segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Lição 7 A ordenança do batismo em águas.

Lição 7 A ordenança do batismo em águas.
12 de novembro de 2017

Texto Áureo
Romanos 6.4
“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.”

Verdade Aplicada
O batismo em água é uma ordenança de Jesus que simboliza o que já aconteceu na vida de quem foi regenerado.

Objetivos da Lição
Explicar o que é o batismo em águas e o seu significado;
Apresentar  o batismo como sentido de justiça, autoridade e de fidelidade à missão;
Mostrar o batismo como ordenança, celebração e troca de autoridade.

Glossário
Ablução: Lavar-se utilizando água;
Essênios: Seita judaica existente no tempo de Cristo;
Etimologia: Estudo da origem da palavra.

Leituras complementares
Segunda At 2.37
Terça At 2.38
Quarta At 2.39
Quinta At 2.40
Sexta At 2.41
Sábado At 19.5

Textos de Referência.
Mateus 3.13, 16; 28.19; At 2.38
Mt 3.13 Então, veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.

Mt 3.16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.

Mt 28.19 Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

At 2.38 E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.

Hinos sugeridos.
18, 111, 114

Motivo de Oração
Louve a Deus por aqueles que ministram à igreja estudos e ensinos sobre as Escrituras.

Esboço da Lição
Introdução
1. Aspectos gerais sobre o batismo.
2. Batismo: forma, fórmula e condição.
3. O significado do Batismo.
Conclusão

Introdução
Encontramos no Novo Testamento dezenas de referências à prática do batismo em águas, indicando que se trata de um rito presente desde o início da Igreja (At 2.37-41)

1. Aspectos gerais sobre o batismo.
O rito batismal compõe o grupo geral de normas vinculadas com o lavar. Há vários relatos bíblicos, e também em outras fontes, sobre o uso da água em cerimônias de purificação, tanto de pessoas como de objetos, inclusive entre algumas religiões pagãs e na comunidade judaica.

1.1. Aspectos históricos.
O Antigo Testamento faz menção de pessoas que ficavam impedidas de participar de atos religiosos por se encontrarem impuras, havendo, assim, a necessidade de se submeterem às abluções rituais (Lv 11, 17; Nm 19). O historiador judeu Flávio Josefo atesta que entre os essênios haviam vários tipos de purificação. Os arqueólogos encontraram nas ruínas de Massada construções que indicavam serem utilizadas para banho de imersão ritual, assim como em Jerusalém à época do segundo templo, ao pé do monte do templo. A comunidade judaica submetia o convertido gentio o judaísmo a um banho ritual, após a circuncisão, identificado como “batismo do prosélito”. O precursor de Jesus, João Batista, “apareceu batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento” (Mc 1.4), em cumprimento a um mandado de Deus (Jo 1.33).     

Quanto ao batismo de João Batista, assim escreveu G. R. Beasley-Murray: “marcava o arrependimento do judeu, que lhe garantia o perdão e a purificação, e antecipava o batismo messiânico no Espírito e com fogo, garantindo-lhe um lugar no Reino”. E João tinha plena consciência disto. Tanto que, quando Jesus foi até ele para se batizado, João Batista ficou surpreso e resistiu em fazê-lo (Mt 3.13-14), pois ele está convicto de que Jesus era o Cristo e, portanto, não necessitava do que João estava fazendo. O comentarista Mattew Henry escreveu: “Nosso Senhor Jesus considerou conveniente, para cumprir toda justiça, apropriar-se de cada instituição divina, e mostrar sua disposição para cumprir com todos os justos preceitos de Deus”.

1.2. Definição da palavra batismo.
No Novo Testamento, no original grego, são encontradas as expressões “Bapto” (verbo), com significado de submergir, e o termo derivado, “baptizo”, significando imergir, tornar submerso. Tanto em contextos judaicos ou cristãos, o pensamento de imersão permanece. A própria exposição feita pelo apóstolo Paulo em Romanos 6, como sendo a união do discípulo com Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição, concorda com este pensamento desde os primórdios.

Champlin, em seu comentário, diz que o batismo efetuado por João Batista “provavelmente foi feito por imersão, segundo o costume judaico”, além do fato de João ter escolhido um rio, o que indica, também, o modo de batismo. Frederick C. Grant identifica o precursor de Jesus como: “A obra de João, o Imersor...”. Jesus Cristo pediu para ser batizado por João Batista, tornando-se exemplo, demonstrando Sua solidariedade com a humanidade pecadora e anunciando Sua missão redentora (Mt 3.13-17).

