Carta a
Igreja de Sardes Ap. 3.1-6
1.
Destinatário (3.1ª)
Continuando rumo a sudoeste de
Tiatira, o mensageiro teria de viajar cerca de 50 quilômetros até Sardes, a
antiga capital da Lídia. Ela era famosa pela sua fabricação de lã e afirmava
ter sido a primeira cidade a descobrir a arte de tingir lã.
Sardes havia alcançado seu ápice
de prosperidade sob o rico rei Croesus (560 a.C).
Conquistada por Ciro, ela
permaneceu desconhecida durante o governo persa. No período romano, houve uma
certa medida de restauração. Mas Charles diz que mesmo então nenhuma cidade na
Ásia apresentou contraste mais deplorável entre o esplendor passado e o
declínio inquietantemente atual. Por esse motivo Ramsay chama Sardes de “a
cidade da morte”. Ele escreve: “Assim, quando as Sete Cartas foram escritas,
Sardes era uma cidade do passado, que não tinha futuro”. Hoje existe uma
pequena vila, chamada Sart.
O principal culto em Sardes era a
depravada adoração de Cibele (ou Artemis). Charles diz: “Seus habitantes tinham se destacado pela luxuria e
libertinagem”. Isso dificultou a manutenção dos padrões cristãos de pureza.
Autor (3.1b)
Aqui Cristo é identificado como o
que tem os sete Espíritos de deus e as sete estrelas (cf. 2.1). Com sete
Espíritos de Deus evidentemente se quer dizer o Espírito Santo e sua perfeição
e sua obra por meio das sete igrejas, que representam a Igreja universal de
Jesus Cristo . As sete estrelas representam os mensageiros (pastores) das sete
igrejas.
3. Censura (3.1c, 2b)
A expressão Eu sei ocorre no
início de cada uma das sete cartas (2.2, 9, 13, 19; 3.1, 8, 15). Nada está
escondido aos olhos do Cristo onisciente. Uma vez que Ele conhece
perfeitamente, Ele é capaz de julgar com justiça.
Seria difícil imaginar uma
censura mais avassaladora: tens nome de que vives e estás morto. Essa cidade
arrasada não estava apenas morta, mas a igreja também estava morta. Ela tinha
perdido sua vida espiritual. Smith comenta: “Sardes evidentemente era conhecida
como uma ‘igreja viva’ – em que havia muita atividade, mas Aquele que não olha
para a aparência exterior, mas vê o coração declara: Tu [...] estás morto”.
Erdman leva esse pensamento um
passo adiante: “Provavelmente, seus cultos eram bem frequentados e conduzidos
de maneira correta. Podem ter havido comitês e aniversários e reuniões. No seu
rol de membros podem ter havido líderes sociais notáveis. No entanto, ela
estava morta”.
A igreja tinha obras, mas essas
obras não eram perfeitas diante de Deus (2).
Erdman comenta: “Ela não
conquistou nada no reino espiritual: almas não estão sendo salvas;santos não
são fortalecidos; ajuda não está sendo oferecida aos necessitados; seus cultos
são formais, sem vida e sem sentido: ‘Não achei as tuas obras aperfeiçoadas
diante do meu Deus’ ”.
A palavra para perfeitas
literalmente significa “suficientes” ou “cheias”. Swete faz a seguinte sábia observação:
“’Obras’ são ‘cheias’ somente quando soa avivadas pelo Espírito de vida”.
Precisamente, é isso que faz a diferença entre uma igreja morta e uma igreja
viva. Uma sente a falta do espírito Santo; a outra está cheia e capacitada pelo
Espírito. Não será o número de atividades ou a organização eficiente que tirará
o lugar da dinâmica poderosa do Espírito Santo.
4. Exortação (3.2ª, 3)
Sê vigilante (2) é literalmente:
“Esteja continuamente vigilante”. Vigilante é o particípio presente do verbo
gregoreo, que significa “esteja acordado” ou “vigie”. Jesus usou essa palavra
duas vezes no discurso do monte das Oliveiras (Mc. 13.35,37), requerendo
vigilância constante na preparação para sua segunda vinda.
