segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Lição 1 - O agir de um Deus sobrenatural

Lição 1 - O agir de um Deus sobrenatural


LIÇÃO 1 – 05 de outubro de 2014 – Editora BETEL
O agir de um Deus sobrenatural
TEXTO AUREO

“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”. 2Co 4.18

VERDADE APLICADA

Um milagre é uma ação que acontece dentro da experiência humana onde as operações da natureza se tornam inertes por ocasião de uma intervenção Divina.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

 Ensinar o que significa um milagre juntamente com seus termos etimológicos;
 Mostrar a diferença entre curas, sinais e maravilhas;
 Fazer com que se compreenda o poder de Deus e sua finalidade.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Sl 77.11 - Eu me lembrarei das obras do SENHOR; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.
Sl 77.12 - Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.
Sl 77.13 - O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?
Sl 77.14 - Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos.
Sl 77.15 - Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José. (Selá.)
Sl 77.16 - As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram.

Introdução
A crença nos milagres Bíblicos sempre foi uma característica central da fé cristã (Jo 4.48), sabemos que milagres não são acontecimentos do passado, pois estão presentes no dia a dia da igreja cristã. Neste trimestre estudaremos apenas alguns milagres registrados no Antigo Testamento a fim de extrair deles grandes revelações para edificação da nossa fé.

1. Milagres, sua origem e seu significado
Por que Deus se apresenta com sinais tão maravilhosos? O que Ele deseja que venhamos compreender quando os realiza? (Rm 1.19-20). Segundo Tomás de Aquino “quando Deus faz qualquer coisa contrária à ordem da natureza que nós conhecemos e estamos acostumados a observar, nós chamamos de milagre”. Poderíamos definir milagres como: “intervenção sobrenatural no curso usual da natureza; uma suspensão temporária da ordem natural, mediante o agir de Deus”.

1.1. O milagre em sua etimologia
A palavra milagre encontra sua raiz no latim “miraculum” que significa “ver, olhar”. Para os latinos “miraculum” representava as coisas prodigiosas que escapavam a seu entendimento como: os eclipses, as estações do ano, e as tempestades (At 2.20). “Miraculum” provém de “mirari”, que em latim significa: “contemplar com admiração, com espanto, ou com surpresa”. Assim, do ponto de vista etimológico, a palavra milagre não tem necessariamente relação com alguma intervenção divina, ela está ligada ao assombro diante do inefável. Segundo o cristianismo, um milagre é uma intervenção Divina, onde de forma sobrenatural e extraordinária, Deus manifesta sua soberania e amor para com os seres humanos, um ato sem explicação científica razoável.
Cada um dos dons do Espírito é milagroso. São todos sobrenaturais. No sentido geral da palavra “milagres”, todos os dons do Espírito são milagres, mas no sentido etimológico o dom de operação de milagres é um ato específico. Por exemplo, quando Eliseu dividiu as águas do rio Jordão com um golpe do seu manto, ocorreu uma operação de milagre! Houve uma intervenção no decurso usual da natureza. Não conheço mais
ninguém que com um golpe de uma capa abrisse um caminho pelo meio de um rio. (2Rs. 2.14).

1.2. A definição do termo milagre no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, o milagre é definido pelo menos por três termos: “teraton”, indicando prodígio como uma intervenção que reconhece a ação do Senhor; “thaumasion”, que expressa melhor à provocação do assombro; e “paradoxon”, que acentua a dimensão da surpresa inesperada. Em qualquer caso, o milagre é um ato pelo qual Deus se dá a conhecer ao homem (Êx 6.6-8), que se encontra maravilhado e espantado diante destes sinais de grandeza. Teologicamente, os milagres têm uma finalidade: eles acontecem para que o crente reconheça a atuação miraculosa como manifestação da Soberania Divina. O objetivo do milagre é antes de tudo, revelar a Soberania Divina, seu amor e misericórdia; ele revela a ação ininterrupta do Pai pela qualidade de vida dos seus filhos (Jo 20.30-31).