1.3. Importância do batismo.
Em contraste com o judaísmo, a Igreja no Novo Testamento não era caracterizada por rituais. Contudo, há duas cerimônias que estão presentes na caminhada da Igreja desde os primórdios por terem sido instituídas pelo mandamento de Cristo: batismo em águas e a Ceia do Senhor (esta será tema da próxima lição). Por esta causa, são consideradas no estudo da Teologia Sistemática sobre Eclesiologia (A doutrina da Igreja) como ordenanças da Igreja. Assim, o batismo é importante porque o que foi ordenado pelo Senhor Jesus Cristo (Mc 16.15-16; Mt 28.18-19), e porque os apóstolos e os primeiros discípulos ensinavam e praticavam essa ordenança (At 2.37-38, 41; 8.12-13; 36-38; 9.18; 10.47-48; 16.14-15, 32-33; 18.8; 19.5).

Desde o inicio, o batismo é utilizado para admitir o novo discípulo na igreja. O comentarista F. F. Bruce declara: “A ideia de um cristão não batizado realmente sequer é contemplada no Novo Testamento”. A Didaquê, obra escrita entre 60 e 90 d.C., no capítulo IX, instrui que somente podem participar da Ceia do Senhor aqueles que foram batizados em nome do Senhor.

2. Batismo: forma, fórmula e condição.
Considerando as controvérsias existentes quanto a estes aspectos e a pluralidade das denominações evangélicas no Brasil, refletiremos nestes assuntos por conterem ensinos preciosos para enfatizar verdades espirituais presentes nesta doutrina.

2.1. A forma de batismo.
A própria etimologia da palavra, registrada no tópico anterior, indica a forma: imersão. Essa conclusão é atestada pelos estudiosos da língua grega e pelos historiadores da Igreja. Mesmo aqueles que advogam outras formas (aspersão ou fusão) reconhecem a imersão como a forma usada pela Igreja Primitiva. Inclusive, a exposição do apóstolo Paulo em Romanos 6.3-4, quando relaciona o batismo em água como símbolo de sepultamento e ressurreição, deixa claro a forma que era utilizada.

Meditemos em alguns detalhes registrados nas Sagradas Escrituras acerca do batismo: primeiro, requer abundância de água (Jo 3.23); segundo, tanto o que batiza como o batizando descem à água (At 8.38); terceiro, é uma representação de sepultamento na água (Cl 2.12). Sendo assim, verifica-se que o batismo em água por imersão é confirmado pelos aspectos bíblico, linguístico, simbólico e histórico.

2.2. A fórmula do batismo.
O próprio Senhor Jesus deu a fórmula: “...batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Encontramos, também, neste texto, a participação de três Pessoas da Trindade na obra de salvação do ser humano: o Pai amou e planejou; o Filho a consumou; e o Espírito Santo aplica a salvação no homem. Assim, quando lemos em Atos 2.38; 10.48, não se trata de uma “outra fórmula”, mas uma afirmação da “autoridade concedida” pelo Senhor de acordo com o Seu mandamento, e o reconhecimento e a submissão do novo convertido a Jesus Cristo como Salvador e Senhor.

Batizar somente em nome de Jesus é usar textos bíblicos sem considerar outras passagens sobre o mesmo assunto (um equívoco praticado por muitos); ignorar o testemunho dos escritos patrísticos (pais da igreja) como a Didaquê e Irineu ou incorrer na heresia dos unitaristas (deturpam e negam o Deus Trino).

2.3. Condição para ser batizado.


No mandamento do Senhor encontramos que o batismo seria administrado aos que se tornam discípulos (Mt 28.19). Nos registros em Atos, o batismo em águas foi precedido de pregação, arrependimento, aceitação da Palavra, instrução e fé (At 2.37-38, 41; 8.12, 37; 9.17-18; 18.8). Portanto, requer-se do batizando consciência acerca do passo que está dando. Interessante notar as três expressões que se encontram em Atos 18.8: “ouvindo-o creram e foram batizados”.

Não há base para a crença no poder miraculoso da água batismal em transformar uma pessoa. O batismo é para os que já passaram pela experiência da regeneração. A igreja evangélica brasileira vive um momento de grande crescimento numérico. Contudo, como está o discipulado? Está acompanhando este crescimento? O Senhor Jesus ordenou: ensine, batize, ensine (Mt 28.19-20).

3. O significado do batismo.
É de grande importância para nossa edificação, amadurecimento e firmeza espiritual que conheçamos o significado desta ordenança da Igreja, conforme encontramos na Palavra de Deus (Rm 6.3-14; Gl 3.27; Cl 2.12).

3.1. União com Cristo.
Quando o discípulo do Senhor Jesus é batizado em água, ele está testemunhando publicamente que está unido a Cristo. O apóstolo Paulo usa a expressão “vos revestistes de Cristo” (Gl 3.27), ou seja, fomos incorporados nEle pela fé. Unidos, identificados e participantes em Sua morte, sepultamento e ressurreição (Rm 6.3-5). Importante notar as expressões: “batizados na sua morte...sepultados com ele...seremos na da sua ressurreição”. O batismo não efetua esta identificação, mas simboliza algo que já aconteceu pela fé. “Estai em mim, e eu, em vós;...”,  declarou Jesus (Jo 15.4a). Somos ramos e Cristo é a videira. A sobrevivência e produção dos ramos dependem da união com a videira verdadeira, Jesus Cristo.