A igreja de Sardes foi advertida da seguinte maneira: confirma o
restante que estava para morrer. No meio dessa igreja morta havia alguns
elementos de vida. Mas mesmo esses estão prestes a morrer – literalmente: “estavam
prestes [verbo no imperfeito] a morrer”. Swete comenta: “O imperfeito olha para
trás do ponto de vista do leitor da época quando a visão foi recebida e, ao
mesmo tempo, com um otimismo sensível ele expressa a convicção do escritor de
que o pior logo teria passado”. Isto é, os cristãos em Sardes podiam dizer:
“Essas coisas estavam prestes a morrer; mas não vamos permitir que isto
aconteça”.
Ramsay destaca em pormenores o
significado da ordem à igreja de Sardes de ser vigilante. A cidade tinha sido
capturada duas vezes pelo inimigo por causa da falta de vigilância da parte de
seu povo. A primeira vez foi quando o rico Croesus era rei. Ramsay descreve a
situação da seguinte maneira: O descuido e a falta de manter uma vigilância
eficiente, decorrentes da confiança excessiva na evidente resistência da
fortaleza foram as causas desse desastre, que arruinou a dinastia e causou o
fim do império da Lídia e o domínio de
Sardes. Os muros e portões eram extremamente fortes. A colina na qual a cidade
alta havia sido erguida era íngreme e imponente. O único acesso a cidade alta
era cuidadosamente fortificado para não oferecer chance alguma um invasor. Mas
havia um ponto fraco: em um lugar era possível que um inimigo ágil subisse a
parede perpendicular da montanha imponente, se os defensores fossem negligentes
e permitissem que ele escalasse de maneira desimpedida.”
Isso ocorreu em 549 a.C. Mas em
218 a.C. voltou a acontecer. Ramsay escreve: Mais de três séculos depois, um
outro caso semelhante ocorreu. Archaeus e Antíoco, o Grande estavam lutando
pelo domínio de Lídia e todo o império selêucida. Antíoco venceu seu rival em
Sardes, e a cidade foi capturada novamente por uma surpresa do mesmo tipo: um
mercenário de Creta mostrou o caminho, escalando a colina e entrando na
fortaleza sem ser observado. A lição dos dias antigos não tinha sido aprendida;
a experiência havia sido esquecida; os homens foram desatentos e negligentes; e
quando veio o momento da necessidade, Sardes estava despreparada.
O significado desta lição para os
cristãos é obvio. Precisamos ter apenas um ponto fraco em nosso caráter, um
lugar desprotegido em nossa vida espiritual, para ser vítima da astuta
estratégia de Satanás. Continua sendo verdade que a “vigilância eterna é o
preço da segurança”.
A admoestação à igreja de Sardes
continua: Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e
arrepende-te (3). Há uma mudança freqüente do tempo no grego que é difícil de
reproduzir na tradução simples em português. Literalmente seria o seguinte:
“Continue lembrando [presente], pois, você [singular] tem recebido [e continua
possuindo; perfeito] e ouviu [aoristo], e continue guardando [presente], e
arrependa-se [agora mesmo; aoristo]”. Lenski observa: “O arrependimento
imediato e verdadeiro é o único remédio para a morte que se estabeleceu ou
quase se estabeleceu”. Esse arrependimento sempre quando lembramos da Palavra
de deus que temos recebido e ouvido.
Swete mostra bem a força dos
tempos nesse versículo: “O aoristo [ouvido] volta para o momento em que a fé
veio pelo ouvir (Rm 10.17) [...]; o perfeito [tens recebido] chama a atenção à
responsabilidade permanente da confiança então recebida [...] ‘guarde aquilo
que recebeu e imediatamente volte-se da sua negligência passada’ “. Os
versículos 2,3 sugerem “cinco passos para um Avivamento”: 1) Sê vigilante; 2)
Confirma o restante que estava para morrer; 3) Lembra-te; 4) Guarda-o; 5)
Arrepende-te.
Mais uma advertência é anunciada:
se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre
ti virei. Esse é um claro eco de Mateus 24.42-44. Repetidas vezes somos
advertidos de que Cristo virá num momento inesperado.