1.3. A escatologia do milagre
O milagre antecipa a situação de um futuro escatológico: então não haverá enfermidade, nem sofrimento, nem morte, senão a vida (Ap 21.4).Os milagres são sinais visíveis da antecipação do Reino entre nós (Lc 10.19; 11.20). Eles possuem, portanto, um valor de revelação, na medida em que expressam o poder e a glória de Deus sobre a criação. Assim, pois, o milagre segue sendo um sinal que provoca a reflexão e o discernimento; ele não é realizado somente na ordem da natureza ou na parte física da pessoa, também se manifesta sobre tudo, no silêncio da transformação do coração humano.
O milagre é a intervenção livre de Deus dentro da criação, e no homem para expressar a vitória sobre o mal e a chamada a participação em seu Reino. O milagre se distingue do prodígio: na verdade, ele tende a enfatizar o caráter extraordinário e portentoso de um evento, enquanto que o prodígio é um chamado para que à fé se torne mais genuína e se reconheça a presença de Deus.

2. Curas, sinais, e maravilhas
É imprescindível conhecermos as definições de alguns termos para entendermos de forma mais ampla tanto a profundidade do evento quanto a diferença que existe quando nos referimos aos milagres operados pelo Criador. Vejamos:

2.1. A cura
O grego do Novo Testamento apresenta muitas palavras que descrevem os processos de cura. Vamos nos deter apenas em três principais. São elas: “iasis” - que descreve o ato de curar (Lc 13.32); “therapeúo” - que significa curar, honrar. É dessa palavra que se deriva a palavra terapia (Lc 9.11); “iáomai”- que é um termo muito mais completo, pois não engloba somente a cura física, mas inclui ser livre de pecados, ou ser salvo (At 10.38). Neste sentido, a cura se manifesta tanto como um dom na vida dos cristãos, quanto como um direito legal outorgado pelo sacrifício vicário de Jesus Cristo.
Um milagre jamais nasce de cálculos racionais, ele sempre está ligado a uma atitude de fé (Hb 11.1-3). O Sino Naamã, não mergulhou sete vezes no Jordão porque foi convencido pela medicina; Paulo teve que ver algo extraordinário diante de si para abandonar todo o curso de sua vida e seguir aqueles a quem tinha por hereges.

2.2. O significado de um sinal Divino
A palavra sinal vem do grego “simeion” que indica a marca do poder sobrenatural de Deus, é o selo pelo qual uma pessoa é conhecida, ou se distingue das demais (Mt 12.38; 16.1,4). Esse termo “simeion” é usado para exemplificar um prodígio de maneira incomum e que transcende o natural (At 6.8). Deus realiza sinais para autenticar a missão daquele a quem enviou. Quando Moisés foi comissionado por Deus para livrar Israel do Egito, ele apresentou para Deus sua dificuldade: “mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz” (Êx 4.1). Os milagres credenciavam tanto Moisés quanto sua mensagem (Êx 3.20; 4.11-21).

2.3. Maravilhas
“E disse o SENHOR a Moisés: Quando voltares ao Egito, atenta que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão” (Êx 4.21a). Em grego se utiliza o vocábulo “terás” para maravilhas, esse é um adjetivo que sempre é usado no plural. “Terás” descreve algo estranho, que deslumbra ou assombra ao espectador, e cuja procedência se atribui a um ato Divino. É conhecido de todos os estudiosos que a operação de maravilhas está alicerçada somente na fé de quem tem sobre si esse dom ou qualificação Divina, o qual dispensa a fé do beneficiado. Quem será que não se assombrou ao ver um caminho no meio do mar e dois muros feitos de água, como se houvesse uma mão a segurá-lo até que todos estivessem a salvo?
Existem expositores que afirmam que os milagres já se encerraram, e que duraram até a era apostólica. Eles afirmam que hoje não é mais preciso
milagres, porque o povo já tem toda a revelação que precisa para crer no Senhor. As Escrituras não ensinam que os milagres cessariam com os apóstolos, Jesus disse que faríamos obras maiores (Jo 14.12). Tanto os sinais quanto a salvação pertecem a promessa de Jesus no texto de Marcos 16.16-17.