Interessante notar que, tanto em Atos 2.38 como em Romanos 6.3, as expressões “batizado em nome de Jesus Cristo” e “batizados em Jesus Cristo”, no grego, têm o sentido de “ser batizado dentro, ou em alguém, em sincera obediência a esta pessoa”.

3.2. Morte e sepultamento do nosso velho homem.
“...o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que não sirvamos mais ao pecado” (Rm 6.6). Esta é a mensagem que o batizando está proclamando ao descer às águas batismais. Para tanto é necessário que tenha ocorrido a conversão e receba ensino acerca das doutrinas fundamentais da salvação. Para viver em novidade de vida, primeiro é preciso passar pela cruz de Cristo. Não apenas morrer, mas sepultar. O sepultamento sela a morte (Cl 2.12). O apóstolo Paulo fala desta experiência em Gálatas 6.14. Não se trata de morte e sepultamento no aspecto físico, mas de não mais viver sob o domínio da natureza pecaminosa. Trata-se do resultado da nossa união com Cristo pela fé (Cl 3.3; Rm 6.11, 14). Fomos libertos do poder do pecado pelo poder de Jesus Cristo.

Não batizamos crianças, pois ainda não estão suficientemente desenvolvidas para terem plena consciência sobre o arrependimento e fé. A maioria das igrejas evangélicas apresentam ao Senhor diante da igreja as crianças recém-nascidas, como Jesus foi apresentado no templo (Lc 2.22-24). Cremos e incentivamos os responsáveis a agirem conforme registrado em Mateus 19.13-15: conduzir as crianças a Crist, com ensino e em oração, esperando que, alcançando mais idade, tomem a decisão de passar pelo batismo em água.

3.3. Andar em novidade de vida.
O discípulo de Jesus liberto do poder do pecado, não mais dominado pela natureza pecaminosa e unido a Cristo, também em Sua ressurreição (ato simbolizado quando é levantado das águas batismais), agora com “ele viveremos” para que “andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6.4, 8). Assim, o batismo em água é um anúncio público sobre o novo viver, agora debaixo do senhorio de Jesus Cristo, apresentando a Deus o nosso corpo “...como instrumento de justiça” (Rm 6.13b). 

Certo comentarista afirmou: “Compreende-se que, no ato de descer à água do batismo, renunciamos a antiga vida e, no ato de sair, penetramos em uma segunda e nova vida”. Há aqueles que consideram tanto o batismo como a Ceia do Senhor como sacramentos, no sentido de transmitir à pessoa que deles participa graça espiritual (para salvação), bem como produzir mudança espiritual. Contudo, não há base bíblica para tal crença. Vide as lições anteriores que tratam da salvação e seus aspectos. A pessoa nascida de novo anda em novidade de vida pela contínua ação do Espírito Santo (Ef 5.18; Gl 5.16, 25). É importante ressaltar que o batismo em água não salva, mas sinaliza que a pessoa decidiu se submeter ao senhorio de Cristo, viver em novidade de vida e tornar público esta mudança. Como na Igreja Primitiva, pelo batismo, o novo discípulo torna-se membro efetivo da igreja local.

Conclusão.
Enquanto estivermos neste mundo, precisamos perseverar na proclamação do Evangelho, fazendo discípulos e batizando em água, pois são mandamentos deixados pelo Senhor da Igreja. Que a mão do Senhor continue sobre nós e, assim, “grande número creia e se converta ao Senhor” (At 11.21), para a gloria de Deus.

Questionário.
1. Quais as duas ordenanças da Igreja?
R: Batismo em águas e a Ceia do Senhor (Mc 16.15-16).

2. Qual a forma do batismo?
R: A imersão (Rm 6.3-4).

3. Nos registros em Atos, do que o batismo em águas foi precedido?
R: De pregação, arrependimento, receber a Palavra, instrução e fé (At 2.37-38).

4. Qual é a mensagem que o batizando está proclamando ao descer às águas batismais?
R: “O nosso homem velho foi com ele crucificado...para que não sirvamos mais ao pecado” (Rm 6.6).

5. O que o sepultamento sela?
R: A morte (Cl 2.12).


FonteRevista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo. O legado da reforma Protestante e a importância de perseverar no ensino dos apóstolos, Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2017, ano 27, Nº 105, publicação trimestral, ISSN 2448-184X.

3 comentários:

  1. Correção efetuada no "2.3. Condição para ser batizado." erro na digitação, já foi revisado. Agradecimentos ao Irmão Jairo da Costa Ferreira pela observação.

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  2. Deus abençoe irmão Osny pelas postagens maravilhosas!

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