5. Aprovação (3.4)
Mesmo na igreja morta de Sardes
havia um remanescente fiel – algumas pessoas. Deissmann diz que a palavra grega
(onoma) aqui tem “o significado de pessoa”. Ela é usada dessa forma na
Septuaginta em Números 1.2,20; 3.40,43, em que provavelmente traz o pensamento
adicional de “pessoas reconhecidas pelo nome”. Alguns estudiosos sentem que
aqui a palavra significa “algumas pessoas cujos nomes estavam no rol de membros
da igreja”.
Os fiéis não contaminaram suas
vestes. Moffatt comenta: “A linguagem reflete registros de cumprimento de votos
na Ásia Menor, onde roupas manchadas desqualificavam o adorador e desonravam o
deus. A pureza moral nos qualifica para a comunhão espiritual”. Ir a presença
de Deus com nossos pensamentos e sentimentos manchados com egoísmo é
desonrá-lo. As vestes da nossa personalidade devem ser mantidas puras se
desejamos ter comunhão com Deus.
Para aqueles que mantiveram
pureza, a promessa é a seguinte: comigo andarão de branco. A última palavra
está no plural no grego, indicando “roupas brancas”.
Uma vez que mantiveram suas
vestes limpas eles serão para sempre vestidos de branco, símbolo da santidade
divina ou da justiça de Cristo. Aqueles que permanecerem brancos são dignos de
honra.
6. Recompensa (3.5)
A promessa ao vencedor em Sardes
se encaixa como que acabou de ser dito: O que vencer será vestido de vestes
brancas. No melhor texto grego aparece a palavra ”assim”. O texto deveria ser
traduzido da seguinte forma: “O que vencer, será assim vestido de vestes
brancas” (referindo-se ao versículo anterior).Charles diz: “Essas vestes são os
corpos espirituais com as quais o fiel será vestido na ressurreição”. Ele encontra apoio para isso em 2 Coríntios
5.1,4 e na literatura intertestamentária. Swete dá a essa expressão uma
conotação mais ampla: “Nas Escrituras, vestuário branco denota a)
festividade... b) vitória... c) pureza... d) o estado celestial”. Ele
acrescenta: “Todas essas associações convergem aqui: a promessa e de uma vida
livre de de alegria celestial, coroada com vitoria
final”. Essa parece ser a explicação mais adequada.
Aquele que vencer, que permanece firme
até o fim da vida, recebe a promessa: de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
livro da vida. É isso que as palavras de Jesus querem dizer em Mateus 10.22:
“aquele que perseverar até o fim será salvo”; isto é eternamente. Esse nome não
só permanecerá seguro no registro celestial, mas Jesus promete: confessarei o
seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Cristo não se envergonhará
em reconhecer aqueles que Lhe pertencem. A linguagem aqui lembra Mateus 10.32:
“Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante
de meu Pai, que está nos céus”.
7. Convite (3.6)Essa frase recorrente ressalta a responsabilidade do ouvir. Essas cartas eram lidas em voz alta nas igrejas.
Soli Deo Gloria
Fonte: Comentário Bíblico Beacon
Vol 10. Páginas 424 á 427
Lição 7: Sardes, a Igreja Morta
TEXTO ÁUREO
“Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os
mortos, e Cristo te esclarecerá” (Ef 5.14).
VERDADE PRÁTICA
Somente o Espírito Santo pode reavivar a Igreja e levá-la
a posicionar-se como a agência por excelência do Reino de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 6.3 Em CRISTO, somos todos batizados
Terça - Jo 17.2; At 3.15 CRISTO: o Autor da vida
Quarta - Gn 1.3; Lc 1.35; Jo 3.5 O ESPÍRITO SANTO nos dá vida
Quinta - Ef 5.23; 1 Pe 1.17-19 CRISTO resgatou a Igreja com seu precioso sangue
Sexta - Ap 3.3 Devemos nos lembrar do que temos recebido
Sábado - Jr 48.10 Não podemos ser relapsos com o Senhor
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Apocalipse 3.1-6
1 E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de DEUS e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. 2 Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de DEUS. 3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei. 4 Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso. 5 O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. 6 Quem tem ouvidos ouça o que o ESPÍRITO diz às igrejas.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Identificar os problemas pertinentes a igreja de Sardes;
·
Compreender que não podemos viver de aparência; e
·
Reconhecer que somente o Espírito Santo pode vivificar uma igreja
espiritualmente morta.
