Lição 13
A DECISÃO CRUCIAL DO DISCÍPULO: OUVIR E PRATICAR
25/06/2017
Texto do
dia
"Aquele, porém, que atenta bem para a lei
perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas
fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito."
(Tg 1.25)
Síntese
A justiça do Reino não é um amontoado de regras
que serve para debates, trata-se de posturas e atitudes que precisam ser
vivenciadas e praticadas.
Agenda de
leitura
Segunda - Lc 6.47
Vir a Jesus e ouvir suas palavras
Terça - Lc 6.48
A atitude do discípulo consciente
Quarta - Lc 6.49
A falta de lucidez do ouvinte esquecido
Quinta - Tg 1.22
Cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes
Sexta - Tg 1.23,24
O perfil do ouvinte não cumpridor da Palavra
Sábado - Tg 1.25
A felicidade do cumpridor da Palavra
Objetivos
INCENTIVAR a prudência apresentada
por Jesus no primeiro exemplo;
CRITICAR a postura imprudente
do segundo exemplo;
DESAFIAR os educandos a decidir
por obedecer aos ensinamentos do Sermão do Monte.
Interação
O momento mais importante de um período de
aprendizado é, sem dúvida alguma, quando o educando decide reorientar sua vida
de acordo com as informações e os saberes apreendidos. É o que se chama de
práxis, ou seja, a prática instruída pela teoria e está modificada e readequada
por aquela. Consiste em agir de forma refletida e refletir de forma ativa. O
Senhor Jesus Cristo disse aos seus discípulos que se eles tinham entendido o
que Ele ensinara com o ato de lavar os pés de cada um deles,
"bem-aventurados" seriam se praticassem (Jo 13.17). Toda instrução
que não gera prática precisa se questionar. As pessoas entenderam o que lhes
fora transmitido? Se não, o professor deve perguntar a si mesmo acerca de sua
didática, de sua maneira de transmitir e lecionar. Vencida essa etapa e tendo
certeza de que se fez entender, o educador deve perscrutar a sua própria
prática. O quanto acredita, vive e age de acordo com as lições que ensina. É
fato que o Evangelho é maior que qualquer pessoa ou instituição, mas a
incoerência é um excelente "pedagogo", posto que "ensina"
mais e melhor que qualquer método. Portanto, a legitimidade, não apenas do
conteúdo, mas de qualquer mestre, está visceralmente relacionada à forma com
que ele pratica e persegue como alvo a mensagem que leciona
Orientação
Pedagógica
Proponha aos alunos uma reflexão acerca das
placas de sinais de trânsito. Apresente, de acordo com as suas condições,
algumas placas de trânsito, e reflita com os alunos as implicações de não se
observar as principais advertências dos sinais. Quantas pessoas se acidentam,
chegando a perder a própria vida, a de sua família e até a de outros, por conta
da imprudência no trânsito. Quantas vezes uma negligência, um atalho, ou uma
"bandalha", além de ser contravenção, em termos de tempo quase nada
adianta, já não levou pessoas a perder a vida. Obedecer pode não evitar absolutamente
uma tragédia, mas certamente minimizará suas possibilidades de acontecer ou
mesmo os efeitos de uma, caso venha a ocorrer. Conclua dizendo que, da mesma
forma, saber o conteúdo do Sermão do Monte é importante, mas não colocá-lo em
prática, como disse o próprio Mestre, é insensatez e imprudência que têm como
resultado a destruição.
Texto
bíblico
Mateus 7.24-29
24 Todo aquele, pois, que escuta estas minhas
palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua
casa sobre a rocha.
25 E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava
edificada sobre a rocha.
26 E aquele que ouve estas minhas palavras e as
não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a
areia.
