentos como fonte
de santidade (Cl 2,20-23; 1Tm 3.5). É um caminho apenas de aparência. É um caminho
somente de esforço pessoal, como se a santificação fosse consequência de
produção humana. O texto menciona “aparência de piedade”, descreve uma “mera
forma externa”, que pode ser retratada no vestir, no falar e no agir. Os
gibeonitas, na época de Josué, usaram deste artifício (Js 9.4-14). É preciso
atenção, também, para não enganarmos a nós mesmos quanto ao que tem aparência
de piedade, porém sem nenhum efeito para mortificar os desejos da natureza
pecaminosa.
Não se trata aqui de rejeitar os bons
costumes, o pudor, a decência, um linguajar que edifica, pois a boa doutrina
produz bons costumes, mas, sim, a crença de que os bons costumes produzem
santificação. Este não é o caminho da santificação. O processo inicia dentro do
ser humano e não fora. Pois afinal, somos pecadores e, por isso, pecamos. Não o
contrário: pecamos, por isso somos pecadores. O esforço humano não elimina o
pecado.
2.2. Não
confundir com manifestações espirituais.
Cremos na atualidade dos dons espirituais e na
necessidade de todo discípulo de Jesus Cristo buscar a ousadia e o fervor pelo
Espírito Santo para proclamar o Evangelho. Contudo, também é bíblico profetizar,
expulsar demônio e fazer muitas maravilhas não é atestado de santificação (Mt
7.21-23). Notemos o que Jesus falou: “praticais a iniquidade”. Ou seja,
clamavam “Senhor, Senhor!”, porém continuavam a viver dominados pela
concupiscência da carne.
Revestimento de poder e os dons
espirituais contribuem para a confirmação da Palavra de Deus proclamada,
concedem ousadia, contribuem para que o Senhor Deus seja glorificado, atraem
pessoas para ouvir o plano de salvação. No entanto, biblicamente, não há menção
que eles caracterizavam uma pessoa que vive em santificação. Em Mateus 7.15, o
Senhor Jesus Cristo fala acerca da contradição entre o exterior e o interior de
uma pessoa.
2.3. O
caminho do estar e andar.
São inúmeros os textos bíblicos que enfatizam
“estar em Cristo”, “andar nele”, “andar em Espírito” quanto aos que já passaram
pela experiência da regeneração. Nascemos de novo, somos participantes da
natureza divina, agora é necessário ir deixando muitas práticas da velha
natureza, mortificando os desejos pecaminosos que vão surgindo e adotando
condutas e comportamentos coerentes com a vida de discípulo de Jesus Cristo,
templo do Espírito Santo. Não é uma vida estática, mas dinâmica. Contudo, só é
possível este “despojar” e “se revestir” se estivermos em Cristo Jesus, andando
nEle, sendo dirigidos e controlados pelo Espírito Santo (Cl 2.6-7; 3.1-13; Jo
15.5; Rm 8.1, 4, 8-9, 13).
Vale a pena destacar que a doutrina
da santificação, dentro da Teologia Sistemática é classificada no campo da
soteriologia (doutrina da salvação), como um dos aspectos da salvação. Em
Tessalonicenses 4.1, Paulo menciona duas vezes a expressão “andar”. A mensagem
pode ser: “devem continuar ainda mais fervorosamente naquilo que já estão
fazendo”. “Para que abundeis cada vez mais”. O caminho da santificação é um
processo que se estende enquanto estivermos debaixo do sol, isto é, contínuo,
diário e progressivo (2 Co 7.1). Millard Erickson, teólogo, professor e autor,
escreveu acerca da santificação: “É uma continuação do que foi começado na
regeneração, quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e
instalada dentro dele”.
3. Abrangência
e aplicação.
Neste último tópico, é importante refletir
sobre quais as áreas da vida que precisam estar incluídas no processo da santificação
e como se torna aplicável as verdades bíblicas em nosso viver diário. Qual é a
participação do ser humano nascido de novo?
3.1. A
abrangência da santificação.
Meditemos em dois textos bíblicos: 1
Tessalonicenses 5.23 e 1 Pedro 1.15. São bastante significativos: “vos
santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo...” e “toda a
vossa maneira de viver”. O primeiro trata-se de uma oração pelos discípulos do
Senhor em Tessalônica. O apóstolo Paulo ressalta o “relacionamento pessoal de Deus
com eles” (o mesmo Deus de paz”) e afirma que Ele proverá tudo o que for
preciso para suprir a necessidade de santificação. Podemos meditar em conjunto
com a exortação de Pedro, que diz: “sede santos”. Um texto é oração e outro é
exortação, porém se completam: com a provisão de Deus é possível palmilhar o
caminho da santificação.