Palavra Chave
Morte: Fim; desaparecimento gradual de
qualquer coisa que se tenha desenvolvido por algum tempo.
introdução
A igreja se
encontrava morta espiritualmente. Aparentemente estava bem, o seu exterior
físico era excelente. No entanto, podemos definir essa igreja da mesma maneira
que Cristo definiu os escribas e os fariseus: “Pois que sois semelhantes aos
sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente
estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.27). A
igreja em Sardes foi morrendo aos poucos até esvaziar-se por completo do
Espírito Santo. Agora, já não passava de um cadáver. Mas aos olhos humanos,
parecia bem viva. Isso nos lembra que costumamos julgar os outros pela
aparência. Observamos o comportamento e tentamos entender os motivos. Mas
Cristo conhece e julga os corações. Ele vê o caráter verdadeiro de cada crente
e de cada igreja. Como nas outras cartas, aquele que estava no meio dos
candeeiros conhecia perfeitamente as obras e os corações das igrejas. Qual não
deve ter sido a surpresa dos discípulos ao quando esta carta foi enviada ao
mensageiro da igreja em Sardes; ela contrariou totalmente a impressão popular
dos discípulos. Apesar de sua aparência de uma igreja forte e ativa, Cristo
observou as falhas e sabia que aquela congregação já estava quase morta. Caso
não volta-se a viver, seria tomada de surpresa, como se fosse por um ladrão.
Não são poucos os ministérios, hoje, semelhantes a Sardes. Estão no mesmo
estado daquela, vivem do passado, pois já não existem no presente. Cristo se
refere a essa igreja como uma igreja aparentemente em paz e tomada por
indiferença e apatia. A boa fama não ocultou a verdadeira natureza desta
congregação dos olhos do Senhor. Mesmo sendo uma igreja morta espiritualmente,
Sardes abarcava remanescentes fiéis ao Senhor. A carta à Igreja de Sardes é um
aviso de Cristo para que não nos descuidemos da comunhão com Ele. Boa aula!
I. A IGREJA EM SARDES
1. A cidade de Sardes. Sardes, ou às vezes Sardis
e Sárdis (Gr. Σάρδεις; “aqueles que escapam”), correspondente ao
moderno vilarejo turco de Sart (província de Manisa), foi a capital da
antiga Lídia – tendo sido depois a sede de uma província romana após as
reformas administrativas de Diocleciano, continuando a pertencer a Roma depois
e durante o período bizantino. Sardes localizava-se no fértil vale do rio Hermo
e no sopé do íngreme monte Tmolo, distante cerca de 34 km ao sul daquele curso
d'água. A importância da cidade era devida ao seu poderio militar, à sua relevante
localização ligando o Egeu ao interior e a situar-se em um vale muito fértil
[1]. A indústria de tapetes era a principal atividade econômica exercida pela
cidade, até ser finalmente destruída por um terremoto.
2. A igreja em Sardes. Assim como em Éfeso,
Esmirna, Pérgamo e Tiatira, o Evangelho pode ter chegado naquela cidade através
da obra missionária de Paulo (At 19.10), mas não devemos descartar a hipótese
de que testemunhas e convertidos no dia de Pentecostes poderiam ter sido os
primeiros a levar o Evangelho para aquela região (At 2.5-11). Embora reputado
como estando vivo, o anjo da igreja de Sardes na realidade estava
"morto": sua liderança e a maioria dos membros da igreja não tinham
vida espiritual, embora se chamassem cristãos e seguissem um ritualismo
religioso. Alguns poucos crentes desta igreja eram realmente vivos e não
contaminaram suas vestes. A palavra "Sardes" quer dizer os que
escapam ou os que saem. Ao relacionarmos esse nome com a
condenação de Cristo a essa igreja, o resultado será uma descrição perfeita das
igrejas da época da Reforma[2].