27 E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
28 E aconteceu que, concluindo Jesus este
discurso, a multidão se admirou da sua doutrina,
29 porquanto os ensinava com autoridade e não
como os escribas.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O Mestre finaliza o Sermão do Monte
chamando-nos a todos a que tomemos uma decisão séria diante do que ouvimos (Mt
7.24-27). Tal postura se contrasta com a dos mestres religiosos de Israel,
posto que eles mesmos não cumpriam as lições transmitidas em seus ensinamentos
(Mt 23.1-38). Agindo dessa forma, Jesus evidencia claramente que não tem
interesse algum em fundar uma escola de interpretação, tornar-se tema de debate
ou mesmo um rabino popular por suas diferentes leituras da Lei. Seu objetivo é
fazer com que as pessoas conheçam e vivam a verdade que pode salvá-las em
tempos de aflição (Jo 6.60-69; 10.10). Finalmente, os últimos dois versículos
do capítulo sete são da pena de Mateus que observa e assinala a reação do povo
diante de tudo o que acabara de ouvir (vv.28,29).
I - O
HOMEM PRUDENTE QUE CONSTRUIU SUA VIDA EM UM TERRENO SEGURO
1. A imprescindibilidade da
obediência no Antigo Testamento. Diferente das divindades pagãs das nações ao redor da
Terra Prometida, o Deus de Israel nunca exigiu coisa alguma de seu povo que não
a obediência (1 Sm 15.22). Através de Jeremias, Deus revela que até mesmo os
rituais veterotestamentários nunca foram sua preocupação, e sim a obediência
(Jr 7.21-26).
2. A relação entre obediência e
bênção no Antigo Testamento. A despeito de o pensamento corrente afirmar que havia uma
conexão automática e mecânica entre obediência e bênção no Antigo Testamento,
uma leitura mais atenta dos textos demonstra que o próprio ato de obedecer já
era algo abençoador (Lv 26.1-13; Dt 28.1-14). Isso porque havia regras quanto
ao cuidado com a terra, consigo e no relacionamento interpessoal, só para citar
algumas, e em sua observância residia a "bênção" pessoal e
comunitária (Lv 25).
3. A escolha sensata. Tendo em mente esse
aspecto da Antiga Aliança, é importante entender que o Mestre chega ao fim de
seu sermão apelando não para uma memorização irrefletida do que Ele dissera
acerca da justiça do Reino, mas à prática de tal justiça, pois em tal ação há
segurança existencial (v.24). O Mestre não disse que se o discípulo atentasse
para o seu ensinamento não teria problemas, justamente o contrário, Ele
sinalizou o imprescindível fato de que aquele que o colocasse em prática podia
ser comparado ao homem prudente que construiu sua casa sobre um fundamento
seguro. A metáfora utilizada por Jesus, isto é, a construção comparada à vida,
e as intempéries exemplificadas na "chuva", "rios" e
"ventos", significando os problemas e dificuldades comuns a todos,
demonstra que a observância da justiça do Reino é, tal como na Antiga Aliança,
para o nosso próprio bem (v.25).
Pense
Se a salvação não é adquirida através dos
nossos próprios méritos, então por que devemos praticar a justiça do Reino?
Ponto
Importante
A justiça do Reino, tal como na Antiga Aliança,
é para o nosso próprio bem.
II - O
HOMEM INSENSATO QUE CONSTRUIU A SUA VIDA SOBRE UM TERRENO INSEGURO
1. O tema da desobediência no Antigo
Testamento.
Semelhantemente ao assunto da obediência, o tema da desobediência era a tônica
no Antigo Testamento (Jr 7.23-26; 25.1-11; 44.4,5). Ela era o grande conteúdo
das mensagens proféticas (Jr 26.1-6).
2. A relação entre desobediência e
maldição no Antigo Testamento. Conquanto pareça haver um resultado automático entre
desobediência e maldição, desde o pecado de Adão, tal resultado raramente se dá
em linha reta (Gn 2.16,17; 3.1-24). Entretanto, suas consequências são
inevitáveis (Gn 3.17-19; Lv 26.14-39; Dt 28.15-68) e, às vezes, duradouras (Rm
5.12-14). Contudo, é importante lembrar-se de que, ainda no período da Antiga
Aliança, Deus "mudou" o resultado da desobediência no que diz
respeito à abrangência e implicações, ou seja, havendo arrependimento, Deus
sempre está disposto a mudar sua sentença (Êx 20.5,6 cf. Jr 31.29,30 e Ez
18.1-32; Jn 4.10,11 cf. 3.1-10).
