Lição 12 O processo de
formação do discípulo II.
17 de setembro de 2017
Texto
Áureo
Lucas 9.23
“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me”.
Verdade
Aplicada
O Senhor Jesus Cristo continua chamando e
estabelecendo condições para ser Seu discípulo.
Objetivos
da Lição
Identificar o significado de ser
um discípulo de Jesus;
Demonstrar a necessidade da
coerência na vida do discípulo de Jesus Cristo;
Compreender as atitudes
indispensáveis do discípulo de Jesus Cristo.
Glossário
Coerência: Ligação, harmonia;
nexo;
Compungir: Arrepender-se;
Sincretismo: Fusão de diferentes
cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus elementos.
Leituras
complementares
Segunda Lc 9.24
Terça Lc 9.25
Quarta Lc 9.26
Quinta Lc 14.28
Sexta Lc 14.29
Sábado Lc 14.30-32
Textos de
Referência.
Lucas 14.25-27; 33-35
5 Ora, ia com ele uma grande multidão; e,
voltando-se, disse-lhe:
26 Se
alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27 E
qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu
discípulo.
33
Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem, não
pode ser meu discípulo.
34 Bom é
o sal, mas, se sal degenerar, com que se adubará?
35 Nem
presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no para fora. Quem tem ouvidos
para ouvir, ouça.
Hinos
sugeridos.
127, 432, 545
Motivo de
Oração
Clame pela salvação dos seus vizinhos.
Esboço da
Lição
Introdução
1. A identidade do discípulo.
2. O que significa seguir a
Jesus?
3. Atitudes do discípulo de Jesus
Cristo.
Conclusão
Introdução
Tornar-se um discípulo de Jesus Cristo não está
limitado a um culto, uma experiência espiritual isoladamente. Como disse Paul
Bendor-Samuel: “Ser discípulo é um estado ativo de aprendizado e crescimento”.
1. A
identidade do discípulo.
Continuando nosso estudo sobre o processo de
formação do discípulo, é relevante uma profunda e sincera reflexão sobre o que
significa ser um discípulo de Jesus Cristo. Como afirmou John Stott: “A razão
de quase todas as nossas falhas é a facilidade que temos de esquecer nossa
identidade como discípulos”.
1.1. O
significado do termo “discípulo”.
Vários sentidos são encontrados nas palavras
“ensinai” (Mt 28.19) e “ensinando” (Mt 28.20) na língua grega: “fazei
discípulos”; “instruir”; “tornar-se um discípulo”; “ser um discipulo”;
“aprendiz”; “seguidor”. É importante saber que na época era comum, como vemos
em Mateus 22.16 e Mateus 9.14. Os fariseus tinham discípulos; João Batista
também. Os filósofos, antes de Cristo, tinham discípulos. Assim, quando o
Senhor Jesus ordenou que a Igreja fizesse discípulos de todas as nações, os
apóstolos entenderam o que isso significava.
Este termo foi tão bem compreendido
pelos apóstolos que, após o início da igreja , a palavra discípulo era usada
para designar todos os que creram e receberam a Palavra de Deus proclamada pela
Igreja (At 1.15; 6.1-2, 7; 9.1, 10, 19,
36). Somente mais tarde é que os discípulos de Jesus foram chamados de cristãos
(At 11.26). Não foi um termo usado, inicialmente, pela Igreja em relação aos
seus membros, mas pelos gentios, como indicação de desprezo. Tanto que a
palavra não é encontrada nos escritos do Novo Testamento como usada pelos
discípulos sobre si mesmos. Em Atos 26.28, o termo é usado pelo rei Agripa. Em
1Pedro 4.16. o apóstolo Pedro está se expressando como se fosse do ponto de
vista de quem está causando o sofrimento. Somente a partir do século II a designação
passou a ser aceita como título de honra.
1.2. Resgatando
nossa identificação como discípulo.