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Situada em uma região próspera, a igreja de Sardes,
outrora avivada, agora vive de aparência.
II. A IDENTIFICAÇÃO DO MISSIVISTA
À igreja em Sardes, apresenta-se Jesus como aquele que
tem os sete Espíritos de Deus. Sete representa a totalidade e a perfeição
divina. Diante do trono de Deus, “ardem sete tochas de fogo, que são os
sete Espíritos de Deus” (Ap 4.5). Os sete olhos do Cordeiro “são
os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Ap 5.6). Deus
sabe tudo e vê tudo (2Cr 16.9). Nada em Sardes seria escondido de Jesus. Dessa
forma, o Senhor realça a ação plena do Espírito Santo na Igreja de Cristo.
Somente o Consolador pode vivificar uma igreja morta.
1. O que tem os sete Espíritos de Deus (Ap 3.1). A
expressão “sete espíritos” descreve a plenitude do Espírito Santo que é único.
Era urgente que Sardes soubesse: sem o Espírito Santo, a vida é impossível. É o
Espírito Santo quem dá plena vitalidade a uma igreja local. No Novo Testamento
vemos o Espírito Santo atuando na igreja de várias formas, dentre as quais:
Revestindo de poder (At 1.8; 2.1-4; 4.31), trasladando sobrenaturalmente (At
8.39-40), orientando na separação de obreiros (At 13.1-3), participando das
decisões conciliares (At 15.28-29), direcionado as missões (At 16.6-10),
distribuindo dons à igreja (1 Co 12.11). Ao mudar de atitude em relação ao
Espírito, uma igreja local pode iniciar um processo de morte. Os passos para
isso são geralmente os seguintes: Resistir ao Espírito (At 7.51), entristecer
ao Espírito (Ef 4.30), extinguir /apagar o Espírito (1 Ts 5.19), blasfemar
contra o Espírito (Mt 12.31-32) [3].
2. Os sete Espíritos de Deus. Existe apenas um
único Espírito Santo (Ef 4.4). “[...] da parte dos sete Espíritos que se
acham diante do seu trono” (Ap 1.4); Trata-se do Espírito Santo em
plenitude (sete é um número de plenitude). Observemos “da parte”, “da parte
daquele que é” (Deus Pai). O versículo 5 (o Filho) e o Espírito. Os versículos
4 e 5 englobam a Trindade. E “da parte dos sete Espíritos” deve ser
interpretado como simbólico ou haverá mais de três na Trindade. Através da
sétupla ação do Espírito Santo, o Senhor Jesus traz novamente vida as igrejas
que, à semelhança de Sardes, deixaram-se esvaziar de Deus.
3. As sete estrelas. Apresenta-se Jesus, também,
como o soberano da Igreja. Jesus não somente vê, ele também controla. As sete
estrelas são os anjos das sete igrejas. Sempre que vemos a palavra “estrela”,
ela se refere a anjos. Ele segura os mensageiros das igrejas na sua mão direita
(Ap 1.16,20). Pode ver, julgar e até castigar conforme a sua infinita
sabedoria.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O Espírito de Santo é aquele que pode vivificar uma
igreja espiritualmente morta.
III. A DOENÇA E A MORTE DE UMA IGREJA
Como nas outras cartas, aquele que estava no meio dos
candeeiros conhecia perfeitamente as obras e os corações das igrejas. “Tens
nome de que vives, e estás morto”, esta frase ilustra perfeitamente a
diferença importante entre reputação e caráter. A reputação é a fama da pessoa,
o que os outros acham que ela é, enquanto que o caráter é a essência real da
pessoa, o que realmente é.