3. Compreendendo o poder sobrenatural de Deus
Jesus nos deixou como herança uma igreja que evangelizava e que estabelecia seu reino usando um poder sobrenatural como ferramenta principal e inseparável. Mas infelizmente, com o passar do tempo, algumas ideias humanas foram sendo introduzidas na igreja, e esse poder sobrenatural foi posto de lado (Lc 10.9,19). Vejamos:

3.1. O que significa o poder de Deus (At 1.8)
No grego a palavra poder é “dunamis”, que também significa: força poderosa, potência ou habilidade inerente ao poder. “Dunamis” é a capacidade de realizar milagres. É o poder de Deus, a Sua habilidade sobrenatural, Seu poder explosivo, Seu poder milagroso. Atualmente, muitas igrejas se mostram negativas a esse poder, porque uma grande soma de cristãos do nosso século jamais presenciou um milagre físico ou uma obra sobrenatural. As metodologias humanas estão substituindo o “dunamis” de Deus, e o resultado é: estamos gerando cristãos sem uma experiência sobrenatural, pessoas enfermas, fracas, e oprimidas em nosso meio. O que nos difere das demais religiões é a mensagem de poder e impacto (Mt 12.24; Mc 6.7; Rm 1.16; 2Col0.4).
Todos os movimentos cristãos, sem importar sua denominação, começaram com uma visitação sobrenatural de Deus, se isso não ocorresse jamais teriam impactado o mundo. Mas onde se encontra esse poder hoje? Quantos ainda desfrutam dele? O que aconteceu? Parece que com o passar do tempo o carnalsubstituiu o espiritual (Gl 3.3).

3.2. Deus se revela no espírito
Quando falamos do sobrenatural devemos ter em mente o nível em que Deus habita. Milagres para Deus são coisas comuns, nós os denominamos como milagres porque nosso nível está totalmente abaixo daquele em que o Criador está. Só existe uma maneira de viver de forma diferenciada, é se ajustando ao nível em que Ele está. Quando o Senhor conduziu Ezequiel ao vale de ossos secos, Ezequiel foi levado em espírito (Ez 37.1). Deus o colocou num nível elevado para que visse aquilo que aos olhos carnais jamais entenderia. Ezequiel viu o império da morte, mas no nível em que estava proferiu a palavra de vida (Ez 37.2-11). Não podemos discernir Deus com cálculos humanos. Deus é espírito, e é no espírito que Ele se revela (Jo 4.24).

3.3. 0 propósito do poder sobrenatural de Deus.
O poder de Deus foi repartido a Sua Igreja para propósitos sérios e específicos que estão diretamente relacionados à propagação de seu Reino na terra (lJo 2.20,27). Devemos lembrar que a “unção” representa para todos nós uma grande responsabilidade. Quando uma pessoa é investida de autoridade, deixa de ser uma pessoa comum e passa a ser vista de forma diferente pelos demais. Essa “unção” lhe dará uma autoridade que antes não possuía, e caso venha usá-la de forma indevida, tanto poderá trazer sérios danos para si quanto para os demais. Noé foi chamado por Deus para salvar o mundo e sua missão foi construir uma arca. Mais tarde plantou uma vinha, com o vinho produzido se embebedou e amaldiçoou seu filho. Quando foi responsável salvou o mundo, quando foi irresponsável amaldiçoou sua família (Gn 6.17-18; 9.21-25). Lembre-se: Unção não é autopromoção é responsabilidade!

Conclusão
O poder de Deus está à disposição de todos nós (Jo 14.12). Milagres não são coisas do passado, eles sempre serão uma realidade na vida de todo aquele que crê (Mc 16.17). Um dos propósitos mais importantes pelo qual Deus nos ungiu foi para nos tornar testemunhas de Seu poder. Que os sinais nos sigam por onde passarmos (At 1.8).