Tendo em vista a forte tradição religiosa
católica romana no Brasil, o grande crescimento da quantidade de pessoas em
nosso país que afirmam professar a fé evangélica, a multiplicação das
denominações evangélicas, o forte sincretismo religioso observado, também,
entre muitas igrejas evangélicas, talvez esteja na hora de resgatarmos o
sentido da palavra “discípulo”, principalmente quando estivermos na prática do
evangelismo e instruindo os novos convertidos.
Assim, vamos pensar e estudar à luz
da Palavra de Deus o que realmente significa ser um discípulo de Jesus Cristo e
como se dá o processo de formação.
1.3. O
significado de ser um discípulo de Jesus Cristo.
Considerando o exposto anteriormente, quando
Jesus chama os primeiros discípulos (Mt 4.18-22), é possível que eles não
vislumbrassem, num primeiro momento, para onde Ele os conduziria e nem o
tremendo impacto que causaria em suas vidas, porém sabiam bem o significado de
“vinde após mim” (Mt 4.19) ou “segue-me” (Mt 9.9; Jo 1.43).
Por entenderem o significado de
“segui-lo”, deixaram as redes, a alfândega e passaram a ir para todo lugar onde
ia Jesus, a querer conhecer o que Jesus pensava sobre vários aspectos e áreas
da vida, a desejar aprender sobre vários pontos das Escrituras e a fazer tudo o
que Ele mandava.
2. O que
significa seguir a Jesus?
O discípulo acaba sendo identificado com a
pessoa que ele está seguindo. E é preciso seguir bem de perto. Assim expressou
o rabino Yose Bem Yoezer: “Deixe-se cobrir pela poeira dos pés do seu rabino”.
Foi o que o próprio Jesus disse: “O discípulo não é superior a seu mestre, mas
todo o que for perfeito será como o seu mestre” (Lc 6.40).
2.1. A
resposta humana ao chamado de Cristo.
Ser um discípulo de Jesus Cristo é uma resposta
do ser humano à manifestação da graça salvadora. Por que uma resposta? Porque a
iniciativa é de Deus. Deus amou o mundo e enviou Seu Filho Unigênito (Jo 3.16);
“Cristo morreu por nós, sendo nós ainda, pecadores” (Rm 5.8). No caminho de
Damasco, Saulo de Tarso perguntou: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 9.6).
O carcereiro de Filipos perguntou: “...que é necessário que eu faça para me salvar?”
(At 16.30). Após o apóstolo Pedro terminar o primeiro anúncio da Palavra de
Deus, depois da descida do Espírito Santo, aqueles que “compungiram-se em seu
coração” (At 2.37), perguntaram: “Que faremos, varões irmãos?. São exemplos do
ser humano respondendo positivamente ao chamado de Deus, ao Evangelho de Jesus
Cristo.
Em Mateus 11.28-30 está registrado o
chamado de Jesus Cristo: “Vinde a mim, todos...”. Importante ressaltar que
vários aspectos que envolvem a vida de um discípulo podem ser considerados a
partir deste chamado, como por exemplo: ouvir, atender, renunciar, obedecer,
tomar a cruz. Notar que o chamado não é somente para ser aliviado. O texto
continua: tomar o jugo e aprender. Os judeus empregavam o termo “o jugo” para
entrar em submissão”. Jesus indica o jugo dos bois, que era feito de madeira,
normalmente usado por dois animais, um ao lado do outro, ligados ao arado ou
carro a ser puxado. Uma outra versão diz: “Tomai vosso lugar em minha canga”
(BKJ). Um dos sentidos da palavra “suave” (Mt 11.30) é “adequado”. A vida que
nos dá (sermos Seus discípulos) é “adequada” para cada um de nós. Ele nos
conhece individualmente. Ocupemos nosso lugar ao lado de Jesus e partilhemos
Seus jugo, canga. Tomai e aprendei Submissão e disposição para aprender são
atitudes indispensáveis para ser um discipulo de Jesus Cristo.