1. Perda de memória. A primeira doença a atingir a
igreja em Sardes foi a perda de sua memória espiritual. Embora vivesse do
passado, já não conseguia lembrar-se do que recebera de Deus. Por falta de
cuidado, Sardes pereceu. Espiritualmente, discípulos e igrejas caem por falta
de vigilância e não são poucos os textos bíblicos que frisam a importância da
vigilância, pois o pecado nos ameaça de perto (Mt 26.41; 1Pd 5.8). Falsos
mestres com suas doutrinas confusas procuram devorar os fiéis (At 20.29-31).
Não devemos descuidar, porque não sabemos a hora que o Senhor vem (Mt 24.42,43;
25.13; Lc 12.27-39; 1Co 16.13; 1Ts 5.6). O bom soldado toma a armadura de Deus
e vigia constantemente com perseverança e oração (Ef 6.18; Cl 4.2).
2. Desleixo. Esta foi a segunda doença de Sardes:
desleixo. Embora não sejamos perfeitos, nossas obras têm de primar pela
excelência. A igreja e os crentes em particular não deve deixar-se enganar por
causa de uma boa aparência ou reputação, mas deve continuar na doutrina dos
apóstolos e cuidas para praticar os ensinamentos da sã doutrina sem desprezar o
padrão divino. Sardes mantinha uma reputação e para parecer ser uma igreja
viva, havia ainda alguma atividade em Sardes. O problema não foi a ausência
total de obras, mas a falta de integridade delas. É possível defender a
doutrina de Deus sem amar ao Senhor (Ap 2.2-4). É possível obedecer mandamentos
de Deus sem inteireza de coração (2Cr 25.2). É possível fazer coisas certas com
motivos errados. Os homens podem ver as obras; Deus vê os corações, também. No
âmbito do Reino de Deus, a perfeição é o padrão mínimo aceitável, conforme
recomenda o apóstolo: “se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja
dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte,
faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria” (Rm 12.7.8). A perfeição na Igreja de Cristo só é
possível se amarmos o Cristo da Igreja.
3. Descaso para com o remanescente fiel. “Poucas
pessoas que não contaminaram as suas vestiduras”(v. 4): no meio de uma
igreja quase morta, Cristo possuía um remanescente fiel. Embora as cartas
fossem destinadas às sete igrejas, as mensagens precisavam ser aplicadas na
vida de cada crente, porque a salvação não é coletiva, mas individual. Isso nos
lembra de que o julgamento final será individual (Ap 2.23; 22.12). Cada crente
receberá “segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co
5.10). Aqueles crentes que ainda ‘respiravam’ “Andarão de branco junto
comigo” (v. 4); eles já andavam de vestidura branca, sem as manchas
do pecado e esperavam andar com Jesus de roupas brancas, representando a
vitória final sobre o pecado: “Linho finíssimo, resplandecente e puro...são
os atos de justiça dos santos” (Ap 19.8); “Pois são dignos” (v. 4):
estes fiéis são dignos, não por mérito próprio, mas por serem pessoas salvas
pela graça, pessoas que andam nas boas obras determinadas por Deus (Ef 2.8-10)
e a promessa de Cristo a estes é: “De modo nenhum apagarei o seu nome do
Livro da Vida” (v. 5). O "Livro da Vida" é mencionado várias
vezes na Bíblia (Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27; Fp 4.3). Paulo afirma que
seus cooperadores tinham seus nomes escritos no Livro da Vida (Fp 4.3). Cristo
afirma que os nomes dos vencedores que se mantêm puros não seriam apagados
deste livro (Ap 3.5).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Apesar de morta espiritualmente, havia na igreja de
Sardes alguns remanescentes fieis, e fervorosos.
CONCLUSÃO
O processo de morte de uma igreja pode acontecer
lentamente, passando quase despercebido. Os próprios membros da congregação e
outros que de fora olham para ela, podem pensar que tudo esteja bem. Porém, o
Cabeça da Igreja é aquele que anda no meio dos castiçais e possui olhos como
chama de fogo, julga os corações e conhece o estado verdadeiro de cada igreja e
cada crente. Eu creio firmemente que Ele nos convida, com esta lição, a ouvir o
que o Espírito diz às igrejas. “O que vencer será vestido de vestes brancas,
e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu
nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” (Ap 3.5). “Filhinhos, não
amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18).
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