QUESTIONÁRIO

1. Como poderíamos definir milagres?
R. Como intervenção sobrenatural no curso usual da natureza.
2. Qual o objetivo principal de um milagre?
R. Revelar a soberania, o amor e a misericórdia de Deus (Lc 17.13-14).
3. Acerca de que os milagres testificam?
R. Do Reino de Deus e de seus frutos (Lc 10.49).
4. O que difere o cristianismo das demais religiões?
R. Sua mensagem de poder e impacto (Rm 1.16).
5. Deus é Espírito, e como podemos entendê-lo?
R. Estando no mesmo nível que Ele está (Ez 37.1).

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de 2014, ano 24 nº 93 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor – MILAGRES DO ANTIGO TESTAMENTO: COMPREENDENDO O CUIDADO DIVINO ATRAVÉS DAS INTERVENÇÕES MILAGROSAS NA HISTÓRIA DO SEU POVO.


Pastor Dr. Samuel Cássio Ferreira

Lição 1 Daniel, nosso contemporâneo

Lição 1       5 de Outubro de 2014

Daniel, Nosso "Contemporâneo"

TEXTO ÁUREO


"Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, que entenda)"    (Mt 24.15).

VERDADE PRÁTICA


Daniel é um exemplo de perseverança na fidelidade a Deus e de integridade moral, estimulando-nos a confiar no projeto divino.

HINOS SUGERIDOS 58, 61, 84

LEITURA DIÁRIA


Segunda - Gn 3.15   A primeira profecia escatológica
S
Terça  - Gn 22.18; 26.4; 28.14; 49.10       A promessa para Abraão
T
Quarta - Is 7.14; 9.6; 42.1-4; 52.13-15      A predição da vinda do Rei e Redentor
Q
Quinta - Dn 2.44,457.13,14     A predição do reino vindouro
Q
Sexta - Jr 23.3; Is 11.11; Ez 37.1-11   A promessa de restauração de Israel
S
Sábado -  Mt 24.15      Jesus cita Daniel
S

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE



Daniel 1.1,2; 7.1; 12.4

INTERAÇÃO


Prezado professor, neste trimestre estudaremos o livro do profeta Daniel. Este livro é um dos preferidos das pessoas que gostam de estudar a escatologia bíblica. Aprendemos com Daniel não somente acerca de assuntos escatológicos, pois o seu testemunho é um exemplo de fidelidade a Deus e de integridade moral. Daniel viveu grande parte dos seus anos como exilado em uma sociedade idólatra, servindo a reis ímpios, todavia não se contaminou.  O comentarista do trimestre é o pastor Elienai Cabral - conferencista e autor de várias obras publicadas pela CPAD, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e também da Casa de Letras Emílio Conde. Que Deus abençoe a sua vida e a de seus alunos. Bons estudos!

OBJETIVOS



Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer panoramicamente o livro de Daniel.
Explicar a autoria e a história por trás do livro de Daniel.
Compreender os fatos que propiciaram o exílio na Babilônia.



ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor, a fim de introduzir a primeira lição do trimestre, reproduza o esquema abaixo para os alunos. Utilizando o quadro, faça uma exposição panorâmica do livro de Daniel, explicando o propósito e suas principais divisões. Enfatize os personagens centrais, os acontecimentos mais importantes e as principais profecias. Que você possa extrair importantes lições deste grande livro do Antigo Testamento.