Ambos os textos enfatizam a
totalidade da existência humana como alcançada pela obra da salvação. A
santificação está presente orientando todas as ações da vida. O termo “toda a
vossa maneira de viver” inclui: relacionamento com Deus; pensamentos;
sentimentos; vontade; controle do corpo; corpo como templo do Espírito Santo;
relacionamentos interpessoais.
3.2.
Meios de santificação.
O Senhor Deus exige a santificação (“sede santos”)
e provê meios para que o processo se torne realidade na vida do Seu povo. Num
primeiro momento, é importante destacar que a Trindade está envolvida na missão
de santificar: o Pai (1Ts 5.23); o Filho (Hb 10.10; 13.12); e o Espírito Santo
(1Pe 1.2). A Palavra de Deus é uma agente na santificação (Jo 17.17), de tal
maneira que alcança o ser humano por completo (Hb 4.12; Ef 5.26). O sangue de
Jesus nos purifica de todo o pecado (1Jo 1.7), e santifica (Hb 9.13-14; 10.10).
Estudiosos identificam a santificação
operada pelo sangue de Jesus, em seu aspecto posicional, ou seja, após a ação
santificadora estamos “em Cristo” (Ef 2.6; Cl 2.10). Notemos como Paulo se
refere à igreja em Corinto: “aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos”
(1Co 1.2). Separados para Deus. Notar estes dois aspectos posicional e
progressivo (1Co 1.2; 2Co 7.1). O Espírito Santo atuou na conversão e continua
agindo no processo de santificação (Rm 15.16; 1Pe 1.2; 1Cor 6.11; 2Ts 2.13).
3.3. A
participação do discípulo.
Há várias recomendações bíblicas quanto às
atitudes a serem tomadas pelos que nasceram de novo, enquanto estamos no
caminho da santificação. Em Atos 26.18, é mencionado o início da caminhada do
discípulo: “santificados pela fé em mim”, disse Jesus. Na posição de santos em
Cristo, é possível e preciso progredir. Para tanto, precisamos permanecer unido
a Cristo (Jo 15.5). É necessário da nossa parte: buscar, pensar e desejar (Cl
3.1-2; 1Pe 2.1); “enchei-vos do Espírito”, deixar que o Espírito nos controle
(Gl 5.16, 25); evitar o comodismo e procurar o aperfeiçoamento (2Co 7.1); ler,
meditar, guardar e viver a Palavra de Deus (Cl 3.16; Sl 119.9, 11); deixar,
despojar-nos, revestir-nos (Ef 4.22-32; Cl 3.5-14; 1Pe 2.1); e muito mais
podemos relacionar, como oração, vigilância, entre outros.
Lembremo-nos: são atitudes possíveis,
pois nascemos de novo, estamos em Cristo, e o Espírito Santo habita em nós e
temos a Palavra de Deus. Trata-se de um verdadeiro exercício espiritual,
necessitando, assim, de nossa parte, disciplina pessoal, rever nossas
prioridades e uma constante revisão sobre como estamos administrando o tempo.
Para tanto, a plena consciência da importância e possibilidade da santificação
faz a diferença. “Remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5.16). Uma das
resoluções de Jonathan Edwards: “Resolvido: nunca perder um só momento de
tempo, mas, sim, tirar proveito dele da maneira mais proveitosa que eu puder”.
Conclusão.
Aquele que começou a boa obra em nós é poderoso
para completá-la (Fp 1.6), mesmo em tempos tão desafiadores. Ele é o Deus de
toda a providência. É possível prosseguir e progredir em santificação, até que
sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.28). Sejamos santos!.
Questionário.
1. O que os seres celestiais declaram?
R: A santidade de Deus (Is 6.3).
2. Qual é a vontade de Deus para nós?
R: A nossa santificação (1Ts 4.3).
3. O que o apóstolo Paulo alertou aos
colossenses e a Timóteo?
R: Sobre o engano e a eficácia de
condutas e comportamentos como fonte de santidade (Cl 2.20-23; 1Tm 3.5).
4. O que nos purifica de todo o pecado?
R: O sangue de Jesus (1Jo 1.7).
5. O que é mencionado em Atos 26.18?
R: O início da caminhada do
discípulo: “santificados pela fé em mim”, disse Jesus (At 26.18).
Fonte: Revista de Escola
Bíblica Dominical, Betel, Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo. O legado
da reforma Protestante e a importância de perseverar no ensino dos apóstolos,
Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2017, ano 27, Nº 105, publicação
trimestral, ISSN 2448-184X.
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