2.2. A
necessidade de coerência na vida do discipulo de Cristo.
Como pode uma pessoa dizer que tem Jesus, está
em Jesus, segue Jesus e não ser como Ele? Como pode ser um discípulo de Jesus e
não seguí-Lo? É contraditório, incoerente, engano. Não basta crer, pois os
demônios também creem (Tg 2.19). Não basta profetizar, expulsar demônios e
fazer maravilhas em nome de Jesus (Mt 7.22). Não basta saber quem é Jesus (Mc
5.7; Lc 4.41). Não basta apenas fazer parte de um grupo de discípulos – Judas
Iscariotes também estava lá (Mt 10.1).
Acima foram relacionados vários aspectos
que num primeiro momento identificamos como fazendo parte de uma vida que
agrada a Deus. Temos a tendência de reduzir ou automatizar a vida cristã.
2.3. Identificando
a verdadeira fé do discípulo de Cristo.
É preciso cuidado. É preciso pensar biblicamente.
É importante refletir à luz do texto bíblico como um todo. E aí vamos entender
que todo discípulo de Jesus crê. Mas nem todo que declara que crê é um
discipulo (Jo 2.23-24). Uma fé que não conduz à submissão, entrega e obediência
não torna uma pessoa discípulo de Jesus. Outro exemplo encontramos em João
12.42-43: “...muitos creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus,
para não serem expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a gloria dos homens do
que a glória de Deus”. Uma fé que não conduz à renúncia e à confissão pública
não torna a pessoa um discípulo de Jesus.
A verdadeira fé se manifesta na atenção
do seguidor para tudo o que Seu Mestre ensina e faz. Conduz a dedicação, ao
aprendizado e preparo, visando “ser como o seu mestre” (Lc 6.40). Trata-se de
um chamado radical: imitar Jesus Cristo. Então, quando o Senhor Jesus Cristo
iniciou Seu ministério na terra chamando pessoas para que O seguissem e, antes
da Sua ascensão, ordenou que a Igreja fizesse com que as pessoas de todas as nações
fossem Seus discípulos, o Seu propósito era: pessoas que O imitem, aprendam
dEle, que estejam comprometidas em dar prosseguimento à Sua obra na terra e,
assim, sejam como Ele.
3. Atitudes
do discípulo de Jesus Cristo.
Como encontramos na Bíblia, a resposta humana
ao chamado de Cristo se expressa não apenas em palavras, emoções, concordância
ou admiração, mas em decisão e atitudes.
3.1. Amar
a Cristo acima de tudo e todos.
Ir com Jesus e acompanha-lo é uma coisa. Ser
discípulo de Jesus Cristo vai além. Para ser discípulo, precisa amar a Jesus
Cristo mais do que a família e a si próprio (Lc 14.26; Mt 10.37), A palavra
“aborrecer” tem o sentido de “amar menos”. O Senhor Jesus alertou sobre o
conflito que pode surgir dentro da família caso um de seus membros decida
seguí-Lo. De forma alguma, o discípulo de Jesus deixará de honrar pai e mãe;
cumprir seus compromissos com a família. Deve ser um pacificador, mas sem
comprometer seu dever para com o Senhor Jesus Cristo. Nenhum amor que temos
nesta vida pode ser comparado ao que devemos ter por Ele.
Encontramos em Lucas 14.25-26 que “ia
com ele uma grande multidão”. Contextualizando, é como se Jesus Cristo fosse
seguido por multidões nas redes sociais. Multidões estariam atentas à Sua
agenda e O acompanhariam em Seus compromissos. É possível que a multidão
imaginasse que Jesus estivesse se preparando para libertar Israel do jugo
romano e restabelecer o reino. Então, Ele começa a lhes falar sobre a
necessidade de ter consciência acerca do custo de ser Seu discípulo.