LIVRO  DE  DANIEL
Autor:   
Daniel
Tema:    
A soberania de Deus na história.
Data:      .
Cerca de 536 - 530 a.C
Propósitos:          
(1) Dar ao povo do concerto do AT a certeza de que o juízo de seu cativeiro entre as nações gentias não seria permanente;
(2) Legar ao povo de Deus, no decurso da sua história, as visões proféticas da soberania de Deus sobre as nações.
Personagens centrais:       
Daniel e Nabucodonosor.
Principais acontecimentos:
Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor (Dn 2); A fornalha de fogo ardente (Dn 3); A loucura de Nabucodonosor (Dn 4); Daniel na cova dos leões (Dn 6).
Principais profecias:           
As visões dos anos vindouros (Dn 7-8); A revelação das setenta semanas (Dn 9); Imagens da história do fim (Dn 11-12).
Extraído de "Guia do Leitor da Bíblia", CPAD.
COMENTÁRIO


INTRODUÇÃO

Dada a importância do livro de Daniel, nós o estudaremos sob a perspectiva da escatologia bíblica. Indiscutivelmente, Daniel é um profeta bíblico que não ficou restrito ao passado. Ele é contemporâneo! O seu nome, a sua vida e obra são um exemplo de perseverança em Deus. Embora vivendo em circunstâncias adversas e numa cultura pagã, Daniel não perdeu a fé no Deus Altíssimo e o vínculo com o seu povo.
O capítulo 24 do Evangelho de Mateus revela um dos mais importantes discursos proféticos de Jesus. Ali, o Mestre de Nazaré cita o profeta Daniel (v.15). Conquanto as profecias de Jesus nos remetam ao contexto de Israel, as evidências proféticas descritas em Mateus 24 não se aplicam apenas à história do povo judeu, mas igualmente à todas as etapas da história humana como descrita no livro de Daniel.

I. - A HISTÓRIA POR TRÁS DO LIVRO DE DANIEL

1.  A  formação histórica de Israel. A história do povo judeu começa com Abraão e Sara (Gn 12.1-3). Eles tiveram
um filho chamado Isaque, o filho da promessa de Deus (Gn 15.4; 17.18; 21.1-3). Isaque, por sua vez, gerou dois filhos, Esaú e Jacó. Do segundo filho, Jacó, surgiu um clã de 12 filhos. O clã cresceu e multiplicou-se e, posteriormente mudou-se para o Egito. Ali a família de Jacó aumentou em número, tornando-se um povo altamente abundante em terra estrangeira. A partir de então, formou-se Israel, a futura nação projetada por Deus. Mas com o passar do tempo a família judaica perdeu as benesses que desfrutava nos anos do rei egípcio que respeitava a liderança e a história de José no Egito. Entretanto, através de uma intervenção divina, e sob a liderança de Moisés, os israelitas saíram do Egito e peregrinaram pelo deserto até a terra de Canaã por quarenta anos. A partir da libertação egípcia, Israel viveu s o b  a  égide  d e  um  governo teocrático, isto é, governado diretamente por Deus e através de homens chamados por Ele para esta função.
2. O governo teocrático. Moisés morreu e o seu substituto foi Josué. Sob o seu comando, Israel conquistou a terra de Canaã e instituiu um governo em que a autoridade governamental vinha de Deus - a teocracia. Esse período perdurou aproximadamente trezentos anos, incluindo o período dos juízes. Foi um tempo difícil porque Israel afastou-se da direção divina e "cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos" ( Jz 21.25).
3. O governo monárquico. O reino de Israel esteve sob a liderança de Saul, Davi e Salomão por cento e vinte anos. O rei Salomão morreu em 931 a.C. marcando assim a decadência política, moral e religiosa da monarquia. Roboão, o seu filho, assumiu o reino, mas acabou dividindo-o em dois: o do Norte e o do Sul.
O reino do Norte constituía-se de dez tribos. O do Sul, de apenas duas tribos, Judá e Benjamim. No ano de 722 a.C. o Império Assírio dominou o reino do Norte e subjugou o seu rei, os príncipes e todo o povo.
O reino do Sul teve momentos de glória, mas igualmente de calamidades. Constituído por alguns reis piedosos e outros ímpios, acabou por ser invadido pelo Império da Babilônia. Entre os anos 606 a.C. e 587 a.C., Nabucodonosor levou em cativeiro os nobres de Jerusalém: príncipes, intelectuais e homens de guerra, etc., deixando em Judá apenas os pobres e os deficientes. Toda esta história propiciou a intervenção divina na vida de Israel para preservação do projeto original de Deus.