3. A escolha insana. O quadro da última cena
mostrada pelo Mestre é a do homem insensato, ou imprudente, que devido à pressa
ou mesmo por desleixo, resolve construir sua casa sobre um terreno arenoso e movediço,
isto é, inseguro (v.26). Quando as dificuldades que acometem a todos,
indistintamente lhe sobrevieram, sua "casa" desabou, ou seja, sua
vida, e foi "grande a sua queda" (v.27). Da mesma forma que na Antiga
Aliança, a desobediência está relacionada à derrocada e aos efeitos danosos de
todos que decidem por tomar o caminho contrário ao que o Senhor propõe (Pv
14.12).
Pense
A maldição mencionada no Antigo Testamento tem
alguma relação com o mero pronunciar de uma expressão como se as palavras
tivessem, por si mesmas, poder?
Ponto
Importante
A maldição é o contrário da bênção e,
resultando ou não em infortúnio, é o contrário do que Deus planejou para o seu
povo.
III - A
RADICALIDADE DO ENSINAMENTO DE JESUS
1. A simplicidade da doutrina de
Jesus Cristo e a admiração do povo. Enquanto a "Lei oral" possuía 613
preceitos, e os escribas debatiam entre as várias escolas de interpretação
sobre qual deles era o mais importante, tendo sempre que se subordinar à
interpretação dada pelo fundador de tal escola, a doutrina do Mestre era
simples, direta e facilmente inteligível (v.28), levando o povo a ficar
admirado (Mc 1.27).
2. A autoridade do Mestre. O motivo da admiração
do povo era não apenas a simplicidade do ensinamento de Cristo, mas também o
fato de Ele não ter preocupação alguma com o que a "tradição dos
anciãos" dizia, isto é, a "Lei oral" não era divina, mas uma
interpretação humana acerca da Lei de Moisés (Mt 15.1-20). Por isso, o Mestre
não tinha compromisso algum com ela, e sim com o espírito da Lei do Senhor em
si, daí porque Ele dissera seis vezes durante o sermão: "Ouviste o que foi
dito, eu, porém, vos digo" (Mt 5.21,22,27,28,31-34,38,39,43,44). Ele não
ensinava como os doutores da Lei de sua época, mas com a autoridade dada pelo Pai
(v.29).
3. A radicalidade da justiça do Reino. O Mestre coloca
acertadamente, nas mãos do próprio ouvinte, a responsabilidade e o desafio
deste ouvir e proceder conforme o que Ele acabara de ensinar. Na verdade, só
pode ser discípulo dEle, quem decide proceder conforme a justiça do Reino. Não
há possibilidade alguma de seguir o Mestre como um mero repetidor de conteúdos
pois a radicalidade da justiça do Reino não requer nada menos que a prática e a
imitação do Mestre (Mt 10.16-42; 16.24-26).
Jesus não ensinava como os doutores da Lei de
sua época, mas com a autoridade dada pelo Pai.
SUBSÍDIO
1
"A Conclusão do Sermão (7.24-29)
a) Ilustração Final (7.24-27). Aquele que ouve
e pratica é como um homem que construiu a sua casa sobre a rocha. Quando as
tempestades batem contra a casa com toda a sua fúria, ela ainda permanece
firme. O termo enchente, utilizado por algumas versões, significa,
literalmente, rios. O clima da Palestina é como o do sul da Califórnia, sob
muitos aspectos. Os leitos dos rios ficam secos durante a maior parte do ano.
Mas quando as chuvas do inverno e da primavera chegam, surgem as inundações.