3.2.
Levar a sua cruz.
Quando Jesus falou “levar a sua cruz” (Lc 14.27),
a multidão sabia que se tratava de um instrumento de pena de morte, comumente
utilizado entre os romanos, para os escravos e criminosos. Num sentido
figurado, significa enfrentar o sofrimento, provação, reprovação por parte da
sociedade, vergonha e expor-se a morte. Um homem condenado carregava a cruz até
o local onde seria executado. Ou seja, levar a cruz é crucificar o eu. Em outro
texto diz: “tome cada dia a sua cruz” (Lc 9.23).
Diariamente, o discípulo de Jesus
renova a sua entrega incondicional a Ele. É uma marca do discipulado de Jesus:
“E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências” (Gl 5.24). Não podemos confundir cruz com fraqueza física ou
alguma angústia, pois são situações inerentes a todos os seres humanos. Mas
trata-se de escolha. Como escreveu C. A. Coates: um caminho que segundo o curso
deste mundo, é alvo de desonra e crítica”.
3.3.
Renunciar tudo quanto tem.
Renúncia é parte do custo de viver como
discípulo na terra (Lc 14.33). Alguns sentidos desta palavra no grego: “dar
adeus a”; “despedir”; “abandonar”. É preciso que Jesus Cristo esteja acima de
interesses e projetos pessoais. É necessário prontidão para deixar qualquer
relação que não seja compatível com o caminho de Jesus Cristo. A título de
exemplo, citamos a história da esposa de Ló, que, após sair da cidade de
Sodoma, mesmo recebendo a ordem para não olhar para trás (Gn 19.17), não
resistiu e “ficou convertida numa estátua de sal” (Gn 19.26) Ela e sua família
receberam os anjos em casa, preparam-lhes um banquete e ouviram sobre o juízo de Deus sobre aquele
lugar. Contudo, ela não deu adeus “a vida em Sodoma”! Não “abandonou” o que
ficou em Sodoma!
Enfatizar que os anjos chegaram ao
ponto de pegar pela mão Ló e toda sua família sugerindo ideia de insistência
divina, por misericórdia. O texto diz: “sendo-lhe o Senhor misericordioso” (Gn
19.16). Contudo, faltaram as atitudes de resposta humana ao favor de Deus, indispensáveis
para a concretização do propósito divino. Tal falta foi demonstrada na atitude
da mulher de Ló ao olhar para trás. Por isso, Jesus Cristo disse: “qualquer de
vós que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
Conclusão.
Em Romanos 8.29, encontramos que Deus chama
pessoas “para serem conforme à imagem de Seu Filho”, parecidas com Ele,
Enquanto caminhamos, observamos e ouvimos. É um processo. Temos muito a
aprender, “até que todos cheguemos à medida da estatura completa de Cristo (Ef
4.13).
Questionário.
1. O que os discípulos sabiam bem?
R: O significado de “vinde após
mim” (Mt 4.19) ou “segue-me” (Mt 9.9; Jo 1.43).
2. Por que ser um discípulo é uma resposta do
ser humano à manifestação da graça salvadora?
R: Porque a iniciativa é de Deus
(Jo 3.16).
3. Qual o sentido da palavra “aborrecer”?
R: “Amar menos” (Lc 14.26).
4. O que é renúncia?
R: É parte do custo de viver como
discípulo de Jesus Cristo na terra (Lc 14.33).
5. O que a esposa de Ló não “abandonou”?
R: O que ficou em Sodoma (Gn
19.26).
Fonte: Revista de Escola
Bíblica Dominical, Betel, Aprendendo com as Gerações Passadas, A importância,
responsabilidade e o legado de uma geração temente ao Senhor para enfrentar as
complexidades e os desafios da pós-modernidade, Jovens e Adultos, edição do
professor, 1º trimestre de 2017, ano 27, Nº 102, publicação trimestral, ISSN
2448-184X.
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