SINOPSE DO TÓPICO (1)

Deus chamou Abraão e a partir dele deu início à história do povo judeu.

II. OS FATOS QUE PROPICIARAM O EXÍLIO NA BABILÔNIA

1. O contexto  político do reino  de Judá. Em 606 a.C. Nabucodonosor invadiu Jerusalém e, além da nobreza, tomou da cidade todos os utensílios do Templo: ouro, prata e pedras preciosas. Jeoaquim, rei de Judá, não resistiu e tornou-se tributário da Babilônia, perdendo o domínio do seu reino e também a confiança dos seus valentes. Entre os c ativos expatriados para Babilônia estava o profeta Ezequiel (Ez 1.1-3). O exército de Nabucodonosor destruiu o Templo, saqueou Jerusalém e arrasou política, moral e espiritualmente o reino de Judá. Babilônia se impôs como império por mais de quatro décadas. Israel foi humilhado, passando de nação próspera à tributária da Babilônia!
2. Israel no exílio  babilônico. Quando uma liderança perde a intimidade com Deus e, por consequência, a credibilidade entre os homens, como aconteceu com os últimos reis de Israel e de Judá, a tragédia espiritual e moral é inevitável. O cativeiro de 70 anos na Babilônia, profetizado por Jeremias, foi cabalmente cumprido (2 Cr 36.21). Por outro lado, Deus nos ensina a conhecer os seus desígnios. Foi no exílio babilônico que Israel aprendeu a conhecer a Deus e não aceitar outro deus em seu lugar. O cativeiro propiciou a volta do povo de Deus à comunhão com o Altíssimo.
A partir desse panorama histórico compreenderemos o livro do profeta Daniel. Para isto, precisamos igualmente conhecer os aspectos gerais e a importância do livro e da pessoa do chamado "profeta do cativeiro".

SINOPSE DO TÓPICO (2)

O povo de Deus se rebelou contra o Senhor e como não se arrependeu, sofreu com o exílio na Babilônia

III. DANIEL, O AUTOR E O LIVRO

1. O homem  Daniel. Há pouca informação histórica sobre a família de Daniel, senão a de que ele era da linhagem real de Israel (Dn 1.3). Levado para a Babilônia ainda muito jovem, Daniel destacava-se como um judeu inteligente e bem instruído. Ele possuía firmes convicções no Deus de Israel e era contemporâneo de dois importantes profetas da nação israelita: Jeremias e Ezequiel. Certamente esses profetas deixaram seus exemplos como legados para a vida do jovem Daniel. Em 597 a.C., Ezequiel havia sido levado para a Babilônia (Ez 43.6,7). Ali esse experiente profeta chega a citá-lo em seu livro, descrevendo Daniel como um homem de sabedoria e de justiça (Ez 14.14).
2. A importância do livro. O livro de Daniel possui dois conteúdos: o histórico e o profético. No plano geral da revelação divina, o livro de Daniel ocupa um lugar de suma importância. Do capítulo 1 ao 6 o conteúdo é histórico, e do 7 ao 12, profético.
O conteúdo histórico do livro contém experiências que revelam a soberania e o cuidado de Deus para com aqueles que lhe são fiéis. Já o conteúdo profético traz predições escatológicas, em sua maioria, ainda não cumpridas. Por este último conteúdo cremos na "contemporaneidade" de Daniel.
3. A autoria e as características do  livro. Indiscutivelmente, foi o próprio Daniel quem escreveu o livro entre os anos 606 e 536 a.C. Ele iniciou sua obra escrevendo na Babilônia e, posteriormente, encerrou-a no palácio de Susã (Dn 8.2). O livro contém doze capítulos, majoritariamente escrito em hebraico, excetuando a seção 2.4 até 7.28, que foi escrita em dialeto aramaico.
Além de histórico, o livro de Daniel contém revelações proféticas cumpridas e outras que ainda vão se cumprir no futuro. São revelações concernentes ao povo de Israel e aos gentios. Deus revelou a Daniel o futuro das nações através da linguagem alegórica. Portanto, pode-se classificar o livro de Daniel como gênero apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo trazendo esperança para o povo de Deus, pois ali, Israel é o ponto convergente dos fatos futuros.

SINOPSE DO TÓPICO (3)

Umas das razões da importância do livro de Daniel está no fato de que, em sua maioria, as predições escatológicas ainda não se cumpriram.

CONCLUSÃO

O livro de Daniel nos mostra o compromisso de um homem que se dispõe a servir a Deus, mantendo a sua integridade moral e espiritual sem fazer concessões ao sistema idólatra e opressor da Babilônia. Aprendemos igualmente que a história humana não é casual, mas dirigida pelo Deus soberano, que faz todas as coisas contribuírem para o bem daqueles que amam ao Senhor.


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICOI


Subsídio Hermenêutico
"Uma correta interpretação de Daniel esclarece a revelação de que Deus tem um futuro para Israel. Um raciocínio crítico acerca da mensagem profética de Daniel cria uma concepção fictícia da importância do livro. Tamanho erro na interpretação excluí o significado das profecias e torna o livro de Daniel em um conto de fadas.
O livro de Daniel é a chave de todas as profecias bíblicas. Sem ele, remotas revelações escatológicas e seu escopo profético são inexplicáveis. As grandes profecias do Senhor, no discurso do monte das Oliveiras (Mt 24,25; Mc 13; Lc 21), bem como 2 Tessalonicenses 2 e o livro de Apocalipse (ambos mencionam o Anticristo de Daniel 11), só podem ser  compreendidas com a ajuda das profecias de Daniel" (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.175).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICOII


Subsídio Hermenêutico
“Uma correta interpretação do livro de Daniel
A fim de interpretar corretamente Daniel, duas premissas são relevantes: (1) O livro é genuíno e foi escrito pelo profeta Daniel no século VI a.C. Muitos críticos afirmam que o livro de Daniel faz parte daquilo que conhecemos como literatura apocalíptica, que veio a surgir já no período helenístico. Eles sustentam que fraudes de autoria e data são comuns neste gênero literário. Tais suposições racionalistas são, contudo, inaceitáveis. A interpretação de qualquer livro considerado apocalíptico não exige uma hermenêutica especifica ou sistemas interpretativos especiais. Mudar sua hermenêutica é separar a profecia bíblica de seu cumprimento histórico. É uma tentativa liberal de se considerar a profecia como mito ou fantasia. (2) Uma interpretação precisa depende do fato de a profecia não ser apenas possível, mas também do fundamento dos verdadeiros e genuínos escritos bíblicos apocalípticos. As profecias levaram muitos supostos estudiosos a rejeitarem a genuinidade das visões de Daniel. Muitos críticos rejeitaram de forma cabal o que é claramente uma profecia predita. A única forma de explicarem a meticulosidade e a acurácia das profecias de Daniel é relegando-as a uma época posterior e a um outro autor" (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.175)
VOCABULÁRIO

Acurácia: Precisão de uma determinado processo de informação

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA


ZUCK, Roy (Ed). Teologia do Antigo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013

SAIBA MAIS


Revista Ensinador Cristão CPAD
 nº 60, p.38.


EXERCÍCIOS


1. Com quem tem início a história do povo judeu?
R. A história do povo judeu começa com Abraão e Sara (Gn 12.1-3).

2. Quantas tribos constituíam os reinos do Norte e do Sul?
R. O reino do Norte constituía-se de dez tribos. O do Sul, de apenas duas tribos, Judá e Benjamim.

3. Quanto tempo durou o cativeiro de Israel?
R. Setenta anos.

4. Daniel era contemporâneo de quais profetas?
R. De Jeremias e Ezequiel.

5.Quais são os dois conteúdos distintos do livro de Daniel?
R.  O livro de Daniel possui dois conteúdos: o histórico e o profético