Jesus retratou o ouvinte descuidado como um homem que de forma insensata
construiu a sua casa sobre a areia, e então a perdeu. As casas na Palestina são
em sua maioria construídas com pedras ou com tijolos secos ao sol. Quando as
tempestades dissolvem a argamassa, as paredes tendem a cair.
b) A Reação da Multidão (7.28-29). Quando Jesus
concluiu o seu sermão, o povo se admirou da sua doutrina ? ou melhor, do seu
'ensino'. Ele ensinava com autoridade (29). As pessoas comuns sentiram a sua
autoridade divina, que faltava aos escribas, e a reverenciaram. Os escribas
tinham o hábito de citar antigos mestres como apoio aos seus ensinos"
(CHILDERS, Charles L.; EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood (Eds.) Comentário
Bíblico Beacon. Mateus a Lucas. Vol.6. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.69).
SUBSÍDIO
2
"O Epílogo do Sermão (7.28,29)
É evidente que Mateus quer que esta seja a
conclusão da primeira seção principal dos ensinos de Jesus, porque ele encerra
com as palavras: 'Concluindo Jesus este discurso' (v. 28). Cada uma das cinco
principais unidades pedagógicas que Mateus apresenta tem um desfecho narrativo
semelhante (Mt 7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1). Jesus é o novo Moisés que tem
cinco apresentações principais da lei nova ou Torá, da mesma maneira que Moisés
teve cinco livros da lei no Pentateuco [...].
O que se segue é uma observação da resposta das
multidões aos ensinos de Jesus, os quais elas reconhecem que são autorizados,
ao contrário dos ensinos dos mestres da lei (veja também Mc 1.21-27; Lc
4.31-37). Mateus está direcionando o espanto das pessoas para as afirmações de
Jesus, a fim de que Ele seja o Intérprete da nova lei, cujas palavras serão a
base de julgamento no ajuste de contas do tempo do fim" (ARRINGTON, French
L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento.
2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.62).
ESTANTE
DO PROFESSOR
CARVALHO, César. Uma Pedagogia para a Educação
Cristã: Noções básicas da ciência da educação a pessoas não especializadas.
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
CONCLUSÃO
Como Mateus escreve a judeus e estes têm Moisés
como o maior dos profetas, ele mostra o Mestre, tal como Moisés, promulgando a
nova justiça do alto de um monte (Êx 31.12-32.1 cf. Mt 5.1). O ex-funcionário
estatal conclui de forma magistral seu registro do Sermão do Monte, mostrando o
povo admirado da doutrina do Filho de Deus, em clara substituição da forma dos
escribas ensinar.
Hora da revisão
O que Deus exigiu do seu povo desde o início?
Obediência.
Por que a obediência, em si mesma, era
"algo abençoador"?
Porque havia regras quanto ao
cuidado com a terra, consigo e no relacionamento interpessoal, só para citar
algumas, e em sua observância residia a "bênção" pessoal e
comunitária (Lv 25).
Construir a "casa" sobre a rocha
significava livrar-se dos problemas? Explique.
Não. A metáfora utilizada por
Jesus, isto é, a construção comparada à vida, e as intempéries exemplificadas
na "chuva", "rios" e "ventos", significando os
problemas e dificuldades comuns a todos, demonstra que a observância da justiça
do Reino é, tal como na Antiga Aliança, para o nosso próprio bem (v.25).
Qual o significado da maldição decorrente da
desobediência?
Da mesma forma que na Antiga
Aliança, a desobediência está relacionada à derrocada e aos efeitos danosos de
todos que decidem por tomar o caminho contrário ao que o Senhor propõe (Pv
14.12).
Fale sobre a simplicidade da doutrina do
Mestre.
Enquanto a "Lei oral" possuía
613 preceitos, e os escribas debatiam entre as várias escolas de interpretação
qual deles era o mais importante, tendo sempre que se subordinar à
interpretação dada pelo fundador de tal escola, a doutrina do Mestre era
simples, direta e facilmente entendível (v.28), levando o povo a ficar admirado
(Mc 1.27).
Fonte: CPAD, Revista, Lições
Bíblicas Jovens, professor, O Sermão do Monte – A Justiça sob a Ótica de Jesus, Comentarista César Moisés Carvalho, 2º
trimestre 